domingo, julho 29, 2018

MISSÃO: IMPOSSÍVEL - EFEITO FALLOUT (Mission: Impossible - Fallout)

Primeira vez que um filme da franquia MISSÃO: IMPOSSÍVEL repete o diretor, o sexto filme da série traz mais uma parceria do produtor e ator Tom Cruise com o diretor Christopher McQuarrie, com quem havia trabalhado em JACK REACHER - O ÚLTIMO TIRO (2012) e em MISSÃO: IMPOSSÍVEL - NAÇÃO SECRETA (2015). A amizade, porém, deve ter surgido quando da produção de OPERAÇÃO VALQUÍRIA (2008), em que McQuarrie aparece como roteirista.

O caso de McQuarrie é interessante, pois nota-se um crescimento dele como cineasta, provavelmente a partir das exigências do Cruise produtor e homem cada vez mais centrado na adrenalina e nos filmes de ação. Pode-se dizer que o diretor e roteirista chegou ao status de excelência neste MISSÃO: IMPOSSÍVEL - EFEITO FALLOUT (2018), com cenas de ação de cair o queixo de tão boas. É possível que seja o melhor filme da franquia desde o primeiro, dirigido por Brian De Palma em 1996.

A brincadeira com as máscaras continuam e aumentaram ainda mais os perigos, presentes, inclusive, no set de filmagens, quando Cruise, ao rejeitar o uso de dublês nas cenas de ação, quebrou o próprio pé em uma sequência em que pula de um prédio para o outro. Toda essa sensação de verdade e de materialidade é sentida no filme, que se distingue bastante das atuais aventuras de ação que usam e abusam do CGI. Mesmo em uma sequência como a dos helicópteros, tudo parece muito palpável, pesado, real.

Por real, não há por que pensar que o filme é do tipo verossímil. Não há necessidade disso uma vez que se aceite o jogo, as brincadeiras que a franquia proporciona, como a velha tensão em cortar o fio de uma bomba nos últimos instantes. Aqui a diferença é que os realizadores intensificam esse momento, colocando não apenas uma, mas três bombas ao mesmo tempo, em um projeto de equipe.

E por falar em equipe, EFEITO FALLOUT talvez seja o filme que melhor soube trabalhar com a questão do grupo. Apesar de nunca deixar de ser o grande protagonista, Tom Cruise divide a tela com o "Superman" Henry Cavill desta vez, em participação muito importante - a cena do banheiro, com uma luta corpo a corpo entre eles dois e um asiático, é sensacional. E é quando surge também Rebecca Ferguson, que havia brilhado no filme anterior e que retorna como uma espécie de membro não filiada da equipe, já que ela é uma espiã de outra organização. Ving Rhames e Simon Pegg também retornam como fiéis parceiros de Ethan Hunt (Cruise) e Michelle Monaghan aparece pouco, como a ex-esposa que teve que sair da vida do agente por causa do perigo.

A sensação de familiaridade se dá não apenas pelo retorno de toda essa turma - até o vilão do filme anterior retorna - mas por uma parceria que foi azeitada para resultar em uma obra que merece figurar entre as melhores produções de ação do novo século. Assim, se a princípio alguém pode ficar triste com o fato de não haver um novo diretor para deixar a sua marca na franquia, esse sacrifício foi feito por um motivo justo. Além do mais, Cruise não anda querendo mais muitas intervenções de cineastas-autores em suas produções. Felizmente ele é um ótimo produtor e aqui pelo menos parece saber o que está fazendo.

A trama é talvez a mais intrincada dos seis filmes da série, mas isso não constitui um problema: até dá um charme a mais. Até porque é uma trama que não é difícil de acompanhar. E mesmo se fosse difícil, ficar perdido em filmes de espionagem faz parte do jogo. E no caso de EFEITO FALLOUT, então, temos tantas cenas de ação ótimas que mesmo que nada fizesse sentido o filme seria ótimo ainda assim. A cena do paraquedas, a já citada cena de luta no banheiro de uma boate, a cena de perseguição na moto, a corrida no prédio, a perseguição de helicópteros são os melhores exemplos. É quase um aviso para os produtores dos filmes do James Bond: pronto, agora façam melhor do que isso, se são capazes!

