CIDADE DOS HOMENS
Pra completar os comentários de filmes da semana, algumas linhas sobre CIDADE DOS HOMENS, a série de episódios que passou na Globo de terça a sexta-feira da semana passada.
O legal desses episódios é o fato de terem trazido mais humanidade para aquele clima pesado e de contagem de corpos de CIDADE DE DEUS.
A COROA DO IMPERADOR, de César Charlone
Esse é talvez o mais fraco dos quatro episódios. Como Jorge Furtado participa no roteiro, nota-se logo a sua influência na parte didática da trama. Na história, Laranjinha e Acerola tem de conseguir R$ 6,50 para ir a um passeio da escola e ver a coroa do imperador D. Pedro.
O CUNHADO DO CARA, de Kátia Lundi e Paulo Lins
Nesse episódio, Acerola, depois que fica sabendo que a irmã está namorando um líder do tráfico da favela, faz pose de manda-chuva para os colegas que antes o ridiculizavam e humilhavam. O filme é uma mistura de comédia com tragédia.
O MAPA DA MINA, de Kátia Lundi e Paulo Lins
O mais engraçado dos quatro e também um dos mais interessantes. Uma coisa que às vezes a gente não se toca é saber como é que os correios mandam cartas praquelas casas sem número nem rua em algumas favelas. Nesse episódio, Acerola e Laranjinha vão trabalhar de carteiros, sendo que quem paga os serviços são os traficantes. Engraçado quando eles vão à procura do remetente de uma carta rejeitada.
UÓLACE E JOÃO VÍTOR, de Fernando Meireles e Regina Casé
O melhor, mais triste e mais emocionante dos episódios. Faz-se um paralelo entre a vida de um jovem pobre da favela (Uólace, nome de batismo de Laranjinha) e um rapaz de classe média. Impressionante como os dois têm em comum, apesar das diferenças sociais. E você compartilhar da vida de um garoto pobre que acorda sem dinheiro e sem comida em sua casa é foda. Emocionante o final ao som de "Tempo Perdido", da Legião Urbana.
Se CIDADE DE DEUS não cumpriu esse papel social, tão cobrado pelos detratores, taí o CIDADE DOS HOMENS pra calar quem falou mal do filme do Meirelles.
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