segunda-feira, maio 01, 2017

ALÉM DA ILUSÃO (Planetarium)























Há pelo menos dois motivos para se querer ver ALÉM DA ILUSÃO (2016). O primeiro deles está no fato de que a diretora é uma das roteiristas do excepcional APESAR DA NOITE (2015), de Philippe Grandrieux; o segundo está na presença de Natalie Portman como protagonista. Mas há também outros bons motivos. Afinal, uma história sobre duas irmãs que têm o dom de se comunicar com os mortos e que atraem a atenção de um produtor de cinema francês que deseja flagrar através das câmeras o fenômeno é ou não é atraente?

Pois bem. Acontece que a diretora Rebecca Zlotowski, em seu terceiro trabalho na direção, parece não saber conduzir a sua trama. Tudo parece muito solto e perdido. Por mais que haja algo de intrigante nas personagens femininas (Natalie e a jovem Lily-Rose Depp, filha de Johnny Depp) e no personagem do produtor de cinema, vivido por Emmanuel Salinger, suas motivações ficam no ar.

Ou ao menos desinteressantes ao longo do filme, por mais que a fotografia e outros aspectos técnicos sejam agradáveis de ver. Pode-se dizer que há o mérito de conquistar o espectador no início, com uma história intrigante, com as duas irmãs se apresentando em um teatro de vaudeville para um número considerável de pessoas. O espetáculo mostra a comunicação com uma pessoa falecida.

O fato de elas terem sido convidadas para mostrar no cinema os seus dons não deixa de ser curioso, já que, àquela altura, havia efeitos especiais que poderiam muito bem enganar uma plateia facilmente, seja através de truques de edição, seja mexendo no próprio negativo, como quer fazer um dos amigos do produtor que resolve acolher as duas irmãs americanas em sua casa.

O tal produtor é um homem que vive recluso. Não é casado e diz que quer se comunicar com o irmão falecido. Acontece que a presença que aparece na sessão mediúnica não é do irmão, mas de outra pessoa desconhecida. Mas ainda assim muito interessante para o homem, pois o leva a uma sensação de prazer erótica totalmente inesperada. Aliás, esse é outro dos motivos de o filme poder ser considerado pelo menos curioso: afinal, está se tratando de uma pessoa fazendo sexo com um fantasma.

Mas, afinal, qual é o problema do filme? Ou será que o problema é com a relação do espectador do filme, já que há sim algumas críticas positivas, ainda que poucas, circulando sobre o trabalho, exaltando suas qualidades. Ainda assim, pode-se dizer que ALÉM DA ILUSÃO carece de uma atmosfera de sonho ou de maior intriga diante do que ele se propõe. De todo modo, ao menos não se trata de um trabalho qualquer, desses bons, mas suficientemente fáceis de serem esquecidos. Apesar de tudo, há algo de charmoso neste filme torto de Rebecca Zlotowski.

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