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LUA DE JÚPITER (Jupiter Holdja)

Quando vi que este filme estava cotado para a Palma de Ouro em Cannes fiquei imaginando o porquê. Agora vi que foi por causa do sucesso de WHITE GOD (2014), que eu considero um filmão. Mas este aqui, meu Deus do céu, o que é isso? Essa fascinação por efeitos especiais e pela história do rapaz que é capaz de voar é de cansar a paciência. E há uma trama toda confusa que chega um momento que desisti de tentar entender. É um pouco longo, mas parece ainda mais longo. Direção: Kornél Mundruczó. Ano: 2017.

BASEADO EM FATOS REAIS (D'Après une Histoire Vraie)

O quanto desceu Roman Polanski, hein? Não dá nem pra imaginar que é baseado em um romance. O romance deve ser bem vagabundo, é o que dá para pensar. As atrizes nem estão de todo ruins, se a ideia é mesmo fazer um suspense tipo Supercine. Nesse sentido, dá pra se divertir com a Eva Green mais uma vez vilanesca. Ano: 2017.

GEMINI

Estou virando um stalker da Lola Kirke. Foi por ela que vi este GEMINI, que pintou nos torrents da vida e nem sei se vai aparecer nos streamings. O filme é mais charmoso do que realmente bom, com uma trama intrincada e que se perde e desaponta quando chega ao seu desfecho. Mas até lá é intrigante, explorando bastante a noite escura e as mansões luxuosas de Los Angeles/Hollywood. Direção: Aaron Katz. Ano: 2017.

segunda-feira, julho 23, 2018

A PATRULHA DA MADRUGADA (The Dawn Patrol)

Tempos atrás eu fiz uma peregrinação muito gostosa pela obra de Howard Hawks. Ia em busca de todos os filmes disponíveis em DVD ou para download com legendas pelo menos em inglês ou até em espanhol e fazia a festa. Alguns filmes acabaram ficando de fora pela indisponibilidade nesses meios. Agora alguns deles estão começando a surgir. A PATRULHA DA MADRUGADA (1930) é um deles. Embora não seja um dos melhores do cineasta, é um de seus trabalhos mais importantes. É o primeiro filme a definir alguns aspectos que se repetiriam como marca do autor em diversos outros trabalhos.

Antes de HERÓIS DO AR (1936), O PARAÍSO INFERNAL (1938) e ÁGUIAS AMERICANAS (1943), Hawks já havia prestado o seu tributo e demonstrado o seu amor à aviação neste que é tido como o primeiro filme sonoro realizado sem excessos de dramatização. Isso nas próprias palavras do diretor, em entrevista a Peter Bogdanovich, mas que pode muito bem ser quase uma unanimidade naqueles tempos em que os cineastas ainda tateavam na transição de uma era para a outra.

O filme também tem muito a ver com uma época em que o próprio Hawks era entusiasta da aviação e tinha uma relação de amizade com o milionário excêntrico Howard Hughes, que no mesmo ano fez um filme de aviação mais ambicioso do ponto de vista da produção, ANJOS DO INFERNO. Mas Hawks sabia lidar melhor com as emoções e por isso se tornou o gigante cultuado que é até hoje.

A PATRULHA DA MADRUGADA começa logo com a morte de dois pilotos durante uma missão durante a Primeira Guerra Mundial. Não conhecemos os pilotos, mas o filme sabe como deixar a situação trágica o suficiente, ao mesmo tempo em que os personagens principais tentam ser durões o o bastante para encarar aquela situação quase como uma rotina. Ainda que uma rotina muito cruel.

Um dos detalhes interessantes é que o próprio Hawks pilotou um dos aviões, filmou algumas cenas no ar. Cenas que depois seriam aproveitadas descaradamente em outra produção, da Warner, com praticamente o mesmo título. Por isso que hoje em dia, mesmo com tantos recursos, não conseguem fazer algo tão realista quanto o que se fazia nos anos 1930 e 1940.

