CÓDIGOS, DRAGÕES E REVISÕES
Vou aproveitar um pouco o tempo que eu tenho pra comentar os filmes do fim de semana:
CÓDIGOS DE GUERRA (Windtalkers)
Bom filme do John Woo, mas bem que podia ser melhor. Da fase americana, não é dos melhores. Dá impressão que o filme poderia ter uma duração menor, a mesma impressão que eu tive quando assisti MISSÃO IMPOSSÍVEL 2. E Nicolas Cage nunca foi mesmo um grande ator. Nos filmes ele passa a sensação de que está se divertindo nas filmagens. Mesmo fazendo o papel de um fuzileiro naval bem enjoado ele parece estar se divertindo, brincando de filme de guerra. Na história, ele é o responsável em proteger um índio navajo que é capaz de passar códigos via rádio baseados na língua indígena. Acontece que a missão dele é um pouco mais difícil do que a gente imagina no começo do filme.
REINO DE FOGO (Reign of Fire)
Não senti medo dos dragões, nem simpatizei com os heróis. Daí já dá pra saber que eu não curti o filme. O mais interessante no filme são os métodos kamikazi do grupo de Matthew Mchoney (ih, aboiolei o nome do rapaz..hehhe). Aquele salto do helicóptero dos "arcanjos" é a melhor sequencia do filme. Outro destaque é Christian Bale, que consegue ser totalmente diferente nos personagens que ele interpreta. Basta comparar com PSICOPATA AMERICANO e VELVET GOLDMINE, só pra citar alguns. (Citar O IMPÉRIO DO SOL, com ele ainda garotinho não vale.) No mais, é filme normal de ação com efeitos especiais e com final insatisfatório e entendiante.
Na tela pequena, o fim de semana foi de revisões, filmes que eu já tinha visto.
O CÉU QUE NOS PROTEGE (The Sheltering Sky)
Antes de tudo: eu adoro esse filme. Tentei resistir e não comprar o DVD de banca (o dinheiro tá escasso), mas não deu. A qualidade visual está boa, mas deu impressão que uma fotografia de primeira daquelas do Vittorio Storaro poderia estar ainda mais bonita se o tratamento dado ao DVD fosse melhor. Achei um pouco escura a imagem. Mas não vou reclamar. É muito melhor do que ter um VHS em full screen. Esse DVD está em widescreen, com opção pan&scan. É um filme belíssimo. Quando tem diálogos é bom, quando os diálogos ficam entalados na garganta dos personagens é melhor ainda. Uma viagem pela África da beleza natural e pobreza social. Viagem pra dentro e por fora.
FORÇA SINISTRA (Lifeforce)
Uma beleza esse filme do Tobe Hopper. Assisti a versão mutilada que passou na Globo dia desses. É de dar raiva. Lembro que eu vi esse filme quando criança e o sangue não ficava muito tempo na cabeça por causa da Matilda May passeando nua no início do filme. Aí, depois de velho, assisto o filme sem direito a ver a moça nua? Um verdadeiro desrespeito ao filme e ao espectador. Mas depois de passada a raiva, a história envolvente dos aliens, os efeitos especiais datados e a atmosfera de tensão ainda conquistam.
quarta-feira, outubro 30, 2002
quarta-feira, outubro 23, 2002
CIDADE DOS HOMENS
Pra completar os comentários de filmes da semana, algumas linhas sobre CIDADE DOS HOMENS, a série de episódios que passou na Globo de terça a sexta-feira da semana passada.
O legal desses episódios é o fato de terem trazido mais humanidade para aquele clima pesado e de contagem de corpos de CIDADE DE DEUS.
A COROA DO IMPERADOR, de César Charlone
Esse é talvez o mais fraco dos quatro episódios. Como Jorge Furtado participa no roteiro, nota-se logo a sua influência na parte didática da trama. Na história, Laranjinha e Acerola tem de conseguir R$ 6,50 para ir a um passeio da escola e ver a coroa do imperador D. Pedro.
O CUNHADO DO CARA, de Kátia Lundi e Paulo Lins
Nesse episódio, Acerola, depois que fica sabendo que a irmã está namorando um líder do tráfico da favela, faz pose de manda-chuva para os colegas que antes o ridiculizavam e humilhavam. O filme é uma mistura de comédia com tragédia.
O MAPA DA MINA, de Kátia Lundi e Paulo Lins
O mais engraçado dos quatro e também um dos mais interessantes. Uma coisa que às vezes a gente não se toca é saber como é que os correios mandam cartas praquelas casas sem número nem rua em algumas favelas. Nesse episódio, Acerola e Laranjinha vão trabalhar de carteiros, sendo que quem paga os serviços são os traficantes. Engraçado quando eles vão à procura do remetente de uma carta rejeitada.
UÓLACE E JOÃO VÍTOR, de Fernando Meireles e Regina Casé
O melhor, mais triste e mais emocionante dos episódios. Faz-se um paralelo entre a vida de um jovem pobre da favela (Uólace, nome de batismo de Laranjinha) e um rapaz de classe média. Impressionante como os dois têm em comum, apesar das diferenças sociais. E você compartilhar da vida de um garoto pobre que acorda sem dinheiro e sem comida em sua casa é foda. Emocionante o final ao som de "Tempo Perdido", da Legião Urbana.
Se CIDADE DE DEUS não cumpriu esse papel social, tão cobrado pelos detratores, taí o CIDADE DOS HOMENS pra calar quem falou mal do filme do Meirelles.
Pra completar os comentários de filmes da semana, algumas linhas sobre CIDADE DOS HOMENS, a série de episódios que passou na Globo de terça a sexta-feira da semana passada.
O legal desses episódios é o fato de terem trazido mais humanidade para aquele clima pesado e de contagem de corpos de CIDADE DE DEUS.
A COROA DO IMPERADOR, de César Charlone
Esse é talvez o mais fraco dos quatro episódios. Como Jorge Furtado participa no roteiro, nota-se logo a sua influência na parte didática da trama. Na história, Laranjinha e Acerola tem de conseguir R$ 6,50 para ir a um passeio da escola e ver a coroa do imperador D. Pedro.
O CUNHADO DO CARA, de Kátia Lundi e Paulo Lins
Nesse episódio, Acerola, depois que fica sabendo que a irmã está namorando um líder do tráfico da favela, faz pose de manda-chuva para os colegas que antes o ridiculizavam e humilhavam. O filme é uma mistura de comédia com tragédia.
O MAPA DA MINA, de Kátia Lundi e Paulo Lins
O mais engraçado dos quatro e também um dos mais interessantes. Uma coisa que às vezes a gente não se toca é saber como é que os correios mandam cartas praquelas casas sem número nem rua em algumas favelas. Nesse episódio, Acerola e Laranjinha vão trabalhar de carteiros, sendo que quem paga os serviços são os traficantes. Engraçado quando eles vão à procura do remetente de uma carta rejeitada.
UÓLACE E JOÃO VÍTOR, de Fernando Meireles e Regina Casé
O melhor, mais triste e mais emocionante dos episódios. Faz-se um paralelo entre a vida de um jovem pobre da favela (Uólace, nome de batismo de Laranjinha) e um rapaz de classe média. Impressionante como os dois têm em comum, apesar das diferenças sociais. E você compartilhar da vida de um garoto pobre que acorda sem dinheiro e sem comida em sua casa é foda. Emocionante o final ao som de "Tempo Perdido", da Legião Urbana.
Se CIDADE DE DEUS não cumpriu esse papel social, tão cobrado pelos detratores, taí o CIDADE DOS HOMENS pra calar quem falou mal do filme do Meirelles.
terça-feira, outubro 22, 2002
STANLEY KUBRICK: IMAGENS DE UMA VIDA (Stanley Kubrick: a life in pictures)
Vi no fim de semana o documentário STANLEY KUBRICK: IMAGENS DE UMA VIDA. Emocionante. O documentário tem depoimentos de atores que trabalharam com Kubrick (Tom Cruise, Jack Nicholson, Keir Dullea, Nicole Kidman, Matthew Modine...) e outros diretores da pesada (Martin Scorsese, Woody Allen, Steven Spielberg, Alan Parker).
Bom também ver cenas de cada um de seus filmes. Os primeiros filmes dele eu não vou comentar. Não me lembro muito bem do que o documentário mostrou, talvez por não ter visto ainda (infelizmente) esses filmes. Comento a partir de SPARTACUS:
1960 - SPARTACUS
Nesse filme, Kubrick não se sentiu bem em não controlar o corte final e ser sujeito às imposições do ator e produtor Kirk Douglas. Era Douglas que mandava. Mas o filme ainda assim ficou muito bom, ainda que não mostre o traço da genialidade do homem. Um detalhe que mencionaram foi o fato de o filme não falar sobre Jesus, de não ser um filme cristão como Ben-Hur, por exemplo.
1962 - LOLITA
Com Lolita, Kubrick teve a sua primeira polêmica. Eu, como vi o filme depois da refilmagem de Adrian Lyne, acabei achando fraco no que se refere a cenas apimentadas. Ele até que é bem sutil. Kubrick teve que se sujeitar à censura. Depois de terminado ele disse que acharia melhor não ter feito, se é pra ser cortado. Uma coisa que me incomodou no filme foi o personagem de James Mason. Não dá pra simpatizar com aquele cara. Mas vai ver que era pra ser assim mesmo.
1964 - DR. FANTÁSTICO
Legal ver Scorsese todo entusiasmado ao falar sobre essa obra-prima. Pra mim, um dos 5 favoritos da filmografia de Kubrick. Scorsese dizia que um filme que começava daquele jeito, tudo podia acontecer. E a verdade é que um final daqueles com um maluco em cima de um míssil ninguém poderia prever. Sensacional.
1968 - 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO
De arrepiar. Antigamente eu costumava fazer uma distinção entre os filmes que o meu cérebro gostava e os que meu coração gostava. Considerava 2001 como um filme do cérebro. Mas vendo novamente algumas cenas, eu percebi: 2001 é o melhor e maior filme do mundo, não importa quem diga o contrário. Muito interessante o depoimento de Woody Allen. Woody havia gostado muito de DR. FANTÁSTICO e estava ansioso pelo novo Kubrick. Acontece que da primeira vez ele não gostou muito de 2001, depois, ao ouvir comentários entusiasmados de outras pessoas, foi ver de novo e já gostou bastante. Só na terceira vez é que ele se rendeu ao filme. Foi aí que ele viu que Kubrick estava muito à frente de seu tempo. Outra coisa: no dia da première do filme, Kubrick contou o número de pessoas que saíram no meio do filme: mais de duzentas. Heheheh.
1971 - LARANJA MECÂNICA
Do depoimento de Scorsese: a partir de Laranja, Kubrick já não recebia mais influência de outros diretores. Era ele, único, ele se auto-citava até, como numa cena em que a gang de Malcom McDowell entrava numa loja de discos e lá estava a trilha sonora de 2001. O maior problema de Laranja foi a violência do filme, que influenciou uns malucos que começaram a violentar pessoas nas ruas. Mais um filme pra por em questão o debate: o cinema, a televisão e o videogame é responsável pelo aumento da violência no mundo?
1975 - BARRY LYNDON
Esse é o filme de Kubrick que me fez chorar. Se alguém hoje ainda diz que o homem era um diretor essencialmente cerebral, tenho certeza que vendo esse filme vai mudar de idéia. É um dos meus favoritos. Melhor que LARANJA MECÂNICA. A narração irônica de Lord Lyndon, a beleza da geografia do lugar, a música barroca na trilha, a fotografia captando apenas as luzes naturais (do sol ou das velas à noite), uma certa cena envolvendo a morte de um personagem querido da trama, o detalhe dos figurinos. Sobre isso, Kubrick chegou a mandar o figurista para leilões de roupas do século XVIII pra deixar a coisa bem autêntica. Filmão, filmão.
1980 - O ILUMINADO
Kubrick pega fama de carrasco ao tratar mal Shelley Duvall nas filmagens. Mas parece que era estratégia pra deixá-la ainda mais nervosa. O personagem dela requeria isso. Não é um dos meus favoritos de Kubrick. Preciso revê-lo. Talvez mude de idéia. Os fãs de Stephen King não gostaram muito a adaptação.
1987 - NASCIDO PARA MATAR
Passou no documentário aquela cena do soldado enlouquecido, atirando no sargento carrasco e depois se suicidando. Dos três atos do filme, gosto mais do primeiro, do treinamento para a guerra. Tenho impressão que Spielberg "copiou" um pouco as cenas de guerra em seu RESGATE DO SOLDADO RYAN. Ficou parecido o cenário.
1999 - DE OLHOS BEM FECHADOS
Esse está mais fresco na memória das pessoas. Engraçado que eu não costumo guardar o ingresso do cinema. O único ingresso que eu tenho é o desse filme. Estava me sentindo bastante privilegiado em estar vendo um filme novo de Kubrick no cinema. Pena não ter visto outros. Na época, não tinha idade. Kubrick tinha engavetado o projeto de A.I. e encaminhado para Spielberg. Ainda bem que Spielberg não fez feio, ainda que tenha suavizado bastante o clima meio laranja mecânica do segundo ato. Nicole e Tom falam de Kubrick em tom solene.
Vi no fim de semana o documentário STANLEY KUBRICK: IMAGENS DE UMA VIDA. Emocionante. O documentário tem depoimentos de atores que trabalharam com Kubrick (Tom Cruise, Jack Nicholson, Keir Dullea, Nicole Kidman, Matthew Modine...) e outros diretores da pesada (Martin Scorsese, Woody Allen, Steven Spielberg, Alan Parker).
Bom também ver cenas de cada um de seus filmes. Os primeiros filmes dele eu não vou comentar. Não me lembro muito bem do que o documentário mostrou, talvez por não ter visto ainda (infelizmente) esses filmes. Comento a partir de SPARTACUS:
1960 - SPARTACUS
Nesse filme, Kubrick não se sentiu bem em não controlar o corte final e ser sujeito às imposições do ator e produtor Kirk Douglas. Era Douglas que mandava. Mas o filme ainda assim ficou muito bom, ainda que não mostre o traço da genialidade do homem. Um detalhe que mencionaram foi o fato de o filme não falar sobre Jesus, de não ser um filme cristão como Ben-Hur, por exemplo.
1962 - LOLITA
Com Lolita, Kubrick teve a sua primeira polêmica. Eu, como vi o filme depois da refilmagem de Adrian Lyne, acabei achando fraco no que se refere a cenas apimentadas. Ele até que é bem sutil. Kubrick teve que se sujeitar à censura. Depois de terminado ele disse que acharia melhor não ter feito, se é pra ser cortado. Uma coisa que me incomodou no filme foi o personagem de James Mason. Não dá pra simpatizar com aquele cara. Mas vai ver que era pra ser assim mesmo.
1964 - DR. FANTÁSTICO
Legal ver Scorsese todo entusiasmado ao falar sobre essa obra-prima. Pra mim, um dos 5 favoritos da filmografia de Kubrick. Scorsese dizia que um filme que começava daquele jeito, tudo podia acontecer. E a verdade é que um final daqueles com um maluco em cima de um míssil ninguém poderia prever. Sensacional.
1968 - 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO
De arrepiar. Antigamente eu costumava fazer uma distinção entre os filmes que o meu cérebro gostava e os que meu coração gostava. Considerava 2001 como um filme do cérebro. Mas vendo novamente algumas cenas, eu percebi: 2001 é o melhor e maior filme do mundo, não importa quem diga o contrário. Muito interessante o depoimento de Woody Allen. Woody havia gostado muito de DR. FANTÁSTICO e estava ansioso pelo novo Kubrick. Acontece que da primeira vez ele não gostou muito de 2001, depois, ao ouvir comentários entusiasmados de outras pessoas, foi ver de novo e já gostou bastante. Só na terceira vez é que ele se rendeu ao filme. Foi aí que ele viu que Kubrick estava muito à frente de seu tempo. Outra coisa: no dia da première do filme, Kubrick contou o número de pessoas que saíram no meio do filme: mais de duzentas. Heheheh.
1971 - LARANJA MECÂNICA
Do depoimento de Scorsese: a partir de Laranja, Kubrick já não recebia mais influência de outros diretores. Era ele, único, ele se auto-citava até, como numa cena em que a gang de Malcom McDowell entrava numa loja de discos e lá estava a trilha sonora de 2001. O maior problema de Laranja foi a violência do filme, que influenciou uns malucos que começaram a violentar pessoas nas ruas. Mais um filme pra por em questão o debate: o cinema, a televisão e o videogame é responsável pelo aumento da violência no mundo?
1975 - BARRY LYNDON
Esse é o filme de Kubrick que me fez chorar. Se alguém hoje ainda diz que o homem era um diretor essencialmente cerebral, tenho certeza que vendo esse filme vai mudar de idéia. É um dos meus favoritos. Melhor que LARANJA MECÂNICA. A narração irônica de Lord Lyndon, a beleza da geografia do lugar, a música barroca na trilha, a fotografia captando apenas as luzes naturais (do sol ou das velas à noite), uma certa cena envolvendo a morte de um personagem querido da trama, o detalhe dos figurinos. Sobre isso, Kubrick chegou a mandar o figurista para leilões de roupas do século XVIII pra deixar a coisa bem autêntica. Filmão, filmão.
1980 - O ILUMINADO
Kubrick pega fama de carrasco ao tratar mal Shelley Duvall nas filmagens. Mas parece que era estratégia pra deixá-la ainda mais nervosa. O personagem dela requeria isso. Não é um dos meus favoritos de Kubrick. Preciso revê-lo. Talvez mude de idéia. Os fãs de Stephen King não gostaram muito a adaptação.
1987 - NASCIDO PARA MATAR
Passou no documentário aquela cena do soldado enlouquecido, atirando no sargento carrasco e depois se suicidando. Dos três atos do filme, gosto mais do primeiro, do treinamento para a guerra. Tenho impressão que Spielberg "copiou" um pouco as cenas de guerra em seu RESGATE DO SOLDADO RYAN. Ficou parecido o cenário.
