quinta-feira, julho 12, 2012
A FONTE DAS MULHERES (La Source des Femmes)
Quando se vê a premissa de A FONTE DAS MULHERES (2011), a primeira coisa que vem à mente é a comédia clássica "Lisístrata", de Aristófanes, que trata da greve de sexo que as mulheres fazem até que seus maridos parem a guerra (do Peloponeso) e estabeleçam a paz. A intenção das mulheres do filme de Radu Mihaileanu não é menos nobre. Elas vivem em um povoado sem água e sem energia elétrica e costumam caminhar para pegar água numa fonte distante e de terreno acidentado, enquanto seus maridos, em sua maioria, ficam parados, sem nada a fazer a não ser jogar conversa fora. Várias dessas mulheres abortaram com o esforço de carregar o peso dos baldes d'água e isso faz com que uma delas, Leila, apresente a ideia de fazerem "greve de amor", enquanto seus maridos não resolverem o problema da água encanada.
Uma ideia dessas, dentro de uma comunidade muçulmana, tradicionalmente machista, gera divisões entre as próprias mulheres. Os homens, claro, ficam indignados. Um deles é violento o suficiente para estuprar a própria esposa, quando ela se recusa a fazer sexo. Leila, porém, a bela e educada moça que incita a pequena revolução, é casada com um homem compreensivo e amoroso. Curiosamente, ele se veste de maneira mais próxima dos trajes ocidentais, contrastando com as roupas tradicionais dos demais, os mais velhos e os que não tiveram a chance de frequentar a escola. A beleza do amor do casal é um dos destaques do filme. Assim como a inveja e a disputa com a mulher que lidera o grupo que rejeita a proposta.
Apesar da situação difícil que elas vivem, o filme apresenta uma visão mais "colorida" do universo dessas mulheres, mostrando seus modos desinibidos ao conversarem entre si em uma sauna, falando inclusive da necessidade do prazer sexual, o que faz com que se tire um pouco a ideia de que as mulheres muçulmanas, pelo menos as do norte da África, não sentem prazer ou vivem condenadas a uma espécie de semiescravidão. Além do mais, as canções que vez ou outra o filme apresenta fazem lembrar as produções de Bollywood, embora as roupas sejam menos coloridas que as das indianas.
Radu Mihaileanu é o diretor de TREM DA VIDA (1998), UM HERÓI DO NOSSO TEMPO (2005) e O CONCERTO (2009). A bela Leïla Bekhti, a protagonista, é francesa de origem argelina. Pode ser vista em filmes como SATÃ; PARIS, TE AMO; INIMIGO PÚBLICO Nº 1 e O PROFETA.