Nada mais adequado e atual para esses tempos de novos conflitos entre israelenses e palestinos do que um filme que aborde o assunto, como é o caso de INCH’ALLAH (2012), de Anaïs Barbeau-Lavalette. Assim, o atraso do lançamento em nossos cinemas veio a calhar (o filme estreou em São Paulo em janeiro deste ano). O que não é bem-vindo mesmo é cópia digital de péssima qualidade e que ainda por cima desrespeita a janela do filme, que é originalmente em scope. Com a chegada pra valer de do DCP em várias salas de cinema da cidade, achava que tais mutilações já fossem coisa do passado, mas infelizmente ainda teremos que conviver por algum tempo com isso.
De todo modo, o filme é interessante, ainda que não seja necessariamente bom e nem suficientemente impactante. Retrata o drama de uma médica canadense (Evelyne Brochu, da série ORPHAN BLACK) que trabalha em um hospital situado na Faixa de Gaza e que começa a sofrer e a se solidarizar com os palestinos, ao mesmo tempo em que mora do lado dos israelenses e até tem uma amiga que é militar israelense.
O filme tem uma clara tendência em mostrar muito mais o drama dos oprimidos, os palestinos, como a realidade de uma catadora de lixo, uma mulher cuja gravidez ela acompanha. Também vemos pouco, até pelo fato de o filme nos mostrar o ponto de vista da protagonista, as maquinações para as tentativas desesperadas dos palestinos de se fazerem visíveis, nem que seja como mártires. As cenas dos funerais de tais mártires não deixam de ser impressionantes pela dor e pelo ódio que essas pessoas sentem.
INCH’ALLAH também mostra o rancor que as crianças palestinas já nutrem pelo outro. Ela, mesmo não sendo israelense, precisa agir de maneira hostil também com uma das crianças, que cospe no chão em sua frente. Ela faz o mesmo e ri para ele em seguida, ganhando o seu respeito e simpatia. São pequenos momentos que valem a apreciação do filme, principalmente em momento tão urgente.
Atualmente, com as redes sociais, nunca o Estado de Israel esteve em situação de tanta visibilidade no que se refere a suas atrocidades. Mesmo com um possível cessar-fogo em breve, sabemos que essa é uma batalha injusta e que precisa de uma intervenção externa urgente. O problema é que nem os Estados Unidos nem os países da Europa estão interessados em intervir com força para um desmantelamento urgente do Estado de Israel, que, segundo li e vi em alguns vídeos, não é apoiado por todos os judeus religiosos, apenas pelos sionistas. E o pior de tudo é que esses atos de Israel podem estar iniciando um novo antissemitismo. Por isso é preciso ter sempre muito cuidado.
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