O DIA DEPOIS DE AMANHÃ (The Day After Tomorrow)
Comecei a semana mais otimista. Talvez seja um certo alívio por conta do mês de maio estar indo embora. Esse foi o pior mês do ano pra mim. Teve o problema no braço - que parece estar se resolvendo e em breve estarei fazendo hidroginástica pra aplacar as tensões musculares nas costas - e alguns problemas em casa.
O fim de semana foi mais ou menos. No sábado, um filme no cinema e o show do Los Hermanos à noite. Tava até comentando ontem no MSN com a Valéria que eu devo estar ficando velho demais pra esses ambientes muito lotados. Além do mais, meu corpo não tá tolerando mais álcool e ando enjoado de canções manjadas. O lugar que escolheram para o show - Armazém 47 - foi horrível: difícil de entrar (fila enorme e catraca eletrônica com problema) e difícil de sair (outra fila enorme pra pagar a conta). O lugar tinha tanta gente e tava tão cheio de adolescentes histéricas que mal se ouvia o que se cantava no palco. Por um momento eu lamentei essa popularização da banda. O show que eu vi lá no Off Road foi bem melhor. Vai ver porque tinha lugar onde você pudesse respirar. A banda parecia cansada e quase não falou com a platéia. Vi hoje no blog do Bruno Medina que eles estavam realmente cansados. Talvez eles estejam mesmo precisando dar uma parada pra descansar e preparar um novo disco.
Agora cinema.
O DIA DEPOIS DE AMANHÃ é um bom filme. O melhor de Roland Emerich, dentre os que eu pude ver de sua filmografia. Acompanho desde SOLDADO UNIVERSAL (1992) e não vi os filmes que ele fez antes dessa data. Pelo menos o cara veio dos filmes B. Dá pra diferenciá-lo um pouco dos odiosos Michael Bay e Stephen Sommers.
O filme parece INDEPENDENT DAY (1996), mas com a vantagem que tem efeitos visuais bem melhores e não tem aquela idiotice de Presidente dos EUA salvando o mundo. Ao contrário, há uma lição para os americanos que se acham os seres mais importantes do mundo, mostrando a fragilidade das pessoas diante das forças da natureza e a necessidade de se tratar bem os seus vizinhos (no caso os países do terceiro mundo), já que um dia você vai precisar deles. Os americanos têm que botar na cabeça que esse poder todo que eles têm hoje pode virar pó amanhã. Todo império um dia cai.
A história do filme todo mundo já sabe. É mais ou menos aquilo que se vê no trailer mesmo. Aí tem a história do pai (Dennis Quaid) que vai buscar o filho (Jake Gyllenhaal) que está em Nova York, a cidade mais destruída, correndo o risco de morrer tentando. A cena das ondas gigantes invadindo a cidade é de impressionar. Bom ver o filme num cinema com tela gigante, tipo UCI ou Cinemark.
O DIA DEPOIS DE AMANHÃ também é bem sucedido nas emoções. Se não é um filme que permanece na memória e no coração depois que saímos do cinema, ao menos durante a projeção é possível se emocionar com os personagens. Ajuda o fato de Jake Gyllenhaal ser um sujeito simpático e um ator carismático, compensando a canastrice de Dennis Quaid.
Bem melhor do que eu esperava.
segunda-feira, maio 31, 2004
sexta-feira, maio 28, 2004
EM CARNE VIVA (In the Cut)
Sexta-feira. Estou torcendo pra que esse fim de semana seja bom (pelo menos, amanhã tem show do Los Hermanos). Esse que passou foi frustrante. Só dor. Dor nas costas, dor no braço. Só um filme no cinema e uma saída à noite pra uma casa de shows, no sábado. A banda era ordinária. Começou com Lulu Santos e terminou com Xuxa. Fala sério. Mas o lugar, The Pub, é bom. Valeu conhecer. E as doses de rum funcionaram como analgésico.
O filme que eu fui ver foi o famoso filme censura 18 anos com a Meg Ryan. Pois é. Esse mundo tá perdido mesmo. A minha musa das comédias românticas, a Doris Day da nossa geração, de quem eu cheguei a me apaixonar em 1990, quando vi HARRY E SALLY, dessa vez faz cenas ousadas de sexo no cinema. E não é que ela é boa. Só tem as pernas um pouco finas e um jeito de andar meio estranho, mas a mulher na cama manda bem (bom, pelo menos no filme). Parece que Jane Campion se aproveitou um pouco daquela cena de HARRY E SALLY, em que Meg Ryan finge um orgasmo para Billy Crystal, para mostrar ela gozando de verdade (ok, a gente sabe que é um filme, mas ficou convincente.)
E, ao contrário do que muita gente anda dizendo por aí, EM CARNE VIVA (2003), é muito bom. Vemos o filme sempre pelo ponto de vista da personagem de Meg. E, assim como ela, suspeitamos da mesma pessoa como serial killer. Mark Ruffalo está muito bem como o policial que se envolve com Meg. A personagem de Jennifer Jason Lee é meio estranha e nunca fica claro qual é o seu problema. Muitas coisas são deixadas no ar. Há muitas imagens desfocadas de vez em quando e o filme se inicia com uma bela versão de "Quem será, será", que foi cantada pela Doris Day, no clássico do Hitchcock O HOMEM QUE SABIA DEMAIS. E há o sexo. Logo no início do filme vemos uma cena de boquete explícita.
O sexo parece ser um tema constante na filmografia de Jane Campion. O filme que eu mais gosto dela é FOGO SAGRADO (1999), que mostra a nossa querida Kate Winslet nua em pelo e humilhando o apaixonado Harvey Keitel. Também curto O PIANO (1993) e RETRATO DE UMA MULHER (1996), apesar de achá-los um pouco soporíferos. Mas nada como uma noite de sono bem dormida para apreciá-los.
Pra encerrar, meu Top 5 Jane Campion:
1. FOGO SAGRADO
2. EM CARNE VIVA
3. O PIANO
4. RETRATO DE UMA MULHER
5. UM ANJO EM MINHA MESA
Sexta-feira. Estou torcendo pra que esse fim de semana seja bom (pelo menos, amanhã tem show do Los Hermanos). Esse que passou foi frustrante. Só dor. Dor nas costas, dor no braço. Só um filme no cinema e uma saída à noite pra uma casa de shows, no sábado. A banda era ordinária. Começou com Lulu Santos e terminou com Xuxa. Fala sério. Mas o lugar, The Pub, é bom. Valeu conhecer. E as doses de rum funcionaram como analgésico.
O filme que eu fui ver foi o famoso filme censura 18 anos com a Meg Ryan. Pois é. Esse mundo tá perdido mesmo. A minha musa das comédias românticas, a Doris Day da nossa geração, de quem eu cheguei a me apaixonar em 1990, quando vi HARRY E SALLY, dessa vez faz cenas ousadas de sexo no cinema. E não é que ela é boa. Só tem as pernas um pouco finas e um jeito de andar meio estranho, mas a mulher na cama manda bem (bom, pelo menos no filme). Parece que Jane Campion se aproveitou um pouco daquela cena de HARRY E SALLY, em que Meg Ryan finge um orgasmo para Billy Crystal, para mostrar ela gozando de verdade (ok, a gente sabe que é um filme, mas ficou convincente.)
E, ao contrário do que muita gente anda dizendo por aí, EM CARNE VIVA (2003), é muito bom. Vemos o filme sempre pelo ponto de vista da personagem de Meg. E, assim como ela, suspeitamos da mesma pessoa como serial killer. Mark Ruffalo está muito bem como o policial que se envolve com Meg. A personagem de Jennifer Jason Lee é meio estranha e nunca fica claro qual é o seu problema. Muitas coisas são deixadas no ar. Há muitas imagens desfocadas de vez em quando e o filme se inicia com uma bela versão de "Quem será, será", que foi cantada pela Doris Day, no clássico do Hitchcock O HOMEM QUE SABIA DEMAIS. E há o sexo. Logo no início do filme vemos uma cena de boquete explícita.
O sexo parece ser um tema constante na filmografia de Jane Campion. O filme que eu mais gosto dela é FOGO SAGRADO (1999), que mostra a nossa querida Kate Winslet nua em pelo e humilhando o apaixonado Harvey Keitel. Também curto O PIANO (1993) e RETRATO DE UMA MULHER (1996), apesar de achá-los um pouco soporíferos. Mas nada como uma noite de sono bem dormida para apreciá-los.
Pra encerrar, meu Top 5 Jane Campion:
1. FOGO SAGRADO
2. EM CARNE VIVA
3. O PIANO
4. RETRATO DE UMA MULHER
5. UM ANJO EM MINHA MESA
quarta-feira, maio 26, 2004
TAKESHI KITANO, RINGO LAM E ZHANG YIMOU
Comento a seguir três filmes de três diretores consagrados da cinematografia asiática: Takeshi Kitano (Japão), Ringo Lam (Hong Kong) e Zhang Yimou (China). Eles conquistaram, cada um à sua maneira, o respeito dos cinéfilos e da crítica internacional. Se bem que Ringo Lam hoje não tá com essa bola toda. Agora que está nos EUA perdeu um pouco da credibilidade e quando trabalhava só em Hong Kong não era tão conhecido no Ocidente.
