Quando John Krasinski apresentou ao mundo o primeiro UM LUGAR SILENCIOSO (2018), houve muita surpresa. Afinal, sua pouca experiência com um tipo de produção de larga escala, ou mesmo com filmes de horror, sci-fi ou suspense era inexistente. O que ele havia feito até então como diretor eram dois filmes pequenos e pouco conhecidos. Para a grande maioria das pessoas, Krasinski era Jim Halpert, aquele cara simpático e querido da série THE OFFICE. Mas o seu filme de mundo pós-apocalíptico habitado por sobreviventes tentando se manter vivos com a presença de monstros alienígenas ganhou a muitos.
Nem Krasinski nem a Paramount esperavam tanto sucesso e o sucesso chamou logo uma continuação, que deveria estrear no ano passado, mas que foi adiada até que houvesse uma melhora no quadro da pandemia nos Estados Unidos. Para o diretor, o filme não merecia ser lançado diretamente em streaming. E de fato UM LUGAR SILENCIOSO – PARTE II (2020) merece a apreciação na telona, de preferência na melhor sala de cinema disponível na cidade. Se houver uma sala IMAX, melhor ainda. Perfeito, eu diria. Tive o prazer de ver numa IMAX e só fiquei pensando no quanto o filme se perde na telinha, já que se trata de uma experiência bastante imersiva.
Sem ter mais a novidade a seu favor, como tinha quando fez o primeiro filme, Krasinski retoma de onde o primeiro acaba para seguir sua história com momentos tão bons ou às vezes até melhores que no anterior. A segunda parte já nos ganha no prólogo, e embora o restante do filme não consiga ser tão bom quanto esse início, o cineasta tem um senso de timing admirável, fazendo uma obra compacta, enxuta, sem gorduras.
Seu senso de timing se mostra muito bom na montagem paralela das cenas de ação e na maneira como ele introduz novos personagens e novas situações que fogem da estrutura habitual do estar sempre fugindo e se esquivando dos monstros cegos, como a cena do barco ou a cena na ilha. Em alguns momentos, com os heróis de posse de suas armas e enfrentando os monstros frente a frente, até lembra filmes de super-heróis, mas heróis que não sabemos se sobreviverão, conforme ocorre no primeiro filme.
Foi ótima a adição de Cillian Murphy no elenco e por mais que sintamos falta do personagem de Krasinski, essa falta faz parte do sentimento de luto que compartilhamos com os personagens, inclusive com o sentimento da jovem Regan (Milicent Simmons), a filha mais velha e deficiente auditiva dos Abbots. Aliás, a personagem ganha um peso maior que a própria mãe, Evelyn (Emily Blunt). Os verdadeiros protagonistas da ação nesta segunda parte são Regan e Emmett, o personagem de Murphy.
Algumas cenas memoráveis e que fazem a gente ficar com as mãos grudadas na poltrona: além de todo o prólogo, com suas sequências assustadoras e cheias de vida, há a cena do barco, a invasão na ilha, a armadilha machucando o pé do pequeno Marcus (Noah Jupe); a tentativa de fugir de um dos monstros usando água; a falta de oxigênio no espaço de maior segurança contra a criatura; entre outras. Ao final, fica a certeza de que virá um terceiro filme, sendo essa parte dois um filme do meio de uma provável trilogia.
O terceiro filme, inclusive, já está em pré-produção e será dirigido por Jeff Nichols, um cineasta que tem em seu currículo dramas familiares, sendo que um deles, O ABRIGO, é sobre uma família se protegendo de algo e com toques de horror psicológico e um clima de apocalipse iminente. Pode dar muito certo.
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