segunda-feira, outubro 05, 2009
GAMER
Durante a rápida mas dolorosa projeção de GAMER (2009) o que me passava pela cabeça era: se o futuro vai ser mesmo aquele mostrado no filme, eu não sei se quero fazer parte. Vou querer estar bem longe, mais perto da natureza e longe da sociedade urbana. Se é que isso vai ser possível, já que a globalização tem atingido a todos. Não é porque o filme me causou náuseas, com seu ritmo acelerado, sua montagem picotada irritante e suas cores estouradas que me impediu de fazer uma reflexão sobre o futuro e sobre o mundo virtual, cada vez mais presente em nossa rotina. E o que estamos vivenciando é só o começo. Cada vez há uma maior supressão da mundo real, em detrimento do mundo virtual, dos contatos através da internet, celulares e assemelhados. Não sei até que ponto isso é saudável e até que ponto isso pode ser positivo.
Falando assim, até parece que estou comentando sobre um filme importante, que vale o ingresso. Não é o caso de GAMER (2009), o novo trabalho da dupla Mark Neveldine e Brian Taylor, que assinam Neveldine/Taylor nos créditos desde ADRENALINA (2006), o filme que os lançou e que eu gostei, apesar de todos os tiques do que de pior o cinema de ação tem produzido dos anos 90 para cá. Um dos maiores problemas de GAMER é que tudo parece ter sido feito de maneira desleixada. As cenas de Gerard Butler atirando no tal programa virtual "Slayers" são ruins, principalmente porque o espectador fica desorientado e o jogo parece não ter sentido nenhum. Quer dizer, mesmo para os apreciadores de videogames o filme frustra as expectativas.
A influência de MATRIX na trama é bem evidente, com o uso da chamada tecnologia "nanex", onde células do cérebro são modificadas por nanotecnologia por controle remoto. Nesse futuro apresentado, a sociedade mundial vive viciada em reality shows criados por um homem que se tornou mais rico que Bill Gates, Ken Castle, vivido por Michael C. Hall. Ele é o criador de dois grandes sucessos: "Society", onde seres humanos que não são bonitos o suficiente para fazerem sucesso na sociedade interpretam pessoas bonitas e atraentes num universo onde predomina o sexo e a vaidade. O detalhe é que os personagens manipulados também são pessoas de verdade, como é o caso de Angie (a bela Amber Valletta, em seu papel de maior destaque, depois de GRITOS MORTAIS, de James Wan). Ela é esposa de um homem que está preso, no corredor da morte, mas que tem chances de obter o perdão da pena, já que faz parte do mais recente show de Castle, o jogo "Slayers", que também segue a mesma linha de "Society", mas que tem o sangue e a violência como atrativos para a audiência. Kyra Sedwgwick e Alison Lohman completam o elenco.
O enredo até que poderia render um bom filme, se nas mãos de outros cineastas e de um roteirista que amarrasse melhor as pontas soltas. Do jeito que ficou, o que vemos é um objeto repulsivo.
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