A vida de cinéfilo só não deve ser tão angustiante quanto a vida de um bibliófilo, ou seja lá como se chamam os amantes de livros de literatura. Afinal, ler um romance, um livro de contos ou algo de outra natureza costuma levar bem mais tempo do que ver um filme, que em geral tem menos de duas horas de duração. Ainda assim, um cinéfilo, ainda mais aquele que vive atarefado com um trabalho que consome muito de seu tempo e de sua energia, acaba ficando angustiado com o fato de não conseguir preencher lacunas fundamentais, como a obra de cineastas importantes, tanto do Brasil quanto de outros países.
Escrevo isso lamentando o fato de não ter visto a grande maioria dos filmes de um cineasta de quem gosto muito e que, infelizmente, foi para outro plano nessa semana, o carioca Domingos de Oliveira, autor de clássicos como TODAS AS MULHERES DO MUNDO (1966) e EDU, CORAÇÃO DE OURO (1968). Uma pena que, mesmo com seu retorno às produções tão pessoais com AMORES (1998), seguindo a retomada do cinema brasileiro na década de 90, ele não tenha alcançado uma popularidade necessária para ter um reconhecimento de um público maior do que o pequeno círculo de cinéfilos que se importam com o cinema brasileiro de baixo orçamento. Em Fortaleza, por exemplo, o último filme dele que entrou em cartaz foi TODO MUNDO TEM PROBLEMAS SEXUAIS (2008), e lá se vai uma década.
Assim, com a minha enorme lacuna, quis homenageá-lo vendo pelo menos um filme inédito seu. No caso, o que o destino reservou para mim foi PAIXÃO E ACASO (2012), o primeiro que completou o download, dentre os cinco que tentei pegar. Trata-se de um de seus trabalhos menores, com aquela cara de produção barata, mas feito com tanto carinho e esmero que fica difícil não se deliciar, até por ser do gênero comédia romântica intelectual.
No filme, Vanessa Gerbelli, luminosa, faz o papel de uma psicanalista que se apaixona primeiramente por um rapaz e depois pelo pai do rapaz. Isso depois de ter sido visitada pelo espírito de seu pai, que já lhe antecipara que seu período longe das paixões estaria prestes a ter um fim. De repente, ela se vê numa posição de não conseguir escolher apenas um dos homens e trata de organizar um horário de encontro com eles, adotando a mentira como rotina diária.
O filme começa com os créditos em tom apaixonado e um tanto exagerado e de cores fortes, lembrando um pouco Almodóvar, e trazendo a canção “A vida é confusão”, de Nico Nicolaiewsky, um belo exemplar de um romantismo que não tem medo de parecer cafona. A canção, aliás, retorna na narrativa em um dos momentos mais belos, que é o do beijo da protagonista com o rapaz, na livraria.
Se PAIXÃO E ACASO não tem o mesmo sabor de despedida ou de celebração à própria história do cineasta como o filme-testamento BR 716 (2016), traz uma ciranda de amores deliciosa e que é a cara de Oliveira, tão preocupado e interessado nas questões do coração. Viva Domingos de Oliveira e seu cinema do afeto!
+ TRÊS FILMES
SUEÑO FLORIANÓPOLIS
Muito boa esta comédia alto astral sobre família argentina passando férias em Florianópolis. Ver o filme é como se estivéssemos passando férias com eles e nos divertindo, embora eu preferisse que outros sentimentos além da alegria também fossem mais explorados, já que há muitas emoções em jogo nas cirandas amorosas. Direção: Ana Katz. Ano: 2018.
UM AMOR INESPERADO (El Amor Menos Pensado)
Nós, brasileiros, estamos precisando de um filme tão bom como esse e que atinja um grande público, junto. E com um casal tão bom quanto Ricardo Darín e Mercedes Morán. UM AMOR INESPERADO não é um filme que recusa o cafona: ele abraça, inclusive nas cores bem vivas e nas canções (tem uma canção brasileira que me deixou surpreso e emocionado!). Talvez falte um pouco mais de emoção no modo como nos pega na torcida pelo casal retornar, mas do jeito que ficou, um tanto assim contido, ficou muito bonito. E mal sentimos a duração, de tão interessados que ficamos na trajetória dos dois. Sem falar que há várias cenas bem engraçadas. Direção: Juan Vera. Ano: 2018.
EMMA E AS CORES DA VIDA (Il Colore Nascosto delle Cose)
Muito gratificante ver o cinema italiano se reerguendo em filmes pequenos e bonitos como esse, que pouca gente viu. Quase não li crítica ou repercussão a respeito, mesmo sendo de um diretor relativamente conhecido. Valeria Golino está muito boa e o sujeito que faz o rapaz mulherengo também é ótimo. Criativo e sensível o jogo de enquadramentos usando janelas diferentes, a partir do sentimento geral do filme. Direção: Silvio Soldini. Ano: 2017.
quinta-feira, março 28, 2019
sexta-feira, março 22, 2019
MALIGNO (The Prodigy)
Os filmes de horror que têm chegado ao nosso circuito não têm passado exatamente por uma curadoria, por assim dizer. As distribuidoras em geral querem apenas jogar o produto para os fãs que costumam prestigiar o gênero, por pior que seja o material. Isso, com o tempo, acaba gerando uma falta de interesse até pelos próprios fãs, que se vêem entristecidos pela falta de qualidade dos filmes que chegam, dando até a impressão de que não há mais bons exemplares atualmente. O que depois se confirma como uma mentira, quando vemos várias listas de filmes do gênero e muitos dos melhores não têm a chance de chegar ao nosso circuito, e muitas vezes nem mesmo aos serviços de streaming.
Felizmente, MALIGNO (2019), do cineasta americano Nicholas McCarthy, é dessas gratas surpresas que encontramos. Um filme que funciona sem necessariamente procurar ser inovador ou algo do tipo. Ao contrário, ao acompanhar a história do garoto Miles sentimos até um sentimento de familiaridade com os filmes de horror produzidos nas décadas de 1960 a 1980. O enredo em si traz elementos que lembram filmes tão distintos quanto BRINQUEDO ASSASSINO e A ÓRFÃ.
Na trama, Taylor Schilling (da série ORANGE IS THE NEW BLACK) é Sarah Blume, uma jovem mulher que dá à luz uma criança que aos poucos vai se revelando um prodígio: com poucos meses já começa a falar e logo cedo é enviado para uma escola de crianças superdotadas. Mas há algo de errado com o pequeno Miles (Jackson Robert Scott, de IT - A COISA): aos poucos ele passa a manifestar uma maldade pouco comum até para crianças perversas de sua idade.
Um dos méritos do filme é conseguir criar uma atmosfera de terror e medo crescente. Uma vez que se descobre que o corpo do garoto está coabitado pelo espírito de um homem muito perigoso, e experienciamos momentos de puro medo em certas cenas envolvendo imagens do tal homem, rapidamente nos vemos envolvidos pelo drama daquela mãe. O pai também é importante para a trama, mas ele a princípio não acredita na teoria de que o espírito do garoto está duelando com o espírito do psicopata.