1999 - DE OLHOS BEM FECHADOS
Esse está mais fresco na memória das pessoas. Engraçado que eu não costumo guardar o ingresso do cinema. O único ingresso que eu tenho é o desse filme. Estava me sentindo bastante privilegiado em estar vendo um filme novo de Kubrick no cinema. Pena não ter visto outros. Na época, não tinha idade. Kubrick tinha engavetado o projeto de A.I. e encaminhado para Spielberg. Ainda bem que Spielberg não fez feio, ainda que tenha suavizado bastante o clima meio laranja mecânica do segundo ato. Nicole e Tom falam de Kubrick em tom solene.
8 FILMES
No cinema
POSSESSÃO (Possession)
O filme não atendeu às minhas expectativas. Bem paradão e o resultado final não empolga nem emociona, mas o casal Aaron Eckart e Gwyneth Paltrow é bem legal. A trama paralela, dos poetas que mantém um caso secreto é bem interessante. No fim das contas fiquei sem saber se esse casal de poetas existiu mesmo ou é tudo ficção. Deve ser ficção. Positivo também o clima de Arquivo X, quando os dois investigam cartas que contem a história secreto dos tais amantes do século XIX.
A HERANÇA DE MR. DEEDS (Mister Deeds)
Esse eu nem pretendia ver, mas sabe que até que é simpático? Adam Sandler é de novo um bobão gente fina. Ele herda 40 bilhões de dólares e Winona Ryder, a kleptomaníaca mais famosa da atualidade, é a jornalista que vai tentar enganar Deeds e conseguir um furo de reportagem. A história não interessa muito. O que vale são as piadas, as situações engraçadas. Destaque para a cena dos gatos, a cena em que Winona vai mostrar a casa onde morava para Sandler e o personagem de John Turturro. Vale o ingresso. Risadas garantidas.
A IDENTIDADE BOURNE (The Bourne Identity)
O filme é bem legal, mas o problema é que a partir da segunda metade começa a cansar, perde o ritmo. A primeira parte do filme parece uma montanha-russa de tão bom. Lembra filmes do Frankenheimer (OPERAÇÃO FRANÇA, RONIN). Talvez por causa das perseguições de carros nas ruas da Europa. Matt Damon até que convenceu como herói de ação. Um bom filme.
UMA VIDA EM SEGREDO
Ontem fui conferir esse filme da Suzana Amaral e gostei bastante. Apesar de ter uma narrativa lenta, o filme não aborrece em momento algum. Na história, moça fica órfã e vai morar com os primos. O problema é que ela não consegue se adaptar à vida mais "sofisticada" dos primos. Prefere ficar na cozinha com criados e prefere as suas roupas feias. Engraçada a cena que a prima vai comprar roupas novas pra ela e ela sai andando toda dura, desacostumada. Ficou ainda mais feia. Heheheh.. Mas o que encanta no filme é que se no começo a gente ri da moça, com o tempo começamos a nos afeiçoar a ela. Filme bem legal. Merece ser visto por mais gente. Só não entendi que tipo de mensagem Suzana Amaral quiz passar com o filme.
Na tela pequena:
PAIXÕES PROIBIDAS (Tears in the Rain)
Peguei o DVD desse filme por engano. É aquele que está nas bancas com a foto da Sharon Stone na capa. Achei que fosse daquela série "If these walls could talk", aquele sobre lésbicas. Mas que nada, é um filme da Sharon pré-Verhoeven. E se alguém souber de um filme que a moça fez antes de fazer O VINGADOR DO FUTURO (1990) que presta, por favor me diga. Se bem que a estréia dela foi em MEMÓRIAS, de Woody Allen, mas foi só uma ponta. Esse filme é de 1988 e é muito ruim. Eu até tinha visto o começo na Record ou na Band. Olha que eu quase nunca assisto o filme apertando o fast forward (geralmente só em filme pornô), mas com esse filme eu não resisti. Nem vou falar da história do filme. Aliás, já gastei linhas demais.
NO SILÊNCIO DA NOITE (In a Lonely Place)
Filmaço de Nicholas Ray que passou recentemente num corujão da Globo. Ainda bem que eu gravei. Humphrey Bogart é um roteirista de cinema que leva uma garota pra casa pra contar a história de um livro que ele não estaria a fim de ler, e que provavelmente, será adaptado para o cinema. O problema é que a moça é assassinada depois que sai de sua casa. Bogart passa a ser investigado pela polícia. Seu temperamento violento não ajuda. Film noir anos 50 típico (fotografia p&b, Humphrey Bogart, clima de mistério). Tudo muito bom. De longe, o melhor filme do fim de semana.
ALTO CONTROLE (Pushing Tim)
O forte desse filme é o elenco. O casal John Cusack e Cate Blanchet levam uma vida quase normal. Cusack encara bem o serviço estressante numa torre de controle aéreo. O relacionamento muda ao surgir o casal Billy Bob Thorton e Angelina Jolie. (Jolie está bonita nesse filme e mostra suas belas tilts) Legal o filme mostrar o quanto é importante o trabalho dos controladores aéreos. Os atores estão ótimos, Cusack é sempre aquele cara simpático, Cate Blachet está linda e o filme também tem momentos engraçados. Gravado da FOX.
TORRENTES DE PAIXÃO (Niagara)
Esse (do diretor Henry Hathaway) saiu agora em DVD naquela caixa de filmes da Marilyn Monroe. Bem hitchcockiano. Um casal vai passar uns dias em chalés próximos às cataratas do Niágara e conhece uma loira fatal que está engatilhando um plano para matar o marido e ficar com o amante. O filme é curto (cerca de 90 minutos) e não perde o ritmo até o final, que se passa nas águas de Niágara. Só o cenário nas cataratas já vale o filme. Ah, e a outra atriz é mais bonita que Miss Monroe. Gravado da Globo.
No cinema
POSSESSÃO (Possession)
O filme não atendeu às minhas expectativas. Bem paradão e o resultado final não empolga nem emociona, mas o casal Aaron Eckart e Gwyneth Paltrow é bem legal. A trama paralela, dos poetas que mantém um caso secreto é bem interessante. No fim das contas fiquei sem saber se esse casal de poetas existiu mesmo ou é tudo ficção. Deve ser ficção. Positivo também o clima de Arquivo X, quando os dois investigam cartas que contem a história secreto dos tais amantes do século XIX.
A HERANÇA DE MR. DEEDS (Mister Deeds)
Esse eu nem pretendia ver, mas sabe que até que é simpático? Adam Sandler é de novo um bobão gente fina. Ele herda 40 bilhões de dólares e Winona Ryder, a kleptomaníaca mais famosa da atualidade, é a jornalista que vai tentar enganar Deeds e conseguir um furo de reportagem. A história não interessa muito. O que vale são as piadas, as situações engraçadas. Destaque para a cena dos gatos, a cena em que Winona vai mostrar a casa onde morava para Sandler e o personagem de John Turturro. Vale o ingresso. Risadas garantidas.
A IDENTIDADE BOURNE (The Bourne Identity)
O filme é bem legal, mas o problema é que a partir da segunda metade começa a cansar, perde o ritmo. A primeira parte do filme parece uma montanha-russa de tão bom. Lembra filmes do Frankenheimer (OPERAÇÃO FRANÇA, RONIN). Talvez por causa das perseguições de carros nas ruas da Europa. Matt Damon até que convenceu como herói de ação. Um bom filme.
UMA VIDA EM SEGREDO
Ontem fui conferir esse filme da Suzana Amaral e gostei bastante. Apesar de ter uma narrativa lenta, o filme não aborrece em momento algum. Na história, moça fica órfã e vai morar com os primos. O problema é que ela não consegue se adaptar à vida mais "sofisticada" dos primos. Prefere ficar na cozinha com criados e prefere as suas roupas feias. Engraçada a cena que a prima vai comprar roupas novas pra ela e ela sai andando toda dura, desacostumada. Ficou ainda mais feia. Heheheh.. Mas o que encanta no filme é que se no começo a gente ri da moça, com o tempo começamos a nos afeiçoar a ela. Filme bem legal. Merece ser visto por mais gente. Só não entendi que tipo de mensagem Suzana Amaral quiz passar com o filme.
Na tela pequena:
PAIXÕES PROIBIDAS (Tears in the Rain)
Peguei o DVD desse filme por engano. É aquele que está nas bancas com a foto da Sharon Stone na capa. Achei que fosse daquela série "If these walls could talk", aquele sobre lésbicas. Mas que nada, é um filme da Sharon pré-Verhoeven. E se alguém souber de um filme que a moça fez antes de fazer O VINGADOR DO FUTURO (1990) que presta, por favor me diga. Se bem que a estréia dela foi em MEMÓRIAS, de Woody Allen, mas foi só uma ponta. Esse filme é de 1988 e é muito ruim. Eu até tinha visto o começo na Record ou na Band. Olha que eu quase nunca assisto o filme apertando o fast forward (geralmente só em filme pornô), mas com esse filme eu não resisti. Nem vou falar da história do filme. Aliás, já gastei linhas demais.
