segunda-feira, julho 28, 2014

SUPER



Imaginar um mundo em que existam heróis fantasiados não é muita novidade. Alan Moore brincou com isso nos anos 1980 com Watchmen. Mais recentemente dois outros autores de quadrinhos, Mark Millar e John Romita Jr., criaram Kick-Ass, obra que foi rapidamente assimilada por Hollywood e teve a sorte de render duas excelentes adaptações. Assim como o atrapalhado Kick-Ass, que também ganhou uma parceira, a Hit-Girl, SUPER (2010), de James Gunn, nos apresenta a um sujeito desajeitado e ridicularizado que tem a ideia de se vestir de super-herói e sair combatendo o crime, mesmo não tendo nenhum superpoder.

Por mais que eu considere KICK-ASS – QUEBRANDO TUDO e KICK-ASS 2 mais bem resolvidos como filmes de ação, além de também saberem dosar o humor, SUPER possui elementos que o tornam especialmente adorável. Em parte pelo fato de o herói não ser nada bom da cabeça e capaz de cometer umas barbaridades usando uma arma improvisada, mas suficientemente pesada para matar alguns bandidos e aproveitadores de criancinhas.

Meu interesse por SUPER surgiu graças à estreia iminente de GUARDIÕES DA GALÁXIA, o mais arriscado filme dos Estúdios Marvel, e que já tem recebido umas críticas bem positivas de alguns amigos que puderam vê-lo em cabines de imprensa. Não duvido nada que seja um belo filme, tanto pelo trailer, quanto pela habilidade com que Gunn dirige SUPER.

Há também um belo uso de muito colorido na fotografia. Destaque para o vermelho do uniforme de Crimson Bolt (Rainn Wilson) e do verde e amarelo da roupa de Boltie (Ellen Page). Quanto à escalação do elenco, Wilson está perfeito como o sujeito que sofre o diabo depois de levar um pé na bunda da mulher (Liv Tyler) e ainda por cima saber que ela o trocou por com um traficante de drogas arrogante (Kevin Bacon). Wilson não está muito diferente do Dwight da série THE OFFICE, mas funciona que é uma beleza no papel.

Em seus delírios, enxerga como uma mensagem divina a ideia de se vestir como super-herói e isso acaba preenchendo o seu vazio interior. A entrada em cena de Ellen Page, como a vendedora de quadrinhos de uma comic shop é mais um ganho para o filme. E o curioso é que raramente as cenas engraçadas são realmente engraçadas.

Há um tom agridoce do início ao fim, como se aqueles personagens fossem todos uns pobres miseráveis necessitando de amor e reconhecimento. E chega uma hora que nem mesmo essas duas coisas parecem suficientes para acalmar o espírito. Não deixa de ser curioso isso dentro de um filme tão colorido.

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