quinta-feira, agosto 02, 2012
ROCK BRASÍLIA - ERA DE OURO
Andei lendo por aí que ROCK BRASÍLIA – ERA DE OURO (2011) é o terceiro filme de uma trilogia de Vladimir Carvalho sobre a formação histórica e política de Brasília, sendo os primeiros CONTERRÂNEOS VELHOS DE GUERRA (1991) e BARRA 68 – SEM PERDER A TERNURA (2001). Se for levar em consideração o intervalo de lançamento de cada filme (dez anos), faz sentido. Bem como, se formos ver a ligação com Brasília. Acontece que ROCK BRASÍLIA é mais sobre a trajetória das três principais bandas brasilienses da década de 1980 do que um documentário político.
No fim das contas, o filme não funciona direito nem como uma coisa, nem como outra. Mas não deixa de ser prazerosa a apreciação, pelo assunto em si e pela opção por também entrevistar os pais dos músicos. O filme começa mostrando o clima pesado da ditadura e a resistência de quem protestava contra o Governo na época, especialmente na UnB. Mas depois essa parte passa a ser menos importante, já que restaria pouco espaço para falar, ainda que de maneira muito resumida, da trajetória da Legião Urbana, do Capital Inicial e da Plebe Rude. Três bandas essenciais, sendo que as duas últimas tiveram uma carreira bem irregular. Renato Russo foi o grande homem, líder intelectual e coração do movimento punk brasiliense e da banda seminal Aborto Elétrico, que depois se dividiria em Legião e Capital.
Como fã da Legião Urbana, quase nada ali era novidade para mim em relação à banda. O didatismo do filme até chega a incomodar um pouco em alguns casos. Mas é bom ver os familiares de Renato falando dele. Já sobre Plebe Rude, confesso que conheço muito pouco. E sobre Capital Inicial, um pouco mais, mas também não tenho interesse em conferir uma discografia tão irregular e com pouca força. Então, o didatismo funciona para que eu conheça mais um pouco sobre as outras duas bandas que não tiveram tanta sorte – ou não eram tão criativas – quanto a Legião. Aliás, falamos "Legião", mas praticamente todo o mérito deve ser dado a Renato Russo.
ROCK BRASÍLIA – ERA DE OURO mostra o trágico show ocorrido em Brasília, quando a banda retorna para sua terra natal depois de ter conquistado uma popularidade assustadora em todo o país. O resultado foi o que mais se aproximou no Brasil do ocorrido com os Rolling Stones, naquele episódio dos Hells Angels. Caos generalizado.
No mais, muito bom ver a simpatia de Philippe Seabra, vocalista da Plebe Rude, falando da trajetória tortuosa da banda, bem como dos membros do Capital Inicial, que se viram na "obrigação" de voltar com a formação original depois da morte de Renato Russo. Mas nada é tão emocionante no filme quanto o depoimento (ou tentativa de depoimento) de Briquet de Lemos, pai de Fê e Flávio Lemos. Aí é que vemos o poder do acaso para um documentarista.