terça-feira, setembro 22, 2015
EU ESTAVA JUSTAMENTE PENSANDO EM VOCÊ (Comet)
Engraçado os rumos que as paixões nos levam. E por paixão, pelo menos inicialmente, não estou me referindo ao sentimento que nutrimos por pessoas, mas pela arte mesmo. Livros, discos, filmes, séries acabam nos levando a outros livros, discos, filmes e séries. No caso, o que me levou a EU ESTAVA JUSTAMENTE PENSANDO EM VOCÊ (2014) foi o fato de ser dirigido por Sam Esmail, a mente brilhante por trás da série mais surpreendentemente foda do ano, MR. ROBOT (2015). Em seu currículo de direção, havia apenas este filme estrelado pela lindíssima Emmy Rossum (virei fã) e pelo gente boa Justin Long.
O filme é praticamente só com eles dois. Há alguns poucos coadjuvantes, mas a história até poderia ser uma peça de teatro, mudando apenas o cenário de vez em quando. Mas que bom que é cinema, pois o cinema tem um alcance tão maior e é capaz de tantas coisas. E Esmail tem um cuidado especial com a edição. Como a história se passa durante seis momentos de seis anos da vida amorosa de Dell (Long) e Stephanie (Emmy), mostrados de maneira não cronológica, mas até que bastante fácil de entender e juntar o quebra-cabeças, a edição é fundamental. Se fosse uma peça de teatro teria que abrir mão desse recurso.
Pois bem, mas voltando às paixões, incrível como alguns filmes são capazes de pegar o nosso coração sofrido e esfregá-lo num ralo como este. Pelo menos foi mais ou menos assim que eu me senti ao acompanhar a trajetória de Dell e Stephanie, desde o momento em que se conhecem até a crise mais difícil de seu relacionamento, a busca pelo outro novamente e o sentimento de gratidão que fica quando se sabe que aquele relacionamento foi mais do que especial.
O primeiro momento, quando eles se conhecem, é mesmo mágico. E Esmail sabe contar isso muito bem. Claro que ter a Emmy Rossum ali toda linda ajuda pra caramba a se apaixonar junto com o personagem, mas sabemos que isso não é o suficiente para que uma história de amor seja capaz de nos pegar de tal maneira. No caso, conseguimos captar o sentimento de desespero de Dell em não deixar de jeito nenhum aquela moça escapar dele. Havia algo em sua memória embaralhada (de presente, passado e futuro) que sabia que ele estava diante da mulher da sua vida e que deixar passar aquele momento seria um vacilo tremendo. E certamente nos solidarizamos e sofremos com esses momentos especiais, que não têm nada de calmo e sereno, não. É desesperador mesmo.
Dá pra comparar com ANTES DO PÔR-DO-SOL, de Richard Linklater, quando o casal Jesse e Celine só tem uma hora para conversar antes que ele pegue o avião de volta para casa. O sentimento de urgência, de estar junto o máximo de tempo possível, chega a ser perturbador. A vantagem de Dell, no caso, é que ele não tinha um avião para pegar, mas ele tinha que conquistar aquela moça ali, não importando que ela já estivesse com um namorado ou ficante no evento da chuva de meteoros.
E mal dá tempo para que o coração fique calmo, pois COMET (acho lindo esse título original) nos joga num turbilhão de emoções e D.R.s em diferentes momentos das vidas deles dois que aquela história de ficar feliz para sempre já é mesmo coisa do passado. Há fins para determinadas histórias, alguns agradáveis, outros extremamente dolorosos, mas é nisso que está a graça do filme, é nisso que está a sua força em mexer com os nossos sentimentos e até reviver certos momentos pessoais, sejam as mancadas, sejam os acertos.
E há também o momento em que a realidade é questionada, que é um ponto de interseção com MR. ROBOT. Há determinado segmento que parece um sonho. A fotografia ganha uma tonalidade diferente; a sensação é de que estamos numa espécie de limbo, algo entre o sonho e o desejo, a vida e a morte. Além do mais, quem diria que eu fosse gostar de Roxette alguma vez na vida?
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