Décimo filme dos estúdios Marvel, GUARDIÕES DA GALÁXIA (2014), de James Gunn, representa um dos pontos mais altos desde a estreia do estúdio com HOMEM DE FERRO, em 2008. No ano passado, muitos começaram a desacreditar do futuro da Marvel no cinema (pelo menos em qualidade) devido a resultados não muito satisfatórios como HOMEM DE FERRO 3 e THOR - O MUNDO SOMBRIO.
Diferente dos demais filmes, que apostaram em heróis já bastante conhecidos da audiência, GUARDIÕES DA GALÁXIA traz uma equipe quase desconhecida, e que está sendo retomada com a mesma formação do filme na Nova Marvel, nos quadrinhos. Portanto, constitui-se na aposta mais arriscada da Marvel/Disney.
Porém, a escolha de um diretor talentoso como James Gunn (SERES RASTEJANTES, 2006; SUPER, 2010) fez a diferença, aliado a diversos outros fatores, como uma intenção clara de não se levar a sério, elenco e personagens carismáticos, uma trilha sonora saborosa e efeitos especiais de última geração. Além do mais, há muitas semelhanças com a franquia STAR WARS, já que a trama se passa em uma galáxia povoada por pessoas de diversos planetas que entram em guerra uns com os outros e há aqueles que ganham a vida de maneira pouco nobre. Caso dos nossos heróis.
Há que se dar um desconto para alguns momentos um tanto piegas, como quando os personagens passam a se sentir como uma família, ou com o discurso cheio de excessos dos vilões, especialmente Ronan (Lee Pace). O grande vilão Thanos, porém, aparece pouco e continua sendo um personagem temido e respeitado. Esses aparentes problemas do filme fazem parte do jogo. O fato de a produção pender mais para a comédia conta pontos a seu favor na hora de relevar esses problemas, ainda que nem sempre o humor seja tão engraçado.
A narrativa começa em 1988, sendo que a primeira imagem é a de uma fitinha cassete. Depois sabemos quem a está ouvindo: o menino Peter Quill, no corredor de um hospital, enquanto a mãe agoniza, vítima de câncer. É nesta mesma noite que ele é abduzido por nave alienígena. Saltamos no tempo e já vemos o personagem, vivido por Chris Pratt, em busca de um orbe que contém uma das joias do infinito, objetos já citados em filmes anteriores da Marvel. O começo do filme, inclusive, remete muito aos bons momentos de Indiana Jones, o herói arqueólogo. A diferença é que Quill pretende vender o objeto para lucrar.
Outros momentos deliciosos são justamente os que mostram como a turma toda se conhece: além de Quill, que se autodenomina Senhor das Estrelas, há a mulher verde Gamora (Zoe Saldana), o guaxinim Rocket (voz de Bradley Cooper), a criatura de madeira Groot (voz de Vin Diesel) e, mais adiante, o bombadão Drax (Dave Bautista). São todos personagens interessantes. Gamora por lutar bem e ter seu sex appeal, Rocket por ter uma das melhoras falas e Groot por ser o mais simpático do grupo, mesmo não sabendo falar outra coisa que não seja "I am Groot". O sorriso dele, inclusive, contamina a plateia.
Toda essa primeira parte, do encontro dos membros do grupo, é narrada com um dinamismo admirável. Assim, tanto a direção quanto o roteiro e a edição estão de parabéns. Assim como a colorida fotografia, a cargo de Ben Davis (KICK-ASS – QUEBRANDO TUDO) e todos os demais aspectos técnicos.
Uma das vantagens de GUARDIÕES DA GALÁXIA em relação aos demais filmes da Marvel é que ele pode ser visto em separado por um público, como se fosse independente dos demais, por mais que saibamos que há ligações, especialmente com os filmes dos Vingadores. Mas essa ligação é mostrada de maneira muito sutil e não faria muita diferença para um espectador que não é exatamente fã da Marvel acompanhá-lo e vê-lo como uma espécie de novo STAR WARS. E com a vantagem de ter um diretor mais talentoso que George Lucas no comando.
Curiosamente, entre os roteiristas está o nome de uma estreante, Nicole Pearlman, que já está praticamente confirmada para roteirizar um filme da Viúva Negra, aproveitando o sucesso dessas personagens femininas entre audiências de ambos os sexos, ainda que talvez por razões distintas. Isso, aliás, já deveria ter sido feito pela Marvel a essa altura do campeonato, já com o décimo filme do estúdio em cartaz e levando em consideração que os próximos serão OS VINGADORES 2 - A ERA DE ULTRON e HOMEM-FORMIGA. Assim, todos sabemos o quanto esse universo de super-heróis é machista. Principalmente a Marvel, já que a DC tem uma heroína icônica, a Mulher-Maravilha.
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