sexta-feira, maio 11, 2012
OLIVER TWIST
Perto da estreia do aguardado DEUS DA CARNIFICINA (2011), previsto para entrar em cartaz no Brasil no dia 1º de junho, resolvi ver um filme que na época que passou nos cinemas eu não dei muita bola: OLIVER TWIST (2005), a adaptação de Roman Polanski para o clássico de Charles Dickens. Nunca havia visto nenhuma versão do romance e ao que parece Polanski acabou fazendo a versão mais memorável do livro para as telas, embora eu possa estar equivocado. O filme destoa um pouco do conjunto de sua obra, mas, uma vez que sabemos a história da vida de Polanski e o quanto ele sofreu quando criança na época da Segunda Guerra Mundial, fica difícil não imaginar que ele não tenha se identificado com o garotinho órfão que foi levado para o mundo do crime e que teve oportunidade de conseguir um caminho melhor.
A versão de Polanski da obra de Dickens obedece a uma estrutura bem clássico-narrativa, comportada, sem experimentalismos ou ousadias. Trata-se de um raro filme do diretor que pode ser visto com toda a família, mas também ser objeto de discussão sobre seus temas. Um personagem do filme é particularmente rico em observações, o velho Fagin, em interpretação brilhante de Ben Kingsley. Ele é o responsável pela criação de uma verdadeira escola de batedores de carteiras. E é lá, assim que chega a Londres, cansado de uma longa viagem a pé, que Oliver consegue abrigo. Mas, uma vez que algo dá errado no dia que ele deveria executar o primeiro roubo e ele é considerado inocente e levado por um bondoso homem rico para ser criado em um lugar luxuoso e cheio de livros, não demora para o grupo de marginais o sequestrar. E a história ganha em aventura, com os perigos que cercam o jovem garoto.
OLIVER TWIST também oferece um interessante retrato da Londres vitoriana, talvez a maior e mais suja cidade europeia da época. Se bem que Paris devia ser tão suja quanto. No mais, o filme pode ser considerado uma obra menor de Polanski, cineasta de quem sempre se espera trabalhos perturbadores, sangrentos, diabólicos, eróticos ou algo do tipo. Ainda assim, OLIVER TWIST é um filme que dialoga bem com O PIANISTA (2002), seu trabalho imediatamente anterior. Talvez tenha surgido daí a ideia de adaptar o romance de Dickens: de mais uma necessidade de espelhar a sua vida nas telas.