quarta-feira, julho 25, 2012
ANJO LOIRO
Começando hoje uma nova e pequena peregrinação. Desta vez, pelo cinema do diretor paulista (e também crítico de cinema) Alfredo Sternheim. Como não consegui cópia de seu primeiro longa-metragem, PAIXÃO NA PRAIA (1972), comecemos pelo segundo, que é até bem mais atraente: ANJO LOIRO (1973), estrelando Vera Fischer. O filme é baseado na mesma novela de Heinrich Mann que deu origem a O ANJO AZUL (1930), de Josef von Sternberg. E se o filme de Sternberg, naquela época, foi considerado sensualmente ousado, a versão brasileira, mesmo com a censura que rondava forte na década de 1970, é mais picante, com cenas de nudez da Miss Brasil Vera Fischer, que até então só tinha feito um filme: SINAL VERMELHO – AS FÊMEAS, de Fauzi Mansur.
Mas antes de Vera Fischer e Mário Benvenutti assumirem os papéis principais, ANJO LOIRO havia sido pensado para Adriana Prieto e Francisco Cuoco, que por razões relacionadas ao erotismo do filme acabaram não aceitando. Vera Fischer foi uma imposição do produtor, que dizia que ou tinha a atriz ou não tinha filme. Acabou sendo uma escolha muito boa, já que, apesar de ainda inexperiente como atriz, Vera compensava com sua beleza e sensualidade. No campo da nudez, o máximo que o filme oferece são os seus belos seios.
Mas o que interessa de verdade é que o filme funciona muito bem como descida aos infernos de um homem maduro que perde tudo por causa da paixão por uma moça mais nova e manipuladora, demonstrando um excelente domínio narrativo do diretor. Para quem é homem, é fácil se solidarizar com o sisudo professor de História (Benvenutti) que, depois de aconselhar o seu aluno (Ewerton de Castro) a se afastar da garota para melhorar suas notas que despencaram por causa de sua paixão por ela, ele mesmo, quarentão, mas com pinta do cinquentão de hoje, começa a querer se envolver com a moça.
Pena que o filme, após ser um estouro de bilheteria, em sua quinta semana em cartaz foi proibido pelos censores, que só o liberaram depois de seis meses. Quando retornou, ANJO LOIRO já tinha perdido o fôlego. Mais detalhes sobre a censura desse filme e o encontro de Sternheim com o General Antônio Bandeira, chefe da Polícia Federal do Governo Médici, podem ser conferidos no livro "Alfredo Sternheim – Um Insólito Destino".