Soltando alguns alguns spoilers aqui: o que dizer da cena em que Sarah está sozinha na cama e o pequeno Miles pede para dormir com ela? De arrepiar! E a cena da hipnose, da batalha entre o garoto e o homem que descobriu seu segredo? E a ida de Sarah até a casa da última vítima do assassino serial? São apenas algumas, mas talvez as mais marcantes desse filme tão bem conduzido e tão envolvente que é uma pena que não esteja recebendo o devido mérito.
Quem sabe no futuro MALIGNO seja lembrado como uma das melhores obras do gênero de nosso tempo. Mas isso só o futuro irá dizer. No mais, não custa dar uma espiada nos longas anteriores de McCarthy: PESADELOS DO PASSADO (2012) e NA PORTA DO DIABO (2014).
+ TRÊS FILMES
NÃO OLHE (Look Away)
É um filme que se beneficiaria de um olhar mais crítico do próprio realizador para aproveitar melhor as boas ideias e não tropeçar no andamento. O que poderia ser um filme bem eficiente sobre a insegurança de uma adolescente, acaba ganhando contornos meio bobos quando se assume como filme de terror teen. Isso, depois de ganhar uma audiência de filmes menos convencionais, por causa de seu andamento mais lento e da elegância dos planos. Aí põe tudo a perder no final. Há uma cena de sexo que poderia ser ótima se o filme não insistisse em mostrar a personagem alterada como uma vilã qualquer com o uso de uma música de mistério. Se deixassem um tom mais dúbio seria tão melhor. Há também momentos em que os excessos nos distanciam do filme, como as maldades de um garoto da escola em relação à protagonista. Direção: Assaf Bernstein. Ano: 2018.
A MORTE TE DÁ PARABÉNS 2 (Happy Death Day 2U)
Com essa onda de reciclagens de FEITIÇO DO TEMPO (a última foi a série BONECA RUSSA), perde até a graça ver essas novas produções que brincam com esse negócio de reviver o mesmo dia. A diferença deste aqui em relação ao primeiro é que agora entra a noção de multiverso, como em DE VOLTA PARA O FUTURO - PARTE II. Alguns momentos engraçados e divertidos, mas, no geral, bem sem-graça. E a parte dramática, não sei se chega a comover alguém da audiência. Direção: Christopher Landon. Ano: 2019.
A MALDIÇÃO DA FREIRA (The Devil's Doorway)
O problema nem é os filmes de found footage já estarem fora de moda e terem se esgotado nas ideias. O problema é que mesmo se fosse novidade esse recurso, este A MALDIÇÃO DA FREIRA não tinha ser como ser considerado ao menos razoável. E que idiotice colocar trilha sonora em material supostamente encontrado nos anos 60? O filme piora ainda mais quando se aproxima do final, quando já não ligamos mais em saber as origens das estátuas chorando sangue ou coisa do tipo. Direção: Aislinn Clarke. Ano: 2018.
Felizmente, MALIGNO (2019), do cineasta americano Nicholas McCarthy, é dessas gratas surpresas que encontramos. Um filme que funciona sem necessariamente procurar ser inovador ou algo do tipo. Ao contrário, ao acompanhar a história do garoto Miles sentimos até um sentimento de familiaridade com os filmes de horror produzidos nas décadas de 1960 a 1980. O enredo em si traz elementos que lembram filmes tão distintos quanto BRINQUEDO ASSASSINO e A ÓRFÃ.
Na trama, Taylor Schilling (da série ORANGE IS THE NEW BLACK) é Sarah Blume, uma jovem mulher que dá à luz uma criança que aos poucos vai se revelando um prodígio: com poucos meses já começa a falar e logo cedo é enviado para uma escola de crianças superdotadas. Mas há algo de errado com o pequeno Miles (Jackson Robert Scott, de IT - A COISA): aos poucos ele passa a manifestar uma maldade pouco comum até para crianças perversas de sua idade.
Um dos méritos do filme é conseguir criar uma atmosfera de terror e medo crescente. Uma vez que se descobre que o corpo do garoto está coabitado pelo espírito de um homem muito perigoso, e experienciamos momentos de puro medo em certas cenas envolvendo imagens do tal homem, rapidamente nos vemos envolvidos pelo drama daquela mãe. O pai também é importante para a trama, mas ele a princípio não acredita na teoria de que o espírito do garoto está duelando com o espírito do psicopata.
Soltando alguns alguns spoilers aqui: o que dizer da cena em que Sarah está sozinha na cama e o pequeno Miles pede para dormir com ela? De arrepiar! E a cena da hipnose, da batalha entre o garoto e o homem que descobriu seu segredo? E a ida de Sarah até a casa da última vítima do assassino serial? São apenas algumas, mas talvez as mais marcantes desse filme tão bem conduzido e tão envolvente que é uma pena que não esteja recebendo o devido mérito.
Quem sabe no futuro MALIGNO seja lembrado como uma das melhores obras do gênero de nosso tempo. Mas isso só o futuro irá dizer. No mais, não custa dar uma espiada nos longas anteriores de McCarthy: PESADELOS DO PASSADO (2012) e NA PORTA DO DIABO (2014).
+ TRÊS FILMES
NÃO OLHE (Look Away)
É um filme que se beneficiaria de um olhar mais crítico do próprio realizador para aproveitar melhor as boas ideias e não tropeçar no andamento. O que poderia ser um filme bem eficiente sobre a insegurança de uma adolescente, acaba ganhando contornos meio bobos quando se assume como filme de terror teen. Isso, depois de ganhar uma audiência de filmes menos convencionais, por causa de seu andamento mais lento e da elegância dos planos. Aí põe tudo a perder no final. Há uma cena de sexo que poderia ser ótima se o filme não insistisse em mostrar a personagem alterada como uma vilã qualquer com o uso de uma música de mistério. Se deixassem um tom mais dúbio seria tão melhor. Há também momentos em que os excessos nos distanciam do filme, como as maldades de um garoto da escola em relação à protagonista. Direção: Assaf Bernstein. Ano: 2018.
A MORTE TE DÁ PARABÉNS 2 (Happy Death Day 2U)
Com essa onda de reciclagens de FEITIÇO DO TEMPO (a última foi a série BONECA RUSSA), perde até a graça ver essas novas produções que brincam com esse negócio de reviver o mesmo dia. A diferença deste aqui em relação ao primeiro é que agora entra a noção de multiverso, como em DE VOLTA PARA O FUTURO - PARTE II. Alguns momentos engraçados e divertidos, mas, no geral, bem sem-graça. E a parte dramática, não sei se chega a comover alguém da audiência. Direção: Christopher Landon. Ano: 2019.
A MALDIÇÃO DA FREIRA (The Devil's Doorway)
O problema nem é os filmes de found footage já estarem fora de moda e terem se esgotado nas ideias. O problema é que mesmo se fosse novidade esse recurso, este A MALDIÇÃO DA FREIRA não tinha ser como ser considerado ao menos razoável. E que idiotice colocar trilha sonora em material supostamente encontrado nos anos 60? O filme piora ainda mais quando se aproxima do final, quando já não ligamos mais em saber as origens das estátuas chorando sangue ou coisa do tipo. Direção: Aislinn Clarke. Ano: 2018.
quinta-feira, março 21, 2019
15 CURTAS BRASILEIROS
O ÁTOMO BRINCALHÃO
Confesso que tenho dificuldade de falar sobre obras assim mais experimentais, que não tem exatamente um fio de narrativa ou algo próximo disso. No caso, o que conta mais para mim é a história do curta. O diretor desenhou no intervalo de três anos este curta de quatro minutos nos próprios fotogramas. Acredito que numa revisão abstrações possam vir à mente. Direção: Roberto Miller. Ano: 1964.
