quarta-feira, outubro 21, 2009
MARISA MONTE - INFINITO AO MEU REDOR
Ver este documentário sobre a Marisa Monte em turnê me fez notar mais uma vez a rapidez da passagem do tempo. Pensar que eu cheguei a acompanhar o começo do carreira da cantora, quando ela lançou o primeiro single nas rádios, "Bem que se quis", do álbum produzido por Nelson Motta... E isso foi em 1988. E hoje eu tenho amigos que nasceram nessa época! O tempo também parece assustar um pouco Marisa, que completa quarenta anos durante a turnê dos seus discos INFINITO PARTICULAR e UNIVERSO AO MEU REDOR, lançados em 2006, em plena crise da indústria fonográfica. E o documentário trata de falar dessa crise, inclusive, através de números, que mostram ano a ano a queda das vendas de discos. Eu sou um exemplo vivo: tenho todos os discos da cantora, exceto os dois últimos, que nem cheguei a ouvir direito, baixados. E do pouco que ouvi, no geral, não gostei.
MARISA MONTE - INFINITO AO MEU REDOR (2008), se tivesse sido lançado neste ano, com certeza teria aproveitado a moda dos documentários sobre músicos lançados no cinema. Como não foi, acabou passando batido por muita gente. Inclusive, por fãs da cantora que têm o hábito de comprar os seus dvds musicais, mas que talvez não se sentiriam motivados a comprar um documentário, que teoricamente seria menos utilizado que um dvd de shows ou clipes. Uma pena, pois o documentário é muito bom, ainda que bem simples. Em certos momentos, há um certo didatismo que lembra ILHA DAS FLORES, do Jorge Furtado, com Marisa exercitando a sua veia de professora e explicando alguns detalhes do processo de produção de um show de grande porte, com muita gente envolvida.
Uma coisa que se percebe é o quanto Marisa é dona de suas escolhas. O documentário é narrado e co-roteirizado por ela. Praticamente tudo que ela quis na produção dos discos, ela conseguiu dos produtores e de todos os envolvidos. Lembro que quando ela lançou MEMÓRIAS, CRÔNICAS E DECLARAÇÕES DE AMOR (2000), eu achei muita coragem de sua parte de fazer um trabalho tão exageradamente romântico. E o megasucesso nas rádios de "Amor I love you" acabou tornando a canção insuportável para muitos. Mas um sucesso desses é o sonho de qualquer artista. E ela sabe que dificilmente conseguirá repetir esse feito, de colocar na boca de todo o país uma música. Até porque a atual conjuntura dificulta. Mas pelo menos ela teve a sorte de ainda pegar uma boa fase para a música popular, quando o povo ainda comprava discos. E por isso, ela é uma das poucas cantoras que pode se dar ao luxo de excursionar por todo o mundo com shows que custam uma nota preta, tanto para ela quanto para quem compra os ingressos.
No documentário, uma das coisas mais legais é a maneira como Marisa mostra um pouco da sua intimidade e até flagra um momento constrangedor, quando, no início da turnê dos novos discos, ela esquece completamente a letra de uma canção escrita por Adriana Calcanhoto. E a câmera mostra Adriana assistindo o show e vendo a colega passar por esse vexame. Marisa, em sua narração em voice over, conta que o erro é um dos momentos mais interessantes dos shows, pois é o momento de maior cumplicidade com o público. E levando em consideração que ela sempre teve esse ar de diva, esse tipo de momento é desmistificador.
Agradecimentos ao amigo Santiago, que me emprestou o dvd há meses.
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