NAUSICAÄ DO VALE DOS VENTOS (Kaze no Tani no Naushika)
Já estava há algum tempo com um divx de NAUSICAÄ (1984), de Hayao Miyazaki, numa cópia que o Benuel tinha me conseguido. Até já tinha começado a ver, mas essa cópia não era muito boa. Foi aí que eu conheci o Marcelo Reis, do site Animehaus, que me propôs fazer uma troca de filmes. Resultado: ele me arranjou uma cópia muito boa de NAUSICAÄ, ripada do DVD (ou do VCD?). Inclusive, ele mesmo fez o trabalho de legendagem em português. Excelente trabalho, faço questão de dizer.
Esse filme vai ficar na história pra mim como o filme do Miyazaki que me fez chorar. O final do filme é tão bonito que eu não pude conter as lágrimas. NAUSICAÄ tem uma certa semelhança com PRINCESS MONONOKE (1997), que é a preocupação em mostrar as conseqüências da destruição da natureza pelo homem. Talvez até de uma maneira mais bonita, já que em NAUSICAÄ, o mundo já está sofrendo essas conseqüências. Sente-se na pele todos os problemas gerados pela irresponsabilidade do homem.
A história se passa num futuro relativamente distante, onde a terra está devastada e existem poucas vilas com os humanos sobreviventes. O planeta está cheio de desertos, que cada vez mais se multiplicam, e de florestas com vegetações que emitem esporos venenosos letais para os humanos, além de insetos gigantes. Nausicaä é o nome de uma garota habitante do Vale dos Ventos, um lugar que consegue viver em harmonia com a natureza. A menina tem a capacidade de acalmar os enormes insetos e ainda é bem hábil em seu meio de transporte, uma espécie de asa-delta motorizada. Certo dia, o seu reino é atacado por outro povo, que planeja destruir as florestas e os grandes insetos e, assim, trazer de novo para a raça humana o controle do mundo.
A trama é bem intricada, os personagens passam longe de serem rasos e não há uma distinção pura e simples do bem e do mal, o que é uma característica bem notada em outros filmes de Miyazaki que tive o prazer de conferir: LAPUTA: CASTELO NOS CÉUS, PRINCESS MONONOKE e A VIAGEM DE CHIHIRO.
Outra coisa que conquista a gente logo de cara é a música. A trilha sonora é uma das mais belas que eu já ouvi. Até mais bonita que a trilha de LAPUTA, que já é um primor. O som do filme, com aqueles uivos do vento, ajuda a criar uma atmosfera toda especial. É mais ou menos o que DUNA quis ser e não conseguiu. Outra parte que remete à LAPUTA é a cena que se passa no céu, com aviões atirando e explodindo. Se você entrar no clima do filme, e ver além do que o desenho simples daquele tempo mostra, você é capaz de sentir um frio na barriga na cena da batalha no céu.
É realmente um filme maravilhoso. Fica empatado com LAPUTA na minha lista de preferidos do grande Miyazaki. Eu quero mais!! Eu quero ver PORCO ROSSO, MEU VIZINHO TOTORO, KIKI'S DELIVERY SERVICE e o que mais esse cineasta fantástico tenha feito. Alguém me ajuda a conseguir??
segunda-feira, setembro 29, 2003
DIRIGINDO NO ESCURO (Hollywood Ending)
O final de semana foi horrível. Além de não acontecer nada de legal, a gripe me pegou, o que me deixou bem irritado. Junta aí o calor que tem assolado a cidade e eu viro uma criatura irritadiça. Com essa história de gripe, tudo fica ruim, pouca coisa a gente curte de fato quando se está com muco até no cérebro, como diria a Fer, também acometida com esse mal, como dá pra saber pelo blog dela. Com gripe, o único prazer que a gente tem é assoar o nariz até ficar tonto e ver estrelinhas. Argh.
Cinema mesmo, só deu pra ver um único filme. É claro que fui prestigiar o filme do Woody Allen, né? É uma tradição que eu faço questão de manter. Não perco nenhum filme do Woody no cinema desde CRIMES E PECADOS (1989). E havia vários outros filmes legais pra ver, mas infelizmente não rolou. Quem sabe eu ainda asssita a algum deles (IDENTIDADE, ALEX & EMMA ou algum do festival de cinema francês) na quinta-feira.
Voltando a Woody Allen, pra começar acho meio bizarro ver filme dele em multiplex, cheio de filmes pipoca. Os filmes do Woody sempre foram exibidos em guetos como Espaço Unibanco, sessões de arte ou nos extintos Studio Beira-Mar e Cine Center Um. Quando eu falei o nome do filme pela terceira vez pro cara do caixa do cinema, eu senti que ele nem tinha ouvido falar do filme. Pelo menos foi essa a impressão que causou.
DIRIGINDO NO ESCURO não é dos melhores filmes do neurótico. Fica entre os filmes mais fracos dele, ao lado de ALICE (1990) e NEBLINA E SOMBRAS (1992). Mesmo assim, acho superior a esses trabalhos. Vendo o filme, a primeira impressão que a gente tem é que Allen está muito velho. Eu não tinha sentido isso tão forte nos filmes anteriores dele. O personagem dele nesse filme é quase tão louco quanto o Harry Block de DESCONSTRUINDO HARRY (1997), só que menos viciado em drogas de farmácia. Será que Allen mesmo chegou a ser um viciado em speed?
Outra coisa que eu não entendi foi a tal brincadeira com os franceses. Será que ele quis dizer que os franceses gostam de qualquer porcaria que o resto do mundo rejeita e eleva a status de obra de gênio? De qualquer maneira, essa é uma das melhores tiradas do filme, afinal são os franceses mesmo que influenciam a crítica mundial.
A história é tratada com muita leveza. Em momento algum o tema da cegueira do cineasta ganha toques trágicos. Allen também não está na melhor forma como ator. Ele esteve muito melhor em ESCORPIÃO DE JADE (2001). Como sempre ele escolhe bem as atrizes para o filme. Neste, temos Téa Leoni como a ex-esposa dele, Debra Messing como a namorada sarada e Tiffani Thiessen como a atriz gostosa. Infelizmente a cena dela com Allen pareceu um remake da cena com Charlize Theron em ESCORPIÃO DE JADE.
O ponto positivo do filme é a auto-crítica de Allen, ao mostrar um cineasta que gosta de escolher diretores de fotografia estrangeiros (Allen adora pegar fotógrafos suecos, chineses etc.). O fotógrafo desse filme parece que é alemão - não consta no IMDB a nacionalidade dele. Tem também aquela história de filmar em preto e branco, de se achar um diretor narcisista, que filma pra si mesmo e não para o público. Isso é tratado de maneira bem inteligente. Pena que o senso de timing não esteja em grande forma. Já dizia Jerry Seinfeld: timing em comédia é essencial.
Mas eu não desanimo. No próximo ano deve chegar por aqui ANYTHING ELSE, o mais recente filme dele. Dessa vez, com um elenco juvenil, formado por Jason Biggs e Christina Ricci. Continua forte a expectativa pelo novo trabalho de Allen.
O final de semana foi horrível. Além de não acontecer nada de legal, a gripe me pegou, o que me deixou bem irritado. Junta aí o calor que tem assolado a cidade e eu viro uma criatura irritadiça. Com essa história de gripe, tudo fica ruim, pouca coisa a gente curte de fato quando se está com muco até no cérebro, como diria a Fer, também acometida com esse mal, como dá pra saber pelo blog dela. Com gripe, o único prazer que a gente tem é assoar o nariz até ficar tonto e ver estrelinhas. Argh.
Cinema mesmo, só deu pra ver um único filme. É claro que fui prestigiar o filme do Woody Allen, né? É uma tradição que eu faço questão de manter. Não perco nenhum filme do Woody no cinema desde CRIMES E PECADOS (1989). E havia vários outros filmes legais pra ver, mas infelizmente não rolou. Quem sabe eu ainda asssita a algum deles (IDENTIDADE, ALEX & EMMA ou algum do festival de cinema francês) na quinta-feira.
Voltando a Woody Allen, pra começar acho meio bizarro ver filme dele em multiplex, cheio de filmes pipoca. Os filmes do Woody sempre foram exibidos em guetos como Espaço Unibanco, sessões de arte ou nos extintos Studio Beira-Mar e Cine Center Um. Quando eu falei o nome do filme pela terceira vez pro cara do caixa do cinema, eu senti que ele nem tinha ouvido falar do filme. Pelo menos foi essa a impressão que causou.
DIRIGINDO NO ESCURO não é dos melhores filmes do neurótico. Fica entre os filmes mais fracos dele, ao lado de ALICE (1990) e NEBLINA E SOMBRAS (1992). Mesmo assim, acho superior a esses trabalhos. Vendo o filme, a primeira impressão que a gente tem é que Allen está muito velho. Eu não tinha sentido isso tão forte nos filmes anteriores dele. O personagem dele nesse filme é quase tão louco quanto o Harry Block de DESCONSTRUINDO HARRY (1997), só que menos viciado em drogas de farmácia. Será que Allen mesmo chegou a ser um viciado em speed?
Outra coisa que eu não entendi foi a tal brincadeira com os franceses. Será que ele quis dizer que os franceses gostam de qualquer porcaria que o resto do mundo rejeita e eleva a status de obra de gênio? De qualquer maneira, essa é uma das melhores tiradas do filme, afinal são os franceses mesmo que influenciam a crítica mundial.
A história é tratada com muita leveza. Em momento algum o tema da cegueira do cineasta ganha toques trágicos. Allen também não está na melhor forma como ator. Ele esteve muito melhor em ESCORPIÃO DE JADE (2001). Como sempre ele escolhe bem as atrizes para o filme. Neste, temos Téa Leoni como a ex-esposa dele, Debra Messing como a namorada sarada e Tiffani Thiessen como a atriz gostosa. Infelizmente a cena dela com Allen pareceu um remake da cena com Charlize Theron em ESCORPIÃO DE JADE.
O ponto positivo do filme é a auto-crítica de Allen, ao mostrar um cineasta que gosta de escolher diretores de fotografia estrangeiros (Allen adora pegar fotógrafos suecos, chineses etc.). O fotógrafo desse filme parece que é alemão - não consta no IMDB a nacionalidade dele. Tem também aquela história de filmar em preto e branco, de se achar um diretor narcisista, que filma pra si mesmo e não para o público. Isso é tratado de maneira bem inteligente. Pena que o senso de timing não esteja em grande forma. Já dizia Jerry Seinfeld: timing em comédia é essencial.
Mas eu não desanimo. No próximo ano deve chegar por aqui ANYTHING ELSE, o mais recente filme dele. Dessa vez, com um elenco juvenil, formado por Jason Biggs e Christina Ricci. Continua forte a expectativa pelo novo trabalho de Allen.
sexta-feira, setembro 26, 2003
PARÓDIA DE PÂNICO, JACKIE CHAN E DRAMA MEXICANO
O calor tá derretendo os meus miolos e mesmo assim resolvi fazer um experimento e tentar escrever sob essas condições. É que o ar condicionado daqui tá quebrado e ainda não vieram consertar. Além do mais, não vou falar de nenhum filme que eu adoro; logo, não quero esperar pra quando tiver com a cabeça fresca.
Tenho alguns filmes que vi recentemente, gravados da tv, para comentar. Vamos lá, então.
HISTERIA (Shriek If You Know What I Did Last Friday the Thirteenth)
Esse mugango (termo cearês que quer dizer algo muito ruim e esquisito) passou na tela quente da Globo na segunda-feira. Trata-se de uma paródia de PÂNICO e EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO. Foi feito no mesmo ano de TODO MUNDO EM PÂNICO (2000), mas algo me diz que essa picaretagem foi feita na cola do sucesso dos irmãos Wayans, pra enganar o pessoal desprevenido nas locadoras. Além dos dois filmes citados, há um mundo de referências: QUEM VAI FICAR COM MARY?, BRINQUEDO ASSASSINO, PORKI'S entre outros sucessos pop. Assim como os irmãos Wayans, o cara que fez esse filme colocou montes de piadas de gosto duvidoso, sexistas e ridículas. O problema é que as piadas não tem a menor graça. A curiosidade é ver Tifanni-Amber Thiessen, a nova-iorquina de BARRADOS NO BAILE, na pele da repórter. Mas não é motivo suficiente pra ver esse troço. Em tempo: eu gosto de TODO MUNDO EM PÂNICO.
MR. NICE GUY - BOM DE BRIGA (Yatgo ho yan)
Filme com Jackie Chan é sempre divertido e movimentado. Esse foi produzido em Hong Kong em 1997 e mostra Jackie sendo perseguido por uma gangue de traficantes por causa de uma fita de vídeo que denuncia um dos crimes do bando. O filme já começa com muita perseguição e pancadaria misturada com comédia. Em alguns momentos, o filme parece um desenho animado, como na cena das portas. Eu gosto muito de ver filmes do Jackie Chan com o meu sobrinho. Assim fica bem mais divertido. Hehhe.. No final, o filme mostra os erros de gravação do filme, que comprovam o esforço de Jackie em dar o melhor de si, não aceitando dublês nem cabos, e às vezes, se arrebentando todo nas cenas de ação. Gravado da TNT.