AMOR SÓ DE MÃE
Na revisão, AMOR SÓ DE MÃE se mostrou ainda mais intenso e perturbador. Talvez por ver em uma televisão maior, mas diria que é mérito do filme mesmo, que se mantém forte passados alguns anos de sua realização. Na trama, homem é desafiado por uma prostituta a deixar sua mãe e ir embora com ela do povoado. Acontece que as coisas são muito mais mórbidas e macabras do que isso. As cenas de possessão são impressionantes. Um dos melhores filmes de terror já feitos no Brasil. Direção: Dennison Ramalho. Ano: 2003.
À MEIA NOITE COM GLAUBER ROCHA
Filme de colagem com a intenção de homenagear poeticamente não apenas Glauber Rocha, mas também Hélio Oiticica, Torquato Neto e outros. Cenas não apenas do Cinema Novo e dos filmes de Glauber especificamente, mas também do cinema marginal, do tropicalismo e até de obras estrangeiras. Há falas de Glauber tomando para si a fundação do Cinema Novo e elevando o cinema como a mais importante das artes. Em outro momento, ele lamenta a pobreza cultural brasileira. Direção: Ivan Cardoso. Ano: 1997.
ALMA NO OLHO
Ao mesmo tempo que se mostra uma louvação do corpo e do espírito do negro, também traz a questão da chegada no negro à cultura ocidental e no quanto isso pode representar uma volta às correntes do tempo da escravidão. Parece mais uma performance de teatro, mas, por outro lado, em um teatro não seria possível haver os cortes que no cinema tem das imagens, tanto dos closes quanto das mudanças de figurino. A música-tema é de Coltrane, homenageado explicitamente no início do filme, embora as batidas sejam bem brasileiras. Direção: Zózimo Bulbul. Ano: 1974.
AMOR!
Já tinha visto esse curta na TV (ou em VHS, talvez). Acho que talvez tenha envelhecido um pouco. Na época me parecia mais esperto, mais ácido e mais engraçado. Mas ainda é bem divertido. E as mudanças de narrações, da voz do Paulo José para a do Pereio, funcionam que é uma beleza. Até podia dizer que é um filme sem esperança, se o próprio filme parecesse se levar a sério. Acho que não é o caso. Direção: José Roberto Torero. Ano: 1994.
ANIMANDO
Teria curtido mais se fosse de menor duração. É um trabalho admirável de brincar de Deus com um pequeno boneco usando inteligentemente os recursos da animação. Dar um pouco de consciência para sua criação é o melhor momento do filme, quando o boneco se rebela com as cores/roupas que lhe são dadas/pintadas. Direção: Marcos Magalhães. Ano: 1987.
UM APÓLOGO
Um dos mais famosos contos de Machado de Assis (até as crianças o conhecem), Um Apólogo ganha uma simpática adaptação para o cinema por um de nosso pioneiros mestres. O filme tem um sabor de tesouro arqueológico pela época em que foi realizado e por parecer velho mesmo, mas justamente por isso que ganha força e até os efeitos especiais parecem muito bons. O começo, falando sobre Machado de Assis e um pouco de sua obra, dá um ar de curta-metragem feito para alguma televisão educativa governamental, embora na época ainda não existisse televisão. Direção: Humberto Mauro. Ano: 1939.
ARRAIAL DO CABO
O que mais me chamou a atenção neste curta de Saraceni e Carneiro foi o quanto as imagens mostradas na tela parecem distantes das de hoje, de nossa realidade. Talvez pelo fato de terem pegado uma humilde vila de pescadores. Aí passa-se a impressão de que um cinema feito no começo dos anos 60 parece mais primitivo do que os trabalhos de Humberto Mauro dos anos 30. O bom é que a narrativa é dispensada rapidamente e as imagens se detêm nos pescadores, muitas vezes flagrados contra a luz do sol. A música ajuda a dar um ar mais lírico. Ainda assim me incomodou o meu distanciamento a uma obra tão incensada e importante dentro da história do cinema brasileiro. Direção: Mario Carneiro e Paulo Cezar Saraceni. Ano: 1960.
ARUANDA
Uma espécie de pai de VIDAS SECAS, de Nelson Pereira dos Santos, ARUANDA é pioneiro em mostrar o povo preto e pobre do sertão nordestino, do jeito que eles são de fato. E não deixa de ser impressionante para nós, criados em cidade grande, ver o modo de vida e de sobrevivência de quem tem que se virar com o que tem, ou seja, o barro, a água barrenta e os galhos secos para fazerem tanto os potes quanto a própria casa. Uma longa jornada da escravidão até a vida de pequenos proprietários de terra na sertão. Direção: Linduarte Noronha. Ano: 1960.
DIVERSÕES SOLITÁRIAS
O ponto de vista de uma pessoa que se diverte na solidão, embora aparentemente muito feliz com seu walkman, passeando nas ruas e ouvindo um bom rock. A cidade de São Paulo é um personagem na história que praticamente só conta com um protagonista e umas duas coadjuvantes que o abordam em dois momentos distintos. Há uma espécie de crítica àqueles que condenam os que consomem cultura pop estrangeira. Direção: Wilson Barros. Ano: 1983.
A PASSAGEM DO COMETA
Cada novo filme de Juliana Rojas é uma alegria, pois todos os seus trabalhos são no mínimo ótimos. Agora, então, que já tem longas premiados e devidamente louvados, está no domínio ainda maior de seu trabalho. Aqui ela conta a história de uma jovem que vai fazer um aborto na época em que o cometa Haley está passando. É gostoso de ver e um tanto enigmático. Ano: 2017. (foto)
NOTURNO
Não me sinto apto para analisar animações mais abstratas e que principalmente foram produzidas em uma outra época, em que esse tipo de produção era mais raro no Brasil, era um feito de fato heroico. Este pequeno e belo curta de Aída Queiroz se encaixa nesse quesito. O filme ficou na posição de número 57 da lista das melhores animações segundo a Abraccine. Ano: 1986.
O PROJETO DO MEU PAI
Que desenho lindo! Encanta já desde o começo, quando a diretora/narradora conta sobre como era sua família quando ela era pequena e como ela os desenhava, com os tradicionais bonecos-palito. A questão da ausência do pai dói um pouco no tom agridoce do filme e se torna ainda mais forte nas emoções quando a narradora-personagem reencontra o pai quando adulta. De dar uma leve dor no peito. Direção: Rosaria. Ano: 2016.
O VIOLEIRO FANTASMA
Um filme que mistura elementos da cultura nordestina, como o cantador de repente, com coisas da cultura mexicana, como o culto aos mortos, e até a coisas relativas à cultura japonesa (pelo que eu entendi ou remeti), nas cenas em que o filme ganha ares de sonho, com cabeças voadoras e coisas parecidas. Só faltou eu me conectar mais com o trabalho, mesmo gostando muito do visual, das cores etc. Direção: Wesley Rodrigues. Ano: 2017.