Do ponto de vista das emoções, o ápice do filme é certamente a cena em que os pilotos cantam juntos no bar uma canção sobre aqueles que morreram e aqueles que ainda morrerão. É bem triste, mas é suficiente também para trazer uma relação de amizade masculina que se tornaria uma das marcas dos filme de Hawks. Quem é fã do cineasta certamente não pode ficar sem ver este A PATRULHA DA MADRUGADA. Até por que uma cena maravilhosa como a dos dois pilotos atacando a base dos alemães não se vê todo dia.

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HORIZONTE PROFUNDO - DESASTRE NO GOLFO (Deepwater Horizon)

Belo filme que nos oferece um pouco do que foi o maior desastre ecológico envolvendo petróleo da história dos Estados Unidos. Eficiente e no final a gente fica até bem emocionado. (Esse foi meu comentário na época que vi o filme, 11 de novembro de 2016. Com distanciamento, já vejo com excessos na parte do heroísmo.) Direção: Peter Berg. Ano: 2016.

UM ESTADO DE LIBERDADE (Free State of Jones)

A história em si eu não conhecia e achei fascinante! Mas o filme era pra ter virado uma minissérie. Acabou não dando conta de caber em 2 horas e 20 minutos e a segunda metade é bem corrida e apressada, recorrendo a vários textos explicativos. Mas há muitos momentos sensacionais. Direção: Gary Ross. Ano: 2016.

A LEI DA NOITE (Live by Night)

O amigo de Matt Damon, Ben Affleck, também se saiu mal dessa vez. A LEI DA NOITE podia ter rendido um puta filme, se feito sob a direção de um Scorsese, um De Palma, um Michael Mann... Há um material tão rico e é tão mal construído... Ano: 2016.

quarta-feira, julho 18, 2018

ARRANHA-CÉU - CORAGEM SEM LIMITE (Skyscraper)

Eis um filme que nos faz ter saudades das aventuras de ação tanto dos anos 1980 quanto da década seguinte. Isso porque ARRANHA-CÉU - CORAGEM SEM LIMITE (2018) acaba remetendo, inevitavelmente, ao hoje clássico DURO DE MATAR, que para muitos é considerado um divisor de águas entre o tipo de filme de ação que se fazia nos anos da Era Reagan e o que surgiria com mais sofisticação e mais diretores renomados na década seguinte. A lembrança tem a ver principalmente com a figura de um herói passando por situações perigosas em um prédio alto.

Acontece que tudo é anabolizado e o efeito para o espectador que até tenta embarcar com boa vontade no filme é de certa indiferença. Talvez por Dwayne Johnson ser uma figura tão forte e tão cheia de músculos que parece um super-herói já pronto e capaz até mesmo de passar de um lado a outro de um prédio com auxílio de fitas adesivas nas mãos, como um Homem-Aranha. Em DURO DE MATAR, Bruce Willis, por sua vez, encarna a figura de uma pessoa normal, que até sangra bastante.

Deixando as comparações de lado, o que temos é um filme em que não se espera nenhuma sutileza. O que o diretor Rawson Marshall Thurber, que já havia trabalhado com Johnson em UM ESPIÃO E MEIO (2016), poderia fazer era usar os exageros a seu favor. Uma pena que nem a equipe de efeitos especiais tenha se preocupado em deixar as cenas críveis a ponto de as aproximarem do espectador. Não se trata, portanto, de uma produção feita no capricho como um MISSÃO: IMPOSSÍVEL. E nem tem a pretensão de ser, na verdade. De todo modo, há pontos positivos a destacar.

Um deles é ter novamente Neve Campbell em ação depois de passarmos quase uma década vendo-a como protagonista da antológica cinessérie PÂNICO, de Wes Craven, nos anos 1990. Em ARRANHA-CÉU ela interpreta a esposa do protagonista. Curiosamente, veremos que ela é mais do que apenas uma esposa em perigo cuidando de seus dois filhos. Ter um protagonista com uma deficiência física (o herói perde a perna em ação no início do filme) acaba por tornar Johnson não um sujeito com pontos fracos. Ao contrário, ele se torna ainda mais invencível com aquela perna que lhe será útil em determinadas situações de perigo.