BROTHER - A MÁFIA JAPONESA YAKUZA EM LOS ANGELES (Brother)
Só depois de ver esse filme espetacular que eu finalmente dei o braço a torcer e ninguém mais vai me ouvir dizer que eu não gosto dos filmes do Kitano. Que filme fudido de bom. Quanto sangue, quanta violência, quantos enquadramentos belos, quanto lirismo. Tudo num mesmo filme. Kitano é um poeta, hein. BROTHER (2000) é até melhor do que DOLLS (2002). E o que é aquele final? Quase chorei de emoção. Kitano filma de um jeito especial. Ora escondendo, ora mostrando explicitamente a violência, ele faz um filme único, que no fim das contas eu não saberia dizer em poucas palavras sobre o que é. Há a questão da amizade e da fidelidade que é muito forte, mas o filme não é apenas sobre isso. BROTHER é maior do que a gente imagina. Gravado do SBT.
PRISIONEIRO DO INFERNO (Gaam yuk fung wan / Prison on Fire)
Esse filme de Ringo Lam é do mesmo ano do seu CITY ON FIRE (1987), o famoso filme que inspirou Tarantino a fazer a cena de tortura em CÃES DE ALUGUEL. A cena mais forte, em PRISIONEIRO DO INFERNO, é a da briga de Chow Yun Fat com um sujeito, quando ele, enlouquecido, arranca com os próprios dentes a orelha de um cara. Um precursor do estilo Mike Tyson de lutar. Só em se tratar de um filme "de prisão", esse título já chamou a minha atenção, já que eu adoro filmes passados em prisão. Quantos filmes de prisão legais eu já vi: FUGINDO DO INFERNO, ALCATRAZ: FUGA IMPOSSÍVEL, PAPILLON, UM SONHO DE LIBERDADE, À ESPERA DE UM MILAGRE, CONDENAÇÃO BRUTAL... Esse filme do Lam enfatiza a amizade entre um rapaz honesto que teve de matar em legítima defesa - e por isso foi preso - e o gato escaldado e malandro de plantão Chow Yun Fat. Legal que nessa época o Fat não era ainda "fat". Ele era magrinho e mandava bem nas brigas. Gravado da BAND.
OPERAÇÃO SHANGAI (Yao a yao yao dao waipo qiao / Shanghai Triad)
Zhang Yimou está na moda de novo por conta de seus dois filmes de artes marciais: HERO (2002) e HOUSE OF FLYING DAGGERS (2004). HERO eu já tive o prazer de assistir, ainda que na telinha do computador, já esse último acabou de ser exibido em Cannes e foi recebido com gritos de "Bravo!" pelo Tarantino. Mas antes de ser conhecido por esses filmes, Yimou já era o principal nome da geração anos 80/90 do cinema chinês. Ele dirigiu excelentes melodramas como TEMPOS DE VIVER (1994) e O CAMINHO PARA CASA (2002) e é um diretor com uma sensibilidade fora do comum. Nesse OPERAÇÃO SHANGAI (1995), já se vê um pouco do estilo que atingiria o ápice em HERO, mas a história não é muito boa e a trama que começa sendo mostrada em "Dia 1", "Dia 2" etc é estranhamente abandonada lá pelo final. A noção de tempo no filme fica meio confusa. Mas o filme tem bons momentos, como a cena final, por exemplo, bela e perversa. Gong Li na época era a grande estrela do cinema chinês. Cadê ela?? Gravado da BAND.
Meu Top 7 Yimou:
1. TEMPOS DE VIVER (1994)
2. HERO (2002)
3. O CAMINHO PARA CASA (1999)
4. AMOR E SEDUÇÃO (1990)
5. NENHUM A MENOS (1999)
6. OPERAÇÃO SHANGAI (1995)
7. LANTERNAS VERMELHAS (1991)
Aguardando ansiosamente HOUSE OF FLYING DAGGERS (2004).
E uma dúvida: HAPPY TIMES (2001) chegou a ser lançado em vídeo/dvd no Brasil??
Comento a seguir três filmes de três diretores consagrados da cinematografia asiática: Takeshi Kitano (Japão), Ringo Lam (Hong Kong) e Zhang Yimou (China). Eles conquistaram, cada um à sua maneira, o respeito dos cinéfilos e da crítica internacional. Se bem que Ringo Lam hoje não tá com essa bola toda. Agora que está nos EUA perdeu um pouco da credibilidade e quando trabalhava só em Hong Kong não era tão conhecido no Ocidente.
BROTHER - A MÁFIA JAPONESA YAKUZA EM LOS ANGELES (Brother)
Só depois de ver esse filme espetacular que eu finalmente dei o braço a torcer e ninguém mais vai me ouvir dizer que eu não gosto dos filmes do Kitano. Que filme fudido de bom. Quanto sangue, quanta violência, quantos enquadramentos belos, quanto lirismo. Tudo num mesmo filme. Kitano é um poeta, hein. BROTHER (2000) é até melhor do que DOLLS (2002). E o que é aquele final? Quase chorei de emoção. Kitano filma de um jeito especial. Ora escondendo, ora mostrando explicitamente a violência, ele faz um filme único, que no fim das contas eu não saberia dizer em poucas palavras sobre o que é. Há a questão da amizade e da fidelidade que é muito forte, mas o filme não é apenas sobre isso. BROTHER é maior do que a gente imagina. Gravado do SBT.
PRISIONEIRO DO INFERNO (Gaam yuk fung wan / Prison on Fire)
Esse filme de Ringo Lam é do mesmo ano do seu CITY ON FIRE (1987), o famoso filme que inspirou Tarantino a fazer a cena de tortura em CÃES DE ALUGUEL. A cena mais forte, em PRISIONEIRO DO INFERNO, é a da briga de Chow Yun Fat com um sujeito, quando ele, enlouquecido, arranca com os próprios dentes a orelha de um cara. Um precursor do estilo Mike Tyson de lutar. Só em se tratar de um filme "de prisão", esse título já chamou a minha atenção, já que eu adoro filmes passados em prisão. Quantos filmes de prisão legais eu já vi: FUGINDO DO INFERNO, ALCATRAZ: FUGA IMPOSSÍVEL, PAPILLON, UM SONHO DE LIBERDADE, À ESPERA DE UM MILAGRE, CONDENAÇÃO BRUTAL... Esse filme do Lam enfatiza a amizade entre um rapaz honesto que teve de matar em legítima defesa - e por isso foi preso - e o gato escaldado e malandro de plantão Chow Yun Fat. Legal que nessa época o Fat não era ainda "fat". Ele era magrinho e mandava bem nas brigas. Gravado da BAND.
OPERAÇÃO SHANGAI (Yao a yao yao dao waipo qiao / Shanghai Triad)
Zhang Yimou está na moda de novo por conta de seus dois filmes de artes marciais: HERO (2002) e HOUSE OF FLYING DAGGERS (2004). HERO eu já tive o prazer de assistir, ainda que na telinha do computador, já esse último acabou de ser exibido em Cannes e foi recebido com gritos de "Bravo!" pelo Tarantino. Mas antes de ser conhecido por esses filmes, Yimou já era o principal nome da geração anos 80/90 do cinema chinês. Ele dirigiu excelentes melodramas como TEMPOS DE VIVER (1994) e O CAMINHO PARA CASA (2002) e é um diretor com uma sensibilidade fora do comum. Nesse OPERAÇÃO SHANGAI (1995), já se vê um pouco do estilo que atingiria o ápice em HERO, mas a história não é muito boa e a trama que começa sendo mostrada em "Dia 1", "Dia 2" etc é estranhamente abandonada lá pelo final. A noção de tempo no filme fica meio confusa. Mas o filme tem bons momentos, como a cena final, por exemplo, bela e perversa. Gong Li na época era a grande estrela do cinema chinês. Cadê ela?? Gravado da BAND.
Meu Top 7 Yimou:
1. TEMPOS DE VIVER (1994)
2. HERO (2002)
3. O CAMINHO PARA CASA (1999)
4. AMOR E SEDUÇÃO (1990)
5. NENHUM A MENOS (1999)
6. OPERAÇÃO SHANGAI (1995)
7. LANTERNAS VERMELHAS (1991)
Aguardando ansiosamente HOUSE OF FLYING DAGGERS (2004).
E uma dúvida: HAPPY TIMES (2001) chegou a ser lançado em vídeo/dvd no Brasil??
segunda-feira, maio 24, 2004
BUFFALO 66 (Buffalo '66)
Talvez por estar tão carente de alegria, de afeto e de saúde que esse ser hipocondríaco aqui gostou tanto de BUFFALO 66 (1998), estréia na direção de Vincent Gallo. Este é, com certeza, um dos filmes que eu mais gostei nos últimos meses.
