quinta-feira, março 20, 2014

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS (The Book Thief)



Prestes a entrar em sua oitava semana de exibição nas telas brasileiras, A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS (2013) é um dos filmes de maior aceitação popular e sucesso comercial neste ano. Muito de seu sucesso vem das boas vendagens do best-seller homônimo do escritor australiano Markus Zuzak. Mas se tanto o romance quanto o filme foram bem-sucedidos junto ao público isso se deve tanto ao interesse por parte da História da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial quanto ao sentimentalismo, que ainda é objeto de atração por boa parte da audiência. Eu, incluso.

Há também a beleza de ver um filme que trata do amor e da obsessão pela leitura, pelos livros, algo que nos dias de hoje deve ser valorizado. É quase como um serviço de utilidade pública. Claro que isso não isenta o filme de receber críticas negativas, mas não será de mim que elas partirão.

Ao contrário, só tenho a elogiar o trabalho do diretor Brian Percival, mais conhecido por dirigir episódios para a cultuada série britânica DOWNTON ABBEY. Há também a ótima escolha da jovem canadense Sophie Nélisse, que já havia roubado a cena no também sentimental e belo "filme de professor" O QUE TRAZ BOAS NOVAS, de Philippe Falardeau.

Em A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, ela é Liesel, uma menina que é adotada por uma família alemã por causa de perseguições políticas que seus pais biológicos sofriam. O filme aborda sua adaptação àquela nova família que possui um pai gentil e carinhoso (Geoffrey Rush) e uma mãe aparentemente ranzinza e mandona (Emily Watson). A família é simples mas não é nada simpatizante dos ideais nazistas naquele momento tão turbulento no mundo. Tanto que chegam a refugiar um judeu na própria casa, correndo risco de vida.

A menina, ao mesmo tempo em que estabelece um vínculo de amizade com esse rapaz judeu e que aparece na casa muito doente, vai exercitando seu gosto por livros, que surge quase que do zero, já que ela chega àquela casa sem saber ler. Quando aprende, descobre um novo e fascinante mundo. Tanto que chega a ser revoltante ver uma pilha de livros sendo queimada numa fogueira pelos nazistas, por representarem valores dos países inimigos. Ela estava lá assistindo a esse crime. François Truffaut choraria ao ver uma cena dessas.

O narrador do filme é bem especial: a própria Morte, que diz ter um especial apreço por certos mortais. Como ela é a narradora da história da família de Liesel, é particularmente deles a quem ela elogia, muito embora não possa interferir no que fazem os humanos naqueles momentos de chacina, violência e atos extremamente crueis.

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, provavelmente por optar por um registro mais sentimental, não foi muito bem aceito por boa parte da crítica, que talvez tenha visto o filme como apelativo, exagerado na emoção etc. No entanto, como ser tão racional diante de um filme que lhe conquista pelas emoções, pelo arrepio, pelas lágrimas?

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