sábado, julho 10, 2021
VIÚVA NEGRA (Black Widow)
Por mais que a trajetória da Marvel no cinema seja irregular, desde que foi instaurado o MCU em 2008 com HOMEM DE FERRO, não dá para dizer que ela não foi bem-sucedida. Houve um trabalho de planejamento muito bem-feito unindo executivos e gente da própria indústria dos quadrinhos dispostos a fazer uma materialização dos sonhos de muitos leitores. E, assim, nesses 13 anos já tivemos filmes de magia (DOUTOR ESTRANHO), de espionagem (CAPITÃO AMÉRICA 2 - O SOLDADO INVERNAL), de deuses (THOR), e em breve teremos até um de kung fu (SHANG-SHI E A LENDA DOS DEZ ANÉIS).
A expectativa para VIÚVA NEGRA (2021) seria a de mais um filme da linha de espionagem. De certa forma, não deixa de ser, embora a intenção maior do filme não seja essa. O que temos, surpreendentemente, é um estranho filme sobre problemas de família. Para isso, a Marvel contratou a diretora australiana Cate Shortland, pouco conhecida, até dentro do meio cinéfilo alternativo. Talvez seu trabalho mais conhecido seja o drama de guerra LORE (2012), possivelmente o cartão de visita da diretora para Hollywood.
Quanto ao resultado, acredito que a despedida de Scarlett Johansson como a Viúva Negra do MCU poderia ter sido melhor, mas ao menos, finalmente, a Marvel deu um filme solo à heroína. Durante vários anos os fãs esperavam e achavam até um absurdo ela não ter ganhado um filme solo, já que a atriz/personagem aparece desde HOMEM DE FERRO 2 (2010) e depois integrou a equipe dos Vingadores, sendo de fundamental importância para os filmes desse universo.
Gosto muito do prólogo, mostrando Natasha e Yelena ainda crianças, mas logo depois o filme não consegue manter um bom ritmo, nem como thriller de espionagem nem como filme de ação. O melhor momento de ação talvez seja o de um resgate na prisão. É um momento que realmente nos deixa com as mãos segurando na poltrona. As cenas de luta corporais poderiam ter sido melhor executadas e Florence Pugh se sai até melhor que a Scarlett nelas, além de ser ótima atriz, esbanjando carisma.
O fato de ser uma obra que trata de dramas familiares, com problemas paternos e maternos, entra em sintonia com o trabalho que vem sendo desenvolvido nas minisséries da Disney +. No mais, mesmo me incomodando com o fato de o filme nunca oferecer uma visão mais fria de Natasha, como nos quadrinhos, não deixa de ser interessante ver as cenas de família, como a do reencontro familiar atípico e muitas vezes divertido, por mais que haja tantos traumas envolvidos, principalmente para as duas moças que viraram máquinas de matar do governo russo.
Destaque para a fala de Yelena (Florence Pugh) que diz: "a melhor parte da minha vida foi fake e ninguém me disse nada". Assim, Yelena chega até mesmo a eclipsar Natasha e os seus fantasmas do passado. Dói nela o fato de ter matado, propositalmente, uma criança, para atingir um grande inimigo, mas essa crise de consciência não chega a ser tão bem explorada.
Não sei se faltou mais habilidade por parte da diretora para conduzir esses momentos dramáticos de modo a emocionar mais, ou se houve interesse em podar alguma intenção de criar algo mais sentimental. Junte-se a isso o problema de ritmo do filme, que acaba incomodando e gerando um resultado final pouco satisfatório, parecendo mais uma produção feita para cumprir tabela. Nesse sentido, funciona bem como uma maneira de incluir uma aventura da personagem, durante os acontecimentos de CAPITÃO AMÉRICA - GUERRA CIVIL.
+ DOIS FILMES
NOVA DUBAI
Como gosto bastante dos três longas de "entrevistas" de Gustavo Vinagre, tinha muita curiosidade para ver este média-metragem que andou passando em algumas sessões especiais Brasil e mundo afora. NOVA DUBAI (2014) é um filme bastante representativo da juventude dos anos 2010, com a rede de sexo por aplicativos facilitando a aproximação dos corpos. Gosto do personagem do sujeito que faz comentários sobre filmes de terror e também de como Vinagre é corajoso em filmar sexo (explícito) em lugares abertos. No caso da cena na obra de construção, passa a impressão de que ele convenceu de fato o entrevistado a fazer sexo com eles. Terminar com duas cenas bem transgressoras (a da árvore e a da ponte) já o torna uma obra que merece ser mais vista e comentada.
ALVORADA
Uma vez que relevemos os problemas técnicos de ALVORADA (2021), de Anna Muylaert e Lô Politi, muitos deles por conta dos registros feitos no calor do momento, em espaços muito reservados e sem tanto material de suporte adequado (acredito eu), o que temos aqui é um filme que funciona muito bem como um complemento de O PROCESSO, de Maria Augusta Ramos, já que o que vemos é o ponto de vista do Palácio do Alvorada, quando a Presidenta Dilma se preparava para sua sabatina no Senado, os momentos finais de seu impeachment. O cuidado em apresentar pequenos detalhes da cozinha e de funcionários daquele ambiente quase com a mesma importância que apresenta reuniões políticas traz ao filme uma carga humanista bastante comovente. E mais uma vez saímos de um filme sobre Dilma Rousseff admirando seu caráter, sua coragem e sua personalidade.
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