sexta-feira, junho 03, 2011

THE OPENING OF MISTY BEETHOVEN



Considerado o melhor filme pornô de todos os tempos, uma espécie de CIDADÃO KANE da indústria x-rated, THE OPENING OF MISTY BEETHOVEN (1976) realmente é uma obra de respeito, por mais que não seja exatamente um filme para se mostrar para a família, em reuniões de igreja ou para levar para os alunos na escola. Acontece que o gênero pornográfico é, digamos, mais efêmero no que concerne ao seu poder de fogo sexual. Eu ainda consigo ficar bastante "animado" com os filmes da década de 1990, mas das décadas anteriores nem tanto. Tais filmes, quando vistos por mim, são porque já atingiram o status de "clássico", já entraram no cânone da pornografia.

Sempre quis ver uma cópia legendada de THE OPENING OF MISTY BEETHOVEN, mas de tanto eu esperar sentado, achei por bem exercitar as minhas habilidades de listening, mesmo sabendo que perderia boa parte das falas. E em se tratando da obra de Radley Metzger, os diálogos bem humorados são fundamentais para se entrar no espírito do filme. Melhor exemplo disso é a cena em que o personagem de Jamie Gillis entra no avião e responde a um pequeno questionário feito pela aeromoça. Entre as perguntas, além do prato e da bebida de preferência, está se ele prefere boquete ou masturbação. Ou algo do tipo. Serviço de bordo desses as companhias aéreas daqui não oferecem, hein. O barato desse tipo de filme, principalmente os que são pretensiosos o suficiente para capricharem no enredo, nos cenários, na fotografia e na construção dos personagens, é que eles acabam por se enquadrar também na categoria de surrealistas.

THE OPENING OF MISTY BEETHOVEN é uma espécie de versão pornô de "Pigmalião", em que um sexologista (Jamie Gillis) convida uma prostituta que se vende por poucos dólares em cinemas pornô (Constance Money) para se transformar em alguém mais sofisticada, mais sensual e que inspire mais paixão. Para isso, ela precisa exercitar suas habilidades sexuais, como: engolir e chupar um cacete o melhor possível; fazer três homens gozarem simultaneamente; e o teste final: seduzir e fazer sexo com um homossexual – a melhor cena de sexo do filme, aliás. E, à semelhança de MY FAIR LADY, de George Cukor, quanto mais o tempo passa, mais Constance Money vai ficando mais sexy e mais linda. É até possível se apaixonar por sua adorável personagem. Nota-se que já na década de 1970, os americanos trabalhavam com belas atrizes pornôs, como é o caso dessa estilosa e memorável obra que hoje deve ser vista não como um filme para se "aliviar", mas como algo para se apreciar esteticamente mesmo. E para não dizerem que eu esqueci de falar: a trilha sonora rock e lounge é um caso à parte, de tão boa que é.

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