sexta-feira, fevereiro 27, 2015

SUPERPAI



Costumam dizer que um dos grandes problemas do cinema brasileiro são os maus roteiros. Nunca concordei com isso, mas com SUPERPAI (2015) temos a oportunidade de ver como um roteiro americano vai parar nas mãos de um diretor brasileiro e não sai exatamente uma maravilha da comédia. E olha que tem gente bastante simpática envolvida, como o Danton Mello, que tinha se saído muito bem em VAI QUE DÁ CERTO, Dani Calabresa (ex-CQC) e Antonio Pedro Tabet (PORTA DOS FUNDOS).

Dá para perceber um pouco dos costumes americanos na história do sujeito (Mello) que quer se encontrar com sua turma do colegial depois de 20 anos. Aqui no Brasil, pelo menos nos filmes, isso não é uma tradição. Mas funciona bem em SUPERPAI e os momentos que se passam na tal festa da turma até lembram um pouco SUPERBAD – É HOJE, de Gregg Mottola. Não é difícil imaginar o personagem Cueca sendo interpretado pelo Christopher Mitz-Plasse. Vestiram o ator como se isso fosse proposital, até.

Quem tem mais de 30 anos vai se divertir com o saudosismo de algumas das músicas que rolavam nas festas no início dos anos 1990, embora o que mais anima mesmo é ver a turma de velhos amigos cantando "Inútil", do Ultraje a Rigor, em plenos pulmões dentro do carro. Canção considerada hino de uma geração, dentro do contexto do filme se adequou muito bem. "Bichos escrotos", dos Titãs, também é bem executada.

Na trama, Danton Mello é Diogo, um sujeito que não nasceu pra ganhar na vida. Vive fazendo entrevistas de emprego, mas não consegue nada. Por isso sair com essa turma do tempo do colégio é uma maneira de mostrar que ele está inteiro e pronto para resolver uma pendência daqueles anos, quando ele queria transar com a menina mais bonita da escola e acabou estragando tudo. Ela estaria lá. 

O problema é que a mãe de sua esposa caiu e quebrou a perna. Logo, Diogo precisa arranjar um jeito de deixar o seu filho pequeno com alguém. Consegue deixar o menino por algumas horas numa creche noturna, que fecha às 22 horas. A brincadeira fica melhor quando ele, sem querer, pega o filho errado (por causa de uma máscara de cachorro). A noite divertida conta com sequestradores de crianças, invasão de domicílio para roubo de drogas de farmácia e um bocado de humor físico.

De todo modo, o filme de Pedro Amorim pelo menos não se parece com as globochanchadas. Parece mais com filme americano, dada sua origem. E também aproveita a presença de gente que vem da comédia. Pena que não consegue chegar lá e atingir pelo menos um status de boa comédia. Ainda assim, vale a conferida.

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