MENINA DA CHUVA
Outra belezura de trabalho de Rosaria, que dessa vez trata da solidão através do drama de uma garotinha de cor roxa que não encontra inclusão entre as meninas da sua idade nem entre os adultos. Quem tem uma relação mais forte com a solidão é fácil entrar em sintonia tanto com o filme quanto com a personagem, no sentido de que é possível trafegar por momentos de tristeza e por outros de satisfação, mesmo sozinha, como na bela cena da chuva. Há também uma valorização da visualização da vida cotidiana como elemento de graça para a vida a sós. Ano: 2010.
Confesso que tenho dificuldade de falar sobre obras assim mais experimentais, que não tem exatamente um fio de narrativa ou algo próximo disso. No caso, o que conta mais para mim é a história do curta. O diretor desenhou no intervalo de três anos este curta de quatro minutos nos próprios fotogramas. Acredito que numa revisão abstrações possam vir à mente. Direção: Roberto Miller. Ano: 1964.
AMOR SÓ DE MÃE
Na revisão, AMOR SÓ DE MÃE se mostrou ainda mais intenso e perturbador. Talvez por ver em uma televisão maior, mas diria que é mérito do filme mesmo, que se mantém forte passados alguns anos de sua realização. Na trama, homem é desafiado por uma prostituta a deixar sua mãe e ir embora com ela do povoado. Acontece que as coisas são muito mais mórbidas e macabras do que isso. As cenas de possessão são impressionantes. Um dos melhores filmes de terror já feitos no Brasil. Direção: Dennison Ramalho. Ano: 2003.
À MEIA NOITE COM GLAUBER ROCHA
Filme de colagem com a intenção de homenagear poeticamente não apenas Glauber Rocha, mas também Hélio Oiticica, Torquato Neto e outros. Cenas não apenas do Cinema Novo e dos filmes de Glauber especificamente, mas também do cinema marginal, do tropicalismo e até de obras estrangeiras. Há falas de Glauber tomando para si a fundação do Cinema Novo e elevando o cinema como a mais importante das artes. Em outro momento, ele lamenta a pobreza cultural brasileira. Direção: Ivan Cardoso. Ano: 1997.
ALMA NO OLHO
Ao mesmo tempo que se mostra uma louvação do corpo e do espírito do negro, também traz a questão da chegada no negro à cultura ocidental e no quanto isso pode representar uma volta às correntes do tempo da escravidão. Parece mais uma performance de teatro, mas, por outro lado, em um teatro não seria possível haver os cortes que no cinema tem das imagens, tanto dos closes quanto das mudanças de figurino. A música-tema é de Coltrane, homenageado explicitamente no início do filme, embora as batidas sejam bem brasileiras. Direção: Zózimo Bulbul. Ano: 1974.
AMOR!
Já tinha visto esse curta na TV (ou em VHS, talvez). Acho que talvez tenha envelhecido um pouco. Na época me parecia mais esperto, mais ácido e mais engraçado. Mas ainda é bem divertido. E as mudanças de narrações, da voz do Paulo José para a do Pereio, funcionam que é uma beleza. Até podia dizer que é um filme sem esperança, se o próprio filme parecesse se levar a sério. Acho que não é o caso. Direção: José Roberto Torero. Ano: 1994.
ANIMANDO
Teria curtido mais se fosse de menor duração. É um trabalho admirável de brincar de Deus com um pequeno boneco usando inteligentemente os recursos da animação. Dar um pouco de consciência para sua criação é o melhor momento do filme, quando o boneco se rebela com as cores/roupas que lhe são dadas/pintadas. Direção: Marcos Magalhães. Ano: 1987.
UM APÓLOGO
Um dos mais famosos contos de Machado de Assis (até as crianças o conhecem), Um Apólogo ganha uma simpática adaptação para o cinema por um de nosso pioneiros mestres. O filme tem um sabor de tesouro arqueológico pela época em que foi realizado e por parecer velho mesmo, mas justamente por isso que ganha força e até os efeitos especiais parecem muito bons. O começo, falando sobre Machado de Assis e um pouco de sua obra, dá um ar de curta-metragem feito para alguma televisão educativa governamental, embora na época ainda não existisse televisão. Direção: Humberto Mauro. Ano: 1939.
ARRAIAL DO CABO
O que mais me chamou a atenção neste curta de Saraceni e Carneiro foi o quanto as imagens mostradas na tela parecem distantes das de hoje, de nossa realidade. Talvez pelo fato de terem pegado uma humilde vila de pescadores. Aí passa-se a impressão de que um cinema feito no começo dos anos 60 parece mais primitivo do que os trabalhos de Humberto Mauro dos anos 30. O bom é que a narrativa é dispensada rapidamente e as imagens se detêm nos pescadores, muitas vezes flagrados contra a luz do sol. A música ajuda a dar um ar mais lírico. Ainda assim me incomodou o meu distanciamento a uma obra tão incensada e importante dentro da história do cinema brasileiro. Direção: Mario Carneiro e Paulo Cezar Saraceni. Ano: 1960.
ARUANDA
Uma espécie de pai de VIDAS SECAS, de Nelson Pereira dos Santos, ARUANDA é pioneiro em mostrar o povo preto e pobre do sertão nordestino, do jeito que eles são de fato. E não deixa de ser impressionante para nós, criados em cidade grande, ver o modo de vida e de sobrevivência de quem tem que se virar com o que tem, ou seja, o barro, a água barrenta e os galhos secos para fazerem tanto os potes quanto a própria casa. Uma longa jornada da escravidão até a vida de pequenos proprietários de terra na sertão. Direção: Linduarte Noronha. Ano: 1960.
DIVERSÕES SOLITÁRIAS
O ponto de vista de uma pessoa que se diverte na solidão, embora aparentemente muito feliz com seu walkman, passeando nas ruas e ouvindo um bom rock. A cidade de São Paulo é um personagem na história que praticamente só conta com um protagonista e umas duas coadjuvantes que o abordam em dois momentos distintos. Há uma espécie de crítica àqueles que condenam os que consomem cultura pop estrangeira. Direção: Wilson Barros. Ano: 1983.
A PASSAGEM DO COMETA
Cada novo filme de Juliana Rojas é uma alegria, pois todos os seus trabalhos são no mínimo ótimos. Agora, então, que já tem longas premiados e devidamente louvados, está no domínio ainda maior de seu trabalho. Aqui ela conta a história de uma jovem que vai fazer um aborto na época em que o cometa Haley está passando. É gostoso de ver e um tanto enigmático. Ano: 2017. (foto)
NOTURNO
Não me sinto apto para analisar animações mais abstratas e que principalmente foram produzidas em uma outra época, em que esse tipo de produção era mais raro no Brasil, era um feito de fato heroico. Este pequeno e belo curta de Aída Queiroz se encaixa nesse quesito. O filme ficou na posição de número 57 da lista das melhores animações segundo a Abraccine. Ano: 1986.
O PROJETO DO MEU PAI
Que desenho lindo! Encanta já desde o começo, quando a diretora/narradora conta sobre como era sua família quando ela era pequena e como ela os desenhava, com os tradicionais bonecos-palito. A questão da ausência do pai dói um pouco no tom agridoce do filme e se torna ainda mais forte nas emoções quando a narradora-personagem reencontra o pai quando adulta. De dar uma leve dor no peito. Direção: Rosaria. Ano: 2016.