NO SILÊNCIO DA NOITE (In a Lonely Place)
Filmaço de Nicholas Ray que passou recentemente num corujão da Globo. Ainda bem que eu gravei. Humphrey Bogart é um roteirista de cinema que leva uma garota pra casa pra contar a história de um livro que ele não estaria a fim de ler, e que provavelmente, será adaptado para o cinema. O problema é que a moça é assassinada depois que sai de sua casa. Bogart passa a ser investigado pela polícia. Seu temperamento violento não ajuda. Film noir anos 50 típico (fotografia p&b, Humphrey Bogart, clima de mistério). Tudo muito bom. De longe, o melhor filme do fim de semana.
ALTO CONTROLE (Pushing Tim)
O forte desse filme é o elenco. O casal John Cusack e Cate Blanchet levam uma vida quase normal. Cusack encara bem o serviço estressante numa torre de controle aéreo. O relacionamento muda ao surgir o casal Billy Bob Thorton e Angelina Jolie. (Jolie está bonita nesse filme e mostra suas belas tilts) Legal o filme mostrar o quanto é importante o trabalho dos controladores aéreos. Os atores estão ótimos, Cusack é sempre aquele cara simpático, Cate Blachet está linda e o filme também tem momentos engraçados. Gravado da FOX.
TORRENTES DE PAIXÃO (Niagara)
Esse (do diretor Henry Hathaway) saiu agora em DVD naquela caixa de filmes da Marilyn Monroe. Bem hitchcockiano. Um casal vai passar uns dias em chalés próximos às cataratas do Niágara e conhece uma loira fatal que está engatilhando um plano para matar o marido e ficar com o amante. O filme é curto (cerca de 90 minutos) e não perde o ritmo até o final, que se passa nas águas de Niágara. Só o cenário nas cataratas já vale o filme. Ah, e a outra atriz é mais bonita que Miss Monroe. Gravado da Globo.
quinta-feira, outubro 17, 2002
TERROR NAS TREVAS / A CASA DO ALÉM (E tu Vivrai nel Terrore / The Beyond)
Essa semana assisti ao filme A CASA DO ALÉM (The Beyond) do Lucio Fulci. Desde a primeira cena da morte do pintor-feiticeiro que dá pra notar um certo prazer mórbido em exibir sequencias violentas. A cada chicotada que corta a carne do sujeito, a câmera avança pra ver melhor o sangue espirrando, a carne lacerada. Engraçado que todos nós temos essa curiosidade mórbida de ver esse tipo de coisa, ainda que nem sempre o estômago aceite.
A história é meio confusa e não dá pra engolir muito bem, mas pelo que eu li THE BEYOND é um filme de imagens. A história não necessariamente precisa ser o ponto central de um filme. Dá até pra comparar com música: uma canção não necessariamente precisa de ter uma letra boa pra ser uma canção boa. (Talvez a comparação não tenha sido feliz, mas acho que fui entendido. Heheheh.)
Na história, uma casa que serve de portal para o inferno passa a ser habitada por um casal. Um dos guardiões desse portal havia sido assassinado brutalmente sob acusações de bruxaria logo no início do filme. De repente, coisas estranhas começam a acontecer como o aparecimento de uma cega misteriosa e zumbis passeando por aí.
A música do filme é muito boa e às vezes chega a destoar de sequencias mais violentas. Isso é legal. Foge do clichê. A sequencia final também é deslumbrante (o que é aquele cenário, hein?). Aliás, o filme todo, os enquadramentos, tudo é feito para ficar visualmente bonito na tela. Mesmo as cenas de olhos sendo perfurados ou coisas do tipo são feitas com um capricho estético impressionante. Nesse sentido, ele é até superior a ZOMBI.
Confesso que a falta de uma história mais coesa me deixou meio cabreiro, mas, por outro lado, deu uma vontade de ver outros filmes do Fulci. Sinto que eu preciso ver mais desses pra começar a me habituar. Queria ver aquele com a Florinda Bolkan, por exemplo.
Da mesma fita gravada pelo Fab Rib (thanx, buddie), eu também vi os extras do DVD de UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES. Muito legal. O mais interessante é o processo de maquiagem de Rick Baker. Sensacional. E pensar que todo aquele trabalho hoje em dia se resolve facilmente com CGI.
terça-feira, outubro 15, 2002
OS ANOS 20, 30 E 40
Comentários dos filmes do fim de semana. Engraçado que só quando eu estava vendo o último dos 3 filmes é que eu percebi que eles se passavam em três décadas distintas e próximas do século XX.
NEWTON BOYS - OS FORA DA LEI (The Newton Boys)
Anos 20
O que me fez querer ver esse filme foi o meu interesse pela filmografia de Richard Linklater. Adoro o romântico e poético ANTES DO AMANHECER e o filosófico WAKING LIFE. Também são dignos de nota (alta) DAZED AND CONFUSED (esqueci o título nacional) e SUBURBIA. Ele ainda tem um filme inédito (no Brasil) e de baixo orçamento chamado TAPE (2001) que tem no elenco Ethan Hawke, Robert Shawn Leonard e Uma Thurman.
Ethan Hawke, além de amigo, parece ser o ator favorito de Linklater. Ele também está em THE NEWTON BOYS. Quando esse filme chegou ao cinema, pensei que fosse um western. Na verdade, os anos 20 nos EUA tem mesmo ainda um pé no velho oeste, mas as pessoas andam mais arrumadinhas, passeiam de carros, são mais sofisticadas. Os irmãos Newton entraram para a história americana como os maiores assaltantes do país. Por causa deles, os bancos começaram a investir mais em segurança. O filme é leve e divertido e, mesmo no final, com algumas tragédias, ele mantém o seu alto astral. O elenco do filme, além de Hawke (o irmão beberrão), traz Mathew McConaughey como o líder do bando e Skeet Ulrich como o irmão medroso. Outra coisa legal do filme é mostrar nos créditos finais trechos de entrevistas de dois Newtons, já bem velhinhos. Bem legal. Gravado da FOX.
ESTRADA PARA PERDIÇÃO (Road to Perdition)
Anos 30
Com tanto bafafá em torno desse filme, eu até que não achei lá grande coisa. É claro que é um bom filme, caprichado, principalmente tecnicamente, mas não é tudo isso que a mídia e os jornais andam espalhando. Tom Hanks trabalha para um chefão da cidade (Paul Newman, bem velho e com a voz embargada) e executa serviços sujos como matar os devedores do velho. A coisa se complica quando o filho de Hanks testemunha uma dessas prestações de contas. O filme é todo contido, a fotografia nunca mostra as cores vivas, as emoções também são bem contidas. Nesse clima, destaque para uma bela cena entre Hanks e o filho, abraçados. A cena trágica final também é belíssima. Mas como eu sou do tipo que curte emoções exacerbadas, pra mim, ficou a desejar. BELEZA AMERICANA é muito melhor e Sam Mendes ainda não se superou.
DESENCANTO (Brief Encounter)
Anos 40
Diferente dos outros filmes comentados, este não é um filme de época, é um filme da época (1946). Antes de ser diretor megalomaníaco, nos anos 40 David Lean dirigiu duas adaptações de Charles Dickens (GRANDES ESPERANÇAS e OLIVER TWIST) e essa bela história de amor. O que encanta em DESENCANTO (!) é que os personagens são gente como a gente, não são bonitos ou ricos. Tudo começa quando Trevor Howard tira um cisco do olho de Celia Johnson. Nenhum problema se os dois não fossem casados e tivessem filhos. Depois de um outro encontro casual e um cineminha esperto, eles combinam de se encontrar toda quinta-feira à tarde. Esses encontros num determinado dia da semana me fez lembrar um outro ótimo filme romântico: UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA. Mas os filmes da década de 40 não falavam de fantasias sexuais, a sociedade era mais regrada. Por isso que o impacto da paixão dos dois é tão forte. Principalmente para ela. DESENCANTO é um filmão. Nas bancas em VHS pela série de clássicos da Altaya.
Comentários dos filmes do fim de semana. Engraçado que só quando eu estava vendo o último dos 3 filmes é que eu percebi que eles se passavam em três décadas distintas e próximas do século XX.
NEWTON BOYS - OS FORA DA LEI (The Newton Boys)
Anos 20
O que me fez querer ver esse filme foi o meu interesse pela filmografia de Richard Linklater. Adoro o romântico e poético ANTES DO AMANHECER e o filosófico WAKING LIFE. Também são dignos de nota (alta) DAZED AND CONFUSED (esqueci o título nacional) e SUBURBIA. Ele ainda tem um filme inédito (no Brasil) e de baixo orçamento chamado TAPE (2001) que tem no elenco Ethan Hawke, Robert Shawn Leonard e Uma Thurman.
