terça-feira, maio 11, 2004

BENJAMIM



Se eu tivesse elaborado um texto sobre BENJAMIM logo no dia em que vi o filme, teria resumido assim: "é um filme que começa muito bem, aí vai piorando, piorando, até ficar bem ruim." Mas com o tempo eu fui começando a criar um certo carinho pelo filme, apesar de todos os seus problemas. É que BENJAMIM traz uma lembrança dos filmes brasileiros anteriores à "retomada", daquelas coisas doidas do cinema marginal e das pornochanchadas das décadas de 70 e 80. É um filme que vai ficando confuso à medida que se aproxima do final e tem um roteiro que é difícil de engolir.

Queria ter lido o romance do Chico Buarque pra ver o que foi alterado. Num texto que li num jornal (não lembro qual), Chico dizia que Monique Gardenberg transformou o que era um livro "macho", centrado principalmente no personagem título, num filme feminino, bastante focado na personagem de Cléo Pires.

Cléo Pires, aliás, é linda na telona. Engraçado que nas fotos ela não aparece tão bonita, mas a moça tem uma intimidade natural com a câmera, como se tivesse nascido pra isso. Cléo só de calcinha é por si só uma razão de ser do filme. E a personagem dela, Ariela, é bem intrigante, misto de meiguice com maldade. Uma espécie de anjo diabólico ou demônio angelical, sei lá. Destaque para a cena do estupro e a cena em que ela conta para o marido o que acontecera.

É uma pena que o filme não se sustente e se torne repetitivo e chato à medida que vão se passando os minutos. Aquelas cenas da Cléo correndo o tempo todo são ridículas. Assim como é ridículo o amor de Paulo José pela moça. A obsessão que ele tem por ela, inicialmente, lembra MORTE EM VENEZA, do Luchino Visconti. Falando em referências cinematográficas, a mais forte é a de UM CORPO QUE CAI, do Hitchcock. A história da mulher misteriosa que morre e reaparece até já foi bem melhor explorada por mestres como Brian De Palma e David Lynch.

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