segunda-feira, setembro 29, 2008

MULHERES....O SEXO FORTE (The Women)



Remake de AS MULHERES (1939), de George Cukor, MULHERES... O SEXO FORTE (2008) não se destaca apenas por ter um super-elenco feminino (Meg Ryan, Annette Bening, Eva Mendes, Debra Messing, Jada Pinkett Smith, Bette Midler, Candice Bergen, Carrie Fisher, Debi Mazar), mas também por fazer uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade atual, que vem passando por novas mudanças. O número de famílias em que a mulher desempenha o papel de mãe e pai tem crescido consideravelmente, bem como a quantidade de mulheres bem sucedidas profissional e financeiramente que não têm a menor intenção de casar, sem falar nas mulheres lésbicas, no número de gays no planeta, que parece ter crescido exponencialmente nos últimos anos. Já é lugar comum ouvirmos as mulheres se queixando, ao dizer que não há mais homens no mundo. O que não é verdade, claro, mas a declaração deve ser estudada e pensada com calma para se chegar a uma conclusão sobre o que está de fato ocorrendo.

MULHERES... O SEXO FORTE teve que fazer algumas mudanças em relação ao filme de Cukor, mostrando, por exemplo, uma mulher mais trabalhadora e mais presente nas ruas, ao contrário dos anos 30, onde as mulheres ricas costumavam ficar mais em casa enquanto os maridos trabalhavam. Mary Haynes, a personagem de Meg Ryan é um pouco assim. Casada e com uma filha que apesar de bem magrinha já se acha gorda, sintoma dos dias atuais, que tem formado pessoas psicologicamente perturbadas e obcecadas com o peso. A pressão que a sociedade dos dias atuais impõe pode até gerar pessoas mais bonitas por fora, forçando homens e mulheres a manterem a forma, mas quem garante se isso não tem contribuído para os inúmeros problemas de natureza emocional que têm surgido? Mas voltando ao filme e à personagem de Meg Ryan, ela é a mais fiel ao texto e ao filme original, a base de toda a estória. Sua melhor amiga é a personagem de Annette Bening, uma solteirona executiva com cargo de confiança na redação de uma famosa revista feminina. Certo dia, ao fazer as unhas num local chique de Nova York, ela descobre sem querer, através de uma afetada e fofoqueira manicure (Debi Mazar, de ENTOURAGE), que Stephen, marido de Mary, estaria a traindo com uma vendedora de uma loja de perfumes (Eva Mendes). Uma Eva Mendes que se mostra muito mais gostosa e tentadora que a Joan Crawford do filme original, mas cuja vulgaridade é bem carregada nas tintas, tornando-a mais antipática à platéia. Sem falar na redução de tempo de cena da personagem em relação ao filme original.

Uma característica marcante de MULHERES... O SEXO FORTE, mas que a essa altura todo mundo deve estar sabendo, é que o filme, assim como o original, é totalmente composto por mulheres. Os homens não são mostrados em cena. Nem mesmo suas vozes no telefone são ouvidas. Dessa vez, até uma mulher dirigiu o filme. Em nenhum momento do filme é mostrado um homem, nem mesmo unzinho sequer passeando na rua. No original, até os animais são fêmeas. Não sei se o mesmo ocorreu no remake. Não deixa de ser curioso, só por esse aspecto, por se utilizar de elipses para as cenas em que os homens seriam necessários. E assim como o filme anterior, o novo destaca a amizade entre as mulheres, de maneira talvez até mais forte que em SEX AND THE CITY – O FILME.

Há uma controvérsia em relação à amizade entre mulheres. Tempos atrás, inclusive, havia a teoria de que as mulheres não tinham amigas. As verdadeiras amizades seriam entre os homens. As mulheres seriam mais susceptíveis a trair uma a outra. E como, segundo o personagem de Billy Crystal em HARRY E SALLY – FEITOS UM PARA O OUTRO, não existe amizade entre homem e mulher, a mulher seria, portanto, bem mais solitária que o homem. Mas acredito que hoje em dia não sou muito adepto dessa teoria, até por ter amizade com várias mulheres e por perceber um companheirismo maior entre elas.

No mais, a título de curiosidade, Meg Ryan e Candice Bergen são provavelmente as únicas atrizes do elenco que trabalharam com George Cukor. Ambas estiveram presentes no último filme dirigido por Cukor, RICAS E BONITAS (1981). A personagem gay de Jada Pinket Smith é um avanço natural em relação ao original. A diretora Diane English, em sua estréia no cinema, tomou cuidado para que seu filme não parecesse antiquado. Apesar disso, algumas pessoas saíram no meio da sessão, não tendo paciência em ver um filme baseado numa peça de teatro. Ainda assim, acredito que a diretora soube manter um ritmo dinâmico, para que seu filme não se tornasse cansativo para as novas audiências. Infelizmente, não agradou a todos.

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