No filme, o próprio Gallo é Billy, um sujeito que acabou de sair da prisão e que se sente totalmente desolado, sem saber pra onde ir. Uma das cenas mais originais é a seqüência em que ele sofre pra conseguir um lugar onde possa mijar. (Primeira vez que vejo um filme em que o diretor gasta minutos numa cena que mostra um personagem com vontade de ir ao banheiro.) O que vai mudar a vida de Billy é o seu encontro com Layla (Christina Ricci), a garota que ele rapta para que ela se passe por sua esposa, a fim de enganar os seus pais (Ben Gazzara e Angelica Huston), que não sabem que ele estava preso.
Aos poucos vamos sabendo mais sobre o atormentado Billy, seus traumas de infância, suas paixões, suas neuroses, como ele foi parar na cadeia. E Gallo mostra isso de uma maneira super-criativa e delicada, alternando cenas de desânimo e desapego total à vida, com seqüências de humor. O relacionamento dele com Layla é incrivelmente bonito. Destaque para a cena dos dois deitados na cama com a câmera testemunhando tudo, de cima.
Desde o ano passado que estou muito a fim de ver o segundo filme de Gallo: THE BROWN BUNNY (2003), que tem a famosa cena de sexo oral explícita. E parece que esse filme nem estreou comercialmente nos EUA ainda. Resta esperar.
BUFFALO 66 foi gravado do canal Hallmark.
Talvez por estar tão carente de alegria, de afeto e de saúde que esse ser hipocondríaco aqui gostou tanto de BUFFALO 66 (1998), estréia na direção de Vincent Gallo. Este é, com certeza, um dos filmes que eu mais gostei nos últimos meses.
No filme, o próprio Gallo é Billy, um sujeito que acabou de sair da prisão e que se sente totalmente desolado, sem saber pra onde ir. Uma das cenas mais originais é a seqüência em que ele sofre pra conseguir um lugar onde possa mijar. (Primeira vez que vejo um filme em que o diretor gasta minutos numa cena que mostra um personagem com vontade de ir ao banheiro.) O que vai mudar a vida de Billy é o seu encontro com Layla (Christina Ricci), a garota que ele rapta para que ela se passe por sua esposa, a fim de enganar os seus pais (Ben Gazzara e Angelica Huston), que não sabem que ele estava preso.
Aos poucos vamos sabendo mais sobre o atormentado Billy, seus traumas de infância, suas paixões, suas neuroses, como ele foi parar na cadeia. E Gallo mostra isso de uma maneira super-criativa e delicada, alternando cenas de desânimo e desapego total à vida, com seqüências de humor. O relacionamento dele com Layla é incrivelmente bonito. Destaque para a cena dos dois deitados na cama com a câmera testemunhando tudo, de cima.
Desde o ano passado que estou muito a fim de ver o segundo filme de Gallo: THE BROWN BUNNY (2003), que tem a famosa cena de sexo oral explícita. E parece que esse filme nem estreou comercialmente nos EUA ainda. Resta esperar.
BUFFALO 66 foi gravado do canal Hallmark.
sexta-feira, maio 21, 2004
QUEIMADA!
Nunca fui muito interessado em política. Logo, é normal não ter filmes do Costa-Gavras ou do Ken Loach entre os meus favoritos. Os filmes políticos que mais gosto são DANTON: O PROCESSO DA REVOLUÇÃO (1983), de Andrzej Wajda, e o maravilhoso A INGLESA E O DUQUE (2001), de Eric Rohmer. Ambos falam sobre a Revolução Francesa, mostrando o lado negro dos líderes da Revolução.
Um cineasta controverso e que ficou famoso por fazer filmes políticos é o italiano Gillo Pontecorvo. Ele voltou a ser notícia recentemente por causa de um de seus filmes - A BATALHA DE ARGEL (1965) - que está sendo exibido em Cannes esse ano.
Pra não ficar totalmente ignorante em sua obra, fiz questão de ver esse QUEIMADA! (1969), que fala sobre a colonização numa ilha do Caribe. O filme é baseado numa história real envolvendo os colonizadores espanhóis, mas o governo da Espanha proibiu a vinculação do nome do país no filme e Pontecorvo teve que colocar os portugueses como os vilões da história.
Marlon Brando é William Walker, um agente britânico encaminhado para a ilha a fim de incitar a revolta dos escravos (maioria) contra os colonizadores. Ele encontra um líder na figura de José Dolores (Evaristo Marquez). A intenção da Inglaterra é tirar os colonizadores portugueses do caminho. O plano é bem sucedido e os rebeldes conseguem assumir o poder. Mas aí começa o problema: como governar um país? Quem ensinará nas escolas se ninguém tem educação nenhuma? Quem cuidará dos doentes? Como fazer crescer o país economicamente ?
O filme trata essas questões de maneira até didática, o que eu não acho ruim. Quem curte western spaghetti deve curtir o filme por causa da estética similar aos filmes do Sergio Leone. Há até uma bela trilha de Ennio Morricone. Há também seqüências de violência na luta entre os rebeldes e os portugueses.
O final questiona o que vem a ser a civilização e eu fico me perguntando se existiu mesmo um herói como José Dolores.
Nunca fui muito interessado em política. Logo, é normal não ter filmes do Costa-Gavras ou do Ken Loach entre os meus favoritos. Os filmes políticos que mais gosto são DANTON: O PROCESSO DA REVOLUÇÃO (1983), de Andrzej Wajda, e o maravilhoso A INGLESA E O DUQUE (2001), de Eric Rohmer. Ambos falam sobre a Revolução Francesa, mostrando o lado negro dos líderes da Revolução.
Um cineasta controverso e que ficou famoso por fazer filmes políticos é o italiano Gillo Pontecorvo. Ele voltou a ser notícia recentemente por causa de um de seus filmes - A BATALHA DE ARGEL (1965) - que está sendo exibido em Cannes esse ano.
Pra não ficar totalmente ignorante em sua obra, fiz questão de ver esse QUEIMADA! (1969), que fala sobre a colonização numa ilha do Caribe. O filme é baseado numa história real envolvendo os colonizadores espanhóis, mas o governo da Espanha proibiu a vinculação do nome do país no filme e Pontecorvo teve que colocar os portugueses como os vilões da história.
Marlon Brando é William Walker, um agente britânico encaminhado para a ilha a fim de incitar a revolta dos escravos (maioria) contra os colonizadores. Ele encontra um líder na figura de José Dolores (Evaristo Marquez). A intenção da Inglaterra é tirar os colonizadores portugueses do caminho. O plano é bem sucedido e os rebeldes conseguem assumir o poder. Mas aí começa o problema: como governar um país? Quem ensinará nas escolas se ninguém tem educação nenhuma? Quem cuidará dos doentes? Como fazer crescer o país economicamente ?
O filme trata essas questões de maneira até didática, o que eu não acho ruim. Quem curte western spaghetti deve curtir o filme por causa da estética similar aos filmes do Sergio Leone. Há até uma bela trilha de Ennio Morricone. Há também seqüências de violência na luta entre os rebeldes e os portugueses.
O final questiona o que vem a ser a civilização e eu fico me perguntando se existiu mesmo um herói como José Dolores.
quinta-feira, maio 20, 2004
ANIVERSÁRIO MACABRO (The Last House on the Left)
Tenho interesse pelos filmes mais antigos de Wes Craven - por antigos leia-se os anteriores a A HORA DO PESADELO (1984) - e fiquei feliz ao conseguir esse filme dentro do pacote de divx?s que acertei com o Fábio. Esse é o primeiro longa-metragem de Craven e mostra o seu estilo ainda bem cru e sujo. A cópia está em excelente qualidade de imagem, mas o som não está tão bom.
Estava dando uma olhada no IMDB e vi que a frase publicitária de ANIVERSÁRIO MACABRO (1972) na época do lançamento era: ?para evitar desmaios fique repetindo: é apenas um filme, é apenas um filme...? Engraçado isso.
Como o filme foi feito dois anos antes de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA, não duvido que tenha influenciado o filme do Hooper com sua estética suja e com o uso no final do filme da famosa serra.
O filme é claramente dividido em dois atos de mais ou menos a mesma duração. O primeiro mostra duas moças sendo brutalmente violentadas, estupradas e mortas por uma gangue malvada; na segunda parte, os pais de uma das moças partem para a vingança. Nem dá pra levar tão a sério o filme, já que Craven até usa uma música country alegre no meio de toda a tragédia, sem falar que a tal vingança dos pais não é lá muito verossímil. Mas isso faz parte do charme do título, que tende a crescer com o tempo, por conta do ótimo registro da juventude americana dos anos 70.
Quase tão bom quanto QUADRILHA DE SÁDICOS (1977), o filme seguinte de Craven.
Tenho interesse pelos filmes mais antigos de Wes Craven - por antigos leia-se os anteriores a A HORA DO PESADELO (1984) - e fiquei feliz ao conseguir esse filme dentro do pacote de divx?s que acertei com o Fábio. Esse é o primeiro longa-metragem de Craven e mostra o seu estilo ainda bem cru e sujo. A cópia está em excelente qualidade de imagem, mas o som não está tão bom.
Estava dando uma olhada no IMDB e vi que a frase publicitária de ANIVERSÁRIO MACABRO (1972) na época do lançamento era: ?para evitar desmaios fique repetindo: é apenas um filme, é apenas um filme...? Engraçado isso.