Outro ponto positivo é a locação. Hong Kong é um charme e foi um grande polo dos filmes de ação por décadas. Parte do elenco é composta por atores de lá. Além do homem que idealizou o prédio mais alto do mundo, vivido por Chin Han, há uma personagem coadjuvante, do grupo dos vilões, que poderia ter sido melhor aproveitada, a jovem e bela Hannah Quinlivan. Ela e Neve Campbell tem um momento juntas, mas é muito pouco.

O que sobra mesmo é espaço para a inteligência e as habilidades do protagonista, que passa a ter suas ações acompanhadas por uma multidão através de uma imensa tela de televisão, enquanto o prédio está em chamas e sua família corre perigo. A trama é o de menos: envolve os inimigos do empresário que planejam por em chamas o prédios mais alto do mundo. As cenas não deixam de passar uma lembrança do 11 de setembro. Talvez a ideia de Thurber tenha sido esta: fazer um grande épico de ação que remetesse a um grande drama americano.

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SICÁRIO - DIA DO SOLDADO (Sicario - Day of the Soldado)

Pra ser sincero, tenho pouca lembrança do primeiro filme, apesar de lembrar de ter gostado. Deste, gostei bastante da força do personagem do Del Toro, e de sua grande presença em cena, assim como de sua relação com a garota sequestrada. Interessante terem colocado um diretor italiano para dirigir esta sequência, que tem várias cenas memoráveis. A maioria delas, claro, roubadas por Del Toro. Destaque também para o ótimo roteiro bem costurado do Taylor Sheridan, que é praticamente um roteirista-autor. Caso raro atualmente em Hollywood. Talvez por isso Villeneuve não tenha querido dirigir mais este. Direção: Stefano Sollima. Ano: 2018.

OITO MULHERES E UM SEGREDO (Ocean's Eight)

Muito divertido este filme de roubo com a presença de um time de estrelas que a gente ama. Bullock, Blanchett, Hathaway e Paulson, em primeiro lugar. Mas Rihanna está sensacional também. Nem gosto muito do primeiro filme do Soderbergh, por isso fui achando que não ia gostar deste. Diversão despretensiosa e que honra a subcategoria. Direção: Gary Ross. Ano: 2018.

NO OLHO DO FURACÃO (The Hurricane Heist)

Filme bem ordinário, mas que não chega a ser exatamente ruim, sobre assalto a banco que acontece em um cenário de furacão intenso. Maggie Grace está muito à vontade como agente federal. Aliás, nunca a vi tão à vontade e tão bela. Direção: Rob Cohen. Ano: 2018.

quarta-feira, julho 11, 2018

CINEMAGIA - A HISTÓRIA DAS VIDEOLOCADORAS DE SÃO PAULO

Chega a ser impossível ver este documentário e não sentir saudade da época das videolocadoras, mesmo sabendo que hoje, em termos de qualidade de som e imagem e de oferta, as coisas estão muito melhores. E nós mesmos, tão entusiastas de uma era, fomos de certa forma responsáveis pelo fim das lojas. Eu mesmo há tempos não fazia uma visita a uma locadora. A oferta e a qualidade dos arquivos para download eram tentadores demais.

Mas o que sentimos vendo CINEMAGIA - A HISTÓRIA DAS VIDEOLOCADORAS DE SÃO PAULO (2017), de Alan Oliveira, é difícil até de por em palavras, já que vêm à mente um entusiasmo muito grande. Eu, por exemplo, ficava tão alegre ao entrar em uma grande locadora, como a King Vídeo ou a Distrivídeo, ou mesmo em uma que tinha aqui no bairro vizinho, que tinha uma oferta até generosa, que batia até uma dor de barriga, tal era o entusiasmo. É como deixar uma criança em uma loja de doces e dizer que ela pode ficar à vontade e escolher muitos para levar.

