terça-feira, agosto 13, 2013

FERRUGEM E OSSO (De Rouille et d'Os)























Um dos grandes destaques do Festival Varilux de Cinema Francês deste ano, FERRUGEM E OSSO (2012), antes mesmo de sua exibição por essas praças, já estava recebendo uma ótima acolhida nos lugares por onde havia passado. Tanto por causa do sucesso do filme anterior de Jacques Audiard, o mais ambicioso O PROFETA (2009), quanto pelas qualidades do novo filme em si, que devem bastante à beleza e ao talento de Marion Cotillard.

Claro, a história é outro fator impressionante. A princípio, parece um desses melodramas bem carregados nas tintas, já que trata da história de uma jovem mulher, Stéphanie (Cotillard), que perde suas pernas durante um acidente em seu trabalho – ela trabalhava como adestradora de baleias orca. E aí há o relacionamento da moça com um rapaz que ela conheceu em uma festa, o ex-boxeador Ali (Matthias Schoenaerts).

Ele, apesar de saudável e cheio de magnetismo pessoal, tem também os seus problemas, principalmente financeiros, além da responsabilidade de cuidar do filho pequeno. Apesar da aparente incompatibilidade, os dois se mostram cada vez mais próximos, até porque ele não trata Stéphanie com pena. Ao contrário, às vezes até esquece que ela precisa de cuidados especiais, como em uma cena em que ela está em seu carro. A intimidade dessa relação de sexo e amizade é também bastante interessante e tratada com cuidado pelo diretor. Aliás, não consigo imaginar nenhum problema no filme. Embora ele guarde os momentos mais lacrimosos para o final, ainda assim, trata-se de um filme contido nas emoções. O que depõe a favor, embora eu não reclamasse se o filme adentrasse no caminho de um sentimentalismo mais carregado.

Seus personagens, inclusive, são bem mais interessantes do que os de O PROFETA, que é um filme que se apresenta um pouco distanciado do espectador. Vale destacar também a bela fotografia com cores quentes, que contrastam com o drama dos personagens, valorizando o sol do sul da França como um elemento responsável por tratar mais rapidamente as feridas dos personagens. Um bom exemplo disso é a cena em que Ali leva Stéphanie para tomar um banho de mar, um dos momentos mais bonitos do filme.

E mesmo quando o filme centra mais em Ali do que em Stéphanie, já estamos suficientemente interessados nele para aceitarmos essa leve mudança. Até porque as cenas de luta trazem uma bem-vinda selvageria ao filme. De todo modo, falta a mim mais conhecimento da poética de Audiard para poder destacar elementos possivelmente recorrentes em sua filmografia ou até mesmo apontar problemas em seu filme. Mas talvez isso não seja necessário se considerarmos que cada filme é único e independente. Sendo assim, só tenho a elogiar este trabalho em particular, sua adaptação cuidadosa do livro do canadense Craig Davidson e a dupla de protagonistas que parece ter nascido para os papéis.

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