Como o filme foi feito dois anos antes de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA, não duvido que tenha influenciado o filme do Hooper com sua estética suja e com o uso no final do filme da famosa serra.
O filme é claramente dividido em dois atos de mais ou menos a mesma duração. O primeiro mostra duas moças sendo brutalmente violentadas, estupradas e mortas por uma gangue malvada; na segunda parte, os pais de uma das moças partem para a vingança. Nem dá pra levar tão a sério o filme, já que Craven até usa uma música country alegre no meio de toda a tragédia, sem falar que a tal vingança dos pais não é lá muito verossímil. Mas isso faz parte do charme do título, que tende a crescer com o tempo, por conta do ótimo registro da juventude americana dos anos 70.
Quase tão bom quanto QUADRILHA DE SÁDICOS (1977), o filme seguinte de Craven.
quarta-feira, maio 19, 2004
A JANELA SECRETA (Secret Window)
É impressão minha ou quem mais malhou A JANELA SECRETA foram os críticos que odeiam ou têm preconceito com filme de terror? Acho que o final do filme fez muita gente desgostar do resultado como um todo justamente por mostrar ao público a sua verdadeira identidade.
Eu gosto dos filmes do David Koepp. O cara, além de ser um ilustre roteirista, é ótimo diretor também. Adorei O EFEITO DOMINÓ (1996), que na época também foi malhado pela crítica em geral, e gosto também de ECOS DO ALÉM (1999), filme que mostra o gosto de Koepp pelo gênero horror.
A JANELA SECRETA (2004) é uma volta de Koepp ao terreno iniciado em ECOS DO ALÉM. Acontece que o horror no filme é inicialmente mascarado por uma trama de suspense sobre um escritor (Johnny Depp) que é acusado de plágio por um cara meio perturbado (John Turturro). Esse sujeito começa a ameaçar a tranqüilidade (ou o tédio?) de Depp, que vive largado e desanimado por causa do divórcio com a mulher. Aliás, a primeira cena do filme é ótima, mostrando, através de um belo travelling, a descoberta do adultério da mulher de Depp (Maria Belo).
Johnny Depp, nem é preciso dizer, continua chutando traseiros e é o melhor ator de sua geração, sempre trazendo personagens diferentes a cada filme. Será que um dia ele vai começar a se repetir como Robert DeNiro ou Jack Nicholson? Eu acho que não. Depp é o que a gente pode chamar de ator criativo.
Fica claro que o roteiro do filme tem mesmo alguns problemas, mas o diretor sabe como manter o interesse e a atmosfera de suspense até o final, o que, na minha opinião, é mais importante do que roteiro. O final parece um misto de PSICOSE, de Hitchcock, com A METADE NEGRA, de George Romero, duas ótimas referências.
É impressão minha ou quem mais malhou A JANELA SECRETA foram os críticos que odeiam ou têm preconceito com filme de terror? Acho que o final do filme fez muita gente desgostar do resultado como um todo justamente por mostrar ao público a sua verdadeira identidade.
Eu gosto dos filmes do David Koepp. O cara, além de ser um ilustre roteirista, é ótimo diretor também. Adorei O EFEITO DOMINÓ (1996), que na época também foi malhado pela crítica em geral, e gosto também de ECOS DO ALÉM (1999), filme que mostra o gosto de Koepp pelo gênero horror.
A JANELA SECRETA (2004) é uma volta de Koepp ao terreno iniciado em ECOS DO ALÉM. Acontece que o horror no filme é inicialmente mascarado por uma trama de suspense sobre um escritor (Johnny Depp) que é acusado de plágio por um cara meio perturbado (John Turturro). Esse sujeito começa a ameaçar a tranqüilidade (ou o tédio?) de Depp, que vive largado e desanimado por causa do divórcio com a mulher. Aliás, a primeira cena do filme é ótima, mostrando, através de um belo travelling, a descoberta do adultério da mulher de Depp (Maria Belo).
Johnny Depp, nem é preciso dizer, continua chutando traseiros e é o melhor ator de sua geração, sempre trazendo personagens diferentes a cada filme. Será que um dia ele vai começar a se repetir como Robert DeNiro ou Jack Nicholson? Eu acho que não. Depp é o que a gente pode chamar de ator criativo.
Fica claro que o roteiro do filme tem mesmo alguns problemas, mas o diretor sabe como manter o interesse e a atmosfera de suspense até o final, o que, na minha opinião, é mais importante do que roteiro. O final parece um misto de PSICOSE, de Hitchcock, com A METADE NEGRA, de George Romero, duas ótimas referências.
terça-feira, maio 18, 2004
GOZU (Gokudô kyôfu dai-gekijô: Gozu)
Grande Takashi Miike. E pensar que quando eu comecei a conhecer os seus filmes eu ficava me perguntando se ele não estava apenas se aproveitando de situações bizarras e violência para parecer talentoso. Com GOZU (2003), eu tive a certeza de que esse japonês é mesmo um gênio. Que filme. Que doideira.
Quem se liga em cinema surrealista da linha de David Lynch não tem como não gostar desse filme. GOZU conta a história de um membro da Yakuza que é encarregado de matar um de seus superiores. O cara estava ficando louco. Numa das primeiras cenas do filme, esse doido matou um cachorrinho poodle dizendo que era um cão assassino Yakuza. Acontece que ele acidentalmente morre e seu corpo desaparece no meio do caminho. E o cara responsável pelo serviço se vê na missão de procurar o doido. "Estaria ele morto mesmo? Alguém roubou o corpo? Que diabos de cidade é essa que só tem gente doida? Estarei eu louco também?" Essas são mais ou menos as perguntas que passam pela cabeça do protagonista e do espectador também.
A comparação com Lynch é inevitável. A cidade esquisita só encontra paralelos com Twin Peaks, assim como há uma transferência de personagens em corpos que remete imediatamente a A ESTRADA PERDIDA. E quando a gente pensa que já viu tudo, Miike vêm com uma seqüência final de cair o queixo. Quando o filme termina, dá vontade de ver de novo. Há também uma revisão de uma obsessão de Miike: seios e leite, mostrada com mais força em VISITOR Q (2001).
Sorte de quem teve a oportunidade de ver essa maravilha de Miike no cinema na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Meus amigos Leandro César e Renato Doho foram alguns desses poucos privilegiados.
Quando será que vão lançar um filme do Miike nos cinemas ou em DVD no Brasil? Quando será que as distribuidoras vão abrir os olhos para essas pérolas?
Vi o filme numa cópia linda em divx, graças ao chapa Fábio Ribeiro. E agora já posso fazer um Top 5 Miike com os cinco filmes que vi dele:
1. GOZU
2. VISITOR Q
3. ICHI THE KILLER
4. AUDITION
5. FUDOH - THE NEW GENERATION
Grande Takashi Miike. E pensar que quando eu comecei a conhecer os seus filmes eu ficava me perguntando se ele não estava apenas se aproveitando de situações bizarras e violência para parecer talentoso. Com GOZU (2003), eu tive a certeza de que esse japonês é mesmo um gênio. Que filme. Que doideira.
Quem se liga em cinema surrealista da linha de David Lynch não tem como não gostar desse filme. GOZU conta a história de um membro da Yakuza que é encarregado de matar um de seus superiores. O cara estava ficando louco. Numa das primeiras cenas do filme, esse doido matou um cachorrinho poodle dizendo que era um cão assassino Yakuza. Acontece que ele acidentalmente morre e seu corpo desaparece no meio do caminho. E o cara responsável pelo serviço se vê na missão de procurar o doido. "Estaria ele morto mesmo? Alguém roubou o corpo? Que diabos de cidade é essa que só tem gente doida? Estarei eu louco também?" Essas são mais ou menos as perguntas que passam pela cabeça do protagonista e do espectador também.
A comparação com Lynch é inevitável. A cidade esquisita só encontra paralelos com Twin Peaks, assim como há uma transferência de personagens em corpos que remete imediatamente a A ESTRADA PERDIDA. E quando a gente pensa que já viu tudo, Miike vêm com uma seqüência final de cair o queixo. Quando o filme termina, dá vontade de ver de novo. Há também uma revisão de uma obsessão de Miike: seios e leite, mostrada com mais força em VISITOR Q (2001).
Sorte de quem teve a oportunidade de ver essa maravilha de Miike no cinema na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Meus amigos Leandro César e Renato Doho foram alguns desses poucos privilegiados.
Quando será que vão lançar um filme do Miike nos cinemas ou em DVD no Brasil? Quando será que as distribuidoras vão abrir os olhos para essas pérolas?
Vi o filme numa cópia linda em divx, graças ao chapa Fábio Ribeiro. E agora já posso fazer um Top 5 Miike com os cinco filmes que vi dele:
1. GOZU
2. VISITOR Q
3. ICHI THE KILLER
4. AUDITION
5. FUDOH - THE NEW GENERATION
segunda-feira, maio 17, 2004
SARAU EM URUAÚ
Eu exibindo meu exemplar de SONHOS DE BUNKER HILL, de John Fante. Ao meu lado, Juliana e Elis Rosa.
Escondendo as olheiras sob os óculos escuros na manhã seguinte.