SEXO, PUDOR E LÁGRIMAS (Sexo, pudor y lágrimas)
Filme mexicano de Antonio Serrano, que mostra a influência de duas pessoas na rotina de dois casais. Tem o cara que se recusa a transar com a namorada por se achar ruim de cama, sempre se comparando com o ex dela. Tem a mulher que sofre quando transa e cujo marido vive cheirado de cocaína. Na rotina desses casais, surgem o louco por sexo que veio de suas idas pelo exterior e uma moça meio hippie, ex do yuppie cheirador. O filme é competente em mostrar as diferentes personalidades das seis pessoas, mas não chega a empolgar nem a ser inteligente em mostrar as neuras nos relacionamentos. Melhor rever um filme do Woody Allen fase Mia Farrow mesmo. Gravado da FOX.
O calor tá derretendo os meus miolos e mesmo assim resolvi fazer um experimento e tentar escrever sob essas condições. É que o ar condicionado daqui tá quebrado e ainda não vieram consertar. Além do mais, não vou falar de nenhum filme que eu adoro; logo, não quero esperar pra quando tiver com a cabeça fresca.
Tenho alguns filmes que vi recentemente, gravados da tv, para comentar. Vamos lá, então.
HISTERIA (Shriek If You Know What I Did Last Friday the Thirteenth)
Esse mugango (termo cearês que quer dizer algo muito ruim e esquisito) passou na tela quente da Globo na segunda-feira. Trata-se de uma paródia de PÂNICO e EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO. Foi feito no mesmo ano de TODO MUNDO EM PÂNICO (2000), mas algo me diz que essa picaretagem foi feita na cola do sucesso dos irmãos Wayans, pra enganar o pessoal desprevenido nas locadoras. Além dos dois filmes citados, há um mundo de referências: QUEM VAI FICAR COM MARY?, BRINQUEDO ASSASSINO, PORKI'S entre outros sucessos pop. Assim como os irmãos Wayans, o cara que fez esse filme colocou montes de piadas de gosto duvidoso, sexistas e ridículas. O problema é que as piadas não tem a menor graça. A curiosidade é ver Tifanni-Amber Thiessen, a nova-iorquina de BARRADOS NO BAILE, na pele da repórter. Mas não é motivo suficiente pra ver esse troço. Em tempo: eu gosto de TODO MUNDO EM PÂNICO.
MR. NICE GUY - BOM DE BRIGA (Yatgo ho yan)
Filme com Jackie Chan é sempre divertido e movimentado. Esse foi produzido em Hong Kong em 1997 e mostra Jackie sendo perseguido por uma gangue de traficantes por causa de uma fita de vídeo que denuncia um dos crimes do bando. O filme já começa com muita perseguição e pancadaria misturada com comédia. Em alguns momentos, o filme parece um desenho animado, como na cena das portas. Eu gosto muito de ver filmes do Jackie Chan com o meu sobrinho. Assim fica bem mais divertido. Hehhe.. No final, o filme mostra os erros de gravação do filme, que comprovam o esforço de Jackie em dar o melhor de si, não aceitando dublês nem cabos, e às vezes, se arrebentando todo nas cenas de ação. Gravado da TNT.
SEXO, PUDOR E LÁGRIMAS (Sexo, pudor y lágrimas)
Filme mexicano de Antonio Serrano, que mostra a influência de duas pessoas na rotina de dois casais. Tem o cara que se recusa a transar com a namorada por se achar ruim de cama, sempre se comparando com o ex dela. Tem a mulher que sofre quando transa e cujo marido vive cheirado de cocaína. Na rotina desses casais, surgem o louco por sexo que veio de suas idas pelo exterior e uma moça meio hippie, ex do yuppie cheirador. O filme é competente em mostrar as diferentes personalidades das seis pessoas, mas não chega a empolgar nem a ser inteligente em mostrar as neuras nos relacionamentos. Melhor rever um filme do Woody Allen fase Mia Farrow mesmo. Gravado da FOX.
segunda-feira, setembro 22, 2003
FESTIVAL STANLEY KUBRICK
Na última quinta-feira, dei uma passada na Distrivideo pra levar alguns filminhos e não resisti ao me deparar com os dvds de três filmes de Kubrick inéditos pra mim. É claro que eu não ia deixar passsar uma oportunidade dessas, né?
Stanley Kubrick é um dos poucos cineastas que a gente pode chamar de gênio. Sua filmografia é irretocável. Todos os filmes são ótimos. Alguns são obras-primas. 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO é o melhor filme do mundo. É claro que isso é a minha opinião, mas eu gosto de fazer esse tipo de sentença que dá uma impressão de que é um fato, não uma opinião. Hehehe.
Os três filmes lançados em DVD pela CineMagia estão bem bons em qualidade. As minhas únicas reclamações são:
- os filmes não estão em widescreen, mas em tela cheia. De qualquer forma, nos EUA eles foram lançados assim também.
- algumas traduções para o português nas legendas ficaram com problemas: "I'm fed up" virou "eu estou alimentado", por exemplo. Mas são poucos os erros que eu percebi.
- Na capa do DVD de A MORTE PASSOU POR PERTO, a data da produção está 1957, quando na verdade o filme é de 1955.
No mais, os filmes estão com boa qualidade de imagem e som. Outra coisa legal foi a inclusão de artigos escritos em português falando sobre cada um dos filmes, além de trazer a biografia do homem. Bastante informativos.
Com isso, eu agora posso dizer que vi todos os filmes dele, com exceção do raro e inédito no Brasil FEAR AND DESIRE (1953), que o próprio cineasta renega.
Comento a seguir, rapidamente, cada um dos filmes vistos.
A MORTE PASSOU POR PERTO(Killer's Kiss)
Esse filme foi feito em 1955 com poucos recursos. Kubrick algumas vezes teve que filmar às escondidas, por não conseguir autorização para as locações externas. É talvez o menos brilhante dos filmes dele, o que não quer dizer que o filme seja ruim. Longe disso. A cena da luta final do protagonista com o mafioso é ótima e nervosa. Na história, um lutador de boxe se envolve com uma dançarina ameaçada por uma gangue. O preto e branco das cenas noturnas é muito bonito. Lembra A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO. È um filme curtinho - apenas 67 minutos - que passa voando.
O GRANDE GOLPE (The Killing)
Esse sim é o primeiro atestado da genialidade do diretor. Quem pensa que foi Tarantino que inventou a narrativa não-linear e circular em PULP FICTION, precisa ver O GRANDE GOLPE (1956). Na história intrincada e que ajuda a aumentar a fama do diretor em ser cerebral, um grupo de homens planeja um golpe no dinheiro das apostas das corridas de cavalos. O legal é que a gente torce pra que o assalto funcione. O estilo da história lembra 11 HOMENS E UM SEGREDO(1960), só que o filme do Kubrick é anterior. Mas mais importante não é a história e sim o modo como ela é contada. Sterling Hayden, que também está em outro Kubrick, o DR. FANTÁSTICO (1964), tem uma presença de respeito.
GLÓRIA FEITA DE SANGUE (Paths of Glory)
Sério: esse é o melhor filme de guerra que eu já vi. E o melhor filme anti-guerra também. GLÓRIA FEITA DE SANGUE (1957) é impressionante. Impressionante nas seqüências de batalha, impressionante nas cenas do tribunal, impressionante na cena do fuzilamento. É um milagre. A câmera passeando pelas trincheiras enquanto as bombas explodem, a câmera andando pelo ponto de vista dos condenados ao som dos tambores aterrorizantes. Na história, Kirk Douglas é um coronel do exército francês, lutando na 1a Guerra Mundial contra os alemães. Ele se recusa a executar uma missão impossível e suicida e vai ter que responder na justiça e evitar a execução de três de seus homens. Maravilhoso. Não preciso ver mais nenhum filme esse ano. Heheheh.
Na última quinta-feira, dei uma passada na Distrivideo pra levar alguns filminhos e não resisti ao me deparar com os dvds de três filmes de Kubrick inéditos pra mim. É claro que eu não ia deixar passsar uma oportunidade dessas, né?
Stanley Kubrick é um dos poucos cineastas que a gente pode chamar de gênio. Sua filmografia é irretocável. Todos os filmes são ótimos. Alguns são obras-primas. 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO é o melhor filme do mundo. É claro que isso é a minha opinião, mas eu gosto de fazer esse tipo de sentença que dá uma impressão de que é um fato, não uma opinião. Hehehe.
Os três filmes lançados em DVD pela CineMagia estão bem bons em qualidade. As minhas únicas reclamações são:
- os filmes não estão em widescreen, mas em tela cheia. De qualquer forma, nos EUA eles foram lançados assim também.
- algumas traduções para o português nas legendas ficaram com problemas: "I'm fed up" virou "eu estou alimentado", por exemplo. Mas são poucos os erros que eu percebi.
- Na capa do DVD de A MORTE PASSOU POR PERTO, a data da produção está 1957, quando na verdade o filme é de 1955.
No mais, os filmes estão com boa qualidade de imagem e som. Outra coisa legal foi a inclusão de artigos escritos em português falando sobre cada um dos filmes, além de trazer a biografia do homem. Bastante informativos.
Com isso, eu agora posso dizer que vi todos os filmes dele, com exceção do raro e inédito no Brasil FEAR AND DESIRE (1953), que o próprio cineasta renega.
Comento a seguir, rapidamente, cada um dos filmes vistos.
A MORTE PASSOU POR PERTO(Killer's Kiss)
Esse filme foi feito em 1955 com poucos recursos. Kubrick algumas vezes teve que filmar às escondidas, por não conseguir autorização para as locações externas. É talvez o menos brilhante dos filmes dele, o que não quer dizer que o filme seja ruim. Longe disso. A cena da luta final do protagonista com o mafioso é ótima e nervosa. Na história, um lutador de boxe se envolve com uma dançarina ameaçada por uma gangue. O preto e branco das cenas noturnas é muito bonito. Lembra A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO. È um filme curtinho - apenas 67 minutos - que passa voando.
O GRANDE GOLPE (The Killing)
Esse sim é o primeiro atestado da genialidade do diretor. Quem pensa que foi Tarantino que inventou a narrativa não-linear e circular em PULP FICTION, precisa ver O GRANDE GOLPE (1956). Na história intrincada e que ajuda a aumentar a fama do diretor em ser cerebral, um grupo de homens planeja um golpe no dinheiro das apostas das corridas de cavalos. O legal é que a gente torce pra que o assalto funcione. O estilo da história lembra 11 HOMENS E UM SEGREDO(1960), só que o filme do Kubrick é anterior. Mas mais importante não é a história e sim o modo como ela é contada. Sterling Hayden, que também está em outro Kubrick, o DR. FANTÁSTICO (1964), tem uma presença de respeito.
GLÓRIA FEITA DE SANGUE (Paths of Glory)
Sério: esse é o melhor filme de guerra que eu já vi. E o melhor filme anti-guerra também. GLÓRIA FEITA DE SANGUE (1957) é impressionante. Impressionante nas seqüências de batalha, impressionante nas cenas do tribunal, impressionante na cena do fuzilamento. É um milagre. A câmera passeando pelas trincheiras enquanto as bombas explodem, a câmera andando pelo ponto de vista dos condenados ao som dos tambores aterrorizantes. Na história, Kirk Douglas é um coronel do exército francês, lutando na 1a Guerra Mundial contra os alemães. Ele se recusa a executar uma missão impossível e suicida e vai ter que responder na justiça e evitar a execução de três de seus homens. Maravilhoso. Não preciso ver mais nenhum filme esse ano. Heheheh.
DOM
A exemplo do que aconteceu com A LIGA EXTRAORDINÁRIA, fui ver DOM apenas por curiosidade, nada esperando além de um filme que maltrata a obra-prima de Machado de Assis. No entanto, o filme não é bem uma adaptação da obra literária. Apenas repete nos dias de hoje o jogo de suspeita e ciúme do livro "Dom Casmurro". No filme, Marcos Palmeira é Bento, que por causa de seu nome é desde a infância apelidado de Dom, por causa do livro de Machado. Ele namorou na infância uma garota chamada Ana, que ele chamava de Capitu, por causa de seus olhos (de ressaca?). No filme, o melhor amigo de Dom é Miguel (Bruno Garcia) e não Escobar. Um dia ele reencontra Ana (Maria Fernanda Cândido), se apaixona perdidamente e casa com a moça. Acontece que a sombra do amigo e o ciúme doentinho de Bento acabam por transformar sua vida num inferno.
Dizem que o filme CAPITU (1968), de Paulo César Saraceni, mostra a personagem como uma traidora. Já no filme de Moacyr Góes, a Capitu (Ana) é inocente e vítima do comportamento e sentimento doentios do marido. Ambos os filmes, então, seguem caminhos diferentes do livro, que deixa a dúvida até hoje e que é tema de diversos trabalhos de pesquisa em universidades. DOM é mais um filme sobre ciúme. Não tão bom quanto CIÚME - O INFERNO DO AMOR POSSESSIVO (1994), de Claude Chabrol, que pra mim é o filme definitivo sobre o tema. Mas ele trabalha bem esse sentimento plutoniano.
O melhor do filme está no começo, mostrando o início da paixão avassaladora dos dois personagens. Maria Fernanda Cândido é excelente na tela. O mesmo não pode-se dizer de Marcos Palmeira, que fica ofuscado pelo brilho de Maria Fernanda. Diria até que Bruno Garcia está melhor do que ele. E que negócio é esse de mostrar a bunda do Marcos Palmeira e não mostrar a da musa? Isso parece que tá virando moda, né?? Heheeh
O final do filme deixa a desejar, mas acredito que a sua primeira metade tornam o filme de Góes digno de ser prestigiado. Principalmente por mostrar a intimidade do casal de maneira bonita. A parte engraçado do filme ficou por conta da cena da sala de espera da maternidade, com o Bruno Garcia mais nervoso que o pai da criança. O foda é que com essa história de DNA que o filme inventou, todo mundo lembra logo do programa do Ratinho.