Eu já lia revistas sobre cinema e vídeo e cheguei a ler a revista do Rubens Ewald Filho também, a Video News, antes mesmo de ter um aparelho de videocassete. O primeiro que eu tive só foi em 1992, com o dinheiro das minhas primeiras férias. Então, não cheguei a ver essa coisa de fita pirata em locadoras, embora todas as fitas que eu alugasse já falassem bastante da questão da obrigatoriedade das fitas seladas.

O documentário acaba sendo gostoso pois nos faz viajar no tempo, desde os primórdios das primeiras videolocadoras, que começaram de uma maneira bem ousadas, muito fruto da vontade e do amor dessas pessoas. A história da Omni Vídeo, por exemplo, a primeira de São Paulo e possivelmente do Brasil, é para dar boas risadas. Assim, conhecemos as primeiras locadoras e também acompanhamos as primeiras emocionadas histórias e, depois, as primeiras distribuidoras oficializadas.

Também não deixa de ser emocionante ver os depoimentos do crítico Christian Petermann, falecido prematuramente no ano passado. Ele passa uma paixão em suas memórias de consumidor de vídeo que deve contagiar até mesmo o pessoal da geração do novo milênio, que não chegou a acompanhar esse processo, ou que chegou já em um momento em que essas lojas estão em extinção.

Por essas e por outras razões, como a bela montagem e a ótima escolha de pessoas a entrevistar, além do forte toque de emoção, já que as pessoas entrevistadas dedicaram muitos anos (décadas) de suas vidas unindo negócio e prazer, que CINEMAGIA é uma das produções brasileiras mais bem-vindas da atualidade, especialmente nesses tempos de streaming e novos hábitos de consumo de filmes. É sempre bom lembrar que as coisas já foram bem diferentes. E quem viveu aqueles momentos viveu momentos mágicos.

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LUMIÈRE! A AVENTURA COMEÇA (Lumière)

É bom que o espectador vá ao cinema preparado para ver 108 curtas de 50 segundos dos irmãos Lumière. Mas mesmo com a possibilidade de cansar, a edição é muito boa, e a análise do diretor é excelente. Se fossem apenas os filmes para serem vistos e sem comentário algum certamente deixaríamos de prestar atenção em muitas coisas. Legal que a sala tinha bastante gente e muita gente se divertiu e riu de vários curtas. Ah, e eu achei incrível aquele com uso de três cinemascopes numa só imagem. Direção: Thierry Frémaux. Ano: 2016.

GATOS (Kedi)

Pra quem gosta de gatos é uma beleza. Mas o filme tem algo de muito interessante em mostrar Istambul, uma cidade cheia de gatos por todos os lados. Tem até o seu lado triste, pois muitos deles vivem nas ruas, sem donos. Muito bonitos os depoimentos de pessoas que conseguiram superar problemas sérios graças aos gatos. Sem falar que eles são de uma beleza incrível. É como um dos entrevistados diz: é como se eles fossem super-heróis. Admiráveis no que conseguem fazer e ainda serem tão elegantes. Gosto também de uma moça, que fala sobre a questão de os gatos permitirem ser belos e elegantes mas não permitirem que qualquer pessoa os toque. Direção: Ceyda Torun. Ano: 2016.

SPIELBERG

Levei meses para terminar de ver este documentário, pois ele não é tão fluido, é meio truncado, não sei. Mas há muita coisa a se aprender sobre o homem e o artista vendo este filme. Alguns filmes passaram batido, mas acho que a maior parte das escolhas foi acertada. Talvez o problema seja de montagem. Direção: Susan Lacy. Ano: 2017.

segunda-feira, julho 09, 2018

VINGANÇA (Revenge)

O fato de VINGANÇA (2017) ser um filme de estupro e vingança dirigido por uma mulher nos dias de hoje faz bastante diferença na hora de perceber detalhes importantes, principalmente se já temos como referência outros filmes desse subgênero em mente, como A VINGANÇA DE JENNIFER, de Meir Sarchi, e seu remake DOCE VINGANÇA, de Steven M. Monroe, THRILLER - A CRUEL PICTURE, de Bo Arne Vibenius, SEDUÇÃO E VINGANÇA, de Abel Ferrara, SEDUZIDA AO EXTREMO, de Robert M. Young, entre outros.

