segunda-feira, março 17, 2014

WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS (Saving Mr. Banks)



Uma bela surpresa este WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS (2013). Trata-se de um filme bem quadrado, mas não poderia ser diferente. Há uma intenção de se aproximar da obra que presta homenagem (MARY POPPINS, 1964), além da homenagem ao próprio Walt Disney e à escritora e criadora da governanta enviada para ajudar uma família, P.L. Travers. Por mais que não sejamos simpáticos ao filme da Disney, que surgiu em um momento em que Hollywood já estava careta e precisando urgentemente de mudanças, a história do filme é emocionante.

Isso se deve principalmente à descoberta da história de vida de P.L. Travers, vivida por Emma Thompson. O filme alterna cenas de sua infância e de seu relacionamento com o pai alcoólatra e tuberculoso, vivido por Colin Farrell, e sua vida na meia-idade, com problemas financeiros e finalmente aceitando entrar em um acordo com o milionário Walt Disney (Tom Hanks), que há muitos anos tentava cumprir uma promessa que fizera à filha, que era adaptar o livro infantil da personagem Mary Poppins para o cinema.

Dirigido pelo mesmo John Lee Hancock do belo e maltratado melodrama UM SONHO POSSÍVEL (2009), WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS conquista o espectador pela emoção. E isso acontece de modo crescente, já que a história da escritora exigente e ranzinza vai se descortinando aos poucos. E apesar de sua personalidade não muito sociável, trata-se de uma personagem fácil de gostar, até por também significar uma tentativa de resistência ao sistema, no caso, Hollywood, e mais especificamente ao estúdio do Mickey.

Há também a figura carismática de Walt Disney, ainda que mostrado com menos esforço por parte de Tom Hanks. Disney está quase sempre sorrindo. Pelo menos quando conversa com alguém. E muito de seu sucesso vem dessa simpatia que ele apresenta na vida pública. Para alguém como ele, que era associado diretamente a filmes que representavam sonhos para muitas crianças e mesmo adultos, essa máscara era fundamental.

Mas é P.L. Travers a personagem mais importante do filme, a protagonista, o coração. E o filme também nos apresenta à Mary Poppins da vida real, uma tia que ajudou sua família durante os momentos mais difíceis da doença do pai e que inspirou a criação da personagem. Essa tia, vivida no filme por Rachel Griffiths, muito lembrada pela querida personagem Brenda, de A SETE PALMOS, é o complemento para a emoção que vem num crescendo durante os ensaios para o filme e que tem como um de seus momentos mais sentimentais a cena da canção da pipa ("Let's go fly a kite"), que funciona como um preparatório para a bela cena na avant première de MARY POPPINS. Depois de sabermos sobre a personagem, difícil conter as lágrimas.

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