A exemplo do que aconteceu com A LIGA EXTRAORDINÁRIA, fui ver DOM apenas por curiosidade, nada esperando além de um filme que maltrata a obra-prima de Machado de Assis. No entanto, o filme não é bem uma adaptação da obra literária. Apenas repete nos dias de hoje o jogo de suspeita e ciúme do livro "Dom Casmurro". No filme, Marcos Palmeira é Bento, que por causa de seu nome é desde a infância apelidado de Dom, por causa do livro de Machado. Ele namorou na infância uma garota chamada Ana, que ele chamava de Capitu, por causa de seus olhos (de ressaca?). No filme, o melhor amigo de Dom é Miguel (Bruno Garcia) e não Escobar. Um dia ele reencontra Ana (Maria Fernanda Cândido), se apaixona perdidamente e casa com a moça. Acontece que a sombra do amigo e o ciúme doentinho de Bento acabam por transformar sua vida num inferno.
Dizem que o filme CAPITU (1968), de Paulo César Saraceni, mostra a personagem como uma traidora. Já no filme de Moacyr Góes, a Capitu (Ana) é inocente e vítima do comportamento e sentimento doentios do marido. Ambos os filmes, então, seguem caminhos diferentes do livro, que deixa a dúvida até hoje e que é tema de diversos trabalhos de pesquisa em universidades. DOM é mais um filme sobre ciúme. Não tão bom quanto CIÚME - O INFERNO DO AMOR POSSESSIVO (1994), de Claude Chabrol, que pra mim é o filme definitivo sobre o tema. Mas ele trabalha bem esse sentimento plutoniano.
O melhor do filme está no começo, mostrando o início da paixão avassaladora dos dois personagens. Maria Fernanda Cândido é excelente na tela. O mesmo não pode-se dizer de Marcos Palmeira, que fica ofuscado pelo brilho de Maria Fernanda. Diria até que Bruno Garcia está melhor do que ele. E que negócio é esse de mostrar a bunda do Marcos Palmeira e não mostrar a da musa? Isso parece que tá virando moda, né?? Heheeh
O final do filme deixa a desejar, mas acredito que a sua primeira metade tornam o filme de Góes digno de ser prestigiado. Principalmente por mostrar a intimidade do casal de maneira bonita. A parte engraçado do filme ficou por conta da cena da sala de espera da maternidade, com o Bruno Garcia mais nervoso que o pai da criança. O foda é que com essa história de DNA que o filme inventou, todo mundo lembra logo do programa do Ratinho.
sexta-feira, setembro 19, 2003
SWEET MOVIE
"A nossa pátria é o mundo inteiro
Nossa lei é a liberdade
E com um pensamento
Faremos nossa revolução"
Esses são versos de uma das canções do filme que eu vi ontem. Talvez o problema do filme pra mim foi eu não ter conseguido absorver direito a idéia principal, a intenção do diretor. SWEET MOVIE (1974), de Dusan Makavey, é desses filmes que atraem a nossa atenção pelas cenas ousadas. Algumas delas me pareceram gratuitas e sem graça. Outras, achei bem excitante. O começo do filme é genial com um apresentador de um programa de tv, apresentando um concurso de Miss Universo. A vencedora do concurso irá casar com um milionário, que tem dinheiro até pra comprar as Cataratas do Niágara. O interessante da situação, meio surreal, é que as candidatas ao concurso devem tirar suas calcinhas para que seja comprovado que elas são virgens. Muito engraçado quando apareceu a Miss Congo, nua e vestida apenas com pencas de bananas. Hehehehe.. O especialista pede pra ela tirar a calcinha e ela diz: as bananas, você quer dizer. Hehehe.
Bom, uma das moças é escolhida. E ela é uma das protagonistas do filme. Ela ainda vai passar por situações bem interessantes como viajar nua dentro de uma mala, masturbar um negão, transar em local público. Aliás, essa cena é uma das melhores do filme, quando eles ficam feito cachorros, sem conseguir desgrudar e são socorridos pela emergência. Hehehe. Outras situações como a cena do banquete e do povo vomitando e mijando na mesa não vi tanta graça. E nem acho que essas cenas cheguem a chocar. Por outro lado, é até bonita a cena em que a protagonista tira o pênis das calças de um cara e fica o acariciando com o rosto.
Talvez pra se entender de fato o filme tenha que se entrar no espirito dos anos 70, quando ser subversivo, ler Karl Marx e se libertar através do sexo eram quase regra na juventude intelectual. O filme também cita Marx, fala de revolução, até se utiliza de canções pegajosas para ganhar adeptos para a bandeira vermelha comunista. Hoje em dia, com a queda da União Soviética, do muro de Berlim e até da esquerda brasileira, as coisas são bem diferentes. Até a Ioguslávia do diretor se fragmentou. O filme é visto hoje com um certo distanciamento. Com certeza, se visto nos anos 70, ele seria bem mais interessante e significativo. Pena que na época ele foi proibido pelo regime militar e só deixou de ser inédito no Brasil quando estreou em São Paulo nos anos 90.
Ah, o título do filme se justifica em duas cenas: um casal transando num "piscina" de açúcar e uma moça nua banhada em chocholate, fazendo uma performance para uma câmera.
"A nossa pátria é o mundo inteiro
Nossa lei é a liberdade
E com um pensamento
Faremos nossa revolução"
Esses são versos de uma das canções do filme que eu vi ontem. Talvez o problema do filme pra mim foi eu não ter conseguido absorver direito a idéia principal, a intenção do diretor. SWEET MOVIE (1974), de Dusan Makavey, é desses filmes que atraem a nossa atenção pelas cenas ousadas. Algumas delas me pareceram gratuitas e sem graça. Outras, achei bem excitante. O começo do filme é genial com um apresentador de um programa de tv, apresentando um concurso de Miss Universo. A vencedora do concurso irá casar com um milionário, que tem dinheiro até pra comprar as Cataratas do Niágara. O interessante da situação, meio surreal, é que as candidatas ao concurso devem tirar suas calcinhas para que seja comprovado que elas são virgens. Muito engraçado quando apareceu a Miss Congo, nua e vestida apenas com pencas de bananas. Hehehehe.. O especialista pede pra ela tirar a calcinha e ela diz: as bananas, você quer dizer. Hehehe.
Bom, uma das moças é escolhida. E ela é uma das protagonistas do filme. Ela ainda vai passar por situações bem interessantes como viajar nua dentro de uma mala, masturbar um negão, transar em local público. Aliás, essa cena é uma das melhores do filme, quando eles ficam feito cachorros, sem conseguir desgrudar e são socorridos pela emergência. Hehehe. Outras situações como a cena do banquete e do povo vomitando e mijando na mesa não vi tanta graça. E nem acho que essas cenas cheguem a chocar. Por outro lado, é até bonita a cena em que a protagonista tira o pênis das calças de um cara e fica o acariciando com o rosto.
Talvez pra se entender de fato o filme tenha que se entrar no espirito dos anos 70, quando ser subversivo, ler Karl Marx e se libertar através do sexo eram quase regra na juventude intelectual. O filme também cita Marx, fala de revolução, até se utiliza de canções pegajosas para ganhar adeptos para a bandeira vermelha comunista. Hoje em dia, com a queda da União Soviética, do muro de Berlim e até da esquerda brasileira, as coisas são bem diferentes. Até a Ioguslávia do diretor se fragmentou. O filme é visto hoje com um certo distanciamento. Com certeza, se visto nos anos 70, ele seria bem mais interessante e significativo. Pena que na época ele foi proibido pelo regime militar e só deixou de ser inédito no Brasil quando estreou em São Paulo nos anos 90.
Ah, o título do filme se justifica em duas cenas: um casal transando num "piscina" de açúcar e uma moça nua banhada em chocholate, fazendo uma performance para uma câmera.
quinta-feira, setembro 18, 2003
A LIGA EXTRAORDINÁRIA (The League of Extraordinary Gentlemen)
Eu sabia. Me avisaram que o filme era uma bomba. Mas eu fui assim mesmo, movido pela curiosidade mórbida de ver uma história em quadrinhos de um dos seus autores preferidos ser transformada num filme horroroso. "As Aventuras da Liga Extraordinária", escrita pelo genial Alan Moore e desenhada por Kevin O´Neill é uma HQ bem diferente. Pega personagens clássicos da literatura inglesa do século XIX como o Homem-Invisível, Alan Quatermain, Capitão Nemo, O Médico e o Monstro e Mina Harker de Drácula, e coloca tudo no mesmo pacote. O resultado nos quadrinhos ficou bem legal. Destaque para o Homem-Invisível sendo encontrado estuprando freiras, que achavam que estavam sendo possuídas pelo Espírito Santo, e para Alan Quatermain velho, acabado e viciado em ópio.
No filme, quase tudo vai pro ralo. E ainda colocaram mais dois personagens: Dorian Gray e Tom Sayer. Dorian, o personagem que nunca envelhece do livro do Oscar Wilde, pelo menos é inglês, mas colocar Tom Sawyer só pra agradar os americanos é forçar a barra mesmo. E Dorian Gray indestrutível é de lascar. Sem falar que as boiolices do personagem, sempre presente no livro, passam longe do filme.
Mas há mais problemas no filme. Podia falar dos "defeitos especiais" do Mr. Hyde, dos diálogos bestas, do Capitão Nemo que mais se parece com uma mistura de Enéias com Bin Laden lutando kung fu, dos morceguinhos de Mina Harker, da falta de noção de geografia que o filme sofre e de mais uma porrada de coisas. Mas é claro que deixando de lado tudo isso aí, pode-se até agüentar o filme. Heeheheh. Talvez uma pessoa que não tenha lido a obra de Moore até goste. Não sei.
Algumas coisas eu gostei: da Londres chuvosa do início do filme. Muito legal aquilo. O monstro que luta com o Mr. Hyde ficou legal, assustador e tal. A atriz que faz a Mina Harker é até interessante. E as cenas que mostram os heróis separados lutando contra os vilões até que ficou boa. A cena do carro nas ruas de Paris com os prédios caindo, se vista fora do contexto da história e sem querer nenhuma verossimilhança, até que são de qualidade.
Olha aí. Ainda consegui enumerar qualidades no filme. Hehehhe
Mas não dá pra agüentar a frase final de Alan Quatermain (Sean Connery) para o garoto Tom Sawyer. (Quem ainda não viu o filme não leia.) Ele fala, enquanto está morrendo: "esse século (o XIX) foi meu. O próximo século será seu." Algo do tipo. Dando a entender que o século XX foi dos EUA, enaltecendo a grandeza do Império Americano. Como se os americanos ao mostrarem a riqueza dos personagens ingleses se sentissem humilhados e precisassem dizer: "o século XX foi nosso e não desses ingleses nojentos." Pfff... Pelo menos dá pra gente sair do cinema se perguntando: será que o século XXI vai continuar sendo dos americanos? Qual será o país do futuro?
Eu sabia. Me avisaram que o filme era uma bomba. Mas eu fui assim mesmo, movido pela curiosidade mórbida de ver uma história em quadrinhos de um dos seus autores preferidos ser transformada num filme horroroso. "As Aventuras da Liga Extraordinária", escrita pelo genial Alan Moore e desenhada por Kevin O´Neill é uma HQ bem diferente. Pega personagens clássicos da literatura inglesa do século XIX como o Homem-Invisível, Alan Quatermain, Capitão Nemo, O Médico e o Monstro e Mina Harker de Drácula, e coloca tudo no mesmo pacote. O resultado nos quadrinhos ficou bem legal. Destaque para o Homem-Invisível sendo encontrado estuprando freiras, que achavam que estavam sendo possuídas pelo Espírito Santo, e para Alan Quatermain velho, acabado e viciado em ópio.
No filme, quase tudo vai pro ralo. E ainda colocaram mais dois personagens: Dorian Gray e Tom Sayer. Dorian, o personagem que nunca envelhece do livro do Oscar Wilde, pelo menos é inglês, mas colocar Tom Sawyer só pra agradar os americanos é forçar a barra mesmo. E Dorian Gray indestrutível é de lascar. Sem falar que as boiolices do personagem, sempre presente no livro, passam longe do filme.
Mas há mais problemas no filme. Podia falar dos "defeitos especiais" do Mr. Hyde, dos diálogos bestas, do Capitão Nemo que mais se parece com uma mistura de Enéias com Bin Laden lutando kung fu, dos morceguinhos de Mina Harker, da falta de noção de geografia que o filme sofre e de mais uma porrada de coisas. Mas é claro que deixando de lado tudo isso aí, pode-se até agüentar o filme. Heeheheh. Talvez uma pessoa que não tenha lido a obra de Moore até goste. Não sei.
Algumas coisas eu gostei: da Londres chuvosa do início do filme. Muito legal aquilo. O monstro que luta com o Mr. Hyde ficou legal, assustador e tal. A atriz que faz a Mina Harker é até interessante. E as cenas que mostram os heróis separados lutando contra os vilões até que ficou boa. A cena do carro nas ruas de Paris com os prédios caindo, se vista fora do contexto da história e sem querer nenhuma verossimilhança, até que são de qualidade.