O VIOLEIRO FANTASMA
Um filme que mistura elementos da cultura nordestina, como o cantador de repente, com coisas da cultura mexicana, como o culto aos mortos, e até a coisas relativas à cultura japonesa (pelo que eu entendi ou remeti), nas cenas em que o filme ganha ares de sonho, com cabeças voadoras e coisas parecidas. Só faltou eu me conectar mais com o trabalho, mesmo gostando muito do visual, das cores etc. Direção: Wesley Rodrigues. Ano: 2017.
MENINA DA CHUVA
Outra belezura de trabalho de Rosaria, que dessa vez trata da solidão através do drama de uma garotinha de cor roxa que não encontra inclusão entre as meninas da sua idade nem entre os adultos. Quem tem uma relação mais forte com a solidão é fácil entrar em sintonia tanto com o filme quanto com a personagem, no sentido de que é possível trafegar por momentos de tristeza e por outros de satisfação, mesmo sozinha, como na bela cena da chuva. Há também uma valorização da visualização da vida cotidiana como elemento de graça para a vida a sós. Ano: 2010.
terça-feira, março 19, 2019
A MENINA DO LADO
Um dos filmes marcantes do início de minha cinefilia foi este A MENINA DO LADO (1987), de Alberto Salvá (embora só tenha visto na televisão). Hoje eu vejo que nem é a grande história de amor contada pelo diretor catalão naturalizado brasileiro. Sua obra-prima e seu filme-testamento, NA CARNE E NA ALMA (2012), tem muito mais impacto emocional, embora seja quase invisível para o grande público. Já A MENINA DO LADO, por outro lado, até por causa das polêmicas na época (se fossem nos dias de hoje o diretor seria apedrejado), ganhou uma fama enorme.
Vencedor de dois prêmios em Gramado, um para Reginaldo Faria e outro para a jovem atriz revelação Flávia Monteiro, o filme conta a história de amor entre uma adolescente que passa uns dias em uma casa de praia sozinha e um jornalista, um homem de meia-idade, que também passava os dias sozinho na casa ao lado, a fim de escrever um livro. A MENINA DO LADO trata de mostrar muito bem os contrastes entre a energia e o modo de ver a vida dos dois personagens.
Como se trata de um filme sem voice over, complementamos a interpretação de Faria com nosso próprio modo de ver aquela jovem doce que age com tanta naturalidade que parece impossível não se encantar, mesmo que de modo distante, ainda mais diante do aspecto proibido da relação. Assim, o personagem de Faria não é pintado como um tarado ou algo do tipo. Ao contrário, o sentimento que ele cria pela garota é de fato uma paixão intensa, paixão que pode ser muito bem compartilhada pelo espectador, causando alguma idenfiticação.
Em entrevista para o site Devo Tudo ao Cinema, a amiga e companheira de Salvá, Olga Pereira Costa, conta que o processo criativo do diretor era muito de cortar e colar experiências da vida dele e de seus amigos. Ele era um sujeito muito observador e a vida era a principal fonte de inspiração para a criação dessas obras. No caso de A MENINA DO LADO, trata-se da adaptação do conto "Alice", de sua própria autoria, que o cineasta escreveu para a revista Status, para a seção Contos Eróticos. O conto foi premiado, e ele resolveu transformar em roteiro e filme.
Flávia Monteiro nunca tinha feito cinema na vida e foi escolhida logo no teste, que consistia apenas em passar batom em frente ao espelho. Assim que a viu, Salvá logo disse para a equipe: "temos a nossa Alice!". E de fato Flávia se materializou em Alice. O conto, não sei se é fácil de conseguir ver, mas creio que se pegarmos para ler, o rosto da jovem atriz aparecerá facilmente em nossa mente. Uma pena que o diretor passou tanto tempo para realizar o seu longa-metragem seguinte, justamente o seu último.
+ TRÊS FILMES
FULANINHA
Delícia de filme do David Neves, grande cronista da vida no Rio de Janeiro. Aqui achei que o filme ia caminhar pela obsessão do personagem de Marzo pela ninfeta, que é realmente linda, mas FULANINHA acaba seguindo por outros caminhos e também enriquecendo sua fauna de personagens interessantes e simpáticos. A moça que faz a personagem-título, Mariana de Moraes, bem que podia ter feito mais sucesso. Um achado de linda. Ela tinha 17 anos na época do filme, mas sua personagem tem 14. Pela idade, não sei se cenas de nudez são proibidas hoje no ECA, ou apenas se houver algo mais apimentado. Se for proibido, é bem possível que este filme nunca ganhe uma cópia remasterizada. Ano: 1986.
RIO BABILÔNIA
Vi a famosa cópia sem cortes de RIO BABILÔNIA. Ao que parece passou nos cinemas com cortes e também quando exibida na TV paga. De ousadia temos membros masculinos eretos e em uma cena dá impressão de que houve penetração (logo na cena com a Denise Dumont!). O filme parece sofrer de uma falta de lugar para ir, mas há vários momentos muito bons e às vezes dá para rir das festas de suruba. Ainda assim, acho que a cena mais bonita plasticamente é a com a Christiane Torloni em cena de sexo suave com o Joel Barcelos. No mais, não deixa de ser curioso ver Jardel Filho no meio de tanta putaria. Mas é uma putaria que não chega a excitar mais, acredito eu. Não como nos melhores filmes da Boca do Lixo, por exemplo. Mas o cinema carioca tinha as suas vantagens, como encher o elenco de atores famosos e ter um trabalho de som muito melhor. Um luxo. Direção: Neville d'Almeida. Ano: 1982.
KARINA, OBJETO DE PRAZER
No mesmo ano da obra-prima TCHAU AMOR (1982), Jean Garrett fez esta outra parceria com a atriz Angelina Muniz. Aí é um drama muito mais carregado de erotismo, desses de dar gosto mesmo. A cena de Karina fazendo sexo com o sujeito que ela conhece no cassino é uma das melhores que eu já vi no cinema brasileiro. Aliás, o filme já começa com um caprichadíssimo striptease da protagonista. Mas pra não dizer que o filme é machista, a trama e a moral da história é justamente o contrário: Garrett fez um belo drama feminista. Ano: 1982.
Vencedor de dois prêmios em Gramado, um para Reginaldo Faria e outro para a jovem atriz revelação Flávia Monteiro, o filme conta a história de amor entre uma adolescente que passa uns dias em uma casa de praia sozinha e um jornalista, um homem de meia-idade, que também passava os dias sozinho na casa ao lado, a fim de escrever um livro. A MENINA DO LADO trata de mostrar muito bem os contrastes entre a energia e o modo de ver a vida dos dois personagens.
Como se trata de um filme sem voice over, complementamos a interpretação de Faria com nosso próprio modo de ver aquela jovem doce que age com tanta naturalidade que parece impossível não se encantar, mesmo que de modo distante, ainda mais diante do aspecto proibido da relação. Assim, o personagem de Faria não é pintado como um tarado ou algo do tipo. Ao contrário, o sentimento que ele cria pela garota é de fato uma paixão intensa, paixão que pode ser muito bem compartilhada pelo espectador, causando alguma idenfiticação.
