domingo, agosto 03, 2014

Q



Quantas vezes você viu um filme contendo cenas de sexo e desejou que aquilo fosse de verdade? Principalmente quando as tais cenas simuladas não são suficientemente convincentes? Para atender essa demanda e esse desejo de alguns espectadores, alguns filmes estão investindo na inclusão de cenas de sexo explícito de modo que não pareça enxerto e só contribua para que a obra se torne, além de excitante, também mais próxima da realidade. São filmes como AZUL É A COR MAIS QUENTE, CLIP e UM ESTRANHO NO LAGO, para citar casos mais recentes, já que isso não se constitui uma novidade: nos anos 1970 havia alguns exemplares, mas eles eram bem underground e mais direcionados principalmente ao sexo. Além do mais, suas tramas não eram suficientemente boas sem as tais cenas quentes.

Q (2011), de Laurent Bouhnik, é mais um belo exemplar que traz cenas de sexo explícito numa trama que envolve três casais cujas histórias se cruzam. Na primeira cena do filme, vemos Cécile (Déborah Révy) e Matt (Gowan Didi) dentro de um carro. Pela conversa, descobrimos que os dois acabaram de se conhecer, que ela quer jogar as cinzas do pai no mar e que Matt sente uma imensa atração física por ela. De fato, Débora Révy imprime à sua personagem um sex appeal impressionante. Coadjuvante em filmes estrelados por grandes astros do cinema francês, em Q, Déborah tem a chance de protagonizar e trabalhar em algumas ousadas cenas.

O que mais encanta em Cécile é seu prazer em provocar excitação sexual nos homens até deixá-los na mão, dando-lhes às vezes, como prêmio de consolação, sua calcinha. Sua sexualidade sempre exacerbada chega a perturbar o namorado, que fica bastante transtornado quando ela fala o quanto gostaria de fazer sexo com o namorado e o amigo dele ao mesmo tempo, por exemplo. Mas a melhor cena de sexo de Cécile acaba sendo a do encontro com Alice (Hélène Zimmer), a namorada de Matt.

Alice é quase o oposto de Cécile: ao invés de ter a sua liberdade sexual e seu poder de mexer com a cabeça de homens de todas as idades, Alice sofre opressão da família, que a castiga por tê-la flagrado beijando na boca de Matt na rua. Esse tipo de opressão faz com que ela reprima seus sentimentos e desejos, por mais que Matt queira levá-la para sua casa e fazê-la feliz. Há uma cena especialmente excitante, em que Matt a masturba dentro da casa dela, enquanto a mãe conversa com ela do outro lado da parede. Essas cenas de masturbação e de felação, inclusive, têm uma beleza impressionante, traduzindo imagem e som em voltagem erótica.

E o importante é que tais cenas funcionam de maneira orgânica à trama dos personagens. Principalmente dos dois casais citados. Mas há também um outro casal, que sofre com um problema: por causa de um trauma do passado, a mulher tem um bloqueio e não consegue fazer sexo com o marido. Há também um casal de lésbicas cuja história é pouco aprofundada, mas que contribui para pelo menos mais uma boa cena de sexo.

E pensar que descobri Q por acaso, fuçando o "catálogo" de filmes do site My Duck Is Dead. Que sirva de dica para os interessados em histórias bem contadas e dirigidas (há um momento em que a câmera transita por um café em um único plano-sequência, que é brilhante) e que traga erotismo de qualidade, com mulheres lindas e sensuais como Déborah Révy e Hélène Zimmer.

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