Olha aí. Ainda consegui enumerar qualidades no filme. Hehehhe
Mas não dá pra agüentar a frase final de Alan Quatermain (Sean Connery) para o garoto Tom Sawyer. (Quem ainda não viu o filme não leia.) Ele fala, enquanto está morrendo: "esse século (o XIX) foi meu. O próximo século será seu." Algo do tipo. Dando a entender que o século XX foi dos EUA, enaltecendo a grandeza do Império Americano. Como se os americanos ao mostrarem a riqueza dos personagens ingleses se sentissem humilhados e precisassem dizer: "o século XX foi nosso e não desses ingleses nojentos." Pfff... Pelo menos dá pra gente sair do cinema se perguntando: será que o século XXI vai continuar sendo dos americanos? Qual será o país do futuro?
quarta-feira, setembro 17, 2003
GHOST DOG (Ghost Dog - The Way of the Samurai)
Nesses dias de greve nas escolas do município, onde dou aula à noite, estou aproveitando pra ver filmes na telinha e vez ou outra levar alguma coisa de interessante na locadora aqui do centro. Nesses tempos de vacas esqueléticas, a gente que curte cinema tem que procurar caminhos alternativos e baratos pra ver filmes. Cinema está cada vez mais sendo diversão de burguês. Por falar em liseira, hoje recebi um e-mail engraçadíssimo de um amigo dos tempos do coral do IBEU, o Nilberto. Falando sobre falta de grana e tal, ele disse:
Rapaz, esse mal é epidêmico e se alastra longitudional, horizontal, transversal, sagital, aboral e fudidalmente. ahahaha. Mas infelizmente não mata! Isso é que é pior. Temos que sofrer deste mal como quem come mulher feia. Com resignação. ahahah. Rapaz a preguiça é sintoma da liseira. Liso fica logo com preguiça. naum tem perigo de querer sair e gastar. Os homens chamam e ele apela pra preguiça para negar. É mais chique. É Lundum. É depressão. É naum. É Liseira! hahahah
O legal é que apesar dos pesares, o senso de humor do brasileiro continua afiadíssimo. Tá certo que o Nilberto é o cara mais sarcástico e ácido que eu já conheci, mas ainda tem muita gente rindo da desgraça por aí. Hehehe
Pois bem, vamos ao filme:
Ontem levei pra casa o vhs de GHOST DOG (1999), do cineasta cult Jim Jarmursh, que está nas locadoras há uns dois anos. Depois de ver o filme na lista de melhores dos anos 90 de várias pessoas (e mais recentemente no blog do Filipe), resolvi tirar o atraso e ver essa obra do Jarmursh. O ruim foi que os primeiros 15 minutos da fita são de dar dor nos olhos. Mas depois a fita se acalma e a gente consegue ver o filme com calma. Aliás, "calma" é uma das palavras-chave do filme. A trilha sonora de RZA, o andamento lento do filme e a expressão zen do matador vivido por Forrest Whitaker deixam a gente leve feito uma pluma. GHOST DOG é hipnótico pra caramba. E cresce na minha memória afetiva quando me lembro de determinadas cenas.
Adorei ver aqueles pássaros voando ao som da música meio trip hop do RZA(fiquei com vontade de ter a trilha sonora). Adorei ver aqueles trechos do livro que ensinam a filosofia do Samurai escritos na tela e narrados pelo Whitaker, assim como as citações a diversos livros, entre eles "Rashomon", o livro que deu origem ao filme clássico do Kurosawa. As citações também incluem diversos desenhos animados clássicos como Pica-Pau, Simpsons, Gato Félix e Betty Boop. Os três chefões mafiosos lembram bastante personagens dos filmes de David Lynch. O clima todo do filme, aliás, lembra Lynch. Talvez por isso eu tenha gostado tanto.
Há quem vá dizer que o filme não tem uma história consistente, mas eu não tô nem aí. Há coisas mais importantes no filme do que o enredo. Bom saber que Jarmursh continua tão bom quanto nos tempos de ESTRANHOS NO PARAÍSO (1983) e DAUNBAILÓ (1986). Na internet (IMDB e Amazon), há vários comentários legais de pessoas que adoraram o filme, que dizem entusiasmadas que o viram dezenas de vezes. E com razão.
Nesses dias de greve nas escolas do município, onde dou aula à noite, estou aproveitando pra ver filmes na telinha e vez ou outra levar alguma coisa de interessante na locadora aqui do centro. Nesses tempos de vacas esqueléticas, a gente que curte cinema tem que procurar caminhos alternativos e baratos pra ver filmes. Cinema está cada vez mais sendo diversão de burguês. Por falar em liseira, hoje recebi um e-mail engraçadíssimo de um amigo dos tempos do coral do IBEU, o Nilberto. Falando sobre falta de grana e tal, ele disse:
Rapaz, esse mal é epidêmico e se alastra longitudional, horizontal, transversal, sagital, aboral e fudidalmente. ahahaha. Mas infelizmente não mata! Isso é que é pior. Temos que sofrer deste mal como quem come mulher feia. Com resignação. ahahah. Rapaz a preguiça é sintoma da liseira. Liso fica logo com preguiça. naum tem perigo de querer sair e gastar. Os homens chamam e ele apela pra preguiça para negar. É mais chique. É Lundum. É depressão. É naum. É Liseira! hahahah
O legal é que apesar dos pesares, o senso de humor do brasileiro continua afiadíssimo. Tá certo que o Nilberto é o cara mais sarcástico e ácido que eu já conheci, mas ainda tem muita gente rindo da desgraça por aí. Hehehe
Pois bem, vamos ao filme:
Ontem levei pra casa o vhs de GHOST DOG (1999), do cineasta cult Jim Jarmursh, que está nas locadoras há uns dois anos. Depois de ver o filme na lista de melhores dos anos 90 de várias pessoas (e mais recentemente no blog do Filipe), resolvi tirar o atraso e ver essa obra do Jarmursh. O ruim foi que os primeiros 15 minutos da fita são de dar dor nos olhos. Mas depois a fita se acalma e a gente consegue ver o filme com calma. Aliás, "calma" é uma das palavras-chave do filme. A trilha sonora de RZA, o andamento lento do filme e a expressão zen do matador vivido por Forrest Whitaker deixam a gente leve feito uma pluma. GHOST DOG é hipnótico pra caramba. E cresce na minha memória afetiva quando me lembro de determinadas cenas.
Adorei ver aqueles pássaros voando ao som da música meio trip hop do RZA(fiquei com vontade de ter a trilha sonora). Adorei ver aqueles trechos do livro que ensinam a filosofia do Samurai escritos na tela e narrados pelo Whitaker, assim como as citações a diversos livros, entre eles "Rashomon", o livro que deu origem ao filme clássico do Kurosawa. As citações também incluem diversos desenhos animados clássicos como Pica-Pau, Simpsons, Gato Félix e Betty Boop. Os três chefões mafiosos lembram bastante personagens dos filmes de David Lynch. O clima todo do filme, aliás, lembra Lynch. Talvez por isso eu tenha gostado tanto.
Há quem vá dizer que o filme não tem uma história consistente, mas eu não tô nem aí. Há coisas mais importantes no filme do que o enredo. Bom saber que Jarmursh continua tão bom quanto nos tempos de ESTRANHOS NO PARAÍSO (1983) e DAUNBAILÓ (1986). Na internet (IMDB e Amazon), há vários comentários legais de pessoas que adoraram o filme, que dizem entusiasmadas que o viram dezenas de vezes. E com razão.
sábado, setembro 13, 2003
MEU TIO (Mon Oncle)
Se tem uma coisa que me enerva é sentir calor dentro do cinema. Hoje de manhã fui mais uma vez para o Shopping Benfica, pro segundo dia da mini-mostra Jacques Tati. Resultado: acabei não curtindo o filme por causa do calor. Isso já tinha acontecido antes com PIRATAS DO CARIBE. Desse jeito, fico sem saber o que teria sido se eu tivesse visto o filme no friozinho de uma sala refrigerada de verdade e no período da tarde ou da noite (pela manhã eu fico facilmente irritadiço). Mas como o meu objetivo aqui principalmente é narrar as minhas impressões e minhas experiências sobre o filme, aqui vai.
MEU TIO (1958), tido como a obra-prima de Tati e ganhador do Oscar de filme estrangeiro, é inferior a AS FÉRIAS DO SR. HULOT. As piadas são bem menos engraçadas e sua crítica à tecnologia se torna sem sentido nos dias de hoje, onde a internet se tornou uma das alegrias da humanidade. Charles Chaplin teve resultados muito melhores com o seu TEMPOS MODERNOS (1936), mas isso se deve porque Chaplin expôe o tema da desumanidade cometida aos operários das fábricas do início do século. Não é uma crítica da tecnologia em si.
MEU TIO, porém, comparando novamente com AS FÉRIAS..., é mais caprichado na fotografia, nos detalhes mostrados à distância, na exploração maior dos personagens - nesse filme, M. Hulot é o principal, mas a sua irmã e o marido também são protagonistas da história. A melhor cena do filme é quando os dois vão receber uma vizinha e a confundem com uma vendedora de tapetes.
Bom, de qualquer maneira, não pretendo ir ver PLAYTIME no próximo sábado, pois o filme é longo e eu não iria agüentar ficar num calor dos diabos de novo. Hoje quase que reclamo com a administradora das salas, mas acabei deixando pra lá. Defeito meu, admito.
Se tem uma coisa que me enerva é sentir calor dentro do cinema. Hoje de manhã fui mais uma vez para o Shopping Benfica, pro segundo dia da mini-mostra Jacques Tati. Resultado: acabei não curtindo o filme por causa do calor. Isso já tinha acontecido antes com PIRATAS DO CARIBE. Desse jeito, fico sem saber o que teria sido se eu tivesse visto o filme no friozinho de uma sala refrigerada de verdade e no período da tarde ou da noite (pela manhã eu fico facilmente irritadiço). Mas como o meu objetivo aqui principalmente é narrar as minhas impressões e minhas experiências sobre o filme, aqui vai.
MEU TIO (1958), tido como a obra-prima de Tati e ganhador do Oscar de filme estrangeiro, é inferior a AS FÉRIAS DO SR. HULOT. As piadas são bem menos engraçadas e sua crítica à tecnologia se torna sem sentido nos dias de hoje, onde a internet se tornou uma das alegrias da humanidade. Charles Chaplin teve resultados muito melhores com o seu TEMPOS MODERNOS (1936), mas isso se deve porque Chaplin expôe o tema da desumanidade cometida aos operários das fábricas do início do século. Não é uma crítica da tecnologia em si.
MEU TIO, porém, comparando novamente com AS FÉRIAS..., é mais caprichado na fotografia, nos detalhes mostrados à distância, na exploração maior dos personagens - nesse filme, M. Hulot é o principal, mas a sua irmã e o marido também são protagonistas da história. A melhor cena do filme é quando os dois vão receber uma vizinha e a confundem com uma vendedora de tapetes.
Bom, de qualquer maneira, não pretendo ir ver PLAYTIME no próximo sábado, pois o filme é longo e eu não iria agüentar ficar num calor dos diabos de novo. Hoje quase que reclamo com a administradora das salas, mas acabei deixando pra lá. Defeito meu, admito.
A ÚLTIMA NOITE (The 25th Hour)
Existem filmes que transcendem o mero entretenimento, que tornam esse nosso vício pelo cinema em algo que realmente faz sentido; que fazem a gente sair do cinema satisfeitos e respirando fundo, olhando para as pessoas e para o que existe ao nosso redor de uma maneira diferente. A ÚLTIMA NOITE, mais recente longa de Spike Lee, é um desses filmes especiais. Desses que a gente lamenta não ser poeta para homenageá-lo. Mas eu faço um esforço em pelo menos deixar claro a minha paixão pelo filme sempre que ele provoca uma dessas experiências que a gente não sabe bem como explicar.
Spike Lee pode ter cometido o seu melhor filme. Arrisco dizer que sim. Até então, o bombástico FAÇA A COISA CERTA (1989) ainda era o grande filme desse nova-iorquino que faz a diferença no cinema americano. Com A ÚLTIMA NOITE ele chegou num nível de excelência na direção que dá gosto. É claro que ele conta com um dos melhores atores da atualidade, Edward Norton, além de dois ótimos coadjuvantes, Barry Pepper e Philip Seymour Hoffman. A música orquestrada do filme está perfeita, mas o filme também conta com música eletrônica de primeira, nas cenas que se passam dentro da boate.
No filme, Norton é um traficante de drogas que quer se livrar do negócio, mas é dedurado e condenado a sete anos de prisão. Ele tem, então, apenas uma noite de liberdade. Convida os amigos e a namorada para celebrarem esse último momento. Isso, num momento em que as torres gêmeas tinham acabado de cair.
O final é foda: fecha o filme com chave de ouro, traz momentos de reflexão, faz uma metáfora com os EUA. Sério candidato a melhor filme do ano.
Existem filmes que transcendem o mero entretenimento, que tornam esse nosso vício pelo cinema em algo que realmente faz sentido; que fazem a gente sair do cinema satisfeitos e respirando fundo, olhando para as pessoas e para o que existe ao nosso redor de uma maneira diferente. A ÚLTIMA NOITE, mais recente longa de Spike Lee, é um desses filmes especiais. Desses que a gente lamenta não ser poeta para homenageá-lo. Mas eu faço um esforço em pelo menos deixar claro a minha paixão pelo filme sempre que ele provoca uma dessas experiências que a gente não sabe bem como explicar.
Spike Lee pode ter cometido o seu melhor filme. Arrisco dizer que sim. Até então, o bombástico FAÇA A COISA CERTA (1989) ainda era o grande filme desse nova-iorquino que faz a diferença no cinema americano. Com A ÚLTIMA NOITE ele chegou num nível de excelência na direção que dá gosto. É claro que ele conta com um dos melhores atores da atualidade, Edward Norton, além de dois ótimos coadjuvantes, Barry Pepper e Philip Seymour Hoffman. A música orquestrada do filme está perfeita, mas o filme também conta com música eletrônica de primeira, nas cenas que se passam dentro da boate.
No filme, Norton é um traficante de drogas que quer se livrar do negócio, mas é dedurado e condenado a sete anos de prisão. Ele tem, então, apenas uma noite de liberdade. Convida os amigos e a namorada para celebrarem esse último momento. Isso, num momento em que as torres gêmeas tinham acabado de cair.
O final é foda: fecha o filme com chave de ouro, traz momentos de reflexão, faz uma metáfora com os EUA. Sério candidato a melhor filme do ano.
quinta-feira, setembro 11, 2003
COLUMBUS, SHERIDAN E HAWKS
Pra não deixar acumular muitos filmes para eu comentar, vou falar um pouco sobre os últimos que vi na telinha. Vamos lá, então.
O HOMEM BICENTENÁRIO (Bicentennial Man)
Eu peguei esse dvd emprestado do Santiago. Não vi o filme no cinema. Acho que, na época (1999), fiquei meio cismado por causa da direção do Chris Columbus. Por incrível que pareça, o filme é bem legal. Desses que quando a gente começa a assistir nem vê o tempo passar. Aliás, "tempo" é uma das palavras-chave do filme. Robin Williams é o robô Andrew, comprado por uma família americana do ano de 2005 para cuidar dos afazeres da casa e entreter as duas meninas. No início, ele não é bem recebido pelo mulher e filhas de Sam Neill, o homem da casa; mas depois, ele passa a ser amado por todos. O que distingue o robô Andrew dos outros robôs fabricados é a capacidade de "gostar", de ter uma personalidade, de se aproximar da complexidade de um ser humano. O filme lembra um pouco A.I. - INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (2001), do Spielberg, só que inferior. Curiosamente Robin Williams fez a voz do Dr. Know no filme de Spielberg. Nesse filme, Columbus fez o seu melhor trabalho, melhor até do que o divertido ESQUECERAM DE MIM (1990). Emocionante a tentativa do robô de se tornar mais e mais humano, tanto exteriormente como interiormente e a passagem do tempo, com Andrew vendo morrer as pessoas que ele gosta. Uma adaptação bem sucedida da obra de Isaac Asimov, ainda que muita gente vá achar lacrimoso ou "padrão Disney". No DVD, de extra, vem apenas um mini-documentário com o "making of" de menos de 5 minutos e uns traillers.
O LUTADOR (The Boxer)
Depois dos sucessos MEU PÉ ESQUERDO (1989) e EM NOME DO PAI (1993), o diretor Jim Sheridan e seu ator preferido, Daniel Day-Lewis, se deram mal nesse terceiro filme juntos. O LUTADOR (1997) é um filme chato, monótono, não vai a lugar nenhum. Ainda por cima desperdiça o talento de dois gigantes da interpretação: Day-Lewis e Emily Watson. Aliás, vou aproveitar aqui pra dizer que eu gosto demais dessa menina. Sua interpretação é arrebatadora em ONDAS DO DESTINO (1996) e em HILARY E JACKY (1998), dois dos meus filmes favoritos dos anos 90. Além de tudo, gosto da beleza dela. Em O LUTADOR ela é a antiga namorada de Day-Lewis, que depois de amargar vários anos na cadeia, volta para a comunidade onde morava. O filme trata das discussões e brigas ridículas entre católicos e protestantes na Irlanda, do problema com a polícia repressora, do IRA, da opressão da cidade de Belfast. Pena que é tudo muito frio e sem emoção. Gravado da TNT.
A TERRA DOS FARAÓS (Land of the Pharaohs)
Ainda que não fosse dirigido pelo Howard Hawks, um dos melhores diretores de Hollywood, A TERRA DOS FARAÓS (1955), com sua história sobre a construção da grande pirâmide Quéops no Egito, já teria motivo suficiente para despertar o interesse do público. Muitas pessoas hoje nem acreditam que seres humanos foram capazes de construir tal obra. Há até teorias que dizem que as pirâmides foram construídas por extra-terrestres, tal a perfeição delas. No filme, há uma trama envolvendo o Faraó e uma de suas escravas, além dos escravos capturados durante batalhas que o faraó promove para conseguir mais e mais ouro e jóias. A construção da pirâmide é idealizada por um desses escravos, que é arquiteto. Muito interessante. Além do mais é Hawks na direção, né? O cara sabe fazer de tudo: filme de gângster (SCARFACE), comédia musical (OS HOMENS PREFEREM AS LOIRAS), western (os filmes com "rio" no título, RIO VERMELHO, RIO BRAVO, RIO LOBO). Ótimo filme. Gravado da Globo.
Pra não deixar acumular muitos filmes para eu comentar, vou falar um pouco sobre os últimos que vi na telinha. Vamos lá, então.
O HOMEM BICENTENÁRIO (Bicentennial Man)
Eu peguei esse dvd emprestado do Santiago. Não vi o filme no cinema. Acho que, na época (1999), fiquei meio cismado por causa da direção do Chris Columbus. Por incrível que pareça, o filme é bem legal. Desses que quando a gente começa a assistir nem vê o tempo passar. Aliás, "tempo" é uma das palavras-chave do filme. Robin Williams é o robô Andrew, comprado por uma família americana do ano de 2005 para cuidar dos afazeres da casa e entreter as duas meninas. No início, ele não é bem recebido pelo mulher e filhas de Sam Neill, o homem da casa; mas depois, ele passa a ser amado por todos. O que distingue o robô Andrew dos outros robôs fabricados é a capacidade de "gostar", de ter uma personalidade, de se aproximar da complexidade de um ser humano. O filme lembra um pouco A.I. - INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (2001), do Spielberg, só que inferior. Curiosamente Robin Williams fez a voz do Dr. Know no filme de Spielberg. Nesse filme, Columbus fez o seu melhor trabalho, melhor até do que o divertido ESQUECERAM DE MIM (1990). Emocionante a tentativa do robô de se tornar mais e mais humano, tanto exteriormente como interiormente e a passagem do tempo, com Andrew vendo morrer as pessoas que ele gosta. Uma adaptação bem sucedida da obra de Isaac Asimov, ainda que muita gente vá achar lacrimoso ou "padrão Disney". No DVD, de extra, vem apenas um mini-documentário com o "making of" de menos de 5 minutos e uns traillers.
O LUTADOR (The Boxer)
Depois dos sucessos MEU PÉ ESQUERDO (1989) e EM NOME DO PAI (1993), o diretor Jim Sheridan e seu ator preferido, Daniel Day-Lewis, se deram mal nesse terceiro filme juntos. O LUTADOR (1997) é um filme chato, monótono, não vai a lugar nenhum. Ainda por cima desperdiça o talento de dois gigantes da interpretação: Day-Lewis e Emily Watson. Aliás, vou aproveitar aqui pra dizer que eu gosto demais dessa menina. Sua interpretação é arrebatadora em ONDAS DO DESTINO (1996) e em HILARY E JACKY (1998), dois dos meus filmes favoritos dos anos 90. Além de tudo, gosto da beleza dela. Em O LUTADOR ela é a antiga namorada de Day-Lewis, que depois de amargar vários anos na cadeia, volta para a comunidade onde morava. O filme trata das discussões e brigas ridículas entre católicos e protestantes na Irlanda, do problema com a polícia repressora, do IRA, da opressão da cidade de Belfast. Pena que é tudo muito frio e sem emoção. Gravado da TNT.
A TERRA DOS FARAÓS (Land of the Pharaohs)
Ainda que não fosse dirigido pelo Howard Hawks, um dos melhores diretores de Hollywood, A TERRA DOS FARAÓS (1955), com sua história sobre a construção da grande pirâmide Quéops no Egito, já teria motivo suficiente para despertar o interesse do público. Muitas pessoas hoje nem acreditam que seres humanos foram capazes de construir tal obra. Há até teorias que dizem que as pirâmides foram construídas por extra-terrestres, tal a perfeição delas. No filme, há uma trama envolvendo o Faraó e uma de suas escravas, além dos escravos capturados durante batalhas que o faraó promove para conseguir mais e mais ouro e jóias. A construção da pirâmide é idealizada por um desses escravos, que é arquiteto. Muito interessante. Além do mais é Hawks na direção, né? O cara sabe fazer de tudo: filme de gângster (SCARFACE), comédia musical (OS HOMENS PREFEREM AS LOIRAS), western (os filmes com "rio" no título, RIO VERMELHO, RIO BRAVO, RIO LOBO). Ótimo filme. Gravado da Globo.
terça-feira, setembro 09, 2003
FESTIVAL CHARLES BRONSON
De uns tempos pra cá, uma coisa que eu aprendi, pelo menos no que se refere a cinema , foi não ter preconceito com nenhum filme. Acho que o fato ter sido leitor assíduo da saudosa coluna do Reichenbach e de ter conhecido vários amigos cinéfilos muito bacanas em listas de discussão me ajudou a perder esse preconceito. Lembro que antes ficava cismado com vários filmes de ação, por exemplo. Hoje sou capaz de encarar qualquer tipo de filme. Até os filmes de ação mais vagabundos e picaretas. Se bem que não consegui ainda parar pra ver um filme sequer com o Chuck Norris ou o Steven Segal.
Mas Charles Bronson é diferente. Alguns dos filmes que ele participou, eu começava a ver e continuava assistindo até o final. Durante um tempão, DESEJO DE MATAR III era o meu guilty pleasure. Digo "era" porque de uns tempos pra cá, começaram a falar tão bem desse filme, que hoje chego a pensar que ele talvez seja realmente bom. Hehehe.
Bronson fez ótimos filmes, mas em alguns dos melhores, ele não é o protagonista, como os clássicos SETE HOMENS E UM DESTINO (1960), de John Sturges, e ERA UMA VEZ NO OESTE (1968), de Sergio Leone. Um papel bonito dos mais tardios é o do homem velho que, desamparado com a morte da esposa, tira a própria vida. Isso foi no filme UNIDOS PELO SANGUE (1991), de Sean Penn. O papel caiu com uma luva pra Bronson, que tinha perdido a esposa Jill Ireland, também atriz, para o câncer de mama.
Bronson morreu há alguns dias. No dia 30 de agosto, pra ser mais exato. De pneumonia. Mas ele já estava bem debilitado. Estava com o Mal de Alzeheimer. Nem se lembrava mais que tinha sido ator. Rubens Ewald Filho fez uma bonita homenagem a ele no site E-Pipoca. Vale ler.
A Rede Globo homenageou o homem, colocando quatro filmes estrelados por ele no Intercine. Os filmes dão uma boa mostra do que ele fez. Tem filme bom e filme ruim. Comento rapidamente cada um deles.
DESEJO DE MATAR (Death Wish)
Talvez DESEJO DE MATAR (1974) seja o filme mais famoso de Bronson. Eu nunca tinha assistido e gostei bastante. È claro que a história é bem simplista e muita gente acusa o filme de ser fascista e tal, mas é um filme que tem suas qualidades. A vantagem desse filme em relação às suas continuações é que o personagem Paul Kersey, o matador de bandidos, está começando ainda a sua carreira de caça-bandidos. Logo, no começo, ele sente tremedeiras, fica nervoso. Isso torna o personagem de Bronson bem mais humano, diferente do que ele iria se tornar nas outras quatro continuações: um matador frio. O diretor Michael Winner ainda dirigiu duas seqüências do filme. Uma curiosidade: Jeff Goldblum é um dos bandidos que matam a mulher de Bronson no começo do filme.
FUGA AUDACIOSA (Breakout)
Esse filme de 1975 traz Robert Duvall (bem novo e ainda com cabelos) como um homem que é preso injustamente. Sua esposa (Jill Ireland) contrata um homem (Bronson) para tirá-lo da prisão, no México. O filme é muito divertido, especialmente quando mostra as tentativas frustradas de Bronson de tirar o homem da prisão. Mas cá pra nós, que prisão fuleira é aquela que bastar entrar de helicóptero que você leva quem quiser?? hehehe O filme ainda traz no elenco o diretor John Huston, como um dos malvados da história.
DESEJO DE MATAR IV - OPERAÇÃO CRACKDOWN (Death Wish 4: The Crackdown)
DESEJO DE MATAR IV (1987) é o pior filme de Bronson que eu já vi. Horroroso. E dizem que DESEJO DE MATAR V é ainda pior. Uma vergonha. Nesse filme, o matador de bandidos Paul Kersey, vira um verdadeiro terrorista (do bem ?), jogando bombas para explodir vários bandidos de uma só vez. A direção não é mais de Michael Winner, mas de J. Lee Thompson, parceiro de Bronson em vários outros filmes. De qualquer maneira, vale pela cena das duas gangues se degladiando.
