Dentre os filmes exibidos na recente Mostra Imovision, um dos que eu mais fiz questão de ver foi GERONIMO (2014), de Tony Gatlif. Mas eu não sei o que se passa comigo, pois me apego à grife e à presença do nome do diretor nos festivais e acabo me esquecendo de que não gostei dos outros trabalhos que assisti do mesmo sujeito, EXÍLIOS (2004) e TRANSYLVANIA (2006), sendo que ambos trouxeram alguns momentos especialmente perturbadores, se não me falha a memória, mas que por isso mesmo eu ainda respeitava o diretor e acreditava que ainda seria possível gostar de alguns de seus filmes.
Mas aí ele me vem com um troço intragável como GERONIMO (2014), que é claramente desagradável por sua construção narrativa e dramatúrgica, mais do que pelas escolhas do realizador ou por sua tendência a temperar sempre os seus filmes com sangue cigano. Isso é, inclusive, um aspecto positivo, uma maneira de mostrar um panorama ainda mais amplo da já bastante diversificada cinematografia francesa no que se refere à pluralidade de etnias presentes no país.
No caso de GERONIMO, não são apenas os ciganos, mas também os turcos os protagonistas da história, que envolve um casamento proibido entre uma jovem de origem turca e um rapaz de família cigana. Como há uma rixa entre os grupos, o filme aproveita para dar uma de AMOR, SUBLIME AMOR, com cenas próximas do musical, privilegiando a dança e a cultura dos dois povos, mas ao mesmo tempo banalizando tudo com sua história fraca e personagens vazios. Ou pior: bem bobos.
Nem mesmo a protagonista, a educadora Geronimo (Céline Sallette), que tenta conciliar a situação, consegue fazer do filme um objeto realmente interessante. Claro que deve haver apreciadores, mas a violência "de mentirinha" e um jeito de musical que não chega a ser musical também acabaram deixando em mim uma sensação de que não verei outra obra de Gatlif tão cedo.
De bom, fica a lembrança da primeira imagem: a moça vestida de noiva fugindo do homem com quem não quer casar para encontrar o amado. Mas ambos acabam não sendo tão importantes para a trama, já que o motivo principal do enredo é mostrar a briga entre as gangues e suas diferenças culturais, principalmente em relação ao que se costuma ver no cinema francês tradicional, digamos assim.
O gosto do filme foi tão ruim que acabei ficando desanimado de ver os demais filmes da mostra. Exceto, claro, BEM-VINDO A NOVA YORK, de Abel Ferrara, que é imperdível e deve entrar em cartaz no início de setembro.
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