quinta-feira, agosto 15, 2013
KÁTIA
Acho que se eu visse a quantidade enorme de filmes que alguns amigos cinéfilos veem por ano, não daria conta de escrever sobre todos. Afinal, um filme como este, visto em 9 de junho, já se perdeu bastante na minha memória. Então, escrever sobre KÁTIA (2012), de Karla Holanda, é um exercício de memorização.
O documentário segue uma linha até comum, abordando uma personagem da vida real com algo de extraordinário e que funciona como condutora da narrativa. A intenção de seguir a personagem, como se aproveitando do acaso, para gerar uma boa seleção de cenas, é de certa forma bem-sucedida, embora no final não fique aquela impressão de que acabamos de ver um grande filme.
KÁTIA acaba sendo um exemplo representativo de um momento em que os GLBT buscam um lugar de respeito na sociedade, que por outro lado vem se mostrando cada vez mais hostil, já que o número de homossexuais que são violentados a cada dia parece estar crescendo. No entanto, o que vemos em KÁTIA é uma amostra do quanto uma pequena cidade do interior do Nordeste pode ser progressista, ao eleger a primeira travesti brasileira para um cargo político no país (ela é ex-vereadora).
Outra curiosidade é perceber o quanto a diretora deixa nas mãos de Kátia Tapety a própria condução do filme. A personagem se mostra bastante entusiasmada com aquela câmera a seguindo por todos os lados e ela mesma dá a ideia de que lugar ir logo em seguida, seja o seu local de trabalho na cidade, seja o lugar onde dá comida aos bichos, no campo, mostrando ser “mulher, homem”, o que for, como ela mesmo diz, já que cresceu fazendo o que o seu pai queria que ela fizesse: trabalhando na roça.
KÁTIA é cheio de cenas interessantes, mas falta mais força a essas cenas. Falta o real sentimento do preconceito sofrido pela personagem no passado (e no presente), que é atenuado; falta a tensão com a família mais explicitada; falta algo que encerre o filme de maneira mais intensa. O que vemos é apenas uma boa e agradável seleção de cenas de uma personagem muito interessante.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário