terça-feira, janeiro 15, 2013

DETONA RALPH (Wreck-It Ralph)



Interessante como as animações atuais têm a preocupação de agradar tanto crianças quanto adultos. O que é completamente compreensível, pois os pais levam os filhos e também vão fazer parte do boca-a-boca que tornará o filme um sucesso ou um fracasso. No caso de DETONA RALPH (2012), o universo do fliperama, mais familiar para pessoas adultas, pode ser um tanto estranho para as crianças, mas o filme não complica a vida de ninguém. Tudo é muito fácil de assimilar. E para os adultos, em especial aqueles que brincavam com os antigos jogos de fliperama, o novo filme da Disney pode trazer uma sensação parecida com a provocada por TOY STORY (1995), o filme da Pixar que deu início à moda das animações em computação gráfica que aos poucos foi abolindo as animações tradicionais feitas para o cinema, pelo menos nos Estados Unidos.

DETONA RALPH também representa um momento diferente para a Disney, que abandona os filmes de contos de fadas e assemelhados para abraçar uma narrativa mais moderna e mais próxima da Pixar. Por outro lado, a Pixar, no mesmo ano, deu uma de "clássicos Disney" ao trabalhar com a história de uma princesa em um contos de fadas em VALENTE, um filme que muita gente considera careta. Mas considerar VALENTE careta não seria o mesmo que considerar os demais clássicos da Disney também caretas?

No caso de DETONA RALPH, temos a história de Ralph, ou Detona Ralph, um personagem grandalhão de um jogo de fliperama de mais de 30 anos cuja função é basicamente quebrar um prédio. E há um sujeito que é o mocinho na história, o Conserta-Tudo-Felix Jr., que com um martelinho mágico rapidinho conserta os danos provocados pelo gigante Ralph. Acontece que Ralph começa a ficar cansado dessa rotina de vilão, de não receber as medalhas e nem ao menos ser convidado para as festas do pessoal do edifício. Pra completar, ele ainda dorme do lado de fora, num lixão.

Mesmo participando de um grupo de vilões anônimos dos videogames, isso não impede que ele resolva abandonar o jogo. E abandonar o jogo significa que a máquina será posta para conserto e talvez abandonada. Sem saber bem das consequências de seus atos, Ralph vai parar num jogo bem mais moderno, desses de alta resolução e de tiro em primeira pessoa. Depois dessa rápida aventura, ele vai parar num outro jogo, no qual ele terá a função de ajudar uma garotinha "bug" chamada Vanellope Von Schweetz a vencer uma corrida. É quando o filme fica coloridíssimo e provavelmente mais atrativo para as crianças menores. E quando também mostra a união de dois personagens marginais e mal vistos dentro de seus próprios jogos. Esse detalhe é importante para nos solidarizarmos tanto com Ralph quanto com Vanellope.

Embora tenha algumas surpresinhas no final, DETONA RALPH é um pouco previsível em seu desenvolvimento, além de bastante devedor da premissa de TOY STORY. Mas é suficientemente simpático para divertir toda a família e tem um andamento muito bom. Além do mais, se colocarmos DETONA RALPH entre as várias adaptações de videogame para o cinema, ele pode até encabeçar a lista.

Há um curta-metragem que abre o longa que é bem bonito: O AVIÃO DE PAPEL, de John Kahrs. Feito em preto e branco, como que para dar um ar de filme antigo, o pequeno curta mostra a história de dois estranhos que se conhecem numa estação de metrô e se apaixonam à primeira vista. Para se comunicar com ela do outro lado da rua, ele tenta chamar-lhe a atenção com aviões de papel. Muito curioso esse tipo de filme mais romântico sendo incluído num pacote mais infantil. Mas o bom mesmo é ver um universo em que a Lei de Murphy parece não prevalecer.

Nenhum comentário: