quinta-feira, setembro 03, 2015
BÊNÇÃO MORTAL (Deadly Blessing)
Nunca houve uma geração de cineastas especialistas em filmes de horror tão boa quando a da década de 70. George Romero, John Carpenter, John Landis, David Cronenberg, Larry Cohen, David Lynch, Dario Argento, Tobe Hooper, sem falar em outros mestres que transitavam por outros gêneros, como Steven Spielberg, Brian De Palma e William Friedkin, que deram sua valiosa contribuição.
Dessa geração também saiu Wes Craven, o homem por trás de sucessos como QUADRILHA DE SÁDICOS (1977), A HORA DO PESADELO (1984) e PÂNICO (1996). O mesmo Craven que partiu neste domingo passado para um outro plano, depois de uma longa batalha contra um tumor cerebral.
BÊNÇÃO MORTAL (1981), que eu vi como forma de homenageá-lo, é um de seus trabalhos menos lembrados, embora seja cultuado por uma geração de fãs, muitos deles tendo entrado em contato com o filme pelas exibições na televisão ou via VHS. O filme conta com o primeiro papel de destaque de Sharon Stone, que ainda levaria alguns anos para se tornar uma rainha em Hollywood.
A trama se passa em uma aldeia amish, que é palco de confronto familiar entre o líder da comunidade, vivido por Ernest Borgnine, e seu filho, que se afastou dos hábitos e costumes dos religiosos, preferindo viver em paz com sua carinhosa esposa. Mas o que mais interessa mesmo, já que se trata de um filme de terror, é a chegada de um misterioso assassino serial, que começa uma série de mortes, vitimando logo um personagem com quem já tínhamos nos apegado logo no início. Vemos, com isso, o quanto Craven aprecia enfatizar as personagens femininas, como também faria em outros de seus trabalhos mais famosos.
Interessante notar que uma das cenas mais antológicas de A HORA DO PESADELO (a cena da banheira) nasceu justamente em BÊNÇÃO MORTAL. Craven fez uma autocitação. O filme que apresentou Freddie Krueger para o mundo utilizou até o mesmo enquadramento e a mesma posição de sentar na banheira da atriz.
É também curioso perceber que as várias convenções do gênero, que seriam tratadas com humor negro e metalinguagem em PÂNICO, aparecem com vigor neste trabalho de Craven, que também conta com a presença de Michael Barryman, o vilão icônico de QUADRILHA DE SÁDICOS, com seu rosto expressivo e estranho.
Usando recursos dos tradicionais whodunits para pontuar a narrativa e uma câmera subjetiva do ponto de vista do assassino, BÊNÇÃO MORTAL reserva ainda algumas boas surpresas em seu final. É um pequeno belo filme que ajuda a atestar a maestria de seu autor.
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