Agradecimentos ao Eliseu que tirou as fotos e à Valéria que me enviou.
Eu exibindo meu exemplar de SONHOS DE BUNKER HILL, de John Fante. Ao meu lado, Juliana e Elis Rosa.
Escondendo as olheiras sob os óculos escuros na manhã seguinte.
Agradecimentos ao Eliseu que tirou as fotos e à Valéria que me enviou.
domingo, maio 16, 2004
TRÓIA (Troy)
Ando meio ausente da internet ultimamente por conta de um problema de tendinite no meu braço, o que tem me deixado bastante preocupado. Ainda por cima, como eu sou muito dramático e pessimista, ando pensando até que uma das "soluções" seja deixar um dos meus empregos e me concentrar na profissão de professor em tempo integral, o que não é bem algo que me deixa muito animado. Por isso, o peso no meu coração tem me tomado muito do meu tempo. Como diz uma canção do Pato Fu: "Pensamentos são como ladrões/ Me roubando tempo/ Levam minha paz". Mas vamos em frente. Uma das coisas boas da vida é que nem sempre as coisas são como parecem e que o futuro é completamente imprevisível. E eu preciso entender esse momento.
Ontem vi três filmes: dois no cinema e um no computador. Vamos começar pelo mais popular. TRÓIA, de Wolfgang Petersen, não me entusiasmou muito. È um bom filme, tem boas cenas de luta, um bom elenco, momentos que até que surpreendem pela inteligência dos diálogos, mas no geral o que se sente é um certo vazio. Pelo menos o filme tem um discurso antibélico até bonito.
Pra mim, o filme cresce no momento da luta de Páris (Orlando Bloom) com Menelau. Isso porque Páris não sabe lutar e isso deixou uma sensação de mais humanidade, diferente da invencibilidade de Aquiles (Brad Pitt). Helena (Diane Kruger) é mesmo linda e a atriz faz jus ao papel. A breve cena de nudez da moça já vale o preço do ingresso. O personagem Heitor (Eric Bana) é um dos mais carismáticos e Peter O´Toole faz um rei nobre, contrastando com o rei "bushiano" Agamenon.
De qualquer maneira, TRÓIA cumpre o que se espera: um bom filme do gênero épico, inferior à trilogia dos anéis de Peter Jackson, mas superior ao GLADIADOR, de Ridley Scott. Por falar em épico, sabiam que O COLOSSO DE RODES, de Sergio Leone, acabou de sair em DVD?
Ando meio ausente da internet ultimamente por conta de um problema de tendinite no meu braço, o que tem me deixado bastante preocupado. Ainda por cima, como eu sou muito dramático e pessimista, ando pensando até que uma das "soluções" seja deixar um dos meus empregos e me concentrar na profissão de professor em tempo integral, o que não é bem algo que me deixa muito animado. Por isso, o peso no meu coração tem me tomado muito do meu tempo. Como diz uma canção do Pato Fu: "Pensamentos são como ladrões/ Me roubando tempo/ Levam minha paz". Mas vamos em frente. Uma das coisas boas da vida é que nem sempre as coisas são como parecem e que o futuro é completamente imprevisível. E eu preciso entender esse momento.
Ontem vi três filmes: dois no cinema e um no computador. Vamos começar pelo mais popular. TRÓIA, de Wolfgang Petersen, não me entusiasmou muito. È um bom filme, tem boas cenas de luta, um bom elenco, momentos que até que surpreendem pela inteligência dos diálogos, mas no geral o que se sente é um certo vazio. Pelo menos o filme tem um discurso antibélico até bonito.
Pra mim, o filme cresce no momento da luta de Páris (Orlando Bloom) com Menelau. Isso porque Páris não sabe lutar e isso deixou uma sensação de mais humanidade, diferente da invencibilidade de Aquiles (Brad Pitt). Helena (Diane Kruger) é mesmo linda e a atriz faz jus ao papel. A breve cena de nudez da moça já vale o preço do ingresso. O personagem Heitor (Eric Bana) é um dos mais carismáticos e Peter O´Toole faz um rei nobre, contrastando com o rei "bushiano" Agamenon.
De qualquer maneira, TRÓIA cumpre o que se espera: um bom filme do gênero épico, inferior à trilogia dos anéis de Peter Jackson, mas superior ao GLADIADOR, de Ridley Scott. Por falar em épico, sabiam que O COLOSSO DE RODES, de Sergio Leone, acabou de sair em DVD?
quinta-feira, maio 13, 2004
COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ (50 First Dates)
Domingo foi um dia legal. Almoço em churrascaria com a família em comemoração ao dia das mães e depois consegui uma parceira para uma sessão de cinema. Como ela não quis ver um filme que cheio de monstros e vampiros, VAN HELSING (ainda bem, dizem que esse filme é uma bosta) e como o horário de KILL BILL (sim, ando doido pra ver de novo) não estava bem apropriado, essa comédia romântica com o Adam Sandler e a Drew Barrymoore até que caiu bem. Ando esnobando as comédias ultimamente. Várias passaram nos cinemas e eu deixei passar por preferir ver outros filmes mais "sérios". Mas sabe que esse filme até que é bonitinho...
COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ tem uma história que lembra o maravilhoso FEITIÇO DO TEMPO. Conta a história de um cara que se apaixona por uma mulher que tem um problema de memória: no dia seguinte ela esquece tudo que aconteceu no dia anterior e ele precisa conquistá-la de novo. Há também um momento que lembra ADEUS, LÊNIN!, quando a família dela tenta disfarçar a sua doença e fingir que todo dia é o mesmo dia, dia do aniversário de seu pai.
O filme tem várias situações engraçadas e Adam Sandler está mais engraçado do que o costume. Drew também está bem bonita e ótima no papel. Outro comediante, Rob Schneider, também está engraçado como o assistente de Sandler. A fotografia em scope é meio fora do comum para uma comédia, mas talvez a justificativa sejam as belas paisagens do Havaí.
A trilha sonora está saborosa, encabeçada pela linda canção dos Beach Boys "Wouldn't It Be Nice". Duas canções do Cure - "Love Song" e "Friday, I'm in Love" - ganham novas versões cantadas por outros artistas, assim como "Slave to Love", do Roxy Music, e "Every Breath You Take", do The Police. Toca também a gostosa faixa "Underneath It All", do No Doubt.
O filme é bem leve e traz uma agradável sensação de bem estar.
Domingo foi um dia legal. Almoço em churrascaria com a família em comemoração ao dia das mães e depois consegui uma parceira para uma sessão de cinema. Como ela não quis ver um filme que cheio de monstros e vampiros, VAN HELSING (ainda bem, dizem que esse filme é uma bosta) e como o horário de KILL BILL (sim, ando doido pra ver de novo) não estava bem apropriado, essa comédia romântica com o Adam Sandler e a Drew Barrymoore até que caiu bem. Ando esnobando as comédias ultimamente. Várias passaram nos cinemas e eu deixei passar por preferir ver outros filmes mais "sérios". Mas sabe que esse filme até que é bonitinho...
COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ tem uma história que lembra o maravilhoso FEITIÇO DO TEMPO. Conta a história de um cara que se apaixona por uma mulher que tem um problema de memória: no dia seguinte ela esquece tudo que aconteceu no dia anterior e ele precisa conquistá-la de novo. Há também um momento que lembra ADEUS, LÊNIN!, quando a família dela tenta disfarçar a sua doença e fingir que todo dia é o mesmo dia, dia do aniversário de seu pai.
O filme tem várias situações engraçadas e Adam Sandler está mais engraçado do que o costume. Drew também está bem bonita e ótima no papel. Outro comediante, Rob Schneider, também está engraçado como o assistente de Sandler. A fotografia em scope é meio fora do comum para uma comédia, mas talvez a justificativa sejam as belas paisagens do Havaí.
A trilha sonora está saborosa, encabeçada pela linda canção dos Beach Boys "Wouldn't It Be Nice". Duas canções do Cure - "Love Song" e "Friday, I'm in Love" - ganham novas versões cantadas por outros artistas, assim como "Slave to Love", do Roxy Music, e "Every Breath You Take", do The Police. Toca também a gostosa faixa "Underneath It All", do No Doubt.
O filme é bem leve e traz uma agradável sensação de bem estar.
quarta-feira, maio 12, 2004
SAM PECKINPAH EM DOIS FILMES
Que dia o de ontem. Ainda bem que já passou. Até o blogger estava contra mim. Já tinha até preparado um novo endereço, mas felizmente voltou ao normal e eu pretendo ficar nesse endereço mesmo por pelo menos mais uns dois anos. Pra completar, fora o problema no meu braço direito (que hoje parece estar bem melhor), tem um dedo do braço esquerdo que tá inchado e vermelho. Argh.
Esquecendo os problemas um pouco, comento a seguir dois filmes que vi do grande Sam Peckinpah. Em sua filmografia constam apenas 14 filmes. Logo, com um pouco de esforço pra ir atrás dos mais difíceis de encontrar, é possível ver todos os seus filmes.