Em comum em todos esses filmes está o aspecto exploitation. São menos feitos para fazer uma reflexão sobre o ato terrível perpetrado pelos estupradores e mais feitos para mostrar as cenas violentas, às vezes até com um pouco de sadismo. O exemplar que leva essa característica às últimas consequências talvez seja IRREVERSÍVEL, de Gaspar Noé, ainda que seja uma obra que, ao nos fazer olhar por vários minutos todo o estupro, também traz um sentimento de mal estar enorme.

De todo modo, ao vermos VINGANÇA, primeiro longa da diretora e roteirista Coralie Fargeat, entendemos o fato de ela não mostrar a cena do estupro em si. Acaba não sendo necessário, já que o mal estar provocado pela tensão provocada pelo estuprador nos momentos imediatamente anteriores à ação já é motivo mais do que suficiente para que torçamos por sua vingança. Até porque o que acontece em seguida só torna os seus motivos ainda mais aceitáveis.

Ao contrário do que se poderia imaginar em uma obra dirigida por uma mulher e feita em tempos em que se procura não mais objetificar o corpo feminino, VINGANÇA destaca sim o belo corpo de sua protagonista, vivida pela italiana Matilda Anna Ingrid Lutz. Assim como traz motivo para algum espectador chegar e dizer: "mas ela não deu motivo para o estuprador fazer o que fez?". Aí é que está: a protagonista, ao brincar e se sentir desejada por aqueles três homens, tinha o direito de esbanjar sensualidade e beleza. Então, o que temos aqui é também uma espécie de filme-manifesto sobre esse direito.

Trazer esses questionamentos em uma embalagem de um filme de suspense sangrento (e haja sangue!) e cheio de filtros e com fotografia estilizada é um mérito que VINGANÇA tem. É possível ver o filme empolgado com o jogo de gato e rato e também se divertir com certas cenas que vão parecer bem inverossímeis, como as duas que envolvem um isqueiro. Ainda assim, não deixam de ser inteligentes no modo como encontram uma solução para que a vingança da jovem mulher fosse efetuada no calor do momento, e não um prato que se come frio, como se costuma dizer em provérbio popular.

Outro elemento muito importante que o filme destaca é a ênfase dada à covardia do estuprador (Vincent Colombe). Ele é covarde não só em ser um estuprador, mas é covarde também quando tem que enfrentar aquele anjo de vingança que escapa da morte para persegui-lo. Esses e outros detalhes contam nesta produção que sabe brincar com um tipo de história tantas vezes narrada por um homem e que traz consigo tanto a vulgaridade quanto a leitura rica e as questões tão em voga nos dias de hoje.

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7 DIAS EM ENTEBBE (Entebbe)

Acho que este filme do José Padilha vale mais por apresentar uma história real impressionante de maneira até decente do que pelo modo como a narrativa se dá efetivamente. Gosto de como o casal principal trabalha com os conflitos internos. Do ponto de vista político, será que Padilha quis ser imparcial? Ano: 2018.

AOS TEUS OLHOS

Uma das boas surpresas dentre os filmes brasileiros a estrear neste ano. AOS TEUS OLHOS também se beneficia em saber lidar com um assunto muito presente nos dias de hoje, que é o julgamento que se faz de alguém a partir da internet. Aliás, não só esse tema. Carolina Jabor consegue manter um clima de tensão do início ao fim. Ano: 2017.

COMBOIO DE SAL E AÇÚCAR

Como dá para ver o filme como sendo uma produção B de ação, acaba parecendo aquelas produções feitas diretas para vídeo nos tempos do VHS, embora a curiosidade esteja no fato de ser um filme basicamente moçambicano. É possível perceber tanto as falhas quanto as qualidades, mas não consegui me envolver e fiquei ligado mais nas falhas mesmo. E na falta de mais força dramática. Diretor: Licínio Azevedo. Ano: 2016.