Ethan Hawke, além de amigo, parece ser o ator favorito de Linklater. Ele também está em THE NEWTON BOYS. Quando esse filme chegou ao cinema, pensei que fosse um western. Na verdade, os anos 20 nos EUA tem mesmo ainda um pé no velho oeste, mas as pessoas andam mais arrumadinhas, passeiam de carros, são mais sofisticadas. Os irmãos Newton entraram para a história americana como os maiores assaltantes do país. Por causa deles, os bancos começaram a investir mais em segurança. O filme é leve e divertido e, mesmo no final, com algumas tragédias, ele mantém o seu alto astral. O elenco do filme, além de Hawke (o irmão beberrão), traz Mathew McConaughey como o líder do bando e Skeet Ulrich como o irmão medroso. Outra coisa legal do filme é mostrar nos créditos finais trechos de entrevistas de dois Newtons, já bem velhinhos. Bem legal. Gravado da FOX.
ESTRADA PARA PERDIÇÃO (Road to Perdition)
Anos 30
Com tanto bafafá em torno desse filme, eu até que não achei lá grande coisa. É claro que é um bom filme, caprichado, principalmente tecnicamente, mas não é tudo isso que a mídia e os jornais andam espalhando. Tom Hanks trabalha para um chefão da cidade (Paul Newman, bem velho e com a voz embargada) e executa serviços sujos como matar os devedores do velho. A coisa se complica quando o filho de Hanks testemunha uma dessas prestações de contas. O filme é todo contido, a fotografia nunca mostra as cores vivas, as emoções também são bem contidas. Nesse clima, destaque para uma bela cena entre Hanks e o filho, abraçados. A cena trágica final também é belíssima. Mas como eu sou do tipo que curte emoções exacerbadas, pra mim, ficou a desejar. BELEZA AMERICANA é muito melhor e Sam Mendes ainda não se superou.
DESENCANTO (Brief Encounter)
Anos 40
Diferente dos outros filmes comentados, este não é um filme de época, é um filme da época (1946). Antes de ser diretor megalomaníaco, nos anos 40 David Lean dirigiu duas adaptações de Charles Dickens (GRANDES ESPERANÇAS e OLIVER TWIST) e essa bela história de amor. O que encanta em DESENCANTO (!) é que os personagens são gente como a gente, não são bonitos ou ricos. Tudo começa quando Trevor Howard tira um cisco do olho de Celia Johnson. Nenhum problema se os dois não fossem casados e tivessem filhos. Depois de um outro encontro casual e um cineminha esperto, eles combinam de se encontrar toda quinta-feira à tarde. Esses encontros num determinado dia da semana me fez lembrar um outro ótimo filme romântico: UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA. Mas os filmes da década de 40 não falavam de fantasias sexuais, a sociedade era mais regrada. Por isso que o impacto da paixão dos dois é tão forte. Principalmente para ela. DESENCANTO é um filmão. Nas bancas em VHS pela série de clássicos da Altaya.
segunda-feira, outubro 14, 2002
CEARÁ MUSIC 2002 - Noite de Sábado
Vou comentar um pouco como foi o Ceará Music no sábado. Os shows não foram muito animadores. Pelo menos pra mim.
O primeiro show da noite foi da Marina Lima. Legal. Ela estava insegura, vendo tanto garotão que não liga pra ela. Até falou que nunca tinha feito show junto com outras bandas. Achava que as pessoas estavam lá por causa das outras bandas. E não por causa dela. O pior é que era verdade. Tirando eu e outros poucos gatos pingados, pouca gente curtiu de verdade o show, que foi bem calmo. Ela cantou várias faixas do disco novo SETEMBRO, só uma de O CHAMADO (a faixa título), e duas de PIERROT DO BRASIL. Teve alguns clássicos dos anos 80 como "À francesa", "Nosso Estranho Amor", entre outras, mas poderia ter sido muito melhor.
Aí vem o Tihuana. É brincadeira. Essa banda não dá pra levar a sério mesmo. Fazendo assim, até que dá pra curtir as músicas por causa da guitarra pesada e do público que alopra nos shows deles. Legal ver (de longe) o povo pulando enquanto um dos vocalistas canta "Pula, pula, filha da..pula" hehehehe..e outras letras inspiradas que falam sobre praia de nudismo e o fato de se estar chapado.
A próxima banda a tocar era o Cidade Negra. Meu Deus. Como essa banda ficou chata. Com esse álbum acústico a banda não deixou dúvidas que é mesmo um porre. É claro que quem tá falando é o enjoado aqui. O povo que se multiplicou perto do palco provavelmente deve ter curtido. Eu só não quis morrer naquele momento porque eu ainda tinha esperança de ver o Los Hermanos naquele mesmo dia. Heheheh..
Depois do Cidade, teve um show de duas mulheres que faziam covers das músicas cantadas pela Cássia Eller. Uma homenagem. Nessa hora fui descansar no gramado. Só ouvi de longe. Não vejo muita graça em show de crooner.
O Los Hermanos estava programado pra tocar no outro palco (o menor) e já eu estava lá junto com outros fãs da banda esperando ansiosamente pra ver Camelo, Amarante e cia pela primeira vez. Outra decepção. Os nojentos do Jota Quest tinham de viajar logo e pediram pra tocar antes. Arghh.. Lá fui eu de volta pro palcão ver " uma banda numa propaganda de refrigerante".
O show foi aquela chatice. Mesmo canções do primeiro disco que eu achava legais ("As dores do mundo" e "Encontrar alguém") ficaram ruins em novas versões. Eles já não sabem mais o que fazer. Abandonaram a mistura de black music com rock e arriscaram o rock puro no desastre "Oxigênio" e agora querem voltar o que era antes com esse disco novo. Saca-se que é tudo estratégia descarada pra ganhar dinheiro fazendo música sem conteúdo.
Finalmente, o show acaba e dessa vez tem Los Hermanos mesmo. Mas infelizmente, num mini-show. Eles abrem o show com a "Música Tradicional Polonesa" que vem tocando nos shows há alguns anos. A primeira canção de fato foi "A flor", com Camelo e Amarante se alternando nos vocais. A maior parte do repertório do show foi de canções do segundo disco. Do primeiro, apenas "Anna Julia", "Quem sabe" (na minha opinião a melhor música a ser tocada ao vivo) e "Tenha Dó". Como esperado, cantaram "A Palo Seco" do Belchior. E o Amarante falou algo como "eu sou daqui". Ele é de Fortaleza? Não sabia. O show terminou com "Fingi na Hora rir", ao som de "mais um" e reclamações do público. Camelo prometeu que voltaria pra cá em breve. A turnê de BLOCO DO EU SOZINHO chegou ao fim. A banda teve de terminar logo já que as super-estrelas ainda iriam tocar: o RPM.
Paulo Ricardo se acha o cara mais gostoso do mundo. Insuportável. Teve uma hora que ele falou que queria descer e falou que ia pular ao som de gritos das meninas. Se der corda é pior. heheheh. O show é impecável tecnicamente, mas ouvir essas versões requentadas e sem graça de músicas que já moeram os nossos ouvidos tantas vezes é foda. O diferencial foi que na faixa "Rádio Pirata" ele inseriu vários trechos de canções do Led Zeppelin, Beatles, Doors, Stones. O resto é o mesmo show mostrado na MTV, inclusive a cara de quem tá "obrando" quando canta aquela música que mistura uma gravação do Renato Russo. Tem que ter mesmo essa cara de pau pra ganhar $$$$?
Mas a picaretagem estava mesmo solta na madrugada de sábado para domingo. O dia já tinha amanhecido quando o Biquini Cavadão entrou pra tocar o seu show de covers de sucessos do rock brasileiro dos 80. O som deles é muito bom, tocam muito bem e as versões ficaram todas boas. Aliás, já tinha visto eles no ano passado. Já sabia como é que eles estavam nos shows. O problema é que a gente sabe que eles só se sustentam por causa de músicas dos outros. Se fosse só a deles, aí era outra história.
Não deu pra ficar até o final. Hora de voltar pra casa com o corpo todo moído e meio frustrado. Só queria a minha cama.
Vou comentar um pouco como foi o Ceará Music no sábado. Os shows não foram muito animadores. Pelo menos pra mim.
O primeiro show da noite foi da Marina Lima. Legal. Ela estava insegura, vendo tanto garotão que não liga pra ela. Até falou que nunca tinha feito show junto com outras bandas. Achava que as pessoas estavam lá por causa das outras bandas. E não por causa dela. O pior é que era verdade. Tirando eu e outros poucos gatos pingados, pouca gente curtiu de verdade o show, que foi bem calmo. Ela cantou várias faixas do disco novo SETEMBRO, só uma de O CHAMADO (a faixa título), e duas de PIERROT DO BRASIL. Teve alguns clássicos dos anos 80 como "À francesa", "Nosso Estranho Amor", entre outras, mas poderia ter sido muito melhor.
Aí vem o Tihuana. É brincadeira. Essa banda não dá pra levar a sério mesmo. Fazendo assim, até que dá pra curtir as músicas por causa da guitarra pesada e do público que alopra nos shows deles. Legal ver (de longe) o povo pulando enquanto um dos vocalistas canta "Pula, pula, filha da..pula" hehehehe..e outras letras inspiradas que falam sobre praia de nudismo e o fato de se estar chapado.
