terça-feira, setembro 16, 2008

PERIGO EM BANGKOK (Bangkok Dangerous)



Cineastas estrangeiros em Hollywood nem sempre têm a mesma sorte. Normalmente, eles acabam perdendo sua liberdade criativa e às vezes se submetem a trabalhos de encomenda que nada têm a ver com seu estilo. Eu, particularmente, gosto bastante da dobradinha THE EYE – A HERANÇA (2002) e mais ainda de VISÕES (2004), que tive oportunidade de ver no cinema. ASSOMBRAÇÃO (2006), que também ganhou distribuição nos cinemas brasileiros, foi uma experiência delirante e extravagante que merece o nosso respeito, apesar de eu achá-lo um pouquinho cansativo e de ter sido um dos filmes responsáveis pela diminuição de produções asiáticas estreando nos cinemas do país. Mas foi com esse background que Oxide Pang Chun e Danny Pang chegaram a Hollywood para filmar o horror genérico OS MENSAGEIROS (2007), que pode ser considerado um fracasso, tanto comercial quanto artístico, apesar de ter os seus momentos e algumas belas imagens. Aliás, a utilização de uma direção de arte e fotografia caprichadas sempre foi uma característica do cinema dos Pangs. E alternando produções em Hong Kong, eles voltam em mais uma produção americana, dessa vez com uma refilmagem de seu próprio trabalho, realizado em 1999.

PERIGO EM BANGKOK (2008) obviamente se parece mais com o cinema produzido no Oriente que OS MENSAGEIROS. Não apenas por se passar em Bangkok, na Tailândia, e por ter um elenco de apoio totalmente oriental, mas por optar por uma dramaturgia mais próxima da utilizada nos filmes chineses e que muitas vezes é considerada piegas ou brega nas seqüências mais dramáticas ou românticas. E se os irmãos Pang fizeram um trabalho próximo de um melodrama misturado com um filme de ação, algo bem presente no cinema de John Woo, é porque eles foram mais fiéis às suas origens. Nicolas Cage serve como um atrativo para a platéia. Apesar de não ter feito boas escolhas nos últimos anos, Cage, curiosamente, leva muitos espectadores ao cinema, mesmo em bombas como O MOTOQUEIRO FANTASMA.

Em PERIGO EM BANGKOK, Cage é um assassino profissional contratado para efetuar quatro trabalhos na capital da Tailândia, mostrada de maneira suja e barulhenta pelas lentes dos diretores. Chegando lá, elege um batedor de carteiras como seu auxiliar, responsável pela entrega de maletas secretas que servem para fornecer os dados para que o assassino saiba qual será a próxima vítima. Diferente do que costumava fazer em seus trabalhos anteriores, em Bangkok, ele começa a criar um vínculo afetivo com seu ajudante, que pede para ser um aprendiz, bem como com uma farmacêutica surda-muda, por quem se apaixona.

Os dois primeiros atos são bem interessantes e o fato de o filme se passar num lugar exótico e de possuir os maneirismos dos irmãos Pang ajuda a torná-lo uma experiência nova. O problema é o terceiro ato que costuma ser chato e barulhento como é de costume acontecer na grande maioria dos filmes de ação, com seus velhos clichês e finais forçados. No caso de PERIGO EM BANGKOK, os cineastas começam a perder a mão quando as coisas apontam para uma provável tragédia e um ato de heroísmo por parte do protagonista, que funciona como uma redenção, mas que não oferece ao espectador o impacto necessário. No entanto, levando-se em consideração os dois terços iniciais, ainda considero PERIGO EM BANGKOK um bom ou ao menos razoável filme de ação.

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