quarta-feira, maio 16, 2012
OS NOMES DO AMOR (Le Nom des Gens)
É impressão minha ou os franceses estão fazendo melhores comédias? Anos atrás eu sempre achava que eles erravam no tom ou eu mesmo não estava em sintonia com seu tipo de humor, mais cerebral. Também tem o fato de eu conhecer apenas um pouco da produção francesa. Isso foi reavaliado depois de eu me engasgar de tanto rir em uma sessão de FAÇA-ME FELIZ, de Emmanuel Mouret. O caso de OS NOMES DO AMOR (2010), de Michel Leclerc, é diferente. Apesar de ter momentos que convidam o espectador à gargalhada, a maior parte de sua duração é de tentativa (bem sucedida) de conquistar o espectador. No começo, o filme até parece se esforçar demais, ao usar uma narrativa rápida para apresentar os dois protagonistas e suas origens.
Ela, Baya Benhmamoud (Sara Forestier, uma graça), é de origem árabe; ele, Arthur Martin, (Jacques Gamblin) é de origem judia. Ela é uma jovem de vinte e poucos anos, ativista de esquerda e tem uma família bem liberal; ele é um quarentão um pouco quadrado cuja família é cheia de travas, já que a mãe teve seus pais mortos no holocausto e evita falar sobre isso ou qualquer coisa que lembre o assunto a todo custo. O filme lembra um pouco as screwball comedies que os americanos sabiam fazer tão bem nos anos 1930. Só que com um pouco mais de pimenta, já que o tema do sexo não fica só no verbal: a moça é vista totalmente nua diversas vezes no filme. E em momentos engraçados e surreais, como na cena do metrô.
O fio do enredo é por si só já bastante atraente: Baya é uma moça que tem como principal hobbie, quase uma razão de viver, aliás, transar com homens de direita até torná-los esquerdistas. Ela tem, inclusive, um álbum com fotos dos homens com quem transou, com o antes e o depois de eles a conhecerem. Isso é demais para a cabeça de Arthur Martin, mas aquela garota de olhos azuis, sorriso bonito, corpo perfeito e cheia de espontaneidade é difícil de não gostar, mesmo achando estranho o convite imediato dela para transar logo no primeiro convite e na primeira conversa, do tipo, "vamos primeiro comer ou transar?". A primeira cena de sexo dos dois é bonita e sensual, com uma espécie de strip-tease ao contrário.
E quando mal esperamos o filme nos conquistou. Baya nos conquistou também, mas o filme tem essa qualidade de conquistar o espectador aos poucos. Assim fica fácil entender o sentimento de amor crescente de Arthur por ela. Fica fácil também gostar dela quando vemos o amor que ela dedica ao seu pai, que é um sujeito que acredita que sua obrigação na vida é trabalhar e não fazer o que gosta, que é pintar. A cena das duas famílias juntas é um dos pontos altos do filme. Além do mais, OS NOMES DO AMOR é um filme que discute, sem complicar, política, racismo, ideologias, intolerância das mais variadas formas. É, enfim, o que se espera de uma comédia inteligente e engraçada.