A próxima banda a tocar era o Cidade Negra. Meu Deus. Como essa banda ficou chata. Com esse álbum acústico a banda não deixou dúvidas que é mesmo um porre. É claro que quem tá falando é o enjoado aqui. O povo que se multiplicou perto do palco provavelmente deve ter curtido. Eu só não quis morrer naquele momento porque eu ainda tinha esperança de ver o Los Hermanos naquele mesmo dia. Heheheh..
Depois do Cidade, teve um show de duas mulheres que faziam covers das músicas cantadas pela Cássia Eller. Uma homenagem. Nessa hora fui descansar no gramado. Só ouvi de longe. Não vejo muita graça em show de crooner.
O Los Hermanos estava programado pra tocar no outro palco (o menor) e já eu estava lá junto com outros fãs da banda esperando ansiosamente pra ver Camelo, Amarante e cia pela primeira vez. Outra decepção. Os nojentos do Jota Quest tinham de viajar logo e pediram pra tocar antes. Arghh.. Lá fui eu de volta pro palcão ver " uma banda numa propaganda de refrigerante".
O show foi aquela chatice. Mesmo canções do primeiro disco que eu achava legais ("As dores do mundo" e "Encontrar alguém") ficaram ruins em novas versões. Eles já não sabem mais o que fazer. Abandonaram a mistura de black music com rock e arriscaram o rock puro no desastre "Oxigênio" e agora querem voltar o que era antes com esse disco novo. Saca-se que é tudo estratégia descarada pra ganhar dinheiro fazendo música sem conteúdo.
Finalmente, o show acaba e dessa vez tem Los Hermanos mesmo. Mas infelizmente, num mini-show. Eles abrem o show com a "Música Tradicional Polonesa" que vem tocando nos shows há alguns anos. A primeira canção de fato foi "A flor", com Camelo e Amarante se alternando nos vocais. A maior parte do repertório do show foi de canções do segundo disco. Do primeiro, apenas "Anna Julia", "Quem sabe" (na minha opinião a melhor música a ser tocada ao vivo) e "Tenha Dó". Como esperado, cantaram "A Palo Seco" do Belchior. E o Amarante falou algo como "eu sou daqui". Ele é de Fortaleza? Não sabia. O show terminou com "Fingi na Hora rir", ao som de "mais um" e reclamações do público. Camelo prometeu que voltaria pra cá em breve. A turnê de BLOCO DO EU SOZINHO chegou ao fim. A banda teve de terminar logo já que as super-estrelas ainda iriam tocar: o RPM.
Paulo Ricardo se acha o cara mais gostoso do mundo. Insuportável. Teve uma hora que ele falou que queria descer e falou que ia pular ao som de gritos das meninas. Se der corda é pior. heheheh. O show é impecável tecnicamente, mas ouvir essas versões requentadas e sem graça de músicas que já moeram os nossos ouvidos tantas vezes é foda. O diferencial foi que na faixa "Rádio Pirata" ele inseriu vários trechos de canções do Led Zeppelin, Beatles, Doors, Stones. O resto é o mesmo show mostrado na MTV, inclusive a cara de quem tá "obrando" quando canta aquela música que mistura uma gravação do Renato Russo. Tem que ter mesmo essa cara de pau pra ganhar $$$$?
Mas a picaretagem estava mesmo solta na madrugada de sábado para domingo. O dia já tinha amanhecido quando o Biquini Cavadão entrou pra tocar o seu show de covers de sucessos do rock brasileiro dos 80. O som deles é muito bom, tocam muito bem e as versões ficaram todas boas. Aliás, já tinha visto eles no ano passado. Já sabia como é que eles estavam nos shows. O problema é que a gente sabe que eles só se sustentam por causa de músicas dos outros. Se fosse só a deles, aí era outra história.
Não deu pra ficar até o final. Hora de voltar pra casa com o corpo todo moído e meio frustrado. Só queria a minha cama.
quinta-feira, outubro 10, 2002
11 DE SETEMBRO (09/11)
Documentário sobre os eventos trágicos de 11 de setembro de 2001, especialmente o que ocorreu no World Trade Center. O filme foi exibido pela Globo quando se completou um ano da tragédia. Apresentado por Robert DeNiro, o filme acabou acontecendo por acidente. A intenção dos irmãos franceses Gédéon e Jules Naudet era fazer um documentário sobre uma equipe de bombeiros de Nova York, mostrando o treinamento dos novatos, a expectativa de encarar o primeiro incêndio, as noites de espera por um difícil trabalho à vista. A cena do impacto do primeiro avião a cair numa das torres gêmeas foi primeiramente documentado por um dos irmãos. Os bombeiros tinham sido chamados para um trabalho de rotina próximo dos prédios, quando se ouviu um barulho. Meio que por instinto, o francês apontou a câmera para flagrar o desastre. O filme mostra cenas de dentro dos prédios, antes deles ruirem, cenas das pessoas apavoradas nas ruas, da repercussão da mídia, dos prédios desmoronando e virando pó e da busca pelos corpos das vítimas. O filme evita mostrar imagens de impacto como as pessoas pulando de cima dos prédios, pessoas em chamas ou corpos decepados. A intenção do documentário é mostrar o heroísmo de pessoas comuns e a "alegria" dos sobreviventes e suas famílias no meio de tanta tragédia.
JOANA D´ARC (Joan of Arc)
A vantagem dessa mini-série em relação ao filme de Luc Besson é que ela é mais didática, explica mais sobre a situação política da França na Guerra dos Cem Anos. Fica claro o posicionamento da região de Borgonha, região da França do lado dos ingleses. Interessante é ver um filme que exalta tanto a França e que é falado em inglês. Pelo menos, no filme de Besson, o cineasta era francês. Falo da versão de Besson porque ainda era o único filme sobre Joana D´Arc que eu tinha assistido. Preciso ver o clássico de Dreyer LA PASSION DE JEANNE D´ARC (1928) ou SAINT JOAN (1957), de Otto Preminger. Parece que esses são os melhores filmes já feitos sobre a vida da maior santa/mártir/guerreira/heroína da história da França.
Voltando à mini-série, a escolha de Leelee Sobieski não chega a atrapalhar, mas pra mim, saiu perdendo pra modelo Milla Jovovich do filme de Besson. O fato de não mostrar cenas sangrentas de batalha também deixou o filme com cara de filme pra tv (o que na verdade é..hehehe). Mas no geral é um filme que vale a conferida. Gravado da FOX.
Documentário sobre os eventos trágicos de 11 de setembro de 2001, especialmente o que ocorreu no World Trade Center. O filme foi exibido pela Globo quando se completou um ano da tragédia. Apresentado por Robert DeNiro, o filme acabou acontecendo por acidente. A intenção dos irmãos franceses Gédéon e Jules Naudet era fazer um documentário sobre uma equipe de bombeiros de Nova York, mostrando o treinamento dos novatos, a expectativa de encarar o primeiro incêndio, as noites de espera por um difícil trabalho à vista. A cena do impacto do primeiro avião a cair numa das torres gêmeas foi primeiramente documentado por um dos irmãos. Os bombeiros tinham sido chamados para um trabalho de rotina próximo dos prédios, quando se ouviu um barulho. Meio que por instinto, o francês apontou a câmera para flagrar o desastre. O filme mostra cenas de dentro dos prédios, antes deles ruirem, cenas das pessoas apavoradas nas ruas, da repercussão da mídia, dos prédios desmoronando e virando pó e da busca pelos corpos das vítimas. O filme evita mostrar imagens de impacto como as pessoas pulando de cima dos prédios, pessoas em chamas ou corpos decepados. A intenção do documentário é mostrar o heroísmo de pessoas comuns e a "alegria" dos sobreviventes e suas famílias no meio de tanta tragédia.
JOANA D´ARC (Joan of Arc)
A vantagem dessa mini-série em relação ao filme de Luc Besson é que ela é mais didática, explica mais sobre a situação política da França na Guerra dos Cem Anos. Fica claro o posicionamento da região de Borgonha, região da França do lado dos ingleses. Interessante é ver um filme que exalta tanto a França e que é falado em inglês. Pelo menos, no filme de Besson, o cineasta era francês. Falo da versão de Besson porque ainda era o único filme sobre Joana D´Arc que eu tinha assistido. Preciso ver o clássico de Dreyer LA PASSION DE JEANNE D´ARC (1928) ou SAINT JOAN (1957), de Otto Preminger. Parece que esses são os melhores filmes já feitos sobre a vida da maior santa/mártir/guerreira/heroína da história da França.
Voltando à mini-série, a escolha de Leelee Sobieski não chega a atrapalhar, mas pra mim, saiu perdendo pra modelo Milla Jovovich do filme de Besson. O fato de não mostrar cenas sangrentas de batalha também deixou o filme com cara de filme pra tv (o que na verdade é..hehehe). Mas no geral é um filme que vale a conferida. Gravado da FOX.
terça-feira, outubro 08, 2002
BETTY FISCHER E OUTRAS HISTÓRIAS (Betty Fischer et autres histoires)
Continuando os comentários dos filmes do fim de semana, vamos agora para o domingo, no Espaço Unibanco, para a mostra de filmes franceses.