À QUEIMA-ROUPA (Family of Cops)
FAMILY OF COPS foi a última série de filmes que Bronson fez. Esse é o primeiro da trilogia, iniciada em 1995. Ainda houve duas continuações, em 1997 e 1999, mas parece que nessa última Bronson estava muito mal de saúde. O filme lembra um pouco séries policiais de tv que enfatizam também os relacionamentos em família. Eu achei o filme surpreendentemente bom. Bronson é o inspetor de polícia que tem dois filhos policiais, uma filha advogada e uma que é maluquinha rebelde. A filha rebelde acorda na cama de um milionário. Ele está morto com um tiro na cabeça. Bronson e a família tenta inocentar a filha e descobrir os verdadeiros assassinos. Em algumas seqüências, o filme chega a ser emocionante. Muito boa a carga dramática, o sentimento de união da família. Gostei do aspecto sereno de Bronson, que curiosamente no filme também era um viúvo. Bom filme de Ted Kotcheff, diretor do bom RAMBO: PROGRAMADO PARA MATAR (1982). Feito para tv.
De uns tempos pra cá, uma coisa que eu aprendi, pelo menos no que se refere a cinema , foi não ter preconceito com nenhum filme. Acho que o fato ter sido leitor assíduo da saudosa coluna do Reichenbach e de ter conhecido vários amigos cinéfilos muito bacanas em listas de discussão me ajudou a perder esse preconceito. Lembro que antes ficava cismado com vários filmes de ação, por exemplo. Hoje sou capaz de encarar qualquer tipo de filme. Até os filmes de ação mais vagabundos e picaretas. Se bem que não consegui ainda parar pra ver um filme sequer com o Chuck Norris ou o Steven Segal.
Mas Charles Bronson é diferente. Alguns dos filmes que ele participou, eu começava a ver e continuava assistindo até o final. Durante um tempão, DESEJO DE MATAR III era o meu guilty pleasure. Digo "era" porque de uns tempos pra cá, começaram a falar tão bem desse filme, que hoje chego a pensar que ele talvez seja realmente bom. Hehehe.
Bronson fez ótimos filmes, mas em alguns dos melhores, ele não é o protagonista, como os clássicos SETE HOMENS E UM DESTINO (1960), de John Sturges, e ERA UMA VEZ NO OESTE (1968), de Sergio Leone. Um papel bonito dos mais tardios é o do homem velho que, desamparado com a morte da esposa, tira a própria vida. Isso foi no filme UNIDOS PELO SANGUE (1991), de Sean Penn. O papel caiu com uma luva pra Bronson, que tinha perdido a esposa Jill Ireland, também atriz, para o câncer de mama.
Bronson morreu há alguns dias. No dia 30 de agosto, pra ser mais exato. De pneumonia. Mas ele já estava bem debilitado. Estava com o Mal de Alzeheimer. Nem se lembrava mais que tinha sido ator. Rubens Ewald Filho fez uma bonita homenagem a ele no site E-Pipoca. Vale ler.
A Rede Globo homenageou o homem, colocando quatro filmes estrelados por ele no Intercine. Os filmes dão uma boa mostra do que ele fez. Tem filme bom e filme ruim. Comento rapidamente cada um deles.
DESEJO DE MATAR (Death Wish)
Talvez DESEJO DE MATAR (1974) seja o filme mais famoso de Bronson. Eu nunca tinha assistido e gostei bastante. È claro que a história é bem simplista e muita gente acusa o filme de ser fascista e tal, mas é um filme que tem suas qualidades. A vantagem desse filme em relação às suas continuações é que o personagem Paul Kersey, o matador de bandidos, está começando ainda a sua carreira de caça-bandidos. Logo, no começo, ele sente tremedeiras, fica nervoso. Isso torna o personagem de Bronson bem mais humano, diferente do que ele iria se tornar nas outras quatro continuações: um matador frio. O diretor Michael Winner ainda dirigiu duas seqüências do filme. Uma curiosidade: Jeff Goldblum é um dos bandidos que matam a mulher de Bronson no começo do filme.
FUGA AUDACIOSA (Breakout)
Esse filme de 1975 traz Robert Duvall (bem novo e ainda com cabelos) como um homem que é preso injustamente. Sua esposa (Jill Ireland) contrata um homem (Bronson) para tirá-lo da prisão, no México. O filme é muito divertido, especialmente quando mostra as tentativas frustradas de Bronson de tirar o homem da prisão. Mas cá pra nós, que prisão fuleira é aquela que bastar entrar de helicóptero que você leva quem quiser?? hehehe O filme ainda traz no elenco o diretor John Huston, como um dos malvados da história.
DESEJO DE MATAR IV - OPERAÇÃO CRACKDOWN (Death Wish 4: The Crackdown)
DESEJO DE MATAR IV (1987) é o pior filme de Bronson que eu já vi. Horroroso. E dizem que DESEJO DE MATAR V é ainda pior. Uma vergonha. Nesse filme, o matador de bandidos Paul Kersey, vira um verdadeiro terrorista (do bem ?), jogando bombas para explodir vários bandidos de uma só vez. A direção não é mais de Michael Winner, mas de J. Lee Thompson, parceiro de Bronson em vários outros filmes. De qualquer maneira, vale pela cena das duas gangues se degladiando.
À QUEIMA-ROUPA (Family of Cops)
FAMILY OF COPS foi a última série de filmes que Bronson fez. Esse é o primeiro da trilogia, iniciada em 1995. Ainda houve duas continuações, em 1997 e 1999, mas parece que nessa última Bronson estava muito mal de saúde. O filme lembra um pouco séries policiais de tv que enfatizam também os relacionamentos em família. Eu achei o filme surpreendentemente bom. Bronson é o inspetor de polícia que tem dois filhos policiais, uma filha advogada e uma que é maluquinha rebelde. A filha rebelde acorda na cama de um milionário. Ele está morto com um tiro na cabeça. Bronson e a família tenta inocentar a filha e descobrir os verdadeiros assassinos. Em algumas seqüências, o filme chega a ser emocionante. Muito boa a carga dramática, o sentimento de união da família. Gostei do aspecto sereno de Bronson, que curiosamente no filme também era um viúvo. Bom filme de Ted Kotcheff, diretor do bom RAMBO: PROGRAMADO PARA MATAR (1982). Feito para tv.
segunda-feira, setembro 08, 2003
O HOMEM DO ANO
Em 1998, José Henrique Fonseca, Arthur Fontes e Cláudio Torres dirigiram em conjunto seu primeiro longa-metragem: TRAIÇÃO, filme em três episódios baseados na obra de Nelson Rodrigues. Eu gostei, mas muita gente torce o nariz para esse cinema luxuoso da Conspiração Filmes. (A Rede Globo depois exibiu os três episódios separadamente com outro título, como se fosse uma produção da emissora. Cara de pau...)
Agora é a vez dos três começarem as suas carreiras-solo. Arthur Fontes dirigiu SURF ADVENTURES - O FILME, documentário sobre surf com imagens bonitas (que eu não assisti.) Cláudio Torres acabou de terminar O REDENTOR, filme com grande elenco (Pedro Cardoso, Miguel Falabela, Fernanda Montenegro, Camila Pitanga, entre outros). E José Henrique Fonseca estréia com o seu O HOMEM DO ANO.
O elenco do filme de Fonseca, filho do grande escritor Rubem Fonseca, é um luxo: Murilo Benício, Cláudia Abreu, Jorge Dória, José Wilker, Agildo Ribeiro, Natália Lage, André Gonçalves, Paulinho Moska, Wagner Moura, Paulo César Pereio, Lázaro Ramos, Mariana Ximenes. Não me lembro de ter visto um filme nacional com um elenco tão cheio de atores famosos. O roteiro foi escrito pelo papai Fonseca, baseado na obra de Patrícia Melo. E tem mais: a trilha sonora é do Dado Villa-Lobos, que já tinha mostrado competência em BUFO & SPALANZANI, filme baseado em obra de Rubem Fonseca. A fotografia do filme em scope chama logo a atenção. Há um cuidado técnico todo especial. Tecnicamente, o filme é ótimo.
Mas como nem tudo é perfeito, o desenvolvimento do filme e a direção irregular comprometem um pouco o resultado final. De qualquer maneira, a história do zé ninguém Máiquel (Murilo Benício), que ganha respeito depois de matar um bandido do bairro, é boa pra caramba. Deu vontade de ler o livro da Patrícia Melo, pra saber o que tem de diferente do filme.
A primeira metade do filme é bem saborosa. Por falar em saborosa, Cláudia Abreu está linda como nunca. E o filme ainda tem a gracinha da Natália Lage e uma aparição sapeca de Mariana Ximenes, como a filha do dentista Jorge Dória. A "trindade satânica" formada por ele, José Wilker e Agildo Ribeiro é muito legal, hein!
Paulo César Pereio, um dos reis da pornochanchada nacional, aparece sempre falando os velhos dizeres de que mulher depois que casa vira um cão etc. Quando engorda, fica feia e chata; quando vai pra academia se cuidar, é porque tá botando chifres no sujeito.
A história lembra um pouco SCARFACE, de Hawks, e OS BONS COMPANHEIROS, do Scorsese. O problema é que José Henrique Fonseca não é nenhum desses grandes. Mas se você for ver o filme sem esperar muita coisa, vai curtir pra caramba. Muito legal essa fase atual do cinema nacional. E a tendência é melhorar.
Em 1998, José Henrique Fonseca, Arthur Fontes e Cláudio Torres dirigiram em conjunto seu primeiro longa-metragem: TRAIÇÃO, filme em três episódios baseados na obra de Nelson Rodrigues. Eu gostei, mas muita gente torce o nariz para esse cinema luxuoso da Conspiração Filmes. (A Rede Globo depois exibiu os três episódios separadamente com outro título, como se fosse uma produção da emissora. Cara de pau...)
Agora é a vez dos três começarem as suas carreiras-solo. Arthur Fontes dirigiu SURF ADVENTURES - O FILME, documentário sobre surf com imagens bonitas (que eu não assisti.) Cláudio Torres acabou de terminar O REDENTOR, filme com grande elenco (Pedro Cardoso, Miguel Falabela, Fernanda Montenegro, Camila Pitanga, entre outros). E José Henrique Fonseca estréia com o seu O HOMEM DO ANO.
O elenco do filme de Fonseca, filho do grande escritor Rubem Fonseca, é um luxo: Murilo Benício, Cláudia Abreu, Jorge Dória, José Wilker, Agildo Ribeiro, Natália Lage, André Gonçalves, Paulinho Moska, Wagner Moura, Paulo César Pereio, Lázaro Ramos, Mariana Ximenes. Não me lembro de ter visto um filme nacional com um elenco tão cheio de atores famosos. O roteiro foi escrito pelo papai Fonseca, baseado na obra de Patrícia Melo. E tem mais: a trilha sonora é do Dado Villa-Lobos, que já tinha mostrado competência em BUFO & SPALANZANI, filme baseado em obra de Rubem Fonseca. A fotografia do filme em scope chama logo a atenção. Há um cuidado técnico todo especial. Tecnicamente, o filme é ótimo.
Mas como nem tudo é perfeito, o desenvolvimento do filme e a direção irregular comprometem um pouco o resultado final. De qualquer maneira, a história do zé ninguém Máiquel (Murilo Benício), que ganha respeito depois de matar um bandido do bairro, é boa pra caramba. Deu vontade de ler o livro da Patrícia Melo, pra saber o que tem de diferente do filme.
A primeira metade do filme é bem saborosa. Por falar em saborosa, Cláudia Abreu está linda como nunca. E o filme ainda tem a gracinha da Natália Lage e uma aparição sapeca de Mariana Ximenes, como a filha do dentista Jorge Dória. A "trindade satânica" formada por ele, José Wilker e Agildo Ribeiro é muito legal, hein!
Paulo César Pereio, um dos reis da pornochanchada nacional, aparece sempre falando os velhos dizeres de que mulher depois que casa vira um cão etc. Quando engorda, fica feia e chata; quando vai pra academia se cuidar, é porque tá botando chifres no sujeito.
A história lembra um pouco SCARFACE, de Hawks, e OS BONS COMPANHEIROS, do Scorsese. O problema é que José Henrique Fonseca não é nenhum desses grandes. Mas se você for ver o filme sem esperar muita coisa, vai curtir pra caramba. Muito legal essa fase atual do cinema nacional. E a tendência é melhorar.
AS FÉRIAS DO SR. HULOT (Les Vacances de M. Hulot)
Tenho vários assuntos pra falar aqui. Então vou tentar contá-los na ordem em que aconteceram. Começarei com o filme de Jacques Tati que assisti no sábado de manhã no Shopping Benfica. Pra começar, fiquei bastante supreso quando vi a sala de cinema lotada pra ver um filme de um diretor pouco popular, em plena Fortaleza ensolarada e quente, onde normalmente as pessoas vão à praia no sábado de manhã. Ver uma sala lotada pra ver filme francês dos anos 50, e em preto e branco, é realmente de se ficar feliz. E dá pra ficar ainda mais feliz sabendo que as pessoas estavam realmente curtindo o filme. Muita gente rindo e até gargalhando das presepadas do Sr. Hulot. (Tudo bem que muita gente era da aluno da Aliança Francesa ou da Cultura Francesa, mas vamos dar um desconto. ) Eu só fui começar a rir a valer depois de meia-hora de filme. É só questão de se adaptar ao humor de Jacques Tati.
