quinta-feira, janeiro 12, 2017
ASSASSIN'S CREED
Ao que parece a maldição dos péssimos filmes baseados em games não terminará tão cedo. Claro que há algumas exceções, e aí sempre lembramos do ótimo TERROR EM SILENT HILL, de Christophe Gans. Há outros bons também, mas são poucos e talvez nem mereçam a citação. De todo modo, a culpa nem é dessa tal maldição, mas da falta de criatividade em aproveitarem o que há de mais interessante no jogo e criarem uma história suficientemente boa.
Aliás, é possível um filme sobreviver e ser muito bom sem ter uma história boa também. Mas como isso é tarefa para alguns diretores muito especiais, é bom que haja um roteiro bem trabalhado. No caso, o que houve aqui foi um excesso de confiança no trabalho do colega. O produtor e ator Michael Fassbender convida o diretor de MACBETH – AMBIÇÃO E GUERRA (2015), Justin Kurzel, para dirigir o filme e também a sua colega de mesmo filme, Marion Cotillard, que topa fazer um novo trabalho com os dois, já que a adaptação da tragédia de Shakespeare foi bem aceita por público e crítica.
Sem querer entrar muito na questão da adaptação da peça Macbeth por Kurzel, mas há ali já um texto poderoso e atores competentes, o que é meio caminho andado para um bom efeito. Claro que houve boas escolhas do diretor para um resultado final, mas nada de excepcional, na verdade. O que acontece em ASSASSIN’S CREED (2016) é algo que, ou mostra que o diretor é uma farsa, ou o australiano precisará de algo muito bom para reconquistar o respeito de público, crítico e indústria.
ASSASSIN’S CREED é desses filmes que não enganam nem mesmo no início. Em 10 minutos, você já quer ir embora. Quem é fã dos jogos também não tem gostado, mas talvez encontre ali algum interesse, por causa da familiaridade e da vontade de gostar. Mas como um filme é um objeto independente, ele deve ser visto e analisado como algo singular, não importando sua origem. Pouco importa, no caso, se ele é adaptação de um game.
Ainda assim, o trabalho de Kurzel é o típico filme de jogo, no sentido de que há uma missão a ser cumprida e alguns perigos pela frente. Até aí não chega exatamente a ser um problema se lembrarmos de certos filmes de guerra do passado, que também mostra homens em uma missão, mas ali o componente humano era valorizado. O que vemos aqui é um protagonista sem alma (Fassbender) que descobre que tem como ancestral um homem que trabalhou como um dos assassinos de membros dos Templários. O protagonista é um homem condenado à morte que faz parte de um projeto ultrassecreto que liga seu cérebro ao de seu antepassado para que ele consiga algo.
Uma vez que pouco importa aquilo que ele deve fazer, esse mcGuffin não funciona em nenhum momento, pois o que importa nesses casos é o que o diretor consegue extrair das situações, como momentos de suspense, sensação de perigo etc. Mas, como sentir perigo se não há um componente humano bem elaborado? Além do mais, em nenhum momento nos sentimos na Espanha, apenas em um cenário artificial criado por pessoas pouco habilidosas na computação gráfica, o que dificulta ainda mais a suspensão de descrença, tão necessária para uma imersão razoável em um filme que tenha ao menos a intenção de entreter. E no caso de ASSASSIN’S CREED o entretenimento chega próximo de zero.
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