Antes de ver o longa aproveitei para conferir os curtas sobre periferia. Na verdade, eu estava curioso mesmo era pra ver o curta PALACE II, do Fernando Meirelles e da Kátia Lund. É ótimo e é protagonizado pelo mesmo garoto que fez o Dadinho no longa. Inclusive, esse mesmo personagem (o Acerola) vai estar presente na mini-série CIDADE DOS HOMENS, que vai ser exibido na próxima semana na Globo. O clima do curta é o mesmo de CIDADE DE DEUS, tem até aquela história dos traficantes atirarem no pé dos garotos e o senso de humor. Legal. Antes desse curta passou 750 - CIDADE DE DEUS, bem chatinho, e o já conhecido ROTA ABC, que já vale a pena ver pela abertura com cena do filme SÃO PAULO S.A., do Person, e pela banda punk Garotos Podres. Já tinha visto na tv.
Depois foi correr pra entrar na fila pra comprar o ingresso pro filme BETTY FISCHER E OUTRAS HISTÓRIAS, de Claude Miller. Fiquei surpreso com fila grande pra comprar ingresso no Espaço Unibanco em dia de eleição, mas depois vi que também era por causa do CIDADE DE DEUS na outra sala.
O bom de você ver um filme sem saber nada sobre a história é que você está preparado pra qualquer coisa. Eu não sabia que tipo de filme iria ver. O começo dá a impressão de que é um drama pesado, mostrando Nicole Garcia como uma mãe perturbada a ponto de furar a mão da própria filha com uma tesoura. O filme vai ganhando ares de comédia aos poucos, sutilmente.
Anos se passam e Margot Fischer (Nicole Garcia), insuportável de tão egoísta, vai visitar a filha já adulta, Betty(Sandrine Kimberlain). Quando um acidente vitima o filho de Betty, o filme passeia por outras histórias para depois interligá-las. Entre as outras pessoas envolvidas está a personagem Carole (Mathilde Seigner, irmã parecida de Emanuelle Seigner ), mãe desnaturada de José, garoto que também vai ser fundamental para a trama. Contar mais é estragar as surpresas. O filme deve entrar depois em circuito comercial em breve. Eu recomendo.
Continuando os comentários dos filmes do fim de semana, vamos agora para o domingo, no Espaço Unibanco, para a mostra de filmes franceses.
Antes de ver o longa aproveitei para conferir os curtas sobre periferia. Na verdade, eu estava curioso mesmo era pra ver o curta PALACE II, do Fernando Meirelles e da Kátia Lund. É ótimo e é protagonizado pelo mesmo garoto que fez o Dadinho no longa. Inclusive, esse mesmo personagem (o Acerola) vai estar presente na mini-série CIDADE DOS HOMENS, que vai ser exibido na próxima semana na Globo. O clima do curta é o mesmo de CIDADE DE DEUS, tem até aquela história dos traficantes atirarem no pé dos garotos e o senso de humor. Legal. Antes desse curta passou 750 - CIDADE DE DEUS, bem chatinho, e o já conhecido ROTA ABC, que já vale a pena ver pela abertura com cena do filme SÃO PAULO S.A., do Person, e pela banda punk Garotos Podres. Já tinha visto na tv.
Depois foi correr pra entrar na fila pra comprar o ingresso pro filme BETTY FISCHER E OUTRAS HISTÓRIAS, de Claude Miller. Fiquei surpreso com fila grande pra comprar ingresso no Espaço Unibanco em dia de eleição, mas depois vi que também era por causa do CIDADE DE DEUS na outra sala.
O bom de você ver um filme sem saber nada sobre a história é que você está preparado pra qualquer coisa. Eu não sabia que tipo de filme iria ver. O começo dá a impressão de que é um drama pesado, mostrando Nicole Garcia como uma mãe perturbada a ponto de furar a mão da própria filha com uma tesoura. O filme vai ganhando ares de comédia aos poucos, sutilmente.
Anos se passam e Margot Fischer (Nicole Garcia), insuportável de tão egoísta, vai visitar a filha já adulta, Betty(Sandrine Kimberlain). Quando um acidente vitima o filho de Betty, o filme passeia por outras histórias para depois interligá-las. Entre as outras pessoas envolvidas está a personagem Carole (Mathilde Seigner, irmã parecida de Emanuelle Seigner ), mãe desnaturada de José, garoto que também vai ser fundamental para a trama. Contar mais é estragar as surpresas. O filme deve entrar depois em circuito comercial em breve. Eu recomendo.
A ÚLTIMA PROFECIA (The Mothman Profecies)
Bom, como não tenho outra escolha a não ser permanecer aqui no trabalho mesmo estando doente, vou aproveitar o tempo vago pra falar sobre A ÚLTIMA PROFECIA, o filme de terror de Mark Pellington, que vi no sábado.
Pra quem gosta de uns sustos e uns frios na espinha, o filme não decepciona. Só acho que ele não tem um efeito tão prolongado quanto um MULHOLLAND DR, por exemplo, mas aí já era querer demais, né?
No filme, Richard Gere é o cara que perde a esposa num acidente de carro, depois que a mesma vê algo assustador e perde a direção do veículo. A ÚLTIMA PROFECIA é dessa safra de filmes que assusta, escondendo, como A BRUXA DE BLAIR, SINAIS e OS OUTROS. A estratégia funciona que é uma beleza. E outra coisa que está a favor do filme é que ele traz um tema bem diferente do apresentado nos outros filmes. O começo do filme tem um clima de Arquivo X, quando Gere se vê numa cidade que está vivendo momentos estranhos. Pessoas vendo aparições de algo que não sabem distinguir e outras coisas bizarras. Não vou falar mais nada sobre a história do filme pra não estragar a surpresa de quem ainda não viu.
O que mais impressiona é que o filme é baseado em fatos verídicos. Sabendo disso, é mais uma razão pra gente ficar de cabelo em pé. Conversando com o meu amigo Herbert sobre o filme no domingo ele tinha me falado que o Mothman é uma lenda bastante conhecida nos EUA e que tinha pesquisado na internet vários sites sobre o assunto. Fui dar uma olhada nesses sites.
Um deles, http://www.lorencoleman.com/mothmanfile.html, traz um monte de informações sobre o filme, o livro, sobre o que aconteceu em Point Pleasant (a cidade onde se passa o filme) nos anos 60 e as aparições.
No IMDB, vi que tem um outro filme de título MOTHMAN, de 2000 e com elenco e diretor desconhecidos. Alguém sabe algo sobre?
Bom, como não tenho outra escolha a não ser permanecer aqui no trabalho mesmo estando doente, vou aproveitar o tempo vago pra falar sobre A ÚLTIMA PROFECIA, o filme de terror de Mark Pellington, que vi no sábado.
Pra quem gosta de uns sustos e uns frios na espinha, o filme não decepciona. Só acho que ele não tem um efeito tão prolongado quanto um MULHOLLAND DR, por exemplo, mas aí já era querer demais, né?
No filme, Richard Gere é o cara que perde a esposa num acidente de carro, depois que a mesma vê algo assustador e perde a direção do veículo. A ÚLTIMA PROFECIA é dessa safra de filmes que assusta, escondendo, como A BRUXA DE BLAIR, SINAIS e OS OUTROS. A estratégia funciona que é uma beleza. E outra coisa que está a favor do filme é que ele traz um tema bem diferente do apresentado nos outros filmes. O começo do filme tem um clima de Arquivo X, quando Gere se vê numa cidade que está vivendo momentos estranhos. Pessoas vendo aparições de algo que não sabem distinguir e outras coisas bizarras. Não vou falar mais nada sobre a história do filme pra não estragar a surpresa de quem ainda não viu.
O que mais impressiona é que o filme é baseado em fatos verídicos. Sabendo disso, é mais uma razão pra gente ficar de cabelo em pé. Conversando com o meu amigo Herbert sobre o filme no domingo ele tinha me falado que o Mothman é uma lenda bastante conhecida nos EUA e que tinha pesquisado na internet vários sites sobre o assunto. Fui dar uma olhada nesses sites.
Um deles, http://www.lorencoleman.com/mothmanfile.html, traz um monte de informações sobre o filme, o livro, sobre o que aconteceu em Point Pleasant (a cidade onde se passa o filme) nos anos 60 e as aparições.
No IMDB, vi que tem um outro filme de título MOTHMAN, de 2000 e com elenco e diretor desconhecidos. Alguém sabe algo sobre?
segunda-feira, outubro 07, 2002
BEIJOS ROUBADOS (Baisers Volés)
No sábado pela manhã fui conferir a uma sessão de BEIJOS ROUBADOS, terceiro filme da saga de Antoine Doinel. O bacana é que quanto mais a gente vai assistindo esses filmes, mais gostamos deles. O primeiro, OS INCOMPREENDIDOS, eu vi ainda esse ano. Infelizmente não pude conferir o curta que dá continuidade a história de Antoine e que faz parte do filme de episódios O AMOR AOS VINTE ANOS. Em BEIJOS ROUBADOS, Jean-Pierre Léaud está cada vez mais parecido fisicamente com Truffaut. É como se o diretor, ao construir o seu alter-ego na figura do ator, fosse doando parte de si mesmo para ele. Impressionante. Se eu não me engano, ator nenhum fez projeto semelhante ao que Truffaut fez com o personagem Antoine.
