Tem coisa mais desagradável do que comédia sem graça? Pois é. E ainda tem gente que fala mal do humor americano, dizendo que suas piadas só quem entendem são eles, mas não tem povo que saiba fazer melhor humor. A comédia é o gênero mais difícil de se fazer bem. Quando sai errado, fica aquela sensação ruim de riso sem graça, e chega uma hora que cansa mesmo. IRMA VAP - O RETORNO (2006), de Carla Camurati, é um desses casos. Eu não me sinto bem falando mal de cinema brasileiro, tendo em vista todas as dificuldades que nós enfrentamos para botar um filme no mercado exibidor, mas tenho que ser sincero e admitir que o filme foi um equívoco.
A intenção inicial da diretora era levar às telas a bem sucedida peça "O Mistério de Irma Vap", que passou onze anos em cartaz em São Paulo. Um recorde. Mas logo ela viu que não ia surtir o mesmo efeito apenas transpor o teatro para o cinema. Foi aí que surgiu a idéia de beber na fonte de O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE?, de Robert Aldrich. A história ficou bem parecida. Só ficou faltando a Cleide (Marco Nanini) botar um rato no jantar de Tony (também Nanini). Mas por mais que Marco Nanini seja excelente, vê-lo num filme desses é um desperdício.
No filme anterior de Carla, COPACABANA (2001), ele esteve muito bem também e o filme era ótimo, tinha um sabor de saudosismo, um olhar contemplativo diante da vida que me agradou muito. Infelizmente, o sucesso não se repetiu, embora, na bilheteria, IRMA VAP - O RETORNO até consiga mais dinheiro, já que o filme está sendo distribuído também no circuitão, não apenas no circuito alternativo. IRMA VAP - O RETORNO pode até ser um programa muito bom pra quem viu a peça e tem saudades, mas quem nunca assistiu vai ficar com a impressão de que o espetáculo não passava apenas de puro besteirol.
Li que Nei Latorraca, um dos protagonistas do filme, vai fazer uma outra adaptação para o cinema, dessa vez, de um sucesso da tv, A GRANDE FAMÍLIA - O FILME. Pelo visto, não é só o cinema americano que está apelando para adaptações de programas de tv para o cinema. A Rede Globo não desiste, mesmo com o fracasso comercial (e artístico) de OS NORMAIS e de CASSETA & PLANETA - A TAÇA DO MUNDO É NOSSA. Enquanto isso, filmes sérios de grandes realizadores como Beto Brant, Carlos Reichenbach, Julio Bressane, Ugo Giorgetti, entre outros, são distribuídos em poucas cópias e demoram séculos para chegar na maioria das capitais.
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