quarta-feira, julho 11, 2012
TORSO (I Corpi Presentano Tracce di Violenza Carnale)
Desde que vi O ALBERGUE – PARTE II, de Eli Roth, e os extras do DVD, que tinha vontade de ver TORSO (1973), de Sergio Martino. Desse talentoso cineasta italiano, conheci o belíssimo SONHOS ERÓTICOS DE UMA MULHER INSACIÁVEL (1972), mais conhecido como ALL THE COLORS OF THE DARK. Que é um filme com algumas características do giallo, mas que já parte para o sobrenatural; é um filme híbrido. Já TORSO é um exemplar mais puro, digamos assim, com o tradicional assassino de luvas pretas deixando um rastro de cadáveres pelo caminho e um mistério a ser resolvido.
Costuma-se considerar o início da década de 1970 como o auge dos gialli, tendo como principal representante O PÁSSARO DAS PLUMAS DE CRISTAL, de Dario Argento. O filme de Argento inspirou muitos cineastas italianos a explorarem esse território, que se mostrou um filão lucrativo, principalmente para os apreciadores de filmes de horror e suspense. A maioria desses filmes utiliza o velho recurso do whodunit, isto é, ao contrário das obras de Hitchcock, que já apresentavam o assassino logo no início, os gialli costumavam brincar com a audiência, fazendo-nos imaginar quem dos suspeitos seria o assassino.
No caso de TORSO, todos os homens são mostrados como suspeitos, já que o ponto de vista é das mulheres, as principais vítimas do assassino misterioso, ou da câmera, que usa o olhar do assassino, mas sem nunca mostrar o seu rosto. Apenas as luvas pretas. O close-up constante no rosto dos homens italianos mostra-os como ameaçadores. A trama em si é muita simples, quase inexistente. O que importa aqui é o modo criativo como Martino lida com o fiapo de roteiro que ele tem, criando uma atmosfera de mistério bem agradável.
TORSO é centrado num grupo de garotas americanas estudando em Roma que gostam de aventuras, mas que se sentem perturbadas com o crescente número de mortes na cidade, o que as faz viajar para uma casa de campo. As cenas eróticas são bem agradáveis de ver. A primeira delas, a do namoro no carro interrompido pelo assassino, já dá o tom do filme, que mistura mistério, horror e muita sensualidade, com um belo time de lindas mulheres.
Curiosamente, a cena dos corpos sendo esquartejados não tem a violência gráfica a que estamos acostumados, graças a outras produções de horror italianas, aos slasheres oitentistas e a filmes mais recentes, como O ALBERGUE e O ALBERGUE – PARTE II. Este último, o principal homenageador de TORSO, traz, inclusive, um de seus atores, Luc Merenda, numa participação especial.
P.S.: No Blog de Cinema do Diário do Nordeste tem uma matéria sobre os próximos quatro filmes do enigmático Terrence Malick. Confira AQUI.