Os bastidores da indústria pornográfica sempre são motivo para nos GARGANTA PROFUNDA (1972) e mais especificamente de sua estrela, Linda Lovelace, então, aí então nem se fala. Os bastidores do filme pornô mais famoso do mundo já foram muito bem dissecados em INSIDE DEEP THROAT, de Fenton Bailey e Randy Barbato, e o filme original, o documentário e este drama biográfico formariam uma trinca perfeita se a ficção em torno da história de Linda não fosse tão frágil.
Dirigido pela dupla Rob Epstein e Jeffrey Friedman, mais especializados em documentários, LOVELACE tem uma estrutura narrativa que acaba sendo o seu trunfo. Contar a mesma história de uma perspectiva diferente em determinado momento acaba compensando um pouco o tom moralista que o filme adquire quando chega perto do fim. Ao tomar o partido de Linda Lovelace, que sofreu nas mãos de seu ex-marido Chuck (Peter Sarsgaard), homem que a obrigou a se prostituir e a espancou, o filme também passa a ver a indústria pornográfica como algo completamente maligno.
Um espectador mais conservador, por exemplo – se é que vai querer ver o filme, por causa de sua temática – vai se sentir bem mais tentado a continuar achando a pornografia um lixo puro. Não estou querendo defendê-la nem à indústria, mas é preciso ter outras visões também. Principalmente positivas sobre o meio. Mesmo um filme de primeira como BOOGIE NIGHTS - PRAZER SEM LIMITES, de Paul Thomas Anderson, também apresenta uma história sombria envolvendo esse universo.
De todo modo, é interessante ver o filme depois de ter visto pelo menos GARGANTA PROFUNDA, para fazer uma conexão com as cenas das filmagens. A informação de que Harry Reems (vivido por Adam Brody) teve uma ejaculação precoce na boca de Linda durante o primeiro take da cena do consultório por ter ficado extremamente excitado é novidade pra mim.
Outro aspecto que chama a atenção é o modo doce e até infantil que Amanda Seyfried imprime à personagem. Amanda tira qualquer possibilidade de a vermos como alguém minimamente vulgar. No mais, quem também impressiona com uma excelente interpretação é Sharon Stone, no papel da mãe de Linda. Sharon está irreconhecível e mostra que sua nomeação ao Oscar de coadjuvante por CASSINO, de Martin Scorsese, lá por meados dos anos 1990, não foi nenhum exagero.
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