segunda-feira, julho 18, 2016

FLORENCE – QUEM É ESSA MULHER? (Florence Foster Jenkins)



Recentemente um filme franco-belga de nome MARGUERITE passou nos cinemas. Foi produzido um ano antes e conta basicamente a mesma história, da pior cantora do mundo. Mas enquanto MARGUERITE muda o nome da protagonista e um pouco da história, FLORENCE – QUEM É ESSA MULHER? (2016) tem a missão de contar a história da verdadeira Florence Foster Jenkins, a americana apaixonada por ópera e que sonha em ser uma cantora de verdade. O problema é que ela tem uma voz horrível, para dizer o mínimo.

O interessante de ambas as comédias dramáticas é que elas, a princípio, induzem o espectador a rir da protagonista, na versão britânica vivida por Meryl Streep, para depois nos sentir na pela dela, ou quase isso, talvez na pele de quem estava mais próximo dela, como o marido (Hugh Grant) ou o pianista (Simon Helberg). Os dois, aliás, estão ótimos. O jovem Helberg, conhecido de quem vê a série THE BIG BANG THEORY, é o pianista que fica feliz com a boa remuneração que recebe daquela mulher excêntrica, mas que também tem medo de passar por ridículo em uma apresentação pública.

Hugh Grant, por mais que não seja um grande ator, sempre será muito querido pelos papéis que fez em várias comédias românticas das décadas de 1980-2000. A lacuna que ele deixou jamais foi preenchida por qualquer outro. Ao que parece, por já ter mais de 50 anos, ele não se sente muito à vontade com esse tipo de papel, mas isso é uma bobagem. Ao menos, ele tem dado o ar de sua graça e faz aqui o papel de um marido amável com a mulher mais velha e doente, mas que tem a sua namorada às escondidas.

A propósito, comparando novamente com o filme francês, a versão britânica é muito mais implacável na caracterização da personagem. Florence Foster Jenkins é uma personagem carregada de tragicidade, com sua doença, que só aos poucos o filme vai nos revelando. A felicidade que ela tem se deve principalmente à ilusão que os outros lhe oferecem como uma consolação, de modo que ela não entre em depressão e morra logo.

Um dos grandes méritos do filme, além de poder contar com mais uma boa interpretação de Meryl Streep, uma das maiores atrizes das últimas décadas, é saber lidar com o patético de maneira respeitosa, embora tenha lá suas falhas, principalmente no modo como termina, em tom melodramático, mas sem conseguir emocionar tanto quanto parece querer.

Ou talvez essa seja uma marca de Stephen Frears, cineasta que nos últimos anos tem se especializado em filmes sobre mulheres, como A RAINHA (2006), CHÉRI (2009) e PHILOMENA (2013). Enquanto isso, seus filmes protagonizados por homens têm passado em branco nas telas. Por que será? De todo modo, apesar da decadência do diretor, que no passado era tido como um autor de futuro brilhante, FLORENCE – QUEM É ESSA MULHER? pode se juntar a mais um êxito dele. Ou quase.

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