quarta-feira, agosto 31, 2005

O TIRO CERTO / DISPARO PARA MATAR (The Shooting)



Espetacular esse filme do mestre dos westerns existencialistas Monte Hellman. THE SHOOTING (1967) foi filmado simultaneamente com RIDE IN THE WHIRLWIND (1965), ambos estrelados e produzidos pelo jovem Jack Nicholson. Se no primeiro filme, o final já dá uma sensação de descontinuidade, de sensação de vazio, THE SHOOTING vai além. Terminamos o filme sem saber direito o que diabos aconteceu no tiroteio final, além de outras dúvidas que surgem a partir do flashback de Coley (Will Hitchins).

Na trama, Willet Gashade (Warren Oates), um homem desorientado após um tiroteio, aceita a proposta de uma atraente e misteriosa mulher (Millie Perkins) que insiste em não dizer o próprio nome. Ela oferece uma boa quantia para que ele a acompanhe até a cidade de Kingsley, tendo que atravessar perigoso deserto. Ele leva junto o seu amigo Coley (Will Hitchins). No caminho, eles encontram um pistoleiro, Billy, numa performance brilhante de Jack Nicholson.

Várias perguntas surgem ao longo do filme. Quem matou os amigos de Gashade? Quem é essa mulher? Qual o seu real objetivo? Qual a relação do pistoleiro Billy com a mulher? Quando imaginamos que vamos ter um final esclarecedor, aí é que a nossa cabeça é virada do avesso durante o tiroteio final. Algumas perguntas podem ser respondidas, mas não todas. E de repente, eu vejo Monte Hellman como mais uma possível influência para David Lynch.

Demorei a escrever sobre THE SHOOTING porque estava querendo ler primeiro alguns textos a respeito. Hellman chegou a dizer em entrevistas que THE SHOOTING é um espelho do assassinato do presidente Kennedy. Tendo em vista a dificuldade de se encontrar o que de fato aconteceu com Kennedy, a comparação tem tudo a ver.

THE SHOOTING foi lançado nos EUA inicialmente apenas na televisão. Só foi exibido nos cinemas depois de ter se tornado objeto de culto na Europa. O título DISPARO PARA MATAR se refere à cópia em DVD lançada recentemente pela Works.

Agradecimentos ao Renato, que gentilmente me cedeu uma cópia selada do VHS.