Em OS INCOMPREENDIDOS (1959), ele é um jovem que foge de casa devido a carência da atenção dos pais e dificuldade de se adaptar às regras impostas na escola. Quando eu vi esse filme, achei o final meio estranho, sem uma conclusão, mas ainda assim maravilhoso, com Antoine correndo numa praia e percebendo que a vida dele ainda uma página em branco. Depois é que eu soube que o filme era apenas o início de uma série de histórias com o personagem, contando a vida dele.
ANTOINE ET COLLETE (1962), o curta que dá seguimento a história de Antoine, mostra o começo da vida amorosa do rapaz. Já em BEIJOS ROUBADOS (1968), Antoine está saindo do exército por causa de sua indisciplina e vai trabalhar de porteiro de hotel e em seguida de detetive particular. Costuma, como todo homem, dividir o amor e o sexo, preferindo às vezes só dar uma com uma prostituta. O amor está na figura de Christine, garota difícil para o impaciente rapaz e também em uma mulher mais velha.
Ótima edição rápida de Truffaut, ótima música, ótimos diálogos e personagens fascinantes.
O próximo filme do ciclo Antoine Doinel também será exibido aqui em novembro. Chama-se DOMICÍLIO CONJUGAL (1970) e mostra a vida de casado de Antoine com Christine. Deve ser igualmente imperdível.
O último filme, de acordo com o que peguei agora no IMDB, é L´AMOUR EN FUITE (1979), mostrando Antoine, já trintão, se divorciando de Christine.
No sábado pela manhã fui conferir a uma sessão de BEIJOS ROUBADOS, terceiro filme da saga de Antoine Doinel. O bacana é que quanto mais a gente vai assistindo esses filmes, mais gostamos deles. O primeiro, OS INCOMPREENDIDOS, eu vi ainda esse ano. Infelizmente não pude conferir o curta que dá continuidade a história de Antoine e que faz parte do filme de episódios O AMOR AOS VINTE ANOS. Em BEIJOS ROUBADOS, Jean-Pierre Léaud está cada vez mais parecido fisicamente com Truffaut. É como se o diretor, ao construir o seu alter-ego na figura do ator, fosse doando parte de si mesmo para ele. Impressionante. Se eu não me engano, ator nenhum fez projeto semelhante ao que Truffaut fez com o personagem Antoine.
Em OS INCOMPREENDIDOS (1959), ele é um jovem que foge de casa devido a carência da atenção dos pais e dificuldade de se adaptar às regras impostas na escola. Quando eu vi esse filme, achei o final meio estranho, sem uma conclusão, mas ainda assim maravilhoso, com Antoine correndo numa praia e percebendo que a vida dele ainda uma página em branco. Depois é que eu soube que o filme era apenas o início de uma série de histórias com o personagem, contando a vida dele.
ANTOINE ET COLLETE (1962), o curta que dá seguimento a história de Antoine, mostra o começo da vida amorosa do rapaz. Já em BEIJOS ROUBADOS (1968), Antoine está saindo do exército por causa de sua indisciplina e vai trabalhar de porteiro de hotel e em seguida de detetive particular. Costuma, como todo homem, dividir o amor e o sexo, preferindo às vezes só dar uma com uma prostituta. O amor está na figura de Christine, garota difícil para o impaciente rapaz e também em uma mulher mais velha.
Ótima edição rápida de Truffaut, ótima música, ótimos diálogos e personagens fascinantes.
O próximo filme do ciclo Antoine Doinel também será exibido aqui em novembro. Chama-se DOMICÍLIO CONJUGAL (1970) e mostra a vida de casado de Antoine com Christine. Deve ser igualmente imperdível.
O último filme, de acordo com o que peguei agora no IMDB, é L´AMOUR EN FUITE (1979), mostrando Antoine, já trintão, se divorciando de Christine.
quinta-feira, outubro 03, 2002
GRAND CANYON
Imagine que você está voltando pra casa no seu carro. Tá tendo um engarrafamento desgraçado e a melhor alternativa parece ser pegar um atalho. Mas você acaba se perdendo e seu carro morre. O lugar onde você parou não é bem um lugar amigável. Surgem ladrões que querem te humilhar e levar o teu carro. Quem sabe até dar um tiro um tiro em você. Por sorte, alguém aparece e ajuda você a sair dessa encrenca. Essa é a história inicial de GRAND CANYON. O cara do carro é Kevin Kline, o sujeito que o ajuda é Danny Glover. Eles ficam amigos depois dessa.
GRAND CANYON, de Lawrence Kasdan, é um filme apaixonante. Talvez o mais apaixonante dos filmes de Kasdan. Ele já havia nos presenteado com filmes como O REENCONTRO e O TURISTA ACIDENTAL. Ele talvez seja um dos cineastas americanos mais subestimados. Sua direção por vezes lembra filmes europeus, mais pausados. Os diálogos são realistas, calmos e reflexivos. Seus personagens estão à procura de sentido para suas vidas, ou pelos menos, tentam entender o que está passando.
Em GRAND CANYON, o elenco é sensacional e a teia de acontecimentos, fascinante. Vejam só: Kevin Kline depois de ter a sua vida salva por Danny Glover, procura ajudá-lo de alguma forma. Até arranja-lhe uma namorada. Danny Glover é um sujeito tão legal na realidade que não dá pra não simpatizar com o cara. (Lembro que me emocionei quando vi ele no noticiário chorando ao ir pra África ver a realidade dolorosa das crianças de lá.) Mary McDonnel é a mulher de Kline e sua vida muda quando ela encontra uma criança sozinha chorando nuns arbustos. Ela também questiona a injustiça social. (Imagina se ela morasse no Brasil...). Steve Martin, cineasta de filmes violentos, também sofre um abalo quando leva um tiro num assalto. Ainda tem outros personagens com seus dramas pessoais, seus problemas, suas inseguranças. Tudo muito humano. E pensar que eu vi esse filme depois de uma sessão de TRIPLO X.
Tem uma cena que me chamou bastante a atenção: a cena do sonho de Mary McDonnel. Ela sonha com um mendigo parecidíssimo com o assustador homem de MULHOLLAND DRIVE. Será que David Lynch se inspirou nesse filme pra criar mais uma de suas assustadoras criaturas?
Imagine que você está voltando pra casa no seu carro. Tá tendo um engarrafamento desgraçado e a melhor alternativa parece ser pegar um atalho. Mas você acaba se perdendo e seu carro morre. O lugar onde você parou não é bem um lugar amigável. Surgem ladrões que querem te humilhar e levar o teu carro. Quem sabe até dar um tiro um tiro em você. Por sorte, alguém aparece e ajuda você a sair dessa encrenca. Essa é a história inicial de GRAND CANYON. O cara do carro é Kevin Kline, o sujeito que o ajuda é Danny Glover. Eles ficam amigos depois dessa.
GRAND CANYON, de Lawrence Kasdan, é um filme apaixonante. Talvez o mais apaixonante dos filmes de Kasdan. Ele já havia nos presenteado com filmes como O REENCONTRO e O TURISTA ACIDENTAL. Ele talvez seja um dos cineastas americanos mais subestimados. Sua direção por vezes lembra filmes europeus, mais pausados. Os diálogos são realistas, calmos e reflexivos. Seus personagens estão à procura de sentido para suas vidas, ou pelos menos, tentam entender o que está passando.
Em GRAND CANYON, o elenco é sensacional e a teia de acontecimentos, fascinante. Vejam só: Kevin Kline depois de ter a sua vida salva por Danny Glover, procura ajudá-lo de alguma forma. Até arranja-lhe uma namorada. Danny Glover é um sujeito tão legal na realidade que não dá pra não simpatizar com o cara. (Lembro que me emocionei quando vi ele no noticiário chorando ao ir pra África ver a realidade dolorosa das crianças de lá.) Mary McDonnel é a mulher de Kline e sua vida muda quando ela encontra uma criança sozinha chorando nuns arbustos. Ela também questiona a injustiça social. (Imagina se ela morasse no Brasil...). Steve Martin, cineasta de filmes violentos, também sofre um abalo quando leva um tiro num assalto. Ainda tem outros personagens com seus dramas pessoais, seus problemas, suas inseguranças. Tudo muito humano. E pensar que eu vi esse filme depois de uma sessão de TRIPLO X.
Tem uma cena que me chamou bastante a atenção: a cena do sonho de Mary McDonnel. Ela sonha com um mendigo parecidíssimo com o assustador homem de MULHOLLAND DRIVE. Será que David Lynch se inspirou nesse filme pra criar mais uma de suas assustadoras criaturas?
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