terça-feira, agosto 07, 2012
A MENINA E O ESTUPRADOR
A única coisa que justifica a apreciação - se é que dá para usar essa palavra aqui - de A MENINA E O ESTUPRADOR (1982) é a beleza do corpo nu de Vanessa Alves, que na época ainda usava apenas o nome Vanessa. É um filme que explora bastante o fetiche em torno da ninfeta e as imagens dela com homens, fazendo sexo em lugares abertos. Acontece que esse sexo se passa apenas na cabeça da garota, como alucinações. Na verdade, ela tem horror ao toque de qualquer pessoa. Ela é mostrada como uma menina mimada, enjoada e problemática. Como Vanessa ainda não tinha muita experiência no cinema, não dá para dizer que essa é uma de suas melhores interpretações.
Podemos culpar o diretor, Conrado Sanches, que tem em seu currículo o "clássico" CINDERELA BAIANA (1998), aquele filme com a Carla Perez. Mas esse é um filme feito em um outro período. A MENINA E O ESTUPRADOR foi feito entre COMO AFOGAR O GANSO (1981) e A MENINA E O CAVALO (1983). Percebe-se o tom divertido e apelativo dos títulos. Mas não há nenhum problema nisso. É um dos charmes do cinema produzido na Boca do Lixo, inclusive.
Infelizmente, não dá para elogiar muito A MENINA E O ESTUPRADOR. A trama, que lida com traumas de infância que repercutem na vida e no comportamento da garota, é de natureza freudiana, mas mostrada de modo bem chulo. Essa temática havia sido explorada de maneira bem mais interessante em MULHER OBJETO, de Silvio de Abreu, lançado um ano antes nos cinemas, e que até fez boas homenagens aos filmes de Hitchcock.
Pode-se dizer que a beleza e a sensualidade de uma mulher podem justificar um filme. Podemos lembrar o caso de A MULHER PÚBLICA, de Andrzej Zulawski. Mas é até covardia comparar os dois filmes. E Vanessa tinha o corpo belíssimo, na flor de seus 18 anos, seios e tudo o mais lindos, mas com uma melhor direção e roteiro, faria um filme muito melhor. Como chegou a fazer, com cineastas como Carlão Reichenbach, por exemplo.
Outro problema de A MENINA E O ESTUPRADOR está nas cenas de sexo, algumas delas tangenciando o explícito, mas raramente convencendo. Os closes das línguas lambendo os seios ou outras partes do corpo das personagens são mal feitas do ponto de vista do erotismo. E depois que o filme termina, com a revelação do motivo das alucinações de Vanessa (o nome da personagem é o mesmo do da atriz), o que mais fica em nossa cabeça é a picaretagem em cima de "Another brick in the wall", do Pink Floyd, usada de maneira abusiva e um tanto sem noção.