Em entrevista para o site Devo Tudo ao Cinema, a amiga e companheira de Salvá, Olga Pereira Costa, conta que o processo criativo do diretor era muito de cortar e colar experiências da vida dele e de seus amigos. Ele era um sujeito muito observador e a vida era a principal fonte de inspiração para a criação dessas obras. No caso de A MENINA DO LADO, trata-se da adaptação do conto "Alice", de sua própria autoria, que o cineasta escreveu para a revista Status, para a seção Contos Eróticos. O conto foi premiado, e ele resolveu transformar em roteiro e filme.
Flávia Monteiro nunca tinha feito cinema na vida e foi escolhida logo no teste, que consistia apenas em passar batom em frente ao espelho. Assim que a viu, Salvá logo disse para a equipe: "temos a nossa Alice!". E de fato Flávia se materializou em Alice. O conto, não sei se é fácil de conseguir ver, mas creio que se pegarmos para ler, o rosto da jovem atriz aparecerá facilmente em nossa mente. Uma pena que o diretor passou tanto tempo para realizar o seu longa-metragem seguinte, justamente o seu último.
+ TRÊS FILMES
FULANINHA
Delícia de filme do David Neves, grande cronista da vida no Rio de Janeiro. Aqui achei que o filme ia caminhar pela obsessão do personagem de Marzo pela ninfeta, que é realmente linda, mas FULANINHA acaba seguindo por outros caminhos e também enriquecendo sua fauna de personagens interessantes e simpáticos. A moça que faz a personagem-título, Mariana de Moraes, bem que podia ter feito mais sucesso. Um achado de linda. Ela tinha 17 anos na época do filme, mas sua personagem tem 14. Pela idade, não sei se cenas de nudez são proibidas hoje no ECA, ou apenas se houver algo mais apimentado. Se for proibido, é bem possível que este filme nunca ganhe uma cópia remasterizada. Ano: 1986.
RIO BABILÔNIA
Vi a famosa cópia sem cortes de RIO BABILÔNIA. Ao que parece passou nos cinemas com cortes e também quando exibida na TV paga. De ousadia temos membros masculinos eretos e em uma cena dá impressão de que houve penetração (logo na cena com a Denise Dumont!). O filme parece sofrer de uma falta de lugar para ir, mas há vários momentos muito bons e às vezes dá para rir das festas de suruba. Ainda assim, acho que a cena mais bonita plasticamente é a com a Christiane Torloni em cena de sexo suave com o Joel Barcelos. No mais, não deixa de ser curioso ver Jardel Filho no meio de tanta putaria. Mas é uma putaria que não chega a excitar mais, acredito eu. Não como nos melhores filmes da Boca do Lixo, por exemplo. Mas o cinema carioca tinha as suas vantagens, como encher o elenco de atores famosos e ter um trabalho de som muito melhor. Um luxo. Direção: Neville d'Almeida. Ano: 1982.
KARINA, OBJETO DE PRAZER
No mesmo ano da obra-prima TCHAU AMOR (1982), Jean Garrett fez esta outra parceria com a atriz Angelina Muniz. Aí é um drama muito mais carregado de erotismo, desses de dar gosto mesmo. A cena de Karina fazendo sexo com o sujeito que ela conhece no cassino é uma das melhores que eu já vi no cinema brasileiro. Aliás, o filme já começa com um caprichadíssimo striptease da protagonista. Mas pra não dizer que o filme é machista, a trama e a moral da história é justamente o contrário: Garrett fez um belo drama feminista. Ano: 1982.
quinta-feira, março 07, 2019
CAPITÃ MARVEL (Captain Marvel)
Curioso como, mesmo tendo uma longevidade e um vigor tão grandes, a Marvel ainda não tinha uma heroína solo que rivalizasse com a Mulher Maravilha, da DC Comics. Isso levando em consideração tanto a popularidade quanto o poderio da personagem. Tanto que muitos cobravam um filme-solo de uma heroína feminina, que poderia muito bem ser da Viúva Negra, já que era uma personagem já apresentada e muito interessante. No entanto, os pensadores do Universo Cinematográfico Marvel sabem o que fazem e precisavam de alguém que fizesse um link com as histórias épicas e estelares que culminariam em VINGADORES - ULTIMATO, o filme que fechará a terceira e mais bem-sucedida fase do estúdio.
Daí tirar da manga Carol Danvers, personagem que ganhou força novamente nos anos 2000, graças à sua importância nas populares histórias dos Vingadores escritas por Brian Michael Bendis. Isso, ainda sob o nome de Miss Marvel. No entanto, por mais que fosse uma personagem querida pelo roteirista e por muitos leitores, Miss Marvel ainda não tinha uma base sólida, uma história que a tornasse tão humana quanto os melhores e mais populares heróis da Marvel. A chamada "Casa das Ideias", inclusive, se caracteriza justamente por dar esse trato mais humano a seus heróis.
A personagem passou por uma mudança drástica em 2012, quando passou a adotar a alcunha de Capitã Marvel e deixar de lado o maiô sexy e usar uma vestimenta mais compatível com os dias atuais, de menor objetificação do corpo feminino nas HQs. Assim, mesmo forçando um pouco a barra, os estúdios Marvel trazem a heroína para o universo já estabelecido e justo para um momento anterior a quase tudo que foi mostrado até então, já que a trama se passa nos anos 1990. Aliás, quem curte a década, vai se deliciar não apenas com as canções que aparecem no filme, mas também com imagens queridas daqueles anos, como a capa de Mellon Collie and the Infinite Sadness, álbum dos Smashing Pumpkins, ou um cartaz de TRUE LIES, de James Cameron.
Para quem é fã dos quadrinhos há uma boa quantidade de personagens conhecidos em CAPITÃ MARVEL (2019), a começar pelos skrulls, a raça transmorfa verde e de queixo enrugado que costuma aparecer com mais frequência nas histórias dos Vingadores. Dos personagens já estabelecidos, apenas Nick Fury (Samuel L. Jackson) surge, ainda sem o tapa-olho, e o jovem Agente Coulson (Clark Gregg), ambos da S.H.I.E.L.D. Eles surgem quando a Capitã Marvel (Brie Larson), então chamada pela raça kree de Vers, cai no planeta Terra, dentro de uma videolocadora. A bela loira estava naquele lugar estranho também para descobrir muito de si mesma, já que havia memórias intensas, mas bastante confusas, de uma vida naquele mundo de tecnologia inferior.
Embora o filme dirigido pela dupla Anna Boden e Ryan Fleck (de SE ENLOUQUECER, NÃO SE APAIXONE, 2010) tropece quando parte para a ação (que parece não ser a praia dos diretores), não estamos diante de um filme aborrecido. Talvez justamente por suas falhas e por conter elementos novos (como o gato alienígena, por exemplo), CAPITÃ MARVEL mantém o interesse. Até porque, em determinados momentos, a produção remete a ficções científicas dos tempos em que o gênero era sinônimo de filmes camp de baixo orçamento, principalmente nas cenas em que Jude Law aparece, seja no início, seja perto do final.
