Se o Carlão (Reichenbach) não tivesse elogiado Anthony Hickox, manifestando com entusiasmo sua descoberta, esse seria mais um diretor de filmes B que não me interessaria nenhum pouco. Passaria desapercebido por mim. Carlão gostou tanto dos filmes de Hickox que até colocou um inédito dele numa das sessões duplas do Comodoro - CONSEQUENCE (2003). Depois do interesse inicial, vi A ÚLTIMA MISSÃO (2001), excelente thriller de espionagem que me deixou com uma ótima impressão. Até diria que o filme é superior em muitos aspectos a A SUPREMACIA BOURNE, uma produção do primeiro escalão. Pena que esses dois exemplares do cinema de Hickox não confirmem pra mim sua maestria, apesar de ter gostado de um deles.
CONSPIRAÇÃO FATAL (Storm Catcher)
Esse é um dos piores filmes que eu vi nos últimos tempos. Li nos comentários sobre o filme no site da Amazon que o DVD americano do filme tem um comentário em áudio de Hickox que deve ser impagável. No comentário, o diretor esculhamba o próprio filme, dizendo o quanto ele é ruim, apontando as principais falhas e admitindo que só fez mesmo esse filme para pagar as dívidas. Não deixa de ser um bom motivo. Talvez se eu tivesse lido isso antes, eu até teria visto o filme com mais bom humor e ainda teria me divertido com os seus problemas. Teve uma hora que eu voltei a fita pra conferir se aquilo em cima do avião eram mesmo fios. Sim, o avião era uma maquete com os fios aparecendo. Antes de eu ver os tais fios até que os jatos estavam convincentes, hein. A história é tão confusa que eu não ouso resumir, mas dá pra dizer que é sobre um oficial da força aérea (o tosco Dolph Lundgren) que é alvo de uma conspiração e acusado de ter matado pessoas. No começo eu pensei que seria um filme quase hitchcockiano, sobre um inocente que é acusado de um crime que não cometeu e foge da polícia enquanto tenta obter provas de sua inocência. Mas não é bem assim. Depois que ele foge, a primeira coisa que ele faz é visitar a sua família. Que é imediatamente atacada por seus inimigos, numa cena até que interessante, cheia de fumaça e câmera lenta. O miolo de CONSPIRAÇÃO FATAL (1999) tem um ritmo bom, prende a atenção, mas o começo com aqueles diálogos ruins e o final constrangedor fazem com que a balança penda ainda mais para o lado negativo. Gravado da Globo.
CONTAMINAÇÃO (The Contaminated Man)
Só a presença de um ator como William Hurt já deixa esse filme com cara de produção A. Enriquecendo o elenco, as presenças de Natascha McElhone e Peter Weller. CONTAMINAÇÃO (2000) também tem a vantagem de ter uma história bem coesa, simples e sem complicações, e com um ritmo que me deixou grudado na telinha até o final. O prólogo do filme já chama a atenção, mostrando William Hurt chegando em casa, sem saber que estava contaminado. É quando morrem em questão de minutos sua esposa e sua filha pequena. Passam-se vários anos, e num laboratório perto de Budapeste, ocorre um acidente, e um homem contaminado com um vírus letal foge. Uma das características desse vírus é que a primeira pessoa contaminada sobrevive mais tempo, enquanto que as vítimas secundárias morrem em questão de minutos. Por onde esse homem passa, vai deixando uma trilha de morte. William Hurt, o cientista que tem imunidade ao vírus, junto com a especialista em terrorismo Natascha McElhone, tentam deter o homem. CONTAMINAÇÃO é um jogo de gato e rato bem interessante e compensa um pouco os erros de CONSPIRAÇÃO FATAL. Visto em fita selada.
Mesmo assim, não perdi o interesse pelos filmes de Hickox, não. Pretendo vê-los sempre que tiver oportunidade. Quem tem o canal Cinemax, por exemplo, pode conferir na programação os filmes FULL ECLIPSE (1993) e FEDERAL PROTECTION (2002).