No site Senses of Cinema, sempre boa referência pra se conseguir bons textos sobre grandes diretores, tem um texto muito bom que dá uma geral na obra de mostrando o quanto ele sofreu pressão dos produtores que quase sempre mutilavam seus filmes. Felizmente, um dos filmes que eu vi ? PAT GARRET & BILLY THE KID (1973) - é uma versão estendida, com duração maior do que a exibida nos cinemas.
PAT GARRET & BILLY THE KID (Pat Garret and Billy the Kid)
Esse é um típico Peckinpah. Junta a sangreira e a violência de MEU ÓDIO SERÁ TUA HERANÇA (1969) com o lirismo e a melancolia de A MORTE NÃO MANDA RECADO (1970). Fascinante o relacionamento entre Pat Garret (James Coburn), o fora-da-lei que se torna xerife, e o lendário Billy the Kid (Kris Kristofferson), que continua na vida de fora-da-lei e que vai ter que se ver com o ex-amigo, que não pretende dar mole pra ele não. Peckinpah deixa sempre no ar essa amargura de Pat, o sujeito que respeita e gosta do outro, mas que tem que cumprir o seu papel. É um tipo de ética bem cruel. E há também o drama de Billy, que sente que a morte virá mais cedo ou mais tarde e tudo que ele tem a fazer é estar preparado. O filme é narrado com uma lentidão que às vezes dá nos nervos, mas que se visto com um certo distanciamento entende-se que pode ter sido proposital. A música de Bob Dylan, responsável pela trilha sonora e presente como um personagem coadjuvante, ajuda a acentuar esse clima. Há, inclusive, uma cena triste mostrando uma mulher que vê o marido morrer baleado e nesse momento toca "Knockin' on Heaven's Door". Esse não é o meu preferido dos filmes do Peckinpah, mas é dos bons. Visto em fita vhs selada.
O CASAL OSTERMAN (The Osterman Weekend)
Esse filme eu vi gravado da TNT, com aqueles cortes idiotas em cenas que mostram seios. Ainda por cima, tava com problemas de áudio e às vezes nem com o volume lá em cima dava pra entender a dublagem. Além do mais, a trama é confusa pra cacete. Do meio pro final o filme se perde, ou então fui eu que me perdi mesmo. O CASAL OSTERMAN (1983) foi o último filme dirigido por Peckinpah, um ano antes de sua morte. Deve ser o mais fraco de seus filmes. É um filme de espionagem envolvendo o alto escalão da CIA, com Rutger Hauer, John Hurt, Craig T. Nelson, Dennis Hopper e Burt Lancaster. Nem vou arriscar fazer uma sinopse aqui.
Bom mesmo seria se lançassem no Brasil a edição especial em DVD de SOB O DOMÍNIO DO MEDO (1971). Estou esperando isso faz tempo.
Que dia o de ontem. Ainda bem que já passou. Até o blogger estava contra mim. Já tinha até preparado um novo endereço, mas felizmente voltou ao normal e eu pretendo ficar nesse endereço mesmo por pelo menos mais uns dois anos. Pra completar, fora o problema no meu braço direito (que hoje parece estar bem melhor), tem um dedo do braço esquerdo que tá inchado e vermelho. Argh.
Esquecendo os problemas um pouco, comento a seguir dois filmes que vi do grande Sam Peckinpah. Em sua filmografia constam apenas 14 filmes. Logo, com um pouco de esforço pra ir atrás dos mais difíceis de encontrar, é possível ver todos os seus filmes.
No site Senses of Cinema, sempre boa referência pra se conseguir bons textos sobre grandes diretores, tem um texto muito bom que dá uma geral na obra de mostrando o quanto ele sofreu pressão dos produtores que quase sempre mutilavam seus filmes. Felizmente, um dos filmes que eu vi ? PAT GARRET & BILLY THE KID (1973) - é uma versão estendida, com duração maior do que a exibida nos cinemas.
PAT GARRET & BILLY THE KID (Pat Garret and Billy the Kid)
Esse é um típico Peckinpah. Junta a sangreira e a violência de MEU ÓDIO SERÁ TUA HERANÇA (1969) com o lirismo e a melancolia de A MORTE NÃO MANDA RECADO (1970). Fascinante o relacionamento entre Pat Garret (James Coburn), o fora-da-lei que se torna xerife, e o lendário Billy the Kid (Kris Kristofferson), que continua na vida de fora-da-lei e que vai ter que se ver com o ex-amigo, que não pretende dar mole pra ele não. Peckinpah deixa sempre no ar essa amargura de Pat, o sujeito que respeita e gosta do outro, mas que tem que cumprir o seu papel. É um tipo de ética bem cruel. E há também o drama de Billy, que sente que a morte virá mais cedo ou mais tarde e tudo que ele tem a fazer é estar preparado. O filme é narrado com uma lentidão que às vezes dá nos nervos, mas que se visto com um certo distanciamento entende-se que pode ter sido proposital. A música de Bob Dylan, responsável pela trilha sonora e presente como um personagem coadjuvante, ajuda a acentuar esse clima. Há, inclusive, uma cena triste mostrando uma mulher que vê o marido morrer baleado e nesse momento toca "Knockin' on Heaven's Door". Esse não é o meu preferido dos filmes do Peckinpah, mas é dos bons. Visto em fita vhs selada.
O CASAL OSTERMAN (The Osterman Weekend)
Esse filme eu vi gravado da TNT, com aqueles cortes idiotas em cenas que mostram seios. Ainda por cima, tava com problemas de áudio e às vezes nem com o volume lá em cima dava pra entender a dublagem. Além do mais, a trama é confusa pra cacete. Do meio pro final o filme se perde, ou então fui eu que me perdi mesmo. O CASAL OSTERMAN (1983) foi o último filme dirigido por Peckinpah, um ano antes de sua morte. Deve ser o mais fraco de seus filmes. É um filme de espionagem envolvendo o alto escalão da CIA, com Rutger Hauer, John Hurt, Craig T. Nelson, Dennis Hopper e Burt Lancaster. Nem vou arriscar fazer uma sinopse aqui.
Bom mesmo seria se lançassem no Brasil a edição especial em DVD de SOB O DOMÍNIO DO MEDO (1971). Estou esperando isso faz tempo.
terça-feira, maio 11, 2004
BENJAMIM
Se eu tivesse elaborado um texto sobre BENJAMIM logo no dia em que vi o filme, teria resumido assim: "é um filme que começa muito bem, aí vai piorando, piorando, até ficar bem ruim." Mas com o tempo eu fui começando a criar um certo carinho pelo filme, apesar de todos os seus problemas. É que BENJAMIM traz uma lembrança dos filmes brasileiros anteriores à "retomada", daquelas coisas doidas do cinema marginal e das pornochanchadas das décadas de 70 e 80. É um filme que vai ficando confuso à medida que se aproxima do final e tem um roteiro que é difícil de engolir.
Queria ter lido o romance do Chico Buarque pra ver o que foi alterado. Num texto que li num jornal (não lembro qual), Chico dizia que Monique Gardenberg transformou o que era um livro "macho", centrado principalmente no personagem título, num filme feminino, bastante focado na personagem de Cléo Pires.
Cléo Pires, aliás, é linda na telona. Engraçado que nas fotos ela não aparece tão bonita, mas a moça tem uma intimidade natural com a câmera, como se tivesse nascido pra isso. Cléo só de calcinha é por si só uma razão de ser do filme. E a personagem dela, Ariela, é bem intrigante, misto de meiguice com maldade. Uma espécie de anjo diabólico ou demônio angelical, sei lá. Destaque para a cena do estupro e a cena em que ela conta para o marido o que acontecera.
É uma pena que o filme não se sustente e se torne repetitivo e chato à medida que vão se passando os minutos. Aquelas cenas da Cléo correndo o tempo todo são ridículas. Assim como é ridículo o amor de Paulo José pela moça. A obsessão que ele tem por ela, inicialmente, lembra MORTE EM VENEZA, do Luchino Visconti. Falando em referências cinematográficas, a mais forte é a de UM CORPO QUE CAI, do Hitchcock. A história da mulher misteriosa que morre e reaparece até já foi bem melhor explorada por mestres como Brian De Palma e David Lynch.
Se eu tivesse elaborado um texto sobre BENJAMIM logo no dia em que vi o filme, teria resumido assim: "é um filme que começa muito bem, aí vai piorando, piorando, até ficar bem ruim." Mas com o tempo eu fui começando a criar um certo carinho pelo filme, apesar de todos os seus problemas. É que BENJAMIM traz uma lembrança dos filmes brasileiros anteriores à "retomada", daquelas coisas doidas do cinema marginal e das pornochanchadas das décadas de 70 e 80. É um filme que vai ficando confuso à medida que se aproxima do final e tem um roteiro que é difícil de engolir.
Queria ter lido o romance do Chico Buarque pra ver o que foi alterado. Num texto que li num jornal (não lembro qual), Chico dizia que Monique Gardenberg transformou o que era um livro "macho", centrado principalmente no personagem título, num filme feminino, bastante focado na personagem de Cléo Pires.
