segunda-feira, julho 20, 2009
SMASHING PUMPKINS – IF ALL GOES WRONG
Os últimos dias foram praticamente dedicados aos Smashing Pumpkins. Pude baixar uma versão melhorada de MACHINA II (2000), o álbum que nunca foi lançado comercialmente. Ainda não é uma versão de primeira qualidade, mas a pessoa que fez a conversão do vinil raro para o formato digital teve um pouco mais de cuidado. Agradecimentos à comunidade Ѽ Smashing Pumpkins no Orkut, que foi quem deu o toque. Também agradeço ao Vebis, que, indiretamente, ao me indicar alguns álbuns do Chris Isaak, acabou me ajudando a encontrar acidentalmente um programa do cantor, chamado THE CHRIS ISAAK SHOW, no qual ele recebe convidados. No programa de nº 6, ele recebeu os Pumpkins e conversou com Billy Corgan e Jimmy Chamberlin sobre alguns assuntos controversos, como a relação de Corgan com Kurt Cobain (o fato de eles serem interessados pela mesma mulher, Courtney Love); a gravação de GISH (1991), com o produtor Butch Vig, e o fato de James Iha e D’Arcy não terem participado como músicos nas gravações; a infância difícil de Billy e a saída para se tratar do vício das drogas de Chamberlin durante a turnê de MELLON COLLIE AND THE INFINITE SADNESS (1995). As canções selecionadas para o programa foram: a inédita "Owata", "99 Floors" (presente em registro oficial apenas no dvd IF ALL GOES WRONG), duas do ep AMERICAN GOTHIC (2008) - "The Rose March" e "Sunkissed" -, e encerraram tocando "Nowhere Man", dos Beatles, junto com o Chris. Quer dizer: nenhum hit da banda. Billy só tocou um pedacinho de "1979" no violão, a pedido de Chris. E foi uma tristeza ver Billy contando que viu James Iha na rua e que o ex-guitarrista evitou falar com ele.
Mas indo direto ao ponto, finalmente assisti SMASHING PUMPKINS - IF ALL GOES WRONG (2008), que acabou me custando o preço de dois dvds, já que a primeira cópia que eu comprei simplesmente "perdeu a validade", não toca mais em player nenhum. Aí, como bom e fiel fã, comprei de novo. Só então pude apreciar a qualidade do material: imagem em alta definição e tratamento sonoro de primeira, com som 5.1 muito bem distribuido. Sem falar que algumas canções contidas no show provavelmente nunca serão lançadas em disco, o que já torna o lançamento obrigatório para fãs. O DVD duplo se compõe de dois discos: o primeiro traz IF ALL GOES WRONG, o documentário; e o segundo, um concerto da banda no Fillmore Auditorium, em San Francisco.
Posso dizer que gostei mais do documentário, mas que o disco do show será mais aproveitado por mim, por razões lógicas. Trata-se de um show exclusivamente para fãs. E mesmo fãs podem não gostar do resultado. Em alguns momentos, Billy parece estar tirando sarro da plateia, especialmente quando a banda toca uma canção chamada "Gossamer", que dura 34 ou 37 minutos! Pior que a canção tem um riff de guitarra muito bom. Mas é o tipo de canção que já ficou com fama de maldita. Nunca mais foi tocada em outros shows, nem nunca foi gravada em disco. Provavelmente nunca será. Portanto, fica o registro dessa presepada de Corgan em momento "jazzístico". E com muito barulho. O resultado foi muita gente abandonando o show e reclamando. No meio de tudo, "Lucky 13" fica parecendo uma concessão. Assim como "Starla".
O documentário dirigido por Jack Gullick registra os bastidores da turnê de retorno dos Pumpkins em 2007 em duas cidades: a pequena Asheville, na Carolina do Norte; e San Francisco, na Califórnia. Interessante a experiência de Corgan compor uma canção na manhã e tocá-la logo à noite. Assim o público que acha que conhece todos os lados B e todas as faixas raras fica sabendo que não conhece. A impressão que fica nesses shows é que Billy não gostou nada das canções do álbum ZEITGEIST (2007). Nenhuma das canções desse disco aparece no show presente no dvd. A quase exceção é a faixa "Zeitgeist", que aparece apenas em uma edição do álbum: a edição rôxa. A edição vermelha, a que saiu no Brasil, não vem com essa faixa. A preferência foi por novas canções, várias delas, acústicas, com uso de gaita, estilo Bob Dylan. Eu achei até melhor assim, pois também não gosto do disco sapecado de guitarras e sem nenhum cuidado estético no encarte.
Corgan continua na busca de uma grande canção. Chega a se questionar se "The Rose March" seria uma delas. E é mesmo uma das melhores dessa nova safra, embora ainda fique atrás do que ele compôs nos anos 90. Em alguns momentos, ele parece frustrado, mas ao mesmo tempo não quer dar o braço a torcer e prefere essas canções novas ou as mais raras, os lados B, ou mesmo versões diferentes de faixas de seus álbuns, como as versões alternativas para "Heavy Metal Machine" e "The Crying Tree of Mercury".
Interessante quando Corgan conta no documentário que pessoas que foram abusadas na infância nunca aprendem os conceitos de limites. Desde SIAMESE DREAM (1993) que ele toca nessa tecla, quando gravou "Disarm", para ira dos seus pais. Segundo ele, a geração X (a dos anos 90) foi a primeira a combater a pedofilia. O documentário também flagra momentos de extrema tensão na banda, quando Jeff, um dos novos membros, joga a guitarra no chão em pleno show, num daquelas dias onde tudo dá errado. Billy parece se divertir com a ira do guitarrista e diz que a tensão é ótima para o processo criativo. Vai ver por isso ele sente tanta falta dos dois parceiros que o abandonaram, já que eles costumavam peitá-lo.
Algumas pessoas se perguntam, inclusive os fãs: por que trazer o nome da banda de volta? Por que não fazer como o Morrissey, construir uma carreira solo digna e ainda cantar alguns clássicos de sua antiga banda? Por mais que existam bandas de primeiro time que prosseguiram, mudando até de vocalista, como Black Sabbath, Van Halen, Pink Floyd e Iron Maiden, ainda gosto da unidade, da manutenção do time original. Ou pelo menos de parte dele. Agora que até o Jimmy Chamberlin caiu fora do barco, os Pumpkins são Billy Corgan e uma banda de apoio. Mas apesar de tudo, mesmo com as decepções e sabendo que o tempo da banda talvez já tenha acabado, continuo acompanhando os próximos capítulos. E torcendo por boas notícias e novas canções, como aquelas que tocavam fundo em nossos corações.
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