Acho que tinha visto um filme de Tati em vídeo. Não lembro se foi ESCOLA DE CARTEIROS (1947) ou AS AVENTURAS DE M. HULOT NO TRÁFEGO LOUCO (1971). Mas o ruim de ver filme dele na telinha é que a gente perde os detalhes. Ou vê tudo muito pequeno. O filme tem que ser visto na telona pra ver os detalhes ao fundo e todo o trabalho minucioso que o homem fazia. E ele era um mestre dos detalhes e um perfeccionista do nível de um Kubrick. Um de seus últimos filmes, PLAYTIME (1967), levou nove anos para ser finalizado, por exemplo.
AS FÉRIAS DO SR. HULOT (1953) é uma delícia de comédia que resgata o melhor da comédia muda de Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd. O filme não é propriamente mudo, mas é como se fosse. Tati trabalha com pouquíssimos diálogos, com situações cômicas tendendo mais para o humor físico e um ótimo uso do som e da sonoplastia. A música insistente do filme dá um ar bem relax durante todo o filme. Mas o melhor mesmo são as piadas visuais. Tem a cena do "tubarão", do jogo de tênis (essa eu gargalhei mesmo.hehehhehe), a do sorveteiro, da pintura da canoa, do jogo de cartas. Excelente.
Se tudo der certo, no próximo sábado verei MEU TIO (1958), considerado por muitos a obra-prima de Tati.
Tenho vários assuntos pra falar aqui. Então vou tentar contá-los na ordem em que aconteceram. Começarei com o filme de Jacques Tati que assisti no sábado de manhã no Shopping Benfica. Pra começar, fiquei bastante supreso quando vi a sala de cinema lotada pra ver um filme de um diretor pouco popular, em plena Fortaleza ensolarada e quente, onde normalmente as pessoas vão à praia no sábado de manhã. Ver uma sala lotada pra ver filme francês dos anos 50, e em preto e branco, é realmente de se ficar feliz. E dá pra ficar ainda mais feliz sabendo que as pessoas estavam realmente curtindo o filme. Muita gente rindo e até gargalhando das presepadas do Sr. Hulot. (Tudo bem que muita gente era da aluno da Aliança Francesa ou da Cultura Francesa, mas vamos dar um desconto. ) Eu só fui começar a rir a valer depois de meia-hora de filme. É só questão de se adaptar ao humor de Jacques Tati.
Acho que tinha visto um filme de Tati em vídeo. Não lembro se foi ESCOLA DE CARTEIROS (1947) ou AS AVENTURAS DE M. HULOT NO TRÁFEGO LOUCO (1971). Mas o ruim de ver filme dele na telinha é que a gente perde os detalhes. Ou vê tudo muito pequeno. O filme tem que ser visto na telona pra ver os detalhes ao fundo e todo o trabalho minucioso que o homem fazia. E ele era um mestre dos detalhes e um perfeccionista do nível de um Kubrick. Um de seus últimos filmes, PLAYTIME (1967), levou nove anos para ser finalizado, por exemplo.
AS FÉRIAS DO SR. HULOT (1953) é uma delícia de comédia que resgata o melhor da comédia muda de Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd. O filme não é propriamente mudo, mas é como se fosse. Tati trabalha com pouquíssimos diálogos, com situações cômicas tendendo mais para o humor físico e um ótimo uso do som e da sonoplastia. A música insistente do filme dá um ar bem relax durante todo o filme. Mas o melhor mesmo são as piadas visuais. Tem a cena do "tubarão", do jogo de tênis (essa eu gargalhei mesmo.hehehhehe), a do sorveteiro, da pintura da canoa, do jogo de cartas. Excelente.
Se tudo der certo, no próximo sábado verei MEU TIO (1958), considerado por muitos a obra-prima de Tati.
sexta-feira, setembro 05, 2003
A MALDIÇÃO DE FRANKENTEIN (The Curse of Frankenstein)
Ontem eu vi numa cópia feita pelo Fab Rib (essa fita rendeu...hehehe) A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN (1957), produção da Hammer, que na época resgatava os monstros clássicos filmados pela Universal nos anos 30 (Drácula, a múmia, Frankenstein) e os atualizava para as novas platéias.
Como não cheguei a ver o FRANKENSTEIN de 1931, minha comparação é com o desastroso filme dirigido pelo Keneth Branagh em 1994. Perto do filme do Branagh, essa versão da Hammer, dirigida pelo Terence Fisher, dá de dez. Consegue até ser um pouco mais verossímil, coisa que é bastante difícil nessa história da Mary Shelley, que está mais para uma fábula sobre a tentativa desastrosa do homem de tentar ser igual a Deus do que realmente um filme de ficção científica. Como a história da Torre de Babel da Bíblia, por exemplo.
Mas no cinema, e em especial nessa produção, essa moral da história fica em segundo plano. O que vale são as cenas, as imagens, as interpretações e a capacidade de entreter ou emocionar a platéia. A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN cumpre bem esse papel. Mas com um diretor como Fisher e a dupla de celebridades Peter Cushing e Christopher Lee não poderia ser diferente. Interessante que assim como em DRÁCULA: O PRÍNCIPE DAS TREVAS (1965), Christopher Lee não emite uma palavra sequer no papel da criatura. Ainda assim ele é bem expressivo.
Não lembro no filme de Branagh se o Dr. Frankenstein chegava a matar para conseguir partes do corpo para compor a criatura. Por isso, nesse filme, essa parte chegou a me surpreender.
Ainda assim, o melhor filme de Frankenstein que eu assisti continua sendo disparado FRANKENSTEIN: O MONSTRO DAS TREVAS (1990), de Roger Corman, que não é uma adaptação do livro da Mary Shelley, e envolve uma viagem no tempo e traz a própria Mary Shelley, interpretada por Bridget Fonda, participando da história. Esse filme do Corman é muito foda. E o cara tinha passado mais de vinte anos sem dirigir nada.
*************
Na mesma fita que tinha o FRANKENSTEIN estavam gravados curtas do Eduardo Aguilar e do André Kapel. Acho difícil comentar curtas, mas vou tentar:
OS ÚLTIMOS DIAS DO PAPAI NOEL
Divertido filme que parece ter sido inspirado diretamente na música dos Garotos Podres. Ótima a seleção das músicas. Inclusive tem faixa do Euthanasia do Heráclito também. Muito boa a inclusão da música nas cenas. Dá um gás e um ritmo no trabalho que só vendo. O vídeo mostra o lado fã de terror do Aguilar, diferente das suas incursões mais pessoais e introspectivas anteriores (PUTA SOLIDÃO e DIAS CINZENTOS). Ótima edição. Sem falar que a tal música do Papai Noel é bem contestadora e manda à merda o "bom velhinho", que só dá presente pros ricos. Hehehehe
ATO 13
Vídeo do André Kapel de apenas dois minutos e que introduz um livro misterioso que vai ser importante para o próximo curta dele.
NOTURNO
Continuação de ATO 13. Caramba!! Fiquei realmente surpreso com a qualidade do filme. Tanto no que se refere à atmosfera quanto com relação aos efeitos e à qualidade da produção. A Samantha, a atriz do filme, é muito boa, hein. Seria o Kapel o Shyamalan brasileiro?? (Nem sei se ele vai gostar dessa comparação. hehehe)
HOTEL
Esse curta infelizmente tava no finzinho da fita e não pude ver como termina. Achei o clima, o visual, os efeitos, tudo muito legal. Mas tem uma coisa bem Lucio Fulci: trama confusa. O que tem dentro daqueles vidrinhos? O que acontece com as pessoas? Viram zumbis? Por que aquele cara usa uma máscara? Não achei tão bom quanto NOTURNO, mas é coisa fina também. Se bem que se eu tivesse visto o final talvez entendesse tudo.
Parabéns para o Aguilar e para o Kapel!!! O futuro do nosso cinema está em boas mãos.
Ontem eu vi numa cópia feita pelo Fab Rib (essa fita rendeu...hehehe) A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN (1957), produção da Hammer, que na época resgatava os monstros clássicos filmados pela Universal nos anos 30 (Drácula, a múmia, Frankenstein) e os atualizava para as novas platéias.
Como não cheguei a ver o FRANKENSTEIN de 1931, minha comparação é com o desastroso filme dirigido pelo Keneth Branagh em 1994. Perto do filme do Branagh, essa versão da Hammer, dirigida pelo Terence Fisher, dá de dez. Consegue até ser um pouco mais verossímil, coisa que é bastante difícil nessa história da Mary Shelley, que está mais para uma fábula sobre a tentativa desastrosa do homem de tentar ser igual a Deus do que realmente um filme de ficção científica. Como a história da Torre de Babel da Bíblia, por exemplo.
Mas no cinema, e em especial nessa produção, essa moral da história fica em segundo plano. O que vale são as cenas, as imagens, as interpretações e a capacidade de entreter ou emocionar a platéia. A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN cumpre bem esse papel. Mas com um diretor como Fisher e a dupla de celebridades Peter Cushing e Christopher Lee não poderia ser diferente. Interessante que assim como em DRÁCULA: O PRÍNCIPE DAS TREVAS (1965), Christopher Lee não emite uma palavra sequer no papel da criatura. Ainda assim ele é bem expressivo.
Não lembro no filme de Branagh se o Dr. Frankenstein chegava a matar para conseguir partes do corpo para compor a criatura. Por isso, nesse filme, essa parte chegou a me surpreender.
Ainda assim, o melhor filme de Frankenstein que eu assisti continua sendo disparado FRANKENSTEIN: O MONSTRO DAS TREVAS (1990), de Roger Corman, que não é uma adaptação do livro da Mary Shelley, e envolve uma viagem no tempo e traz a própria Mary Shelley, interpretada por Bridget Fonda, participando da história. Esse filme do Corman é muito foda. E o cara tinha passado mais de vinte anos sem dirigir nada.
*************
Na mesma fita que tinha o FRANKENSTEIN estavam gravados curtas do Eduardo Aguilar e do André Kapel. Acho difícil comentar curtas, mas vou tentar:
OS ÚLTIMOS DIAS DO PAPAI NOEL
Divertido filme que parece ter sido inspirado diretamente na música dos Garotos Podres. Ótima a seleção das músicas. Inclusive tem faixa do Euthanasia do Heráclito também. Muito boa a inclusão da música nas cenas. Dá um gás e um ritmo no trabalho que só vendo. O vídeo mostra o lado fã de terror do Aguilar, diferente das suas incursões mais pessoais e introspectivas anteriores (PUTA SOLIDÃO e DIAS CINZENTOS). Ótima edição. Sem falar que a tal música do Papai Noel é bem contestadora e manda à merda o "bom velhinho", que só dá presente pros ricos. Hehehehe
ATO 13
Vídeo do André Kapel de apenas dois minutos e que introduz um livro misterioso que vai ser importante para o próximo curta dele.
NOTURNO
Continuação de ATO 13. Caramba!! Fiquei realmente surpreso com a qualidade do filme. Tanto no que se refere à atmosfera quanto com relação aos efeitos e à qualidade da produção. A Samantha, a atriz do filme, é muito boa, hein. Seria o Kapel o Shyamalan brasileiro?? (Nem sei se ele vai gostar dessa comparação. hehehe)
HOTEL
Esse curta infelizmente tava no finzinho da fita e não pude ver como termina. Achei o clima, o visual, os efeitos, tudo muito legal. Mas tem uma coisa bem Lucio Fulci: trama confusa. O que tem dentro daqueles vidrinhos? O que acontece com as pessoas? Viram zumbis? Por que aquele cara usa uma máscara? Não achei tão bom quanto NOTURNO, mas é coisa fina também. Se bem que se eu tivesse visto o final talvez entendesse tudo.
Parabéns para o Aguilar e para o Kapel!!! O futuro do nosso cinema está em boas mãos.
quarta-feira, setembro 03, 2003
A MARCA DA PANTERA (Cat People)
Assisti dia desses A MARCA DA PANTERA (1982), do Paul Schrader. Já tinha visto quando criança na Globo, mas não me lembrava mais de nada. Mas acredito que a versão que passou na tv não mostrou a nudez frontal de Nastassja Kinski (dessa vez eu não erro mais o nome da moça). Também não lembro se passou sem cortes a cena da pantera (ou é puma? Ou leopardo?) arrancando o braço de um sujeito. Que cena forte, hein!?!
Bom, dizem que o CAT PEOPLE original (SANGUE DE PANTERA,1942) é bem melhor. É um dos preferidos do Scorsese e tal. Mas quando é que alguma distribuidora vai lançar isso aqui?? Alguma boato sobre o lançamento em DVD no Brasil?
O filme do Schrader é bem bonito. Tem imagens belíssimas, um vermelho que remete a SUSPIRIA, do Argento. Se eu não me engano, o filme seguinte dele, MISHIMA (1985), também tem vermelhos fortes e outras cores como numa pintura. Por falar em MISHIMA, vendo os extras do DVD soube que depois que Schrader filmou A MARCA DA PANTERA, um monte de coisas deu errado na vida dele. Ele até se separou da mulher (parece que por ter se envolvido com a Nastassja) e foi parar no Japão pra pensar sobre a vida. Foi lá que ele teve a idéia de fazer MISHIMA. E quando ele voltou para os EUA, nunca mais trabalhou para grandes estúdios, com muito dinheiro. Só em esquema independente. Ele mesmo encara isso como se fosse uma maldição do filme. Mas o interessante disso tudo é que recentemente ele foi despedido da filmagem de EXORCISTA IV, uma seqüência de um dos filmes de terror mais malditos que existem. Ele deve estar bem cismado com tudo isso.
Aparentemente o filme é uma variação dos filmes de lobisomens, só que com panteras. Mas a sexualidade é mais forte em CAT PEOPLE do que nos filmes sobre lobos. A cena da transformação é boa, mas perde para os efeitos de O LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES, para comparar com um filme da mesma década.
O dvd da Universal está como todo dvd deveria estar: com montes de extras. Há duas entrevistas com o diretor. Uma de 1982, quando ele tinha acabado de fazer o filme e outra de 2000. Os documentários são do mesmo cara que fez os especiais para os dvds do Hitchcock e para A NOITE AMERICANA, do Truffaut. Quer dizer, sinônimo de coisa fina. Há ainda mini-documentário com o técnico de efeitos especiais e entrevista com Robert Wise, diretor de THE CURSE OF CAT PEOPLE (1944), continuação do CAT PEOPLE original. Gostei das fotos mostradas ao som da música tema de David Bowie. Há também comentário em áudio do Schrader (única coisa que eu não vi). Tudo legendado em português. A Universal parece que tem feito os melhores dvds do mercado.
Assisti dia desses A MARCA DA PANTERA (1982), do Paul Schrader. Já tinha visto quando criança na Globo, mas não me lembrava mais de nada. Mas acredito que a versão que passou na tv não mostrou a nudez frontal de Nastassja Kinski (dessa vez eu não erro mais o nome da moça). Também não lembro se passou sem cortes a cena da pantera (ou é puma? Ou leopardo?) arrancando o braço de um sujeito. Que cena forte, hein!?!
Bom, dizem que o CAT PEOPLE original (SANGUE DE PANTERA,1942) é bem melhor. É um dos preferidos do Scorsese e tal. Mas quando é que alguma distribuidora vai lançar isso aqui?? Alguma boato sobre o lançamento em DVD no Brasil?
O filme do Schrader é bem bonito. Tem imagens belíssimas, um vermelho que remete a SUSPIRIA, do Argento. Se eu não me engano, o filme seguinte dele, MISHIMA (1985), também tem vermelhos fortes e outras cores como numa pintura. Por falar em MISHIMA, vendo os extras do DVD soube que depois que Schrader filmou A MARCA DA PANTERA, um monte de coisas deu errado na vida dele. Ele até se separou da mulher (parece que por ter se envolvido com a Nastassja) e foi parar no Japão pra pensar sobre a vida. Foi lá que ele teve a idéia de fazer MISHIMA. E quando ele voltou para os EUA, nunca mais trabalhou para grandes estúdios, com muito dinheiro. Só em esquema independente. Ele mesmo encara isso como se fosse uma maldição do filme. Mas o interessante disso tudo é que recentemente ele foi despedido da filmagem de EXORCISTA IV, uma seqüência de um dos filmes de terror mais malditos que existem. Ele deve estar bem cismado com tudo isso.
Aparentemente o filme é uma variação dos filmes de lobisomens, só que com panteras. Mas a sexualidade é mais forte em CAT PEOPLE do que nos filmes sobre lobos. A cena da transformação é boa, mas perde para os efeitos de O LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES, para comparar com um filme da mesma década.
O dvd da Universal está como todo dvd deveria estar: com montes de extras. Há duas entrevistas com o diretor. Uma de 1982, quando ele tinha acabado de fazer o filme e outra de 2000. Os documentários são do mesmo cara que fez os especiais para os dvds do Hitchcock e para A NOITE AMERICANA, do Truffaut. Quer dizer, sinônimo de coisa fina. Há ainda mini-documentário com o técnico de efeitos especiais e entrevista com Robert Wise, diretor de THE CURSE OF CAT PEOPLE (1944), continuação do CAT PEOPLE original. Gostei das fotos mostradas ao som da música tema de David Bowie. Há também comentário em áudio do Schrader (única coisa que eu não vi). Tudo legendado em português. A Universal parece que tem feito os melhores dvds do mercado.
segunda-feira, setembro 01, 2003
PECKINPAH, O. RUSSEL E ALMODÓVAR
Uma boa pedida pra quem quer ver filmes pagando barato é locar na King Vídeo (ah se eles me pagassem por essa propaganda). Lá o acervo não é tão bom quanto o da Distrivideo, mas o preço é bem melhor. Vhs, 1 pila; Dvd, 2 pilas. Levei três fitas e um dvd por apenas 5 pilas. Aluguei três filmes que eu deveria ter visto há tempos. O comentário sobre o dvd de A MARCA DA PANTERA fica pra próxima vez. Seguem os comentários das hoje desprezadas fitinhas em vhs.
CRUZ DE FERRO (Cross of Iron)
Sam Peckinpah, o mestre da violência, comanda esse ótimo filme de guerra narrado do ponto de vista dos alemães. Diretor dos festejados MEU ÓDIO SERÁ TUA HERANÇA (1969), A MORTE NÃO MANDA RECADO (1970), SOB O DOMÍNIO DO MEDO (1971) e TRAGA-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA (1974), entre outros, Peckinpah é influência até hoje para os novos nomes do cinema de ação. Acho que o maior discípulo dele hoje é John Woo, que usa nos seus filmes a câmera lenta nas seqüências de tiros, assim como o sangue sendo cuspido na tela.
CRUZ DE FERRO (1977) traz James Coburn como o Sargento Steiner, um homem que abomina os chamados caçadores da cruz de ferro. A cruz de ferro é um brasão (é esse o nome?) que é o símbolo da bravura dos oficiais enviados para a guerra. Como se fosse uma medalha de honra ao mérito. Maximilliam Schell, como o Capitão Stransky, é um desses caçadores, que sobrevive graças à sua covardia, ao enviar apenas os seus subordinados para o combate. Ainda assim, é canalha o suficiente pra querer a tal cruz de ferro. Mas pra isso ele enfrenta a determinação de Steiner. A história acontece em 1941, com a Alemanha prestes a desistir da guerra, e perdendo as batalhas para os russos. Como um dos personagens dizem em certo momento do filme: o império alemão já não luta para vencer, mas para sobreviver. Era essa a situação dramática do momento. Em outra seqüência, Steiner se pergunta se um dia os outros países vão perdoar o que os alemães fizeram.
O filme tem muitas seqüências de lutas, excelentes diálogos, ótimo elenco e a direção poderosa de Peckinpah. Há um belo discurso anti-bélico, ao mesmo tempo em que é mostrada a obsessão dos homens pela guerra. A mulher de Steiner, em rápida aparição no filme, pergunta pra ele se o seu desejo de voltar para a guerra é por medo de descobrir o que ele é de verdade sem ela (a guerra). Até lembrei de uma entrevista de Susan Sontag sobre a vontade (ou necessidade?) do homem de fazer guerra, numa recente edição da revista Veja.
Filmão esse do Peckinpah.
A MÃO DO DESEJO (Spanking the Monkey)
Filme de 1994 de David O. Russell, diretor do ótimo TRÊS REIS (1999). E só não vou dizer que é melhor porque os filmes são de gêneros distintos. Ainda não sei se há autoralidade na obra de Russell, se há pontos em comum entre os dois filmes. A MÃO DO DESEJO é um filme que fala sobre a opressão da família sobre um rapaz. È um filme ousado. Trata do tema do incesto de maneira original. Não tenta utilizar do tema para colocar cenas de sexo como AMOR, ESTRANHO AMOR, do Khouri (filme que, aliás, eu gosto pra caramba). Russel mostra mais o inferno que é viver na pele do personagem de Jeremy Davies, que não consegue nem se masturbar em casa, porque o cachorro que ele tem de tomar conta não deixa. Resultado: ele acaba comendo a própria mãe. Hehehhe. Pior é que a mãe dele é mesmo bonita. Jeremy Davies já tinha feito um papel parecido em INDO ATÉ O FIM (1997), de Mark Pellington. Ele tem mesmo uma cara de gente perturbada. Ótimo filme.
A FLOR DO MEU SEGREDO (La Flor de Mi Secreto)
Em 1995, Pedro Almodóvar iniciou a sua fase mais brilhante: a fase atual. Depois de A FLOR DO MEU SEGREDO(1995), o cara cometeu as três obras-primas de sua carreira: CARNE TRÊMULA(1997), TUDO SOBRE MINHA MÃE(1999) e FALE COM ELA(2002). Este último é o meu favorito dele. E um dos melhores filmes que eu já vi na vida.
A FLOR DO MEU SEGREDO se não tem o brilhantismo dos três filmes antecipa várias coisas. Há até uma cena de ballet que lembra na hora o comecinho de FALE COM ELA. Almodóvar começou a fazer menos comédias e ser mais "sério" com esse filme. A partir desse filme ele se tornou um mestre em melodramas sofisticados.
No filme, Marisa Paredes é uma escritora de livros sentimentais que sofre com o abandono e o desprezo do marido. Chega a incomodar o amor excessivo que ela tem pelo cara, que não lhe dá a mínima. Mas por mais que em certos momentos eu deseje que ela mande ele ir pra puta que o pariu, não dá pra ficar indiferente à cena em que ela vai pro bar e na televisão pássa uma mulher cantando uma dessas canções latinas meio cafonas sobre abandono e dor de cotovelo. E ela chora pra caramba. Por falar em canções, o filme termina com a voz de Caetano Veloso. Taí mais um ponto em comum deste filme com FALE COM ELA. Filme indispensável pra quem curte os filmes do maior diretor espanhol da atualidade.
PIRATAS DO CARIBE (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl)
Esse acabou sendo o único filme que vi no cinema no fim de semana. No sábado fui para a Praia de Iracema com o Santiago, a Aleksandra e a Arisia. Só mesmo pra dar uma volta e tomar uns chopes. Teve até uma sessão de fotos da câmera digital chique dele. Hehehe.
O filme que eu mais tava a fim de ver era mesmo QUEM SABE, do Jacques Rivette, mas o filme é um pouco longo e a sessão é tarde pra mim, que não tenho carro. Quem sabe....eu vejo se colocarem em outro horário na próxima semana...
PIRATAS DO CARIBE é um filme legal, mas não me conquistou. Talvez eu estivesse meio incomodado com o calor que batia na sala de cinema, que tava lotada. Acho que em algumas salas de cinema o povo conserva o hábito de desligar o ar condicionado no meio da projeção. Herança da fase "apagão". Não deviam fazer isso quando a sala estiver cheia.
Vamos às coisas boas do filme: Johnny Depp é sempre original. O personagem dele, o capitão Jack Sparrow, é muito legal. Principalmente pelo fato de ele não tentar ser agradável. Ele é propositalmente desagradável com aquela voz de bêbado o tempo todo, mas ainda assim recebe a simpatia do público. Diferente de Orlando Bloom, que faz um papel mais certinho e fica apagado diante de Depp e da musa do filme: Keira Knightley (ô nomezinho ruim de escrever), que é uma gracinha. Onde foi encontraram ela, hein? Ela tem um rosto que lembra Winona Rider. Vendo no IMDB vi que ela estava no elenco de O BURACO, mas meio que passou desapercebida por mim.Também estava num papel pequeno em STAR WARS: EPISÓDIO I.
Os efeitos especiais são bons e o filme é movimentado. Mas confesso que eu fico meio aborrecido com tanto clichê de filme de ação, aquela música empurrando as cenas de ação etc.. Prefiro filmes menos redondos, mais tortos, mas que ofereçam uma experiência diferente.
Quanto a Gore Verbinski, provou-se que ele não é autor. Apenas um bom diretor que teve a sorte de dirigir um filmão como O CHAMADO.
Esse acabou sendo o único filme que vi no cinema no fim de semana. No sábado fui para a Praia de Iracema com o Santiago, a Aleksandra e a Arisia. Só mesmo pra dar uma volta e tomar uns chopes. Teve até uma sessão de fotos da câmera digital chique dele. Hehehe.
O filme que eu mais tava a fim de ver era mesmo QUEM SABE, do Jacques Rivette, mas o filme é um pouco longo e a sessão é tarde pra mim, que não tenho carro. Quem sabe....eu vejo se colocarem em outro horário na próxima semana...
PIRATAS DO CARIBE é um filme legal, mas não me conquistou. Talvez eu estivesse meio incomodado com o calor que batia na sala de cinema, que tava lotada. Acho que em algumas salas de cinema o povo conserva o hábito de desligar o ar condicionado no meio da projeção. Herança da fase "apagão". Não deviam fazer isso quando a sala estiver cheia.
Vamos às coisas boas do filme: Johnny Depp é sempre original. O personagem dele, o capitão Jack Sparrow, é muito legal. Principalmente pelo fato de ele não tentar ser agradável. Ele é propositalmente desagradável com aquela voz de bêbado o tempo todo, mas ainda assim recebe a simpatia do público. Diferente de Orlando Bloom, que faz um papel mais certinho e fica apagado diante de Depp e da musa do filme: Keira Knightley (ô nomezinho ruim de escrever), que é uma gracinha. Onde foi encontraram ela, hein? Ela tem um rosto que lembra Winona Rider. Vendo no IMDB vi que ela estava no elenco de O BURACO, mas meio que passou desapercebida por mim.Também estava num papel pequeno em STAR WARS: EPISÓDIO I.
Os efeitos especiais são bons e o filme é movimentado. Mas confesso que eu fico meio aborrecido com tanto clichê de filme de ação, aquela música empurrando as cenas de ação etc.. Prefiro filmes menos redondos, mais tortos, mas que ofereçam uma experiência diferente.
Quanto a Gore Verbinski, provou-se que ele não é autor. Apenas um bom diretor que teve a sorte de dirigir um filmão como O CHAMADO.
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