terça-feira, fevereiro 07, 2012

O ARTISTA (The Artist)



Além de ser um dos filmes mais festejados do momento, O ARTISTA (2011) é também uma ousadia e um ato de esperteza por parte de seu diretor, Michel Hazanavicius. Uma ousadia, pois lançar um filme mudo e na mesma janela e condições das produções do final dos anos 1920 é quase um suicídio comercial. E uma esperteza, pois trata-se de uma produção francesa que se passa em Hollywood, tem alguns atores americanos e é uma homenagem ao cinema hollywoodiano. Assim, facilita suas chances de ingresso ao Oscar, uma festa do cinema produzido nos Estados Unidos (e um pouco na Inglaterra também) que raramente dá chances a outras cinematografias.

Porém, o filme é mais do que um ato de ousadia e esperteza. É também um belo trabalho, que homenageia principalmente CANTANDO NA CHUVA, que também lida com o processo de mudança do cinema mudo para o cinema falado e as consequências que isso acarretou para muitas estrelas do cinema mudo que não se adaptaram ao novo. O filme é também cheio de um sentimento de nostalgia, especialmente quando vemos uma cena que se passa no final dos anos 1920, numa sala de cinema lotada e com uma orquestra tocando ao vivo como acompanhamento para o filme. Essa é, por exemplo, uma experiência que eu gostaria de ter vivido ou quem sabe de viver ainda um dia.

E é nadando contra a maré, em tempos de novas evoluções tecnológicas na indústria cinematográfica, que chega O ARTISTA. O filme nos apresenta George Valentin (Jean Dujardin), um astro do cinema mudo que é descartado por seu chefe (John Goodman) com o advento do cinema falado. Antes disso, durante uma première entre fãs excitadas, ele tira uma foto com uma jovem desconhecida, Peppy Miller (Bérénice Bejo), que logo fica famosa, graças aos tabloides. E ela acaba por entrar no filme de Valentin como uma simples dançarina e vai depois galgando a fama até se tornar uma das maiores estrelas do novo cinema falado que chega junto com a quebra da bolsa. E o filme vai mostrando uma relação de encontros e desencontros entre os dois.

O ARTISTA também traz algumas reviravoltas e surpresas para o espectador, como o uso de alguns efeitos interessantes, como na sequência do sonho, que contribuem para aumentar o seu valor. Porém, se não fosse a bela e romântica conclusão, o filme seria rapidamente esquecido. E ainda há o cachorro, que é um show à parte. O cachorrinho de Valentin é uma graça e soma pontos, no geral. Porém, mesmo com tudo isso, só o tempo dirá se O ARTISTA se firmará como uma obra essencial de nossa época. O filme não cresceu tanto em minha memória afetiva, por exemplo.

O ARTISTA recebeu dez indicações ao Oscar: filme, diretor (Michel Hazanavicius), ator (Jean Dujardin), atriz coadjuvante (Bérénice Bejo), roteiro original, fotografia, montagem, direção de arte, figurino e trilha sonora.

Nenhum comentário: