domingo, março 23, 2014

TRÊS DOCUMENTÁRIOS



São 36 filmes (entre curtas e longas) para escrever a respeito e falta tempo para dar conta de atualizar o blog como eu bem gostaria. Assim, de vez em quando é preciso recorrer a esses comentários rápidos e rasteiros, até porque às vezes acontece de a memória desses filmes não estar mais tão viva em nossa mente. EMAK BAKIA (2012), por exemplo, foi visto em setembro, durante o Cine Ceará. E foi um filme tão marcante, mas a busca por uma cópia na internet para rever e absorvê-lo melhor foi frustrante. Por isso, quem sabe um dia eu volte a falar dele por aqui. Os demais também pertencem a essa categoria de documentário e que certamente também mereceriam mais linhas, já que tem tanto o que se discutir sobre eles, tanto no campo do conteúdo quanto na forma.

EMAK BAKIA (La Casa Emak Bakia) 

Eis um filme fascinante e pouco conhecido. Feito para homenagear um curta-metragem mudo de Man Ray chamado EMAK-BAKIA (1927), o longa de 2012 de Oskar Alegria acabou sendo um dos mais apreciados pela crítica durante a edição do Cine Ceará. Feito no País Basco, uma região que ainda não obteve independência e fica dentro do território espanhol, o filme é inventivo, remetendo a cenas do curta original, ora apresentando, ora reinventando. Há, inclusive, uso de split screen. É também um filme sobre uma busca. A busca da casa em que o misterioso cineasta Man Ray dirigiu seu curta com tintas surrealistas. É o tipo de trabalho tão denso e tão bonito que merece, certamente, uma revisão, logo que possível.

MORRO DOS PRAZERES 

Filme que encerra a trilogia sobre justiça que se iniciou com os filmes JUSTIÇA (2004) e JUÍZO (2007), em MORRO DOS PRAZERES (2013), a cineasta Maria Augusta Ramos adentra a comunidade do título, agora vivendo sob o julgo de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que começou a ser implantado nos últimos anos em determinadas locais que têm cara de perigo para a sociedade ou maior incidência de tráfico e violência. A diretora ouve tanto os policiais quanto a comunidade, que não se sente tão à vontade com a presença dos fardados no local. Maria Augusta também procura flagrar algumas cenas sem que os moradores percebam, de modo que a interferência da câmera não venha maquiar a realidade, algo que é muito comum dentro do gênero documentário. É um filme bem interessante e que trata de um assunto muito presente da realidade brasileira atual.

A IMAGEM QUE FALTA (L’Image Manquante) 

Não sei muito bem o que não me agradou neste A IMAGEM QUE FALTA (2013), representante da Camboja no Oscar 2014. É quase um corpo estranho entre os indicados, principalmente por ser um documentário. Um documentário que traz uma tentativa de reconstruir uma realidade que foi perdida nos registros históricos durante o horripilante massacre cometido pelo Khmer Vermelho entre os anos de 1975 e 1979. Essa reconstrução é feita com bonecos de argila e algumas poucas imagens de arquivo, que flagram o corpo esquelético dos trabalhadores durante aquele período negro no Camboja. Destaque para a narração em francês de Randal Douc que empresta gravidade ao assunto, apesar do seu tom de voz suave. Talvez seja isso que tenha me dado sono, inclusive. Mas certamente é um filme que merece ser visto. Passou pouco tempo em cartaz na cidade, mas ao menos foi trazido pelo pessoal do Dragão do Mar.

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