sexta-feira, novembro 07, 2008
JOSEY WALES - O FORA-DA-LEI (The Outlaw Josey Wales)
Para festejar mais uma dobradinha de Clint Eastwood que teremos nos cinemas brasileiros no início do próximo ano – os novos CHANGELING (com roteiro do roteirista de quadrinhos J. Michael Straczynski) e GRAN TORINO – resolvi assistir um dos westerns mais elogiados da carreira do astro e diretor: JOSEY WALES - O FORA-DA-LEI (1976). O filme me deixou quase tão empolgado quanto O ESTRANHO SEM NOME (1973), primeiro western realizado por Eastwood e ainda à sombra de Sergio Leone. Em JOSEY WALES ainda há fortes elementos de Leone, mas o classicismo à John Ford começa a se notar mais forte. E diferente de O ESTRANHO SEM NOME, que parecia se passar num universo fantasioso e mitológico, como, em geral, aparentam a grande maioria dos westerns spaghetti, JOSEY WALES situa a ação no final da Guerra Civil Americana. E mais uma vez, Eastwood aponta sua câmera para os marginais, os incompreendidos pela sociedade, como os índios e os sulistas, que perderam a guerra para a União.
No início de JOSEY WALES, Clint aparece arando a terra junto com seu filho pequeno, quando é chamado para o almoço pela esposa. Um exemplo de utopia de felicidade dentro da simplicidade. A simplicidade tão valorizada pelo cinema do diretor. Essa felicidade é brutalmente interrompida quando um grupo de soldados da União mata sua esposa e seu filho e o deixa ferido e com uma cicatriz que ele carregará até a morte. Um grupo de rebeldes aparece depois e ele toma a decisão de se juntar aos Confederados, já que sua vida não tinha mais sentido e para ele tanto faria se vivesse ou morresse na guerra. Sem falar que ele teria a chance de se vingar dos soldados que assassinaram sua família. Finda a guerra, e com a rendição dos rebeldes sulistas, Josey Wales recusa-se a se render. Para ele, a guerra ainda não havia acabado. E por isso ele acaba se tornando um fora-da-lei, procurado tanto pelos soldados fardados de azul quanto pelos caçadores de recompensa, que se multiplicaram numa América falida pela guerra.
A exemplo do que o cineasta faria com MENINA DE OURO (2004), em JOSEY WALES, ele nos oferece um pouco de esperança no rumo de seus personagens para depois nos deixar compartilhando a amarga solidão ou a morte, como acontece também em UM MUNDO PERFEITO (1993). Em JOSEY WALES, a esperança acontece especialmente quando o protagonista consegue juntar uma trupe de indivíduos marginais e os leva para uma casa, aparentemente protegida o suficiente para que ele consiga viver ao lado do casal de índios, de uns poucos aliados e da mãe e filha que ele encontrara durante uma emboscada dos comancheros, um grupo que ataca pessoas para roubar dinheiro e objetos valiosos para negociar com os comanches. Quando Josey Wales - ao menos aos olhos daqueles que o seguem e o admiram - parece ter encontrado a felicidade perdida, no fundo ele sabe que o perigo está à espreita e que ele precisa encerrar os assuntos pendentes e acabar na solidão ou na morte, como a maioria dos heróis eastwoodianos. Alguns enquadramentos lembram de cara John Ford, como aquele em que Clint entra num saloon e dois homens estão se aproveitando de uma índia, sem que o covarde dono do estabelecimento possa fazer nada. Ele aparece na porta, como John Wayne, com a luz forte ao fundo, e a escuridão do interior. Vai ver a luz exterior e a escuridão interior é uma metáfora do modo como ele enxerga o país em que vive ou a própria vida.
P.S.: Já que eu citei J. Michael Straczinski, quem leu o arco “Um Dia a Mais”, do Homem-Aranha? O que acharam? Será que isso não prejudicará a relação do herói com o restante do Universo Marvel, já que ele está intimamente ligado aos Novos Vingadores? Será que Brian Michael Bendis está se lixando pra isso, como ele pareceu estar com Planeta Hulk, quando ele simplesmente ignorou os acontecimentos? Será que a Marvel está perdendo o rumo e o senso de organização que sempre foi o seu forte?
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