Se a diretora tivesse um roteiro mais amarrado, quem sabe daria conta, mas com um trabalho que privilegia mais o visual do que os diálogos, o resultado é insatisfatório. Na trama, Juliette Binoche é Anne, uma jornalista da revista Elle que está escrevendo um artigo a respeito de estudantes que pagam seus estudos com o dinheiro da prostituição. Com o casamento em frangalhos e com dificuldades em disciplinar os filhos, Anne cai de cabeça em seu objeto de pesquisa. As duas meninas que ela entrevista para seu artigo são uma garota francesa (Anaïs Demoustier) e uma imigrante polonesa (Joanna Kulig). À medida que ela vai conhecendo mais as meninas, as relações vão se estreitando.
Curiosamente ELLES adota dois modos para cada garota: o modo “contar” para a jovem francesa (embora também vejamos cenas da intimidade dela) e o modo “mostrar” para a garota polonesa, através de flashbacks. Uma boa saída, aliás, para tornar o filme menos monótono, embora não o suficiente para torná-lo interessante. Há cenas de sexo, mas elas não são exatamente excitantes. Uma delas chega a ser incômoda, inclusive – a cena da garrafa de champanhe -, mas a maioria pode ser vista com certa frieza ou indiferença.
Aparentemente o filme não trata nem de glorificar nem de denegrir o exercício da prostituição, deixando para o espectador a tarefa de tirar suas próprias conclusões ou continuar com seus pensamentos ou preconceitos a respeito das garotas de programa e de seus clientes. Uma pena que ELLES também não consiga se aprofundar na temática, preferindo mostrar os cenários limpos dos apartamentos de Anne e das duas garotas – o branco predomina na direção de arte de interiores.
O segundo movimento da Sétima Sinfonia de Beethoven também ajuda a dar um ar classudo ao filme. Mas, se no começo, isso pode animar o espectador, a repetição no final só mostra o quanto ELLES pretendia e o quanto fracassou. Ainda assim, é um filme que vale ser visto, principalmente pela presença de Binoche, que se mostra despida de maquiagem em alguns momentos.
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