sábado, novembro 12, 2011

BALADA DO AMOR E DO ÓDIO (Balada Triste de Trompeta)



Hoje pela manhã saí de casa para ver LOLA, de Brillante Mendonza, e acabei vendo BALADA DO AMOR E DO ÓDIO (2010), de Álex de la Iglesia. Isso porque a cópia do filme filipino não havia chegado a tempo. E eu queria mesmo ver o filme do la Iglesia, que é um cineasta que muita gente boa curte e que eu costumo ser muito relapso no que se refere a acompanhar o seu trabalho. Nunca vi, por exemplo, O DIA DA BESTA (1995), que muitos dizem ser sua obra-prima, mas talvez a falta de entusiasmo pela sua obra se deva ao fato de eu não ter embarcado em experiências como AÇÃO MUTANTE (1993), A COMUNIDADE (2000) e CRIME FERPEITO (2004). Por outro lado, gostei bastante de sua contribuição para a antologia PELÍCULAS PARA NO DORMIR, o tenso LA HABITACIÓN DEL NIÑO (2006).

BALADA DO AMOR E DO ÓDIO é bem a cara do diretor, mas de uma maneira ainda mais exagerada, com um senso de humor grotesco que só me provocou indiferença e um barulho e uma algazarra que realmente incomodam, principalmente dentro de uma sala de cinema. A história: sujeito quer ser palhaço porque seu pai e seu avô também foram, mas que por influência de seu pai, morto em consequência da Guerra Civil Espanhola, resolve ser o "palhaço triste", já que ele não consegue fazer ninguém rir por não ter tido infância. Ao ingressar numa trupe circense, ele conhece um palhaço psicopata que parece saído de algum filme de gângster do Scorsese e a sua mulher, a linda trapezista que vai mexer com sua cabeça.

Pode-se dizer que ela, vivida pela atriz Carolina Bang, é a melhor coisa do filme. Sua personagem tem aquele quê de enigmático e contraditório que se costuma ver em muitas mulheres. Ela gosta do marido que bate nela todos os dias quando está bêbado – e bebe todos os dias -, sofre com isso, mas também sente tesão pelo sujeito. Ao mesmo tempo, começa a encher de esperança a cabeça do pobre Javier, o palhaço triste, que passa a querer disputar o seu amor e a criar coragem para enfrentar o palhaço psicopata.

Até então o filme até tinha o seu interesse, mas os excessos de Iglesias chegam a níveis tão altos que BALADA DO AMOR E DO ÓDIO começou a me parecer chato. Seu último ato, com a fotografia estilizada e quase desprovida de cor, seu barulho ensurdecedor, num tentativa de tornar o filme tão louco quanto a cabeça de seus protagonistas, não é para todos os gostos. A maioria das pessoas que estava ali naquela sala deveria estar odiando aquele espetáculo, principalmente as senhoras idosas que saíram de casa para ver um filme sobre uma velhinha amorosa. Mas se até eu que gosto de cinema de horror e afins não embarquei na viagem, imagine o público geral daquela sessão matutina. Na saída, passei pelo banheiro e um senhor dizia: "foi o pior filme que eu vi na última década".

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