Recentemente, com a estreia de VIÚVA NEGRA nos cinemas, muitos se perguntaram o motivo de a Marvel ter escolhido esse filme para começar a nova fase. Afinal, trata-se de um título que não parece oferecer um início. Ao contrário, é um retorno à chamada Fase Três, já que preenche os vazios de vida de uma heroína importantíssima para o Universo Cinematográfico Marvel. Assim, as produções da Casa de Ideias que mais têm avançado no sentido de apontar novos caminhos são as séries fechadas, exibidas no HBO Max. Foi assim com WANDAVISION, foi assim com FALCÃO E O SOLDADO INVERNAL e principalmente com LOKI (2021), cujo último episódio nos informou que ganhará uma segunda temporada.
Nesse sentido, LOKI, por mais que seja uma série muito destinada a fãs nerds interessados em ficção científica e na vasta cronologia dos quadrinhos Marvel, é a que mais se mostra ligada a produções que apresentarão mais enfaticamente o conceito de multiverso. Vem por aí a minissérie em animação WHAT IF...?, que brinca com as diversas possibilidades, e os longas DR. ESTRANHO NO MULTIVERSO DA LOUCURA, que já traz no próprio título o que poderá apresentar, e, antes disso, em dezembro, HOMEM-ARANHA – SEM VOLTA PARA CASA.
Desejo boa sorte à Marvel e também a nós, espectadores dedicados a ver todos os filmes (e agora séries). Afinal, o número de produtos, agora que a televisão entrou no jogo como um elemento complementar muito importante – diferente de quando as séries da Marvel eram produzidas pela Netflix e eram mais “independentes” -, é muito provável que muitos espectadores percam um pouco a paciência se alguns desses produtores parecerem irregulares ou mesmo ruins.
LOKI é uma série que provoca sentimentos mistos, pois quase todo episódio dá uma dor de cabeça para tentar entender as inúmeras questões e conceitos que são apresentados, mesmo quando oferecem algumas explicações didáticas. No meu caso, eu sempre entrava em um canal de YouTube que tentava entender e explicar cada episódio e fazer aquelas previsões meio malucas sobre o futuro. Por outro lado, é louvável que a Marvel esteja fazendo uma obra como esta, corajosa no conteúdo e na forma.
Na trama, Loki (Tom Hiddleston), depois de roubar dos Vingadores o objeto mágico chamado tesserato, é preso pela polícia da AVT, uma organização que captura pessoas que ousam sair da chamada linha temporal sagrada. A organização faz isso de modo a evitar que se crie um multiverso. Um dos personagens mais interessantes da AVT é Mobius (Owen Wilson), um agente que acaba criando um elo de amizade com o deus da mentira.
Uma coisa que gosto bastante em LOKI é o modo como cada episódio parece ter uma cara própria, muitas vezes ambientado em único lugar, destaque para "The Nexus Event", que começa a aprofundar melhor a personagem Sylvie (Sophia Di Martino), uma variante feminina de Loki muito interessante e a mulher por quem ele se apaixona. Não faltou quem dissesse: Loki só poderia se apaixonar por uma versão de si mesmo, egoísta como é. Mas a questão é que a série traz um Loki mais sensível, mais próximo de um herói do que de um vilão, na verdade.
O último episódio traz uma disputa entre Loki e Sylvie sobre o que fazer: liberar ou não o livre arbítrio? O que acontecerá? Temas como esses são conceitos estudados pela filosofia e pela teologia (para não falar do ocultismo) há muitos séculos e aqui surgem novamente para dar esse tom mais cerebral à série.
O perigo de a Marvel se aventurar tanto por essa história de viagens no tempo é criar uma confusão dos diabos. Todo mundo sabe o que aconteceu com a franquia O EXTERMINADOR DO FUTURO ao longo das décadas. Mas se a intenção dos criadores e roteiristas é mesmo usar o vilão Kang, que aparece sem ser identificado com esse nome especificamente no último episódio, em atuação brilhante de Jonathan Majors, então é hora de seguir em frente com a brincadeira.
Majors, ainda que seja identificado na série como “Aquele Que Permanece”, já aparece creditado no IMDB como Kang, o Conquistador no terceiro filme do Homem-Formiga – ANT-MAN AND THE WASP – QUANTUMANIA, previsto para estrear em 2023. De uma coisa não podemos reclamar da Marvel: não falta de ambição nem planejamento cuidadoso.
+ UM FILME E UM ESPECIAL DE TV
LIGA DA JUSTIÇA DE ZACK SNYDER (Zack Snyder’s Justice League)
Fiquei surpreso com a qualidade e o respeito com que Snyder lidou com este projeto. E, realmente, se compararmos com a versão que chegou aos cinemas em 2017, refeita e montada por Joss Whedon, por ocasião da morte da filha de Snyder e de seu posterior afastamento, aqui temos um trabalho épico, bem mais sério, bonito, exaltador da beleza e da bondade, e que é contado sem pressa. Não sei se as quatro horas se justificam, mas acredito que se visto no cinema, em sala IMAX, seria um sucesso. Há espaço em LIGA DA JUSTIÇA DE ZACK SNYDER (2021) para histórias mais desenvolvidas dos heróis, especialmente do Cyborg, mas também há mais de Diana Prince, o que é sempre motivo de alegria. Talvez ainda me incomode o vilão Steppenwolf, mas quando o grupo se reúne, até ele fica fácil de aceitar, assim como a trama que gira em torno de três caixas mágicas, o grande motivo da união do grupo e da ressurreição de Superman. A primeira cena de ação da Liga foi bem cuidada, passando uma ideia de unidade e de completude muito boa. Pena que tem cara de ser um projeto que não ganhará continuidade da mesma maneira. A DC no cinema ainda enfrenta uma série de obstáculos no sentido de criar um universo cinematográfico nos mesmos moldes da Marvel.
FRIENDS - A REUNIÃO (Friends – The Reunion)
Mesmo quem não é ou foi fã de FRIENDS (1994-2004) deveria dar uma olhada em FRIENDS – A REUNIÃO (2021), que traz os seis astros reunidos novamente, com uma dose cavalar de nostalgia. Até porque tem a questão do tempo, do fato de não terem sido, com exceção da Jennifer Aniston, tão bem-sucedidos novamente, depois da série, e com a própria mudança nos corpos. Assim, este especial traz bons risos (menos nas cenas e mais nos bloopers), mas também um bocado de melancolia. Ao que parece foi muito mais emocionante para eles voltarem a um set de filmagens remontado do que serem convidados para a entrevista com o James Corden. Bem bacanas também as participações especiais (Lady Gaga, Reese Whiterspoon, Tom Selleck etc.), assim como depoimentos emocionados de fãs de várias partes do mundo, gente que se sentia solitária ou depressiva e que via o seriado como uma espécie de salvação. Deu pra ficar arrepiado em vários momentos. Talvez o momento mais interessante do reencontro tenha sido a confissão de que David Schwimmer e Jennifer Aniston tinham uma queda um pelo outro durante as filmagens. Achei o Matthew Perry um tanto triste em sua nova/velha versão.
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