quinta-feira, março 15, 2012

MORRISSEY NO ESPAÇO DAS AMÉRICAS – SÃO PAULO, 11 DE MARÇO DE 2012



Não estava nos meus planos voltar a São Paulo neste ano de 2012, mas os rumores de que Morrissey estaria no Brasil me deixaram bem animado a mais uma vez voltar a essa cidade que já me ofereceu tantos momentos felizes. Não podia deixar passar novamente a oportunidade de ver Morrissey, que ainda por cima cantaria canções clássicas dos Smiths. E 2012 marcou exatos vinte anos de quando conheci seu trabalho e da banda que fez seu nome famoso. Fui apresentado ao poeta ultrarromântico através de um amigo do curso de inglês. Foi uma grata revelação para mim, que conheci os Smiths quando a banda já havia acabado e Morrissey já havia lançado dois álbuns e uma coletânea de singles e lados B.

Seus versos falavam de solidão, sofrimento, timidez, amores não correspondidos, ou de um amor que perdeu o sabor de outrora, temas bastante caros a tantos que passavam por algo semelhante. Morrissey se transformou numa espécie de porta-voz dos infelizes, um motivo para que até nos orgulhássemos de fazer parte desse grupo de vozes necessitadas de carinho. Trata-se de uma temática universal, mas ao mesmo tempo era algo novo, já que os versos de Morrissey faziam a diferença, dando sofisticação ao que poderia ser algo piegas.

O show no Espaço das Américas, infelizmente, não foi melhor por causa principalmente da casa escolhida para o show e pelo local em que estávamos. Muito provavelmente se estivéssemos no frontstage a coisa seria diferente. Até porque nem mesmo um telão para vermos o cantor havia. Era dureza conseguir vê-lo mesmo de longe, no meio da multidão aglomerada naquele lugar que era grande, mas totalmente impróprio para shows.

O fato é que o show sofreu de algumas pequenas falhas, como a quebra de ritmo em "Meat is murder", dos Smiths. Enquanto Morrissey cantava, víamos imagens ao fundo de animais sendo abatidos ou recebendo tratamentos desumanos. Coisa que na verdade é uma rotina, mas que é muito duro de ver. Claro que a intenção dele era essa mesmo, em sua luta pelo vegetarianismo, não como escolha egoísta de sermos mais saudáveis, mas para não maltratarmos e matarmos animais inocentes.

Mas o setlist foi bem satisfatório, ainda que curto. Depois das mais alegrinhas (pelo menos no ritmo) "First of the gang to die", "You have killed me", "When last I spoke to Carol", "Alma Matters", veio "Still ill", a primeira dos Smiths da noite, que foi recebida calorosamente pelo público e pelo próprio Morrissey, que se sentiu contagiado. Pra mim foi o ponto mais alto da noite. Logo em seguida iniciou-se uma série de canções depressivas, a começar pela belíssima e popular "Everyday is like Sunday", de deixar o coração apertado, seguida de "Speedway", "I know it's over", "Let me kiss you" (a minha favorita da fase solo e que inclusive foi cantada de maneira bem dramática e com direito a Mozz tirando a camisa no momento mais de autopiedade da canção), "There is a light that never goes out", "Please, please, please, let me get what I want", "How soon is now?". Isso só para citar as mais conhecidas.

Devo confessar que não fiquei satisfeito com o arranjo modificado de "Please, please..", uma canção irretocável, nem gosto de boa parte das canções dos últimos dois discos, mas talvez seja falta de hábito de ouvi-los. No geral, apesar de alguns grandes momentos, o show valeu mais pela felicidade de poder ver Morrissey ao vivo, mas a organização das canções não foi das mais felizes, nem a organização desse lugar em particular em São Paulo. Ao que parece, no Rio e em Belo Horizonte o resultado foi bem melhor. Eu na verdade até esperava que iria chorar durante o show, mas isso felizmente (ou infelizmente) não aconteceu. Isso aconteceu no show do Paul McCartney, em 2010, mas melhor parar com as comparações por aqui, pois não seria justo para Morrissey.

O setlist do show, que foi exatamente o mesmo de Rio e BH, pode ser conferido AQUI.

E quem quiser conferir algumas fotos relativas ao show, com imagens dos amigos presentes, é só clicar AQUI. Depois retorno com um post mais específico sobre a viagem a Sampa.

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