Em comparação com vários outros filmes do universo Marvel, CAPITÃ MARVEL é um dos mais modestos em se tratando de elenco estelar. Até porque a intenção aqui é preparar terreno para a conclusão do épico dos Vingadores e introduzir a personagem na próxima aventura. Por mais que ainda seja uma heroína com pouca personalidade (não se sabe quase nada sobre quem ela foi, na verdade), o filme trata de fazê-la brilhar o suficiente para mostrar que Brie Larson tem mais carisma do que se dizia dela, além de ter sido uma bela escolha para vestir o manto da heroína mais poderosa da Casa das Ideias. Que venha novamente Thanos e os Vingadores.
+ TRÊS FILMES
ANIMAIS FANTÁSTICOS - OS CRIMES DE GRINDELWALD (Fantastic Beasts - The Crimes of Grindelwald)
Que filme chato! Claro que quem se envolve com o universo de Harry Potter vai achar interessante. Ou não. O fato é que em nenhum momento me envolvi com nada dos personagens. Nem mesmo o charme de Katherine Waterston. Não digo que não haja nada de interessante, e não há como negar a beleza da direção de arte, mas isso não pode ser tudo num filme. E mais uma trilha sonora óbvia e tramas de família que parecem saídas de novelas das nove. Aproveitem as próximas três continuações. Estou fora. Direção: David Yates. Ano: 2018.
BUMBLEBEE
Só pelas críticas positivas que resolvi dar uma chance a esse spin-off de TRANSFORMERS. Não gosto nada dos filmes desses brinquedos. Mas é difícil não simpatizar com uma heroína vivida pela Hailee Steinfeld. E também quando o filme já começa a sua sucessão de canções dos anos 80 com "Bigmouth strikes again", dos Smiths, dá para ficar animado de cara. Só acho meio chato quando tem a briga dos robozões, e parece que o próprio diretor também não se entusiasma, pois o foco acaba sendo o sentimento de amor entre a protagonista e o Bumblebee. Confesso que queria ter gostado mais, mas já está bom demais o saldo para um filme da franquia. Direção: Travis Knight. Ano: 2018.
ALITA - ANJO DE COMBATE (Alita - Battle Angel)
Comecei a gostar do filme em sua terça parte final, talvez por começar a perceber um pouco da característica trágica da personagem e da trama. Mas Robert Rodriguez é o tipo de diretor que quase sempre deixa a gente na mão, com um produto torto e desleixado. Esse aqui, como é produção do James Cameron, parece um pouco mais caprichado, mas a falta de interesse pelos personagens logo entrega que há algo errado ali. Não conhecia o material original. Ano: 2019.
Daí tirar da manga Carol Danvers, personagem que ganhou força novamente nos anos 2000, graças à sua importância nas populares histórias dos Vingadores escritas por Brian Michael Bendis. Isso, ainda sob o nome de Miss Marvel. No entanto, por mais que fosse uma personagem querida pelo roteirista e por muitos leitores, Miss Marvel ainda não tinha uma base sólida, uma história que a tornasse tão humana quanto os melhores e mais populares heróis da Marvel. A chamada "Casa das Ideias", inclusive, se caracteriza justamente por dar esse trato mais humano a seus heróis.
A personagem passou por uma mudança drástica em 2012, quando passou a adotar a alcunha de Capitã Marvel e deixar de lado o maiô sexy e usar uma vestimenta mais compatível com os dias atuais, de menor objetificação do corpo feminino nas HQs. Assim, mesmo forçando um pouco a barra, os estúdios Marvel trazem a heroína para o universo já estabelecido e justo para um momento anterior a quase tudo que foi mostrado até então, já que a trama se passa nos anos 1990. Aliás, quem curte a década, vai se deliciar não apenas com as canções que aparecem no filme, mas também com imagens queridas daqueles anos, como a capa de Mellon Collie and the Infinite Sadness, álbum dos Smashing Pumpkins, ou um cartaz de TRUE LIES, de James Cameron.
Para quem é fã dos quadrinhos há uma boa quantidade de personagens conhecidos em CAPITÃ MARVEL (2019), a começar pelos skrulls, a raça transmorfa verde e de queixo enrugado que costuma aparecer com mais frequência nas histórias dos Vingadores. Dos personagens já estabelecidos, apenas Nick Fury (Samuel L. Jackson) surge, ainda sem o tapa-olho, e o jovem Agente Coulson (Clark Gregg), ambos da S.H.I.E.L.D. Eles surgem quando a Capitã Marvel (Brie Larson), então chamada pela raça kree de Vers, cai no planeta Terra, dentro de uma videolocadora. A bela loira estava naquele lugar estranho também para descobrir muito de si mesma, já que havia memórias intensas, mas bastante confusas, de uma vida naquele mundo de tecnologia inferior.
Embora o filme dirigido pela dupla Anna Boden e Ryan Fleck (de SE ENLOUQUECER, NÃO SE APAIXONE, 2010) tropece quando parte para a ação (que parece não ser a praia dos diretores), não estamos diante de um filme aborrecido. Talvez justamente por suas falhas e por conter elementos novos (como o gato alienígena, por exemplo), CAPITÃ MARVEL mantém o interesse. Até porque, em determinados momentos, a produção remete a ficções científicas dos tempos em que o gênero era sinônimo de filmes camp de baixo orçamento, principalmente nas cenas em que Jude Law aparece, seja no início, seja perto do final.
Em comparação com vários outros filmes do universo Marvel, CAPITÃ MARVEL é um dos mais modestos em se tratando de elenco estelar. Até porque a intenção aqui é preparar terreno para a conclusão do épico dos Vingadores e introduzir a personagem na próxima aventura. Por mais que ainda seja uma heroína com pouca personalidade (não se sabe quase nada sobre quem ela foi, na verdade), o filme trata de fazê-la brilhar o suficiente para mostrar que Brie Larson tem mais carisma do que se dizia dela, além de ter sido uma bela escolha para vestir o manto da heroína mais poderosa da Casa das Ideias. Que venha novamente Thanos e os Vingadores.
+ TRÊS FILMES
ANIMAIS FANTÁSTICOS - OS CRIMES DE GRINDELWALD (Fantastic Beasts - The Crimes of Grindelwald)
Que filme chato! Claro que quem se envolve com o universo de Harry Potter vai achar interessante. Ou não. O fato é que em nenhum momento me envolvi com nada dos personagens. Nem mesmo o charme de Katherine Waterston. Não digo que não haja nada de interessante, e não há como negar a beleza da direção de arte, mas isso não pode ser tudo num filme. E mais uma trilha sonora óbvia e tramas de família que parecem saídas de novelas das nove. Aproveitem as próximas três continuações. Estou fora. Direção: David Yates. Ano: 2018.
BUMBLEBEE
Só pelas críticas positivas que resolvi dar uma chance a esse spin-off de TRANSFORMERS. Não gosto nada dos filmes desses brinquedos. Mas é difícil não simpatizar com uma heroína vivida pela Hailee Steinfeld. E também quando o filme já começa a sua sucessão de canções dos anos 80 com "Bigmouth strikes again", dos Smiths, dá para ficar animado de cara. Só acho meio chato quando tem a briga dos robozões, e parece que o próprio diretor também não se entusiasma, pois o foco acaba sendo o sentimento de amor entre a protagonista e o Bumblebee. Confesso que queria ter gostado mais, mas já está bom demais o saldo para um filme da franquia. Direção: Travis Knight. Ano: 2018.
