sábado, julho 30, 2016

JASON BOURNE



A rejeição do público ao spin-off O LEGADO BOURNE (2012), único filme da franquia não estrelado por Matt Damon, ajudou os produtores a ressuscitarem o que parecia já muito bem encerrado em O ULTIMATO BOURNE (2007). De qualquer maneira, podemos dizer que Jason Bourne ainda é o novo espião que mais deu certo no novo milênio. E o que mais representa o próprio momento, diferente dos filmes de James Bond, que variam bastante e ainda mantêm o pé no passado.

Paul Greengrass ter assumido a franquia em A SUPREMACIA BOURNE (2004), com sua câmera nervosa e sua montagem frenética, tornou a marca ainda mais representativa dos novos tempos. Afinal, trata-se de um espião desmemoriado. Mais ou menos como o mundo atual, dos smartphones, de informações rápidas e descartáveis, de pessoas que têm perdido o hábito de acompanhar pacientemente obras mais lentas no cinema, embora a televisão tenha provado o contrário já faz alguns anos.

Curiosamente, o público que paga para ver JASON BOURNE (2016) fica caladinho e respeitoso ao ver o thriller, que não apresenta nenhum espaço para o humor, o que não chega a ser um problema, na verdade. Isso mostra que a franquia conquistou uma audiência que respeita esse produto. Ah se o público que costumeiramente vai às sessões dos filmes de terror fosse assim...

No novo filme, Jason Bourne está de volta, agora com a memória viva, mas ainda sem saber de várias coisas de seu passado, como quem era o seu pai e os motivos de ele, Bourne, ter sido escalado para ser um assassino treinado pelo programa secreto da CIA. Na trama, que não é baseada em nenhum livro de Robert Ludlun, mas em um roteiro original, o manda-chuva é o diretor da companhia de inteligência americana Robert Dewey, vivido por Tommy Lee Jones.

Ele e sua equipe ficam sabendo do paradeiro da parceira de Bourne, Nicky Parsons (Julia Stiles), e logo em seguida do próprio espião, que estava vivendo de apostas em lutas clandestinas de rua, com seus vários nomes falsos e passaportes falsos. Os outros dois novos peões de destaque no jogo são o assassino contratado vivido por Vincent Cassel e a agente da CIA Heather Lee (Alicia Vikander), que provavelmente pode voltar num próximo filme, caso haja continuidade. Ela funciona muito bem na trama e é uma das personagens mais interessantes.

Há várias sequências bem orquestradas. A primeira delas se passa durante uma manifestação em Atenas. É também o primeiro momento que o assassino da CIA é enviado para matar os dois inimigos do Governo. Há também outra subtrama que acaba funcionando bem, envolvendo um rapaz que desenvolve um programa de computador que oferece privacidade ao usuário, coisa que os novos tempos estão cada vez mais nos privando. Inclusive, a sequência em Las Vegas envolvendo este rapaz é outro ponto alto do filme, bem como a perseguição nas ruas.

Não há como negar a eficiência do trabalho de Greengrass e sua equipe e do quanto o filme tem o poder de deixar a plateia tensa. Também é bom sair da sessão novamente ao som de "Extreme Ways", cantada pelo Moby. Se o filme é, de alguma maneira, especial, já são outros 500, já que tudo parece um tanto requentado.

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