Cléo Pires, aliás, é linda na telona. Engraçado que nas fotos ela não aparece tão bonita, mas a moça tem uma intimidade natural com a câmera, como se tivesse nascido pra isso. Cléo só de calcinha é por si só uma razão de ser do filme. E a personagem dela, Ariela, é bem intrigante, misto de meiguice com maldade. Uma espécie de anjo diabólico ou demônio angelical, sei lá. Destaque para a cena do estupro e a cena em que ela conta para o marido o que acontecera.
É uma pena que o filme não se sustente e se torne repetitivo e chato à medida que vão se passando os minutos. Aquelas cenas da Cléo correndo o tempo todo são ridículas. Assim como é ridículo o amor de Paulo José pela moça. A obsessão que ele tem por ela, inicialmente, lembra MORTE EM VENEZA, do Luchino Visconti. Falando em referências cinematográficas, a mais forte é a de UM CORPO QUE CAI, do Hitchcock. A história da mulher misteriosa que morre e reaparece até já foi bem melhor explorada por mestres como Brian De Palma e David Lynch.
sábado, maio 08, 2004
DIÁRIOS DE MOTOCICLETA (The Motorcycle Diaries / Diarios de Motocicleta)
Ir ao cinema cansado, logo depois de um dia de trabalho não funciona mais pra mim. Ainda mais se for pra pegar uma sessão às 6 horas da tarde, a minha hora do sono. Por conta disso, minha percepção de DIÁRIOS DE MOTOCICLETA acabou sendo prejudicada. Fico sem saber se eu receberia ou não o filme com mais entusiasmo se estivesse com o sono em dia.
Pelo que eu pude notar, Walter Salles está cada vez melhor tecnicamente, mas eu senti falta daquela carga emocional presente em CENTRAL DO BRASIL (1998), que ainda considero o seu melhor filme, talvez por ser o único dele que me levou às lágrimas. Ainda assim, DIÁRIOS DE MOTOCICLETA talvez seja o seu filme mais importante. É um marco dentro do cinema globalizado e é talvez o filme que mais une a América Latina em todos os sentidos. Em certa parte do filme, Gael García Bernal faz um pequeno discurso falando sobre o sentimento de unidade que ele sentiu ao fazer essa viagem da Argentina à Venezuela. Aí tem a parte de realização do filme. Quem teve a idéia de fazer o filme foi um americano (Robert Redford), quem dirigiu e montou foram brasileiros (Walter Salles e Daniel Rezende), o roteirista é argentino (José Rivera), o ator principal é mexicano, a produção do filme teve dinheiro da Alemanha e da Inglaterra, e em cada país que o filme passou (Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Venezuela) foram montadas equipes formadas por técnicos locais.
A performance dos dois atores, tanto do Gael quanto de Rodrigo de la Serna, está excelente, com uma naturalidade impressionante. As cenas que mostram Ernesto Guevara com crises de asma são de deixar a gente sem fôlego. O relacionamento entre os dois amigos durante a viagem também é tratado de maneira bem bonita, com cada um dando força pro outro em momentos de dificuldade.
Walter Salles conseguiu, num tom bem sutil, mostrar o surgimento do líder carismático Che Guevara a partir dessa viagem. Acho que vai ser interessante ver o filme que mostrará os últimos dias do Che, quando ficar pronto o projeto dirigido por Steven Soderbergh e com Benício Del Toro no papel do Che. Assim, teremos uma idéia de como a coisa toda começou e como terminou. Mas eu tô curioso mesmo é pra ver como ficou DARK WATER, que Salles acabou de finalizar. Será que ele sabe fazer filme de terror?
Ir ao cinema cansado, logo depois de um dia de trabalho não funciona mais pra mim. Ainda mais se for pra pegar uma sessão às 6 horas da tarde, a minha hora do sono. Por conta disso, minha percepção de DIÁRIOS DE MOTOCICLETA acabou sendo prejudicada. Fico sem saber se eu receberia ou não o filme com mais entusiasmo se estivesse com o sono em dia.
Pelo que eu pude notar, Walter Salles está cada vez melhor tecnicamente, mas eu senti falta daquela carga emocional presente em CENTRAL DO BRASIL (1998), que ainda considero o seu melhor filme, talvez por ser o único dele que me levou às lágrimas. Ainda assim, DIÁRIOS DE MOTOCICLETA talvez seja o seu filme mais importante. É um marco dentro do cinema globalizado e é talvez o filme que mais une a América Latina em todos os sentidos. Em certa parte do filme, Gael García Bernal faz um pequeno discurso falando sobre o sentimento de unidade que ele sentiu ao fazer essa viagem da Argentina à Venezuela. Aí tem a parte de realização do filme. Quem teve a idéia de fazer o filme foi um americano (Robert Redford), quem dirigiu e montou foram brasileiros (Walter Salles e Daniel Rezende), o roteirista é argentino (José Rivera), o ator principal é mexicano, a produção do filme teve dinheiro da Alemanha e da Inglaterra, e em cada país que o filme passou (Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Venezuela) foram montadas equipes formadas por técnicos locais.
A performance dos dois atores, tanto do Gael quanto de Rodrigo de la Serna, está excelente, com uma naturalidade impressionante. As cenas que mostram Ernesto Guevara com crises de asma são de deixar a gente sem fôlego. O relacionamento entre os dois amigos durante a viagem também é tratado de maneira bem bonita, com cada um dando força pro outro em momentos de dificuldade.
Walter Salles conseguiu, num tom bem sutil, mostrar o surgimento do líder carismático Che Guevara a partir dessa viagem. Acho que vai ser interessante ver o filme que mostrará os últimos dias do Che, quando ficar pronto o projeto dirigido por Steven Soderbergh e com Benício Del Toro no papel do Che. Assim, teremos uma idéia de como a coisa toda começou e como terminou. Mas eu tô curioso mesmo é pra ver como ficou DARK WATER, que Salles acabou de finalizar. Será que ele sabe fazer filme de terror?
quinta-feira, maio 06, 2004
DOIS MELODRAMAS
Pra não deixar esse blog parado, comento rapidamente dois filmes que vi na telinha há alguns dias. São filmes que despertaram o meu interesse por alguma razão. Seja pelo diretor, seja pela atriz, seja pela indicação de um amigo. Ambos têm belas protagonistas em seu favor.
EXPERIMENTANDO A VIDA (Molly)
Esse filme de 1999 traz Elisabeth Shue como uma mulher que tem problemas mentais e que é levada pra casa do irmão (Aaron Eckhart) que até então a rejeitara. O filme ganha um diferencial entre outros melodramas de doentes mentais porque, aqui, a personagem de Shue passa por uma cirurgia e seu cérebro reage bem. Ela passa, então, a experimentar uma vida normal, aprendendo a ler com uma velocidade impressionante, experimentando o desejo sexual e ensinando ao irmão lições de vida. O filme lembra um pouco TEMPO DE DESPERTAR, aquele drama com Robert DeNiro e Robin Williams em que pessoas que vivem quase vegetativamente, despertam apenas por alguns dias. O diretor de EXPERIMENTANDO A VIDA é John Duigan, do ótimo FLERTANDO: APRENDENDO A VIVER (1991). No elenco, em papéis menores, Lucy Liu e Sarah Winter (a Kate Warner da 2a. temporada de 24 HORAS). O filme não chega a ser grande coisa, mas emociona, diverte e não aborrece. Gravado da TNT.
UMA HISTÓRIA A TRÊS (The Invisible Circus)
Uma bela surpresa esse filme que chegou no Brasil direto em vídeo, capitalizando na presença de Cameron Diaz. Cameron está muito boa e tal, mas quem mais brilha no filme é Jordana Brewster, a gracinha de morena que fez PROVA FINAL, do Robert Rodriguez. Há, inclusive, uma cena sensual dela, com nudez parcial (essa cena é boa, hein). UMA HISTÓRIA A TRÊS (2001) acompanha a jornada de Jordana pela Europa, em busca do que realmente aconteceu com sua irmã mais velha (Cameron Diaz), que se suicidou quando ela era criança. Chegando lá, ela se envolve com o ex-namorado da irmã, que começa a contar sobre o passado deles. Gostei da atmosfera do filme, agradavelmente bem narrado. Gravado do SBT.
Pra não deixar esse blog parado, comento rapidamente dois filmes que vi na telinha há alguns dias. São filmes que despertaram o meu interesse por alguma razão. Seja pelo diretor, seja pela atriz, seja pela indicação de um amigo. Ambos têm belas protagonistas em seu favor.
EXPERIMENTANDO A VIDA (Molly)
Esse filme de 1999 traz Elisabeth Shue como uma mulher que tem problemas mentais e que é levada pra casa do irmão (Aaron Eckhart) que até então a rejeitara. O filme ganha um diferencial entre outros melodramas de doentes mentais porque, aqui, a personagem de Shue passa por uma cirurgia e seu cérebro reage bem. Ela passa, então, a experimentar uma vida normal, aprendendo a ler com uma velocidade impressionante, experimentando o desejo sexual e ensinando ao irmão lições de vida. O filme lembra um pouco TEMPO DE DESPERTAR, aquele drama com Robert DeNiro e Robin Williams em que pessoas que vivem quase vegetativamente, despertam apenas por alguns dias. O diretor de EXPERIMENTANDO A VIDA é John Duigan, do ótimo FLERTANDO: APRENDENDO A VIVER (1991). No elenco, em papéis menores, Lucy Liu e Sarah Winter (a Kate Warner da 2a. temporada de 24 HORAS). O filme não chega a ser grande coisa, mas emociona, diverte e não aborrece. Gravado da TNT.