ALITA - ANJO DE COMBATE (Alita - Battle Angel)
Comecei a gostar do filme em sua terça parte final, talvez por começar a perceber um pouco da característica trágica da personagem e da trama. Mas Robert Rodriguez é o tipo de diretor que quase sempre deixa a gente na mão, com um produto torto e desleixado. Esse aqui, como é produção do James Cameron, parece um pouco mais caprichado, mas a falta de interesse pelos personagens logo entrega que há algo errado ali. Não conhecia o material original. Ano: 2019.
quarta-feira, março 06, 2019
OITO CURTAS CEARENSES
VANGO VULGO VEDITA
Acho sempre interessantes os filmes com a assinatura do Leonardo Mouramateus. E há coisas que eu gosto muito e outras que não gosto nem tanto, mas mesmo essas coisas (como a briga dos meninos etc.) são recorrentes e a cara do diretor. Gosto da liberdade e da alegria da cena na praia, e de como isso é quebrado. Direção: Andréia Pires e Leonardo Mouramateus. Ano: 2017.
A CANÇÃO DE ALICE
Um filme cuja primeira coisa que chama a atenção é a fotografia, de uma beleza impressionante. Petrus Cariry é um de nossos melhores fotógrafos de cinema, sem dúvida. Depois tem o destaque para o lirismo das falas, do sentimento de saudade, da expressão no rosto da personagem da avó/mãe, de suas recordações. E tem o mar pontuando as emoções. Muito bonito. Direção: Barbara Cariry. Ano: 2018. (Foto)
BOCA DE LOBA
É um filme que se beneficiaria de uma revisão para poder captar melhor o que ele quer dizer com seus simbolismos e suas imagens justapostas a uma narração em voice over que não parece ter estreita relação com o que é mostrado nas cenas. Destaque para o centro de Fortaleza de madrugada, sendo explorado em toda sua glória. Ou falta de. Direção: Bárbara Cabeça. Ano: 2018.
CARTUCHOS DE SUPER NINTENDO EM ANÉIS DE SATURNO
Tenho um pouco de resistência a filmes brasileiros que utilizam a ficção científica para tratar de seus temas. Mas é interessante que este filme do Leon Reis impressiona no quesito qualidade dos efeitos. E ainda manda uma mensagem, um tanto cifrada, sobre a questão do preconceito. Direção: Leon Reis. Ano: 2018.
NEGO TEM QUE SE VIRAR
Como uma espécie de elogio à maconha e ao modo de vida mais, digamos, marginal, o filme também tem um aspecto bem desapegado às regras mais clássicas. "Cinema é charlação", aparece em determinado momento. Interessante que não tem cara de filme que quer pregar as suas verdades ao público. Direção: Mike Dutra. Ano: 2018.
PONTE VELHA
Descrito a princípio como um documentário, Ponte Velha vai aos poucos se desconstruindo. Até flerta com algum didatismo, ao mostrar uma foto de 1929 da ponte e dar algumas explicações da Fortaleza da Bélle Époque, mas depois entra numas de fantasia para depois voltar a um registro bem pessoal. Parece tatear o seu caminho o tempo todo. E isso é interessante. Direção: Victor de Melo. Ano: 2018.
SUDESTINOS
Que filme bonito e emocional. A ideia de pegar depoimentos de pessoas em um trajeto que sai de São Paulo até Fortaleza por si só já é muito boa. E o resultado acaba sendo muito positivo, pois muitos dos depoimentos são belos e emocionantes. É o caso de pensar no quanto é um universo a vida de cada um. A opção pelo preto e branco foi feliz. Direção: Germano de Sousa. Ano: 2018.
TETO
Um trabalho que privilegia o som de maneira impressionante. Em certos momentos, lembra David Lynch com o uso do som e também com o uso de uma câmera que parece estar em estado de vigília perigosa. Há também um cuidado com as texturas nas cores que impressiona. Seria interessante ver um longa do diretor. Direção: Darwin Marinho. Ano: 2018.
Acho sempre interessantes os filmes com a assinatura do Leonardo Mouramateus. E há coisas que eu gosto muito e outras que não gosto nem tanto, mas mesmo essas coisas (como a briga dos meninos etc.) são recorrentes e a cara do diretor. Gosto da liberdade e da alegria da cena na praia, e de como isso é quebrado. Direção: Andréia Pires e Leonardo Mouramateus. Ano: 2017.
A CANÇÃO DE ALICE
Um filme cuja primeira coisa que chama a atenção é a fotografia, de uma beleza impressionante. Petrus Cariry é um de nossos melhores fotógrafos de cinema, sem dúvida. Depois tem o destaque para o lirismo das falas, do sentimento de saudade, da expressão no rosto da personagem da avó/mãe, de suas recordações. E tem o mar pontuando as emoções. Muito bonito. Direção: Barbara Cariry. Ano: 2018. (Foto)
BOCA DE LOBA
É um filme que se beneficiaria de uma revisão para poder captar melhor o que ele quer dizer com seus simbolismos e suas imagens justapostas a uma narração em voice over que não parece ter estreita relação com o que é mostrado nas cenas. Destaque para o centro de Fortaleza de madrugada, sendo explorado em toda sua glória. Ou falta de. Direção: Bárbara Cabeça. Ano: 2018.
CARTUCHOS DE SUPER NINTENDO EM ANÉIS DE SATURNO
Tenho um pouco de resistência a filmes brasileiros que utilizam a ficção científica para tratar de seus temas. Mas é interessante que este filme do Leon Reis impressiona no quesito qualidade dos efeitos. E ainda manda uma mensagem, um tanto cifrada, sobre a questão do preconceito. Direção: Leon Reis. Ano: 2018.
NEGO TEM QUE SE VIRAR
Como uma espécie de elogio à maconha e ao modo de vida mais, digamos, marginal, o filme também tem um aspecto bem desapegado às regras mais clássicas. "Cinema é charlação", aparece em determinado momento. Interessante que não tem cara de filme que quer pregar as suas verdades ao público. Direção: Mike Dutra. Ano: 2018.
PONTE VELHA
Descrito a princípio como um documentário, Ponte Velha vai aos poucos se desconstruindo. Até flerta com algum didatismo, ao mostrar uma foto de 1929 da ponte e dar algumas explicações da Fortaleza da Bélle Époque, mas depois entra numas de fantasia para depois voltar a um registro bem pessoal. Parece tatear o seu caminho o tempo todo. E isso é interessante. Direção: Victor de Melo. Ano: 2018.
SUDESTINOS
Que filme bonito e emocional. A ideia de pegar depoimentos de pessoas em um trajeto que sai de São Paulo até Fortaleza por si só já é muito boa. E o resultado acaba sendo muito positivo, pois muitos dos depoimentos são belos e emocionantes. É o caso de pensar no quanto é um universo a vida de cada um. A opção pelo preto e branco foi feliz. Direção: Germano de Sousa. Ano: 2018.
TETO
Um trabalho que privilegia o som de maneira impressionante. Em certos momentos, lembra David Lynch com o uso do som e também com o uso de uma câmera que parece estar em estado de vigília perigosa. Há também um cuidado com as texturas nas cores que impressiona. Seria interessante ver um longa do diretor. Direção: Darwin Marinho. Ano: 2018.
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