UMA HISTÓRIA A TRÊS (The Invisible Circus)
Uma bela surpresa esse filme que chegou no Brasil direto em vídeo, capitalizando na presença de Cameron Diaz. Cameron está muito boa e tal, mas quem mais brilha no filme é Jordana Brewster, a gracinha de morena que fez PROVA FINAL, do Robert Rodriguez. Há, inclusive, uma cena sensual dela, com nudez parcial (essa cena é boa, hein). UMA HISTÓRIA A TRÊS (2001) acompanha a jornada de Jordana pela Europa, em busca do que realmente aconteceu com sua irmã mais velha (Cameron Diaz), que se suicidou quando ela era criança. Chegando lá, ela se envolve com o ex-namorado da irmã, que começa a contar sobre o passado deles. Gostei da atmosfera do filme, agradavelmente bem narrado. Gravado do SBT.
terça-feira, maio 04, 2004
FAHRENHEIT 451
Ufa. O dia ontem foi um sufoco. Muito trabalho. Muitas pendências. Muitos aborrecimentos. Uma panela de pressão pronta pra estourar. E estourou. Felizmente não houve conseqüências graves. Se bem que ontem à noite eu tive umas dores no estômago violentas. Mas isso foi por causa do anti-inflamatório que estou tomando.
O fim de semana que passou foi mais ou menos tranqüilo. Os amigos mais desocupados puderam ir pra casa em Uruaú na sexta-feira para curtir a tranqüilidade do lugar, mas eu só pude ir na "remessa" de sábado à noite. Mas foi bom assim mesmo. O Sarau promovido pela Valéria foi um sucesso. E eu tenho que dar meus parabéns a ela, por ter tido a coragem de fazer algo que poderia ser facilmente ridicularizado pelos mais cínicos. No entanto, excetuando alguma brincadeira que atrapalhou o ritmo do encontro, tudo correu muito bem. A dinâmica sugerida pela Amanda funcionou bem e garantiu boas risadas no pier. Especialmente na cena do beijo entre Cacau e Juliana. Uma graça. As leituras dos textos foram bem interessantes, revelando particularidades de cada pessoa presente. A Rejane, bastante ligada a espiritualidade e esoterismo, assuntos que também me interessam muito, leu um texto bem interessante sobre o assunto. E foi o único texto que gerou uma discussão (religião é sempre um tema polêmico). Eu li uma poesia do W. B. Yeats, presente no livro "Sonhos de Bunker Hill", do John Fante. Foi a última poesia que realmente me tocou. Acho bonito o amor que perdura e que supera os obstáculos do tempo e da velhice, assim como gosto do tom urgente de valorização da juventude. Me senti na Sociedade dos Poetas Mortos. Agora é esperar o Eliseu disponibilizar as fotos do evento pra eu poder postar algumas aqui.
Falando em bons livros, o único filme que vi no fim de semana foi FAHRENHEIT 451 (1966), de François Truffaut. Trata-se de um filme que fala sobre um mundo onde os livros são proibidos. O filme se passa num futuro em que um governo totalitário proibe livros de todo tipo. A desculpa é que os livros deixam as pessoas anti-sociais, tristes e pensando bobagens. Os "firemen" (bombeiros) não são pessoas que salvam vidas: são homens que procuram e queimam livros. O título do filme se refere à temperatura em que o papel dos livros se extingue. É de dar pena quando os caras chegam nas casas e queimam pérolas da literatura mundial.
Truffaut, mais uma vez, demonstra o seu amor pelos livros, como já tinha sido visto no ciclo de Antoine Doinel (o personagem é um entusiasta de livros) e numa seqüência de A NOITE AMERICANA (1973). Há o respeito pelos mortos - visto com mais força em O QUARTO VERDE (1978) - num passagem do filme que fala de livros autobiográficos.
Na história, um "fireman", ao ser questionado por uma moça se nunca tivera curiosidade de ler alguns dos livros que costuma queimar, acaba pegando alguns livros escondido e descobre o prazer e o poder da leitura, dos romances. Muito bonita a cena em que ele pega um livro de Charles Dickens para ler. O final do filme é melancólico, mas esperançoso para aquela sociedade. E a gente fica aliviado ao saber que temos a liberdade de ler o que quisermos. Se bem que o preço dos livros não deixa de ser uma espécie de obstáculo para quem gosta de ler. Mas temos as bibliotecas. Quer dizer, só não lê quem não quer.
Além da direção do Truffaut, outros nomes consagrados integram a ficha técnica. A direção de fotografia foi feita por Nicolas Roeg e a trilha sonora por Bernard Herrmann, grande colaborador de Alfred Hitchcock, diretor que Truffaut considera o "cineasta por excelência".
No domingo, consegui com o Pablo a versão em pdf do livro de Ray Bradbury, em que o filme se inspira. Qualquer dia eu imprimo e encaderno para ler com calma.
Filme visto em divx.
Ufa. O dia ontem foi um sufoco. Muito trabalho. Muitas pendências. Muitos aborrecimentos. Uma panela de pressão pronta pra estourar. E estourou. Felizmente não houve conseqüências graves. Se bem que ontem à noite eu tive umas dores no estômago violentas. Mas isso foi por causa do anti-inflamatório que estou tomando.
O fim de semana que passou foi mais ou menos tranqüilo. Os amigos mais desocupados puderam ir pra casa em Uruaú na sexta-feira para curtir a tranqüilidade do lugar, mas eu só pude ir na "remessa" de sábado à noite. Mas foi bom assim mesmo. O Sarau promovido pela Valéria foi um sucesso. E eu tenho que dar meus parabéns a ela, por ter tido a coragem de fazer algo que poderia ser facilmente ridicularizado pelos mais cínicos. No entanto, excetuando alguma brincadeira que atrapalhou o ritmo do encontro, tudo correu muito bem. A dinâmica sugerida pela Amanda funcionou bem e garantiu boas risadas no pier. Especialmente na cena do beijo entre Cacau e Juliana. Uma graça. As leituras dos textos foram bem interessantes, revelando particularidades de cada pessoa presente. A Rejane, bastante ligada a espiritualidade e esoterismo, assuntos que também me interessam muito, leu um texto bem interessante sobre o assunto. E foi o único texto que gerou uma discussão (religião é sempre um tema polêmico). Eu li uma poesia do W. B. Yeats, presente no livro "Sonhos de Bunker Hill", do John Fante. Foi a última poesia que realmente me tocou. Acho bonito o amor que perdura e que supera os obstáculos do tempo e da velhice, assim como gosto do tom urgente de valorização da juventude. Me senti na Sociedade dos Poetas Mortos. Agora é esperar o Eliseu disponibilizar as fotos do evento pra eu poder postar algumas aqui.
Falando em bons livros, o único filme que vi no fim de semana foi FAHRENHEIT 451 (1966), de François Truffaut. Trata-se de um filme que fala sobre um mundo onde os livros são proibidos. O filme se passa num futuro em que um governo totalitário proibe livros de todo tipo. A desculpa é que os livros deixam as pessoas anti-sociais, tristes e pensando bobagens. Os "firemen" (bombeiros) não são pessoas que salvam vidas: são homens que procuram e queimam livros. O título do filme se refere à temperatura em que o papel dos livros se extingue. É de dar pena quando os caras chegam nas casas e queimam pérolas da literatura mundial.
Truffaut, mais uma vez, demonstra o seu amor pelos livros, como já tinha sido visto no ciclo de Antoine Doinel (o personagem é um entusiasta de livros) e numa seqüência de A NOITE AMERICANA (1973). Há o respeito pelos mortos - visto com mais força em O QUARTO VERDE (1978) - num passagem do filme que fala de livros autobiográficos.
Na história, um "fireman", ao ser questionado por uma moça se nunca tivera curiosidade de ler alguns dos livros que costuma queimar, acaba pegando alguns livros escondido e descobre o prazer e o poder da leitura, dos romances. Muito bonita a cena em que ele pega um livro de Charles Dickens para ler. O final do filme é melancólico, mas esperançoso para aquela sociedade. E a gente fica aliviado ao saber que temos a liberdade de ler o que quisermos. Se bem que o preço dos livros não deixa de ser uma espécie de obstáculo para quem gosta de ler. Mas temos as bibliotecas. Quer dizer, só não lê quem não quer.
Além da direção do Truffaut, outros nomes consagrados integram a ficha técnica. A direção de fotografia foi feita por Nicolas Roeg e a trilha sonora por Bernard Herrmann, grande colaborador de Alfred Hitchcock, diretor que Truffaut considera o "cineasta por excelência".
No domingo, consegui com o Pablo a versão em pdf do livro de Ray Bradbury, em que o filme se inspira. Qualquer dia eu imprimo e encaderno para